Como Um Sonho escrita por Night Crow


Capítulo 10
A Toca.


Notas iniciais do capítulo

Mais um review :D Espero que gostem.



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Eu estava certa sobre minha querida amiga Gabriela. Ela me acordou ás 6:30 da manhã para nos arrumarmos e irmos até a estação de Kings Cross. Eu tentei argumentar que era cedo de mais e que a estação apenas começava a funcionar ás 10:00 mas ela nem sequer me ouviu.

Vesti uma blusa bege clara de mangas compridas com uma âncora azul estampada, um short jeans bem clarinho e uma sapatilha dourada com glitter também dourado na parte da frente. Gabi estava com uma blusa branca sem mangas com um mini decote, bem pequeno mesmo, um short jeans mais escurinho e um all star de bolinhas coloridas.

Ficamos discutindo sobre as horas e quando finalmente deram 9:50 ela praticamente me arrastou para fora de casa, juro que quase bati nela. Estamos andando e agora a pouco passamos em uma padaria para comprar um doce para a senhorita Gabriela, eu disse que era melhor a gente comer em casa, mas não, ela queria ir para a estação. Sinceramente, eu duvido que ali tenha alguma coisa, afinal, por que teria?

Chegamos na bendita estação e paramos em frente à ela. Gabi foi correndo para dentro e eu tive que segurá-la como um cachorrinho que quer fugir do dono.

– Gabriela Zandonadi! Pare agora! - Gritei, quase sem folego de tanto correr atrás dela.

– Não, eu quero chegar o quanto antes! - Gritou de volta, correndo mais rápido. Como ela consegue correr tanto, Deuses?

– Mas não tem nada lá! - Gritei ofegando mais ainda e parei para respirar um pouco. Ela parou, olhou para trás e veio me arrastar para continuarmos andando.

– Ah não, me deixa descançar um pouco. - Disse com cara de cachorro pidão.

– Ah não, descançar é para os fracos. - Disse e me puxou de volta para andarmos.

– Mas não tem nada aqui vê? - Disse, haviamos chegado até as plataformas 9 e 10.

– Mas onde está a plataforma 9 e meia? - Disse coçando a cabeça - Na carta dizia que era entre as plataformas 9 e 10.

– Mas ela não existe, Gabi. - Disse com cara de tédio - Eu poderia estar dormindo, mas estou aqui com você olhando uma parede.

– Mas como vamos passar para o mundo bruxo? - Perguntou preocupada, ignorando o que eu havia dito antes.

– Gabriela, quantas vezes vou ter que repetir que bruxos não existem? - Perdi a paciência.

– Eu não diria isso se fosse você. - Disse a voz de uma mulher, atrás de mim. Virei-me, com os olhos arregalados. Uma mulher baixinha e ruiva estava parada me encarando parecendo um pouco ofendida e ao seu lado estavam dois garotos gêmeos, também ruivos.

– Como? - Perguntei, assuatada.

– Oras, você disse que bruxos não existem! - Exclamou.

– E existem? - Perguntei com um tom de deboche, cruzando os braços.

– Mas é claro que eles existem! - Exclamou a mulher, ofendendo-se cada vez mais. Revirei os olhos.

– Ah, vai me dizer que vocês são bruxos? - Levantei uma sobrancelha, duvidando.

– Claro que somos. - Responderam os gêmeos, ao mesmo tempo.

– Provem. - Desafiei-os. Eles se entreolharam, acenaram com a cabeça e pegaram suas varinhas do bolso. Quando percebi eu estava com dois galhos plantados em minha cabeça. Arregalei os olhos.

– Ei, retirem isso agora! - Disse, tentando tirar os galhos de minha cabeça. - Ai, isso dói!

– Fred, Jorge! - Exclamou a mulher, dando um tapa leve no braço de cada um. - Isso é coisa que se faça com a pobre garota? - Olhou-os feio.

– Sim. - Responderam juntos e deram risada, o que não durou muito pois sua mãe arrancou as varinhas de suas mãos e desfez o feitiço. Toquei minha cabeça e suspirei aliviada, os galhos haviam sumido. - Desculpe por isso querida, não foi a intenção deles te fazer mal.

– Não, está tudo bem. - Disse e sorri para a mulher, que retribuiu.

– E a propósito, qual seu nome meu anjo? - Perguntou docemente.

– Ah, é Carol, e o de vocês? - Respondi, fazendo outra pergunta.

– Eu sou Molly Weasley, estes são Fred e Jorge Weasley. - Disse apontando para cada um. O da direita era Fred e o da esquerda era Jorge. - Você é Carol...

– Valery. Carol Valery. - Respondi, sorrindo para eles - E esta é minha amiga Gabriela. - Disse, apontando para minha amiga esquecida.

– Oh, eu nem havia reparado em você. - Disse Molly, com uma expressão de desculpas. - Você também não acredita em bruxos?

– Eu sempre acreditei! - Disse com um sorrisão - E acredito mais agora!

– Que bom, veja Carol, isto é um exemplo. - Disse Molly e Gabi sorriu feliz da vida. Revirei os olhos, rindo - Vocês também vão à Hogwarts?

– Ah, eu não recebi a carta. - Disse Gabi, um uma expressão triste - Só ela. - Disse referindo-se à mim.

– Hm... Então você é bruxa? - Perguntou para mim.

– Eu? Acho que não... - Disse pensativa.

–Como não? Se não fosse não teria recebido a carta de Hogwarts! - Dizem os gêmeos, juntos.

– Mas... Ninguém da minha família é, como eu seria? - Pergunto, mais confusa do que nunca.

– Talvez você seja a única... - Diz ela, também confusa.

– Mas... Isso não é possível... - Digo sussurrando e olhando para o chão. - É? - Olho para a Sra. Weasley.

– Não sei, talvez... Você está em que ano? - Pergunta, mudando de assunto.

– No.. - Começo mas Gabi me interrompe.

– Segundo ano. - Diz prontamente.

– Vejam, está no mesmo ano que nosso Roniquinho! - Diz ela, feliz da vida e Fred e Jorge riem.

– Quem? - Perguntamos eu e Gabi ao mesmo tempo.

– O caçula da família. - Diz Fred. Ou que acho que é o Fred.

– Ah... Onde vocês moram? - Pergunto.

– N'A Toca. - Respondem os três ao mesmo tempo.

– E onde isso fica? - Pergunto, franzindo a testa.

– Não importa agora, seus pais estão com você? - Pergunta ela.

– Ahm... Eu não tenho pais. - Respondo, olhando-a fazer uma cara de arrependimento.

– Ah, me desculpe eu não quis... - Começa, mas eu a interrompo.

– Não, está tudo bem. - Digo, e forço um sorriso.

– E você? - Pergunta à Gabi - Você também... - Não terminou, acho que foi receio.

– Ah não, os meus estão em casa. - Respondeu um pouco animada demais para o momento.

– Está bem então. - Olhou para mim - Você quer vir conosco? Já que não tem pais e também irá a Hogwarts... Você já tem os materiais?

– Não, poderia me dizer onde se compra? Eu não sei se tenho dinheiro e... - Ela me interrompe.

– Não, não querida, deixe isso conosco. - Diz sorrindo - As aulas começam amanhã e nós vamos comprar os materiais hoje, você quer vir junto? - Eu abro a boca, mas ela me interrompe novamente. - Oh, é claro que quer, venha. - Diz puxando meu braço, trazendo-me para perto dela.

– Mas e a Gabi? Ela não pode voltar sozinha. - Digo, preocupada.

– Ah, Carol. - Manifesta-se Gabi - Não se preocupe comigo, eu trouxe meu celular, eu vou ligar para meus pais e eles vêm me buscar, sem problemas.

– Mas e o fato de você estar em uma estação de trem, ainda mais sem mim? - Pergunto e ela arregala levemente os olhos, mas depois volta à expressão normal.

– Ah, dou uma desculpa qualquer. - Diz dando de ombros.

– Boa sorte então. - Digo rindo e ela me mostra a língua, mas depois ri também.

– Está pronta, querida? - Pergunta Molly, até me esqueci que ela estava do meu lado.

– Hã? Ah sim. - Pergunto percebendo que ela está do meu lado - Tchau Gabi, até algum dia! - Vou abraçá-la - Vou sentir muito a sua falta.

– Eu também, te amo sua louca. - Diz com os olhos começando a lacrimejar.

– Ah, não começa a chorar se não eu vou também. - Digo e nós rimos, mesmo estando quase chorando - Tchau, te amo também. - Digo e me junto a Sra. Weasley e os gêmeos, que nos olhavam com pena.

– Então vamos. - Diz a Sra. Weasley, baixinho.

Fomos andando até algum lugar que eu não percebi onde era pois estava pensando em Gabi, quase chorando novamente. Em tantos anos eu nunca havia me separado assim dela. Quando percebi, estávamos em uma casa simples, mas bonita.

– Chegamos, querida! - Exclama, feliz, a Sra. Weasley.

– Bem vinda à Toca! - Dizem os gêmeos, ao mesmo tempo.

– Wow, que lugar bonito! - Exclamo fascinada. Meus olhos se arregalaram quando vi uma frigideira sendo lavada sozinha.

– Ah, é magia. - Diz Fred/Jorge notando minha expressão.

– E então, ainda não acredita em bruxos? - Pergunta Jorge, rindo da minha cara.

– Que engraçado, eu até me esqueci de rir. - Disse revirando os olhos e me sentando no sofá. Os gêmeos riram mais ainda com isso.

– Ei, o que está haven... - Ia dizendo um garoto de cabelos negros, olhos verdes e óculos redondos que descia as escadas, mas parou quando me viu sentada no sofá - Quem é você?

– Harry , tenha modos com as visitas! - Disse uma garota de cabelos castanhos cheios - Olá, desculpe os modos do Harry - Olhou feio para ele - Como é seu nome? - Perguntou sorrindo.

– Ah, olá... - Disse envergonhada - Meu nome é Carol. - Abaixei a cabeça, tímida.

– Prazer, Carol, sou Hermione Granger, mas pode me chamar apenas de Mione, e este aqui é Harry Potter. - Disse e olhou para o amigo.

– Ah, o prazer é todo meu. - Sorri de leve. A menina retribuiu e os dois sentaram-se ao meu lado.

– Você também vai a Hogwarts? - Pergunta Hermione, tentando puxar assunto.

– Ah, sim e vocês? - Pergunto, já com menos vergonha.

– Nós também, que ano? - Pergunta Harry.

– Segundo ano. - Respondo, coçando a nuca - Foi isso que vi em minha carta.

– É a sua primeira vez, certo? - Pergunta Mione.

– Sim, a de vocês também? - Tento continuar com o assunto.

– Não, nós entramos no ano passado. - Responde o garoto.

– Ah... - Respondo, arregalando levemente os olhos.

– Nós vamos comprar os materiais daqui a pouco... E você vai vir junto, com certeza. - Diz a garota, sorrindo.

– Claro, onde vocês compram as coisas? - Retribuo o sorriso para Mione.

– Do Beco Diagonal. - Responde Harry.

– É tipo um centro? - Pergunto, sentindo-me cada vez mais ridícula por estar fazendo perguntas óbvias.

– Sim... - Responde Mione.

– Crianças, venham comer! - Grita a Sra. Weasley, subindo pelas escadas em que antes estavam Harry e Mione.

– Vem, vamos nos sentar. - Diz Mione, puxando-me pela manga da blusa e nos sentamos à mesa.

– O que vamos comer? - Pergunta um outro garoto ruivo, que identifiquei como sendo o tal ''Roniquinho'' que a Sra. Weasley falou na estação, pois ele parecia da nossa idade - Ei, quem é você? - Pergunta, notando-me.

– Queridos, - Começa a Sra. Weasley, quando todos já estavam sentados à mesa, haviam descido mais um garoto ruivo e uma garota, também ruiva - antes que me perguntem novamente, esta é a Carol, e ela vai estudar em Hogwarts também. - Diz e sorri para mim, que retribuo.

– Prazer, Carol. - Dizem os outros três ruivinhos que ainda não me conheciam.

– O prazer é meu. - Respondo, certamente ficando vermelha.

– Sou o Percy. - Diz um garoto de cabelo meio encaracolado, apontando para si mesmo - Este é o Rony e esta é a Gina. - Finaliza, apontando para cada um. Sorrio para eles, que retribuem, envergonhados.

– Bom dia, crianças! - Diz um homem que entra cantarolando pela porta - Bom dia querida. - Diz e dá um leve beijo na Sra. Weasley - E... Oh, quem é você? - Olha para mim.

– Querido, está é a Carol, ela também é bruxa e vai conosco comprar os materiais. - Responde ela por mim.

– Como vai? - Pergunta sorrindo para mim.

– Bem, e o Sr.? - Retribuo o sorriso.

– Ótimo, muito obrigada. - Diz, ajeitando-se em sua cadeira.

– Hoje vamos ter sopa. - Diz Molly, pondo uma panela de sopa na mesa, enquanto os outros diziam coisas como ''Argh, sopa não'' ou ''Sopa? Não tinha algo pior?'' - Deixem de besteira, sopa é ótimo. Quer que eu ponha um pouco no seu prato, meu anjo? - Pergunta ela para mim e eu assinto com a cabeça.

– Muito obrigada. - Agradeço.

Depois que terminamos de comer, andamos até a frente da lareira. A Sra. Weasley pegou um vaso pequeno, que continha um pó acinzentado e deu um pouco para cada um.

– Este é o pó de flu, vocês entram na lareira e falam aonde querem ir, com clareza, e jogam o pó logo em seguida. Entendido?

– Sim. - Respondemos todos juntos.

– Certo, Carol, quer tentar antes? - Pergunta para mim.

– Mãe, ela nunca fez iso, e se der algo errado? - Fala Rony.

– É verdade, vá você primeiro, só para mostrar como é. - Disse e Rony assentiu, indo para a lareira e gritando ''Beco Diagonal''. Quando vi o que acontecia quis correr para longe e nunca mais voltar. Ele foi queimado por chamas verdes! Eu não queria ir, mas não queria mostrar que sou medrosa.

– Agora você querida. - Disse para mim. Olhei-a com uma cara espantada, mas fui mesmo assim.

– Agora, isso, fale claramente Beco Diagonal, está bem? - Perguntou e eu assenti.

– Certo... - Fechei os olhos, respirei fundo e tornei a abri-los - D-beco Di-a-agonal. - Falei com a voz fraquejando e joguei o pó.

Tudo sumiu e eu me senti como se estivesse dentro de uma mangueira apertada. Senti vontade de vomitar, mas logo aquela sensação acabou e eu caí de cara no chão de algum lugar sombrio. Levantei e limprei meu rosto com um pano que achei por ali. Fui andando por ali e vi que era uma loja de artefatos de artes das trevas. Quase caí de tanto medo, andei mais um pouco até que encontrei uma porta e saí.

Aquele lugar era realmente assustador, um homem passou por mim me olhando como se eu fosse uma aberração, e quase dei de frente com uma bruxa horrível e com aparência má, que me segurou fortemente pelo braço.

– Está perdida? Eu posso te ajudar se estiver... - Começou dizendo.

– Não, eu não estou perdida. - Entrei em pânico, mas tentei ficar com a expressão normal. Mais pessoas estavam se aglomerando em minha volta. Fiquei rezando para não ser morta ou sequestrada ou sabe-se lá o que.

– Ah, mas você não é daqui, não é mesmo? - Ia dizendo a bruxa, ouvi algumas risadinhas ao fundo. Eles chegavam mais perto e eu já estava quase desmaiando quando ouvi uma voz grossa e rouca vindo de perto.

– Carol? - Todos olharam para o homem grande, cabeludo e assustador que estava na ponta da escada que havia ali e saíram de perto, me deixando livre e aliviada.

– Olá? - Perguntei confusa e com os olhos arregalados, afinal eu não o conhecia.

– Olá, sou Hagrid, guarda-caça da escola de Hogwarts, Dumbledore me contou sobre você. - Diz ele sorrindo e eu me sinto mais confusa ainda. Quem era ele? E quem era Dumbledore? Talvez se eu tivesse prestado atenção na carta que havia recebido... Mas ela não estava comigo.

– Ah... - Estava pensando em algo para dizer quando ele me interrompe.

– Venha, vou levar você de volta ao Beco Diagonal. - E põe a mão grande em minhas costas, fazendo-me pular para frente.

– Não se assuste, não vou te fazer mal. - Acho que acabei ofendendo ele sem querer.

– Ah, não é isso, não foi minha intenção te ofender, eu reagi desse jeito sem querer. - Respondo meio sem graça, ele sorri e me guia até o tal Beco Diagonal.

– Carol, ah meu Merlin, você está ai! - Molly veio correndo em minha direção e quase me amassou com um abraço apertado - Achei que havia se perdido, ainda bem que Hagrid achou você. Onde ela estava? - Perguntou para Hagrid - Bem, não importa, o que importa mesmo é que você esteja bem.

– Vamos comprar os materiais? - Pergunto, tentando mudar o rumo da conversa.

– Ah, claro, já ia me esquecendo. - Responde Molly e nós vamos até a Floreios e Borrões. Foi o que eu li antes de entrarmos.

Aquele lugar é imenso e cheio de livros, o que me fascinou e me fez correr para ver que tipos de livros havia ali. Ouvi sons de flashes de câmera, larguei o livro que estava segurando e corri para perto de meus novos amigos. O lugar quase inteiro estava em volta de um cara esquisito, acho que era famoso, pois estava sorrindo para as câmeras e fazendo pose.

Quase tive um ataque de risos mas me limitei apenas a dar uma risada baixa. Mione, Gina e a Sra. Weasley olhavam para ele suspirando, o que me deu mais vontade de rir. Quando olhei para cima, meu coração quase parou. Seria possível? Não podia ser... Era o garoto loiro que havia conhecido aos 6 anos, ele também me olhava sem expressão. Tornei a abaixar a cabeça, aposto qualquer coisa que fiquei vermelha.


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Notas finais do capítulo

Amanhã termino, se der.



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