Thor corria o máximo que suas pernas e seus pulmões conseguiam. O desespero não o deixava gritar. Mas do que adiantaria? Ele estava no meio de uma floresta escura e não conseguia achar quem procurava.

Seguiu em frente e viu uma claridão. Se aproximando, percebeu que as árvores iam até aquele ponto e que o final da floresta dava de frente para um penhasco alto.

O vulto vestido de negro observava o rio que corria a metros abaixo, bem na ponta.

– Nãaaaaaao! – Thor gritou com toda a força que conseguiu.

A pessoa que observava o rio se virou e num pequeno movimento se jogou.

Thor se sobressaltou com o solavanco que a carruagem deu.

– Sr. Acho que teve um pesadelo. – disse sua amiga e até então empregada de sua falecida mãe, Srta. Sif.

– É. Foi horrível. – disse ele tentando disfarçar a lágrima que caiu dos olhos.

– Poderia me contar, Sr.? – disse ela sentada à sua frente.

– Muito real. Alguém que eu estimava muito se jogou de um penhasco e eu não pude fazer nada.

– Está tudo bem agora. O senhor passou por dias muitos difíceis. É compreensível que esteja abalado.

– E tudo o que eu queria era poder ter escolha de ficar em casa.

– Dará tudo certo quando se encontrar com seu pai daqui algumas horas.

– Eu não sei. Temo que ele não irá gostar de mim...

– Não gostar do senhor? Todos o admiram.

– Mas ele não o fez por 23 anos, Srta. Sif. Não vejo o por quê faria agora. E eu não vejo razão nenhuma também para gostar dele. Sr. Odin abandonou minha mãe quando eu era pequeno para ficar com esta mulher. E o que ele faz? Tem um filho com ela e tira tudo o que era de direito de minha mãe e de mim. Não é natural que eu não espere nada.

– Dará tudo certo.

– Agradeço sua amizade.

Os dois então seguiram a conversa sobre suas futuras expectativas enquanto eles se aproximavam cada vez mais da pequena cidade onde o Barão Odin morava. Este era um homem rico, poderoso e, portanto querido e respeitado.

A mãe de Thor não havia falecido há menos de uma semana, após ter uma vida enferma.

Era uma mulher boa, porém calada. Deixou apenas algum dinheiro para que Thor procurasse seu pai e exigisse o que por direito.

Thor antes de partir, enviou uma carta a Odin contando tudo o que havia ocorrido e este respondeu com uma seguinte frase:

“Famílias devem ficar unidas. O aguardo em minha casa.”

Abaixo seguia o endereço, muito longe de onde ele morava atualmente.

Thor observou o bilhete. As palavras, a letra. Era o primeiro contato que ele tinha do pai.

Sr. Odin ficara viúvo de sua segunda esposa logo após o nascimento do seu segundo filho, Loki.

Todos diziam que a sua segunda esposa na verdade era uma feiticeira que o atraiu apenas por puro interesse. E muitos contestavam a sua paternidade, diziam que ela tinha amantes e que logo as chances dele ser o pai daquela criança era igual (ou até menor) do que qualquer outro homem dali.

Tal comentário, inventado ou verdadeiro, um dia chegou aos ouvidos de Sr. Odin.

Ele que já não era de se afeiçoar a ninguém, logo passou a tratar Loki como um simples empregado.