Dia 14 de setembro.

Eu estava parada na frente daquele colégio, era a primeira vez que me preparava para entrar ali desde que tinha descoberto o que eu era.

Elena estava a alguns passos em minha frente, de costas para mim. Andei até ela e cutuquei suas costas.

– Bonnie! – gritou ao virar e me deu um abraço. – Eu tentei ligar ontem para você, o dia todo, mas você não atendia.

– Me desculpe Elena. Eu tive que resolver alguns problemas...

– Que problemas? – perguntou, com um olhar apreensivo.

– Acho que deveríamos falar sobre isso depois da aula. Eu passo na sua casa, pode ser? – perguntei, torcendo para receber sim como resposta.

– Ok. Eu vou ficar te esperando.

Dei um sorriso de canto e me virei para Stefan.

– Oi Stefan – falei e recebi um sorriso como resposta.

Olhei para os lados, admirando a paisagem e as pessoas dali. Tudo parecia mais... Estranho, bonito... Não sabia bem ao certo, talvez fosse um misto dos dois.

Andei até a sala de aula com Stefan e Elena alguns passos em minha frente, me preparando para as aulas do dia. Com tudo acontecendo na minha cabeça seria difícil me concentrar.

Eu estava agoniada. Como será que Elena iria reagir diante daquilo tudo? Ela, minha melhor amiga, não poderia parar de falar comigo, ou me tratar diferente por conta disso. Não queria uma amiga distante por conta de algo que eu não escolhi ser.

Devo admitir que seja realmente legal o que está acontecendo, posso fazer coisas inacreditáveis. Coisas que mais ninguém pode fazer além de outros iguais a mim. É divertido para mim. Mas quem garante que é para os outros?

[...]

Marcavam exatas três horas da tarde no meu relógio de pulso quando bati na porta da casa de Elena. Não demorou muito para que a porta se abrisse.

– Oi, Jenna! – falei, com um pequeno sorriso.

– Bonnie! Elena tá lá no quarto, dormindo. Pode ir lá tentar acordá-la.

Sorri para Jenna, a tia de Elena, e subi as escadas, pulando de um em um degrau com pressa.

Quando cheguei até o quarto, abri a porta sem bater e pulei em cima da cama, acordando Elena.

– Aí, Bonnie! Já chegou? Me deixa dormir mais um pouco...

– Ok. Então eu deixo. Irei contar o meu problema para outras pessoas, que não queiram ficar dormindo com todo o meu esforço de andar até sua casa.

Elena se levantou, me olhando com uma expressão engraçada.

– Dramática!

Sorri e me deitei ao seu lado, por dentro da colcha.

– Você já pensou em ser amiga ou ser algo... Sobrenatural? - perguntei, baixinho.

Elena hesitou por um minuto, mordendo os lábios.

– Do que você está falando? - perguntou nervosa, como se estivesse escondendo algo.

Deixei para lá. Ela acabaria me contado, sabiamos tudo uma da outra.

– N-nada demais... - respondi e me levantei.

– Aonde você vai? - Elena perguntou me fitando.

– Calma, não vou nem sair do quarto.

Andei até as janelas do quarto e as fechei. Fui checar se não tinha mais nenhuma fonte de ar, quando vi que não tinha peguei uma tesoura na gaveta de Elena e fui até a cama.

– O que você vai fazer com essa tesoura? Não tá pensando em me matar, tá? - falou rindo e me fazendo rir.

– Claro que estou! - disse irônica, mas parei de rir. - Me dá um travesseiro.

Elena olhou para trás e pegou um de seus travesseiros. Comecei a cortá-lo

– O que você está fazendo? - ela perguntou assustada.

Não respondi.

Quando terminei de cortar coloquei minhas mãos alguns centímentros a cima das penas e comecei a sussurrar as palavras que minha avó tinha me ensinado.

As penas começaram a flutuar.

– B-Bonnie... Ai meu Deus... Que legal!

– Você não tá assustada? - perguntei, a olhando.

Elena me deu um abraço.

– Sua avó estava certa, afinal. Você é uma bruxa!