Watck - We Are The Cool Kids escrita por Amanda Spats


Capítulo 2
LOUIS E NIALL


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Não esqueçam de deixar seu comentário :D
Desculpa se eu deixei um comentário na sua conta :P Sei que aquilo é chato, mas espero que você goste da história e volte mais vezes!



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(Trilha sonora - Abertura ♪ Fun ft Janelle Monáe - We Are Young)




– Agora seu primeiro registro policial será por “atentado ao pudor”. – Every cutucou Harry enquanto os cinco andavam pela rua. Ele sorriu, coçando entre os cabelos cacheados bagunçados.

– O que combina perfeitamente com Harry – Ana completou. Já parecia menos incomodada com aquilo, mas ainda mantinha distância de Harry e andava longe do grupo, de braços cruzados.

– Bom, meu primeiro registro foi por incomodar a vizinhança com uma festa, então acho que você está indo bem meu amigo – Louis passou o braço pelos ombros de Harry enquanto continuava a andar. – Liam?

– Ahn... eu não tenho registro policial.

Louis virou os olhos como se aquilo fosse ridículo.

– E o seu Every, qual é?

– Fala sério. Você acha mesmo que eu tenho registro policial?

Louis apenas levantou uma sobrancelha, com uma cara muito, muito cínica.

– E você Senhorita Ana? Qual sua ficha?

Ana bufou, mas Louis insistiu.

– Deixa ela Louis. Só por que você é sócio da delegacia não significa que todos nós tenhamos que frequentar esse tipo de estabelecimento como você.

– ”Não temos que frequentar nhé nhé nhé” – Louis fez uma voz fina, imitando Every. – Acho que alguém aqui devia ter mais registros por atentado ao pudor.

– E eu acho que eu devia ter deixado alguém na cadeia.

Os cinco continuaram andando pela rua em silêncio, até que Louis avistou as duas garotas conversando na porta do restaurante. Sem dizer nada, apenas esbarrou no ombro de Harry, que olhou pra ele. Ele então fez um sinal, olhando em direção as garotas.

Harry entendeu o que Louis queria dizer.

Eram duas garotas que ele já tinha visto na escola.

As duas viviam em volta deles, mas se mantinham sempre à distância. Era engraçado ver como elas os perseguiam e como ficavam vermelhas com apenas um olhar.

Os cinco continuaram em silêncio quando passaram por elas, mas Harry escutou uma risadinha abafada.

– Então é uma dessas que você quer comer Harry? – Louis disse bem alto, ganhando um beliscão de Harry.







– Tive uma ideia.

Every se virou pra Louis. Os cinco estavam parados na frente do enorme jardim da casa de Every, que era a primeira casa no caminho. Ana, Harry e Liam também olharam para Louis, esperando pela proclamação.

– Zayn falou qualquer coisa sobre uma festa hoje. Uma daquelas festas secretas.

Harry pareceu interessado, enquanto Every apenas colocou as mãos na cintura esperando ver aonde aquilo ia levar.

– Eu digo que nós todos devíamos ir e ganhar registro na nossa ficha criminal.

– Qual é Louis? – Every bufou.

– Já saímos ontem, minha mãe não vai me deixar sair de novo. Ainda mais pra arrumar confusão.

– Você sempre diz isso e sempre vai Ana – Louis colocou uma das mãos sobre os olhos, protegendo do sol. De repente fazia um sol ardido, de chuva, fazendo a luz refletir em todas aquelas poças de água no chão.

– Eu posso ir te buscar. Sua mãe gosta de mim. – Harry concluiu prepotentemente, enquanto o coração de Ana dava um pulo e ela se zangava por aquilo. Nem sua mãe podia resistir a Harry.

– Eu não sei... – Liam resmungou.

– Você deve uma pra gente – Louis apontou pra ele ameaçadoramente.

– Eu? O que eu fiz?

– Você fez uma pergunta inapropriada. Isso que você fez meu amigo. Então está resolvido. Todo mundo se encontra no Castelo, nove horas.

Louis e sua confiança exagerada. Nem esperou a resposta dos amigos e deu as costas, sumindo pela rua com seu gingado tipicamente inglês, tipicamente encrenqueiro.






Louis jogou as chaves no cinzeiro velho do lado da porta.

Estava cheirando a bebida, cigarro e cadeia. Precisava definitivamente de um banho.

Mas antes disso precisava comer alguma coisa, ou seu estômago comeria a si próprio. Caminhou até a geladeira e como suspeitava, lá dentro tinha só uma caixa de queijo (vazia, que ele jogou de qualquer jeito sobre a pia entulhada de louças sujas e embalagens de comida), um pote de manteiga e uma garrafa plástica de leite.

Ele pegou o leite e virou na boca, direto da garrafa.

Argh. Azedo. Cuspiu o leite e limpou a boca nas costas da mão.

– Mas que porcaria.

Jogou o resto do leite na pia e deixou a garrafa ali.

Por um momento parou, encostado na pia, pensando no que faria. Foi então que notou que a casa estava silenciosa demais, sem nenhuma garrafa de cerveja a vista.

Foi até a sala e gritou do pé da escada.

– Pai?

Silêncio.

Subiu alguns degraus e gritou de novo, mas a casa estava mergulhada em silêncio e no fim ele sabia que o pai não estava ali, nem sabia por que o estava chamando.

Foi então que viu a luz da secretária eletrônica piscando. Se aproximou e apertou o botão, escutando a voz do pai.

– Lou. Estou de novo na Nosso Lar. Vou ficar aqui por um tempo. Tem um pouco de dinheiro na minha gaveta, não gaste tudo. Não se meta em confusão.

Então ele desligou.

Só isso. Nada de “Fique bem” ou “Sentirei sua falta”.

Louis ficou alguns minutos ali parado, até que a vontade de destruir alguma coisa passasse. Não adiantava ficar nervoso. Eram aqueles os pais que ele tinha, e isso não era algo que pudesse ser trocado.

Não sabia onde a mãe estava por que ela abandonou Louis e seu pai quando ele tinha cinco anos. E o pai, desde então, mergulhou na bebida, entrando e saindo de clínicas de reabilitação. Louis se criava sozinho desde os sete anos, mas mesmo assim ainda doía saber que estava por si só, mais uma vez.

Olhou ao redor, para sua casa vazia, a pia suja, os sofás encardidos, as cortinas fechadas. Mordeu os lábios, e então deu as costas pra tudo aquilo. Apagou a mensagem do pai e subiu as escadas, de dois em dois degraus. Ninguém escutou ele bater a porta do banheiro com força.






– Cheguei! – Liam gritou assim que abriu a porta de casa.

– Ei campeão! – O pai disse, lá da cozinha. A mãe carregava a bebê no colo, enquanto o pai estava no fogão cozinhando algo. Liam achava divertido os pais terem decidido ter um bebê, mesmo depois de tanto tempo. Tinha duas irmãs mais velhas, que já estavam na universidade e moravam longe, por isso era legal não ser o único filho na casa.

E adorava a irmãzinha. Era o bebê mais fofo do mundo.

– Escuta, hoje acho que vou nessa festa.

– Mais uma? – O pai perguntou, jogando o macarrão na panela de água quente.

– Ontem você já foi em uma.

– São os últimos dias de férias – Liam resmungou, roubando um pedaço de tomate cortado e pondo na boca. – E ontem acabei voltando cedo.

– Cedo? Era quase uma da manhã.

– Todos os outros voltam depois das cinco mãe, você sabe disso.

– Todos os outros não são como você – Ela lhe beijou na bochecha.

– Exatamente por isso não precisam se preocupar comigo – Ele bateu nos ombros do pai e correu pela escada até seu quarto. Precisava tomar um banho, mas antes queria fazer uma coisa...

Pegou o celular, e enquanto mandava uma mensagem pra ela, ligou o computador.

Entrou no Skype e ficou esperando, até que ela ficou online.

– Amor! – Ela apareceu na tela, fazendo biquinho e lhe mandando um beijo. Seus lindos cabelos encaracolados apontando em todas as direções.

– Dani! – Ele sorriu – Estava treinando? – Ele observou as roupas de dança dela. Dani era cinco anos mais velha que ele, o que era engraçado. Tinha conhecido ela através das irmãs e começaram a namorar quase na mesma hora. Então ela se mudou pra Londres para trabalhar nos teatros de lá como dançarina.

– Eu acabei de chegar em casa.

– Eu também – Ele sorriu – Estou com saudades. Quando você vai vir pra cá?

– Acho que na próxima semana – Ela tomou um pouco de uma garrafinha de água, e não parecia muito preocupada com aquilo, mas Liam estava tão empolgado em vê-la que não ligou.

– Não vejo a hora.

– E vai fazer o que hoje?

– Louis inventou essa festa. Acho que vou acabar indo. Todo mundo vai.

Dani suspirou do outro lado da tela, mexendo desconfortavelmente nos cabelos.

– Que foi?

Ela suspirou, como se não quisesse se meter naquilo, mas não se aguentasse.

– Não sei por que você anda com eles Liam. Quero dizer, eu gosto de todos eles, eles são divertidos, mas essa coisa toda de festas e noites em claro, isso não combina com a gente.

Liam mordeu os lábios. Não gostou da maneira como ela disse “a gente” e não “não combina com você”. Como se ele não tivesse personalidade.

– Eles são meus amigos. Há anos, você sabe.

– Eu sei. Mas me diga, o que você faz nessas festas? Você não bebe, não gosta tanto assim de música eletrônica, nem fica atrás de garotas, eu espero – Ele sorriu e ela continuou – Não tem nada que eu consiga ver de divertido.

– Dani, você esqueceu que em Bristol temos só isso? Fácil pra você falar isso aí de Londres. Todo o dia você tem coisas pra fazer, lugares pra ir. Por aqui, só tenho isso. Isso ou ficar trancado em casa.

Ela deu os ombros.

– Se você estivesse aqui, pelo menos podíamos ficar juntos – Ele disse com uma voz manhosa e ela sorriu do outro lado.







(Trilha sonora - Ana ♪Boyce Avenue cover (One Direction) - What Makes You Beautiful )


– Ana! O Harry está aqui!

Ana suspirou, e se olhou no espelho do armário de novo.

Não acreditava que ia mesmo naquela festa idiota, mas lá estava ela, usando meia calça, seu sapato novo com um pequeno saltinho, um vestido muito bonito com babados que tinha comprado na TopShop há alguns dias atrás e colares de pérolas falsas enrolados no pescoço. Tinha prendido seu cabelo de um jeito fofo e a maquiagem não estava nada mal.

Mesmo assim, tinha vontade de tirar tudo aquilo, se enfiar num moletom e passar a noite assistindo filmes e tomando sorvete.

– Ana? – Sua mãe gritou de novo lá de baixo.

– JÁ VOU! – Ela respondeu impaciente, fechando a porta do armário. Era melhor não pensar muito sobre aquilo e só seguir em frente. Pegou a pequena bolsinha e desceu as escadas.

E lá estava Harry, sentado no sofá. Sua mãe do lado dele, observando ele tomar uma xícara de chá como se estivesse apaixonada, e sua avó, rindo de algo que ele tinha acabado de falar. Ele também ria, as covinhas fundas em suas bochechas, o cabelo em cachos caindo perfeitamente em seu rosto.

– Ai está você Ana. É tão mal educado deixar as pessoas esperando... – A mãe dela disse, assim que percebeu ela ali parada, de pé na porta. Harry olhou pra ela também, os enormes olhos verdes, que brilharam assim que a viram.

Ela estava bonita. Harry gostava da maneira inocente que ela se vestia.

Mas ela suspirou, desanimada, e Harry desviou seu olhar.

– Bom, acho que vamos indo Senhora Lines. Obrigado pelo chá. – Ele deixou a xícara na mesinha e se levantou.

– Tudo bem. Se divirtam – A mãe de Ana respondeu com um sorriso bobo, enquanto Harry parava na frente de Ana. Perto demais. Ela deu um passo pra trás, sem perceber.

– Te espero lá fora – Harry deu as costas e saiu pela porta. A mãe de Ana já estava do seu lado, arrumando seu cabelo.

– Mãe, não precisa – Ana disse impaciente, se livrando da mãe.

– Se comporta. Está com seu celular? Está levando algum dinheiro?

– Está tudo bem mãe...

A mãe de Ana suspirou, e olhou pra porta aberta e Harry do lado de fora, com as mãos no bolso, esperando por ela.

– Por que você não arruma um namorado como ele? – Ela suspirou, e Ana virou os olhos.

– Você quer que eu contraia alguma doença sexualmente transmissível?

A mãe de Ana olhou pra ela com os olhos arregalados.

– Ana! Isso não é jeito de se falar.

– Ok mãe, tenho que ir. – Lhe deu um beijo rápido e correu pela porta, a fechando antes que a mãe a afogasse em mais algum questionamento.

Na hora que se aproximou de Harry, o celular dele começou a tocar. Ele enfiou a mão pelo bolso da calça jeans e pegou o aparelho.

– Louis. – Ele disse, vendo o identificador de chamadas. – Hey cara. Acabei de pegar Ana e estamos indo pro ponto de ônibus. Cinco minutos ok?










– Você parece um idiota.

Niall fechou os olhos e tentou imaginar a cabeça do irmão mais velho explodindo. Mas quando abriu os olhos de novo ele ainda estava lá, de cuecas, deitado na cama folheando uma revista de mulher pelada. Odiava ter que dividir o quarto com o irmão e ter que suportar aquelas provocações constantes.

Fez que não o escutou enquanto continuava olhando pelo pequeno espelhinho do banheiro, tentando arrumar seu cabelo. Mas ele parecia mesmo um idiota, por isso foi pro quarto e pegou o primeiro boné que viu e afundou na cabeça.

– Ainda parece um idiota – Greg completou, sem olhar pra ele.

– Idiota é você que vai ficar a noite inteira aqui batendo punheta.

Greg olhou pra ele e deu um sorriso debochado.

– Pelo menos um pouco de ação. Pior você que vai ficar a noite inteira atrás de alguma garota e vai acabar sozinho. – Greg se levantou e passou por ele em direção ao banheiro, batendo a porta.

– Imbecil – Niall xingou baixinho, e então saiu do quarto e desceu as escadas.

De todos os amigos, ele era o único que tinha essa casa lotada de testosterona. Os pais eram separados e ele morava com o pai e o irmão mais velho.

– Pai, estou saindo – Ele avisou, assim que chegou na sala. O pai nem desviou os olhos da partida de futebol que estava passando na TV.

– Onde vai? – Ele perguntou, mas parecia nem estar interessado naquilo. Talvez aquela pergunta apenas o fizesse se sentir um pai melhor.

– Numa festa com o pessoal. – Niall abriu a gavetinha perto do telefone e enfiou algumas libras no bolso. O pai sempre deixava uns trocados ali, não dava pra muita coisa mas dava pra se virar um pouco (sempre podia recorrer a Every).

– Ok. Use camisinha.

O conselho típico do pai.

Niall bateu a porta assim que saiu, e correu pela rua. Ia andar a pé até a casa de Zayn, assim podia economizar uns trocados.






Zayn ascendeu um cigarro olhando pros dois lados da rua e depois pro relógio.

Onde estava Niall? Ele tinha que sair dali antes que o pai chegasse e soubesse que ele estava saindo. Com a mãe ele não tinha problemas, mas o pai ia pegar no pé dele se soubesse que ele estava de novo indo para uma festa.

O pai achava que ele devia começar a trabalhar no lugar de “ficar vadiando, bebendo e andando de skate” (palavras do próprio). Assim que pegou o celular para ligar pra Niall, o viu aparecer correndo da esquina.

– Cara, você veio andando? – Zayn perguntou, dando uma tragada no cigarro, assim que Niall se aproximou e se abaixou um pouco, apoiado nos joelhos, tentando tomar fôlego.

– Droga. Eu preciso me exercitar mais.

Zayn deu um sorriso pro amigo.

– Hoje eu andei de skate o dia todo. Você não apareceu por lá por que?

– Cheguei em casa às duas da tarde meu amico. A festa não pode parar.

– Então não reclame sobre fazer exercícios amico – Zayn imitou o sotaque de Niall.

– E você e esses malditos cigarros? – Niall pulou em cima de Zayn tentando alcançar o cigarro, enquanto Zayn se defendia.

– Vamos logo antes que meu pai chegue.

– Será que você tem algum pra me emprestar? – Niall disse de repente – Não quero gastar o dinheiro da bebida com ônibus.






Max o observava andando de um lado para o outro, impaciente, vestindo aquela camisa de listras que deixava o desenho de seu corpo bem aparente. Não pode evitar um pequeno sorriso, e baixou o rosto para que ninguém visse.

A irmã estava sentada ao seu lado, e reclamava do frio, por isso ele a abraçou. Mas continuou o olhando de canto de olho. Seu nariz, reto seus cabelos bagunçados e aquela bunda... aquela bunda podia deixar qualquer um doido. E como um bom gay, Max adorava uma boa bundinha.

– Ei! – Harry apareceu de repente, seguido por Ana.

– Finalmente! – Louis gritou.

Max balançou a cabeça rindo. Como um maldito casal. Olhou pra Harry e todo aquele seu charme, o jeito que ele nervosamente jogava o cabelo de lado e Louis o tocava, e logo os dois embarcavam em uma daquelas chatas conversas que só eles entendiam.

Ana se aproximou de Max e Every, passando a mão pelos braços arrepiados.

– Eu devia ter escutado minha mãe e trazido um casaco.

– Daqui a pouco você nem vai se lembrar do frio – Max sorriu, e deu dois tapinhas na mureta de cimento ao seu lado. Ela se sentou ali, e Max também passou o braço por seu ombro.

Liam apareceu descendo as escadas mais adiante no parque, parecendo descolado como sempre.

– E ai? Vamos? – Liam se aproximou.

– Niall e Zayn ainda não estão aqui – Louis resmungou, pegando o telefone e ligando pra eles – Qual é, onde vocês estão? Estamos aqui e já estamos atrasados.

Louis se virou gritando no telefone, enquanto Harry se aproximava do grupo sentado na muretinha do parque.

– Hey Max – Ele cumprimentou o irmão gêmeo de Every, que deu um de seus típicos sorrisos debochados. Harry sempre achou que Max não gostava muito dele, sem saber direito o motivo. Max na verdade não parecia gostar muito de nenhum deles, e sempre fazia uma cara debochada, como se fosse superior e muito mais experiente que todos ali, apesar de ter a mesma idade que eles. Talvez fosse só por que ele tinha aquela coisa toda com ser inteligente e estudava numa escola preparatória só pra gente com QI alto.

– Ah, finalmente! – Louis gritou vendo Niall e Zayn surgirem correndo entre as árvores do parque. – Vamos logo sumir daqui. – Louis saiu andando, sem nem dar tempo de Niall e Zayn dizerem oi para as outras pessoas.

– O que ele tem hoje? – Niall perguntou pra Liam, que só contraiu os ombros. Louis sempre foi meio bipolar, uma hora muito animado, outra hora meio silencioso, mas sempre mandão e controlador. Então os dois foram seguindo Louis.

Harry vinha atrás, parecendo interessado em digitar algo em seu celular.

Every, Max e Ana se levantaram e seguiram o grupo. Every de mãos dadas com seu irmão, e Ana pra trás, como sempre, tentando lutar contra o frio que sentia.

– Quer meu casaco? – Zayn se aproximou, já tirando o casaco.

– Não Zayn, sério, estou bem. – Ela segurou suas mãos, não deixando que ele terminasse de tirar o blusão – Além do mais, são só alguns minutos caminhando.

Zayn ajeitou o casaco de novo, e foi andando devagar ao seu lado.

– E então, o que deu na delegacia? – Ele perguntou pra ela. Não estava muito interessado, mas queria conversar um pouco. Ana era uma das únicas garotas que ele podia conversar sem se cansar. Every era legal também, mas em alguns minutos de conversa Zayn ficava entediado com sua agressividade e todo aquele papo patricinha.

– Nem me fale – Ana bufou – Harry foi preso por que estava com a Sabrina.

– Louis me contou no telefone – Zayn enfiou a mão nos bolsos do casaco. – Ele estava tentando algo com ela há semanas. Pelo menos agora ele sossega.

– Esse é o problema – Ana resmungou – Harry nunca vai “sossegar”. Ontem foi ela, amanhã é outra.

Zayn olhou pra ela e não pode evitar um sorriso sem graça.

Sabia que Ana tinha aquela coisa escondida por Harry, e sabia que Harry era um cara legal e tudo mais, mas era um estúpido com as garotas. Se apaixonar por Harry era pedir para ser magoada, e Ana não podia dizer que não sabia daquilo.

Zayn sabia que Harry também sentia algo por ela, mas assumir aquilo e partir pra luta que era difícil. Pra que se envolver em algo complicado quando tudo pode ser tão fácil? Harry podia pegar uma garota nova a cada noite, mas com Ana não ia ser tão superficial assim, afinal, eles eram amigos há anos.

– Ele só está se divertindo – Zayn concluiu, passando o braço pelos ombros da amiga e a puxando pra perto, enquanto continuavam a andar pelas ruas desertas do centro de Bristol. O resto do grupo estava muito a frente – Acho que talvez você devesse fazer o mesmo. Arrumar um carinha hoje, dar uns beijos...

– Zayn... – Ana reclamou numa voz manhosa, mas com um sorriso.

– Qual é Ana? Você é bonita, devia deixar os caras se aproximarem mais no lugar de ficar esperando pelo cara certo. Pelo cara que você ACHA que é certo.

Ela olhou pra ele e sorriu.

– Hoje você está muito sábio Dr. Malik.

Ele não evitou a risada.

– Estou só dizendo.

– Tudo bem. Então eu vou ficar com alguém hoje se você também arrumar uma garota.

– Oh não Ana, eu...

– ”Oh não” – Ela imitou a voz dele – Falar dos outros é fácil né Zayn? Mas eu também não vejo você por aí, se divertindo muito com as garotas.

– Qual é Ana? Você sabe que sou tranquilo.

– Eu também sou! Mas hoje não seremos. Temos um trato? – Ela pulou na frente dele e estendeu a mão. Ele parou e ficou olhando pra mão dela, e depois pra ela. – Vamos lá Zayn, se eu vou me “divertir”, quero ver você se “divertindo” também. E não vai ser difícil pra você.

Zayn virou os olhos.

Não era muito fã de ficar beijando uma garota que nunca tinha visto na vida naquelas festas, mas uma vez ou outra acabava sendo divertido. E se aquilo servisse para dar um incentivo a Ana, não tinha mal nenhum.

Ele sorriu e apertou a mão dela.

– Ei vocês dois, andem logo seus molengas!

Zayn olhou pra Harry parado no final da rua, agitando os braços pros dois.








(Trilha sonora - Festa ♪ Justice - We Are Your Friends)

– Me desculpa meu amico de só um rim, mas eu vou pro bar. – Niall deu um tapinha na barriga de Liam, enquanto sumia entre as pessoas do lugar em direção ao bar.

– Animal – Louis chegou por trás de Liam e apertou seu ombro.

Harry, Ana, Zayn, Every e Max vinham logo atrás.

Todos estavam nessa casa enorme, num bairro afastado. A casa estava aparentemente caindo os pedaços. Tinha praticamente todas janelas quebradas, mas por um mistério da vida, tinha um lustre gigantesco no teto que parecia de vidro e parecia intacto.

As paredes eram cobertas por pichações e desenhos. Pela entrada havia alguns sofás, todos ocupados, uma escada pro andar de cima, e mais para frente, a sala, enorme. A parede de trás tinha sido quebrada então a sala se emendava com um quintal a céu aberto. Haviam puxado dezenas de lampadinhas pelas paredes e pintado as paredes com tinta que brilhava no escuro, então a iluminação estava meio confusa. O bar ficava num canto da pista improvisada no meio da sala, iluminado por alguns bastões de luz neon.

Duas banheiras estavam aleatoriamente no meio da pista, e as pessoas se deitavam nela. Um casal parecia muito empolgado, usando uma delas como um ninho de amor.

Ana olhou pra o casal e se afastou. Zayn fez o mesmo, mas Harry pareceu gostar e deu um grito de incentivo.

– Vem, vamos tomar alguma coisa – Louis sorriu, olhando pro casal e depois puxando Harry com ele.

Niall já estava debruçado no balcão do bar improvisado, tentando chamar atenção de algum dos caras que estavam ali distribuindo copos de cerveja e vodca.

– Eu vejo você mais tarde – Max de um beijo em Every e se afastou, vendo dois conhecidos do outro lado da pista. Every foi até Niall, no balcão do bar. Harry e Louis também estavam ali, espremidos entre as pessoas, lutando por um copo de vodca ou cerveja. Ninguém parecia olhar pra eles, mesmo com Niall gritando e balançando uma nota de 10 libras.

– Vocês não sabem fazer isso. – Every puxou seu top branco pra baixo, deixando seu decote bem aparente.

– Uou – Louis e Harry disseram ao mesmo tempo, e um dos caras do bar se materializou na frente deles.

– Vodca pros meus amigos e pra mim – Every tirou 100 libras da bolsa e estendeu pro barman, que piscou pra ela e voltou com copos cheios e uma garrafa pela metade.

– Eu já disse que te amo Every? – Niall abraçou a garrafa, enquanto todos saiam com uma cara de felicidade em direção a pista.

– Querem um pouco? – Harry estendeu um copo para Ana e Zayn enquanto tomava do outro. Ana ia dizer que não, mas se lembrou do que tinha combinado com Zayn. Ia ser mais fácil arrumar um garoto se tivesse um pouco bêbada, por isso pegou o copo da mão de Harry e bebeu um gole gigante.

– Opa, muita calma ai Senhorita Lines! – Harry arregalou os olhos.

Ana fez uma careta e limpou a boca com as costas da mão.

– Vamos dançar.

Ana deu a mão para Harry e o puxou pra pista, onde Liam, Niall, Louis e Every já pulavam e se chacoalhavam ao som da música eletrônica. Zayn ficou ali parado olhando, até que Ana parou e olhou pra ele.

– Ei cara de tatu, vai ficar aí parado?

Ele olhou pra Harry, que olhava pra ele enquanto bebia um pouco de vodca, de mãos dadas com Ana.

– Que se dane. – Zayn resmungou e correu pra perto de Ana, que jogou o copo já vazio no chão e lhe deu a mão, puxando os dois garotos mais lindos da noite para a pista.

Talvez Zayn estivesse certo.

Ela tinha que se divertir.







Era assim, e nunca podia ser diferente.

Os sete, tomando conta do lugar.

Every já tinha atraído à atenção de dois garotos, que dançavam a sua volta, trocando olhares. Every às vezes passava perto de um deles, e encostava seu corpo dançando bem próxima e depois se afastava, voltando a dançar perto dos amigos. Every sabia jogar aquele jogo, com seu lindo cabelo, suas roupas perfeitas e sua vida feliz.

Ela voltava e se enroscava com Louis. Sabia que os garotos em volta gostavam de um pouco de competição, e Louis dançava muito bem. Os dois se enroscavam e balançavam o corpo sensualmente no mesmo ritmo da batida.

Ela o segurava pela nuca e sorria e ele sorria de volta, sem se importar em ser parte do jogo. Every não fazia seu tipo, mas ele a admirava. Ela sabia manipular as coisas a sua vontade.

Quando Every se distanciava, Lou olhava para Harry, ali perto, bebendo um pouco de cerveja e tentando conversar e dançar com um grupo de três garotas que dividiam sua atenção. Louis também olhava Niall, parecendo empolgado demais na pista, pulando sem parar e recebendo alguns olhares furiosos das pessoas a sua volta. Não podia deixar ele se meter em confusão.

Não que aquilo não fosse o objetivo da noite, mas Louis não queria que a diversão acontecesse sem ele planejar tudo com cuidado.

E então seu olhar encontrou com o de Max, do outro lado da pista.

Louis odiava quando isso acontecia. Ele sempre pegava Max olhando pra ele. E Max olhava pra ele como se soubesse de um segredo, como se se divertisse com algo. Aquilo deixava Louis maluco, por isso evitava andar com Max. Ainda bem que ele não estudava com eles, estava por perto só quando eles saiam.

Ana dançava ali perto, mas Louis nem percebeu. Tinha tomado outro copo e a vodca começava a fazer efeito. Mas ela não se importava, assim seria mais fácil achar um garoto interessante pela pista. Viu Every que já tinha achado não só um, como dois garotos, e dançava despreocupadamente. Viu Harry, agora já andando para a parte aberta do quintal, na companhia de uma garota com uma saia bem curta e um cabelo bem legal.

Virou pro outro lado, evitando olhar pra aquilo por mais tempo que devia.

Era melhor procurar mais um copo de bebida.

Foi até o bar, pegou um copo e viu Zayn, parado perto a saída, encostado na parede tomando uma cerveja de garrafa e olhando o movimento. Parecia tão deslocado quanto ela, com casais a sua volta se amassando nas paredes, um garoto sentado com a cabeça entre as pernas, outra garota que parecia dormir ali no chão.

– Ei – Ela disse, se aproximando dele. – Cadê nossa diversão?

Ele apenas deu de ombros e tomou outro gole da garrafa.

– Vamos lá, anda.

Ela estendeu a mão e puxou ele pra pista de novo.

Ela tentou o animar, pulando a sua volta, e de repente Max se juntou aos dois, pulando animado também. Zayn não pode evitar sorrir e se deixar levar pela música junto com os amigos.




Niall recebeu mais um empurrão e decidiu parar de dançar feito um maluco.

Viu um dos garotos da sua rua num dos cantos da pista, indo para o lado de fora e foi seguindo ele entre as pessoas, chamando seu nome.

– Mark! Mark!

O garoto olhou pra ele.

– Hei Horan! Grande garoto. Tá afim de um bagulho?

Niall coçou o nariz.

– O que você tem?

– Ah, o de sempre – Mark enfiou a mão no bolso da jaqueta e tirou um punhado de saquinhos. – Pílulas de dormir da minha mãe, os antidepressivos do meu pai. Tem esse, é novo. Remédio de reumatismo do meu tio. Eu já tomei um e posso garantir, é doido. Já vendi 15 hoje.

Niall sorriu, pegando a pílula amarela da mão do garoto.

– São vinte pratas.

– Vinte?! Poxa cara, eu tenho só 10.

O garoto olhou pra ele e puxou o dinheiro da sua mão.

– Fica com duas, vende por 30 e depois vêm me pagar os 10 que faltam.

Niall deu de ombros e enfiou a pílula na boca. Pegou um copo de cerveja pela metade que estava ali jogado em um canto e mandou tudo pra dentro.

– Te vejo em umas horas. – Niall se afastou do garoto com um aceno e voltou pra pista.

Esbarrou em Zayn dançando com Ana e com Max.

– Algum de vocês precisa de uma diversão extra? – Sempre Niall, o doido.

– Cara, eu já falei pra você parar com isso – Zayn o puxou pra perto, pra que ele o escutasse.

– Larga de ser careta Zayn. É só um remédio qualquer. Só me deixa um pouco eufórico. Não é droga cara! É remédio, vende em qualquer farmácia.

– Você sabe que não é assim – Zayn disse sério.

– Deixa ele Zayn – Max afastou os dois. – Se liga Niall, eu compro de você. – Max deu uma nota de 50 pra ele, sem nem perguntar quanto era. Niall saiu sorrindo.

– Você não devia fazer isso Max. – Zayn disse zangado.

– Deixa o Niall se divertir um pouco. – Max jogou a pílula num canto qualquer. Não era muito chegado em tomar aqueles remédios malucos pra ficar um pouco doido. Quando decidia ficar doido, ficava de verdade. Mas sabia que de vez em quando, todo mundo precisava fazer algumas burradas.

Zayn respirou fundo, tentando se acalmar.

– E por falar em diversão – Max aproximou os lábios do ouvido de Zayn, tentando não gritar apesar da música alta – Acho que a garota aí perto de você está afim de um pouco de diversão.

Zayn virou pra trás e viu uma garota de cabelos vermelhos dançando de costas para ele, mas olhando pra trás o tempo todo e garantindo que seus corpos estavam se esfregando, costas com costas. Ela não era feia. Não era muito seu tipo, quer dizer, era meio grandona demais pra ele, que era bem magro, mas não tinha problema. Olhou pra Ana e fez uma cara como quem diz “Agora vou cumprir minha parte no trato, e você?”. Ana sorriu e pegou Max pela mão.

– Vamos Max.

Max olhou de um jeito sacana para Zayn e saiu puxado por Ana.

Os dois seguiram para a área do quintal, sentindo o ar frio e pesado da noite. Parecia que ali fazia mais barulho que lá dentro. O lugar estava lotado, todos conversando, rindo alto. Max parou e Ana parou do seu lado. Tirou do bolso um cigarro e pediu fogo para um garoto que estava passando ali.

Ana suspirou, também querendo ter algo para ocupar as mãos. Como não tinha e não ia até o bar pegar outro copo, cruzou os braços. Viu Harry não muito longe dali, sentado em um sofá velho, com a garota que ele estava mais cedo a sua frente. Ele segurava ela pela cintura e os dois se beijavam.

– Ei. – Max a cutucou – E você. Não viu nenhum garoto bonito?

– Não – Ela disse, sem tirar os olhos de Harry. Max olhou pra trás e viu Harry com a garota.

– Ah, vai me dizer que você está afim do Styles.

– Quem? Eu? Qual é Max. Justo eu?

Max apenas fez uma careta.

– Vem, vamos arrumar um cara de verdade.

Ele a puxou pela mão, de volta pra pista.






Louis olhou bem para a garota morena e para seu namorado mal encarado, enquanto sua cabeça processava um plano para fazer aquilo funcionar. Talvez ele fosse precisar de ajuda, mas tinha que ser alguém meio doido.

O namorado da garota se afastou, indo conversar com os amigos perto das banheiras no centro da pista enquanto ela ficou ali, encostada no bar. Ela já tinha olhado pra ele várias e várias vezes, e Louis só estava esperando o plano estar concluído na sua cabeça.

Não bastava só provocar aqueles garotos, aquilo era fácil demais.

– Preciso achar Niall. – Ele deu mais uma olhada pra garota, que olhou pra ele lambendo os lábios e sugando uma bebida no canudinho com um olhar sugestivo. Então sorriu pra ela e deu as costas, atravessando a pista em busca do amigo.






Niall colocou mais uma pílula na boca.

Com as 50 libras de Max, tinha conseguido mais algumas amiguinhas para a noite.

Aquilo estava melhor do que ele previa.

Max e Ana passaram por ele, e ele gritou para os amigos, mas eles não escutaram e seguiram em frente. Passou por Zayn, dançando na pista com uma garota de cabelos vermelhos. Ela se aproximou e beijou os lábios dele, de um jeito um pouco melecado demais, mas Niall não se incomodaria nada em beijar alguém daquele jeito.

Deu uma olhada em volta procurando alguma garota para poder investir.

E então, quando olhou em frente, as duas apareceram entre as pessoas, como se ele tivesse as chamado. Ele não se lembrava do nome da moreninha magrela e desengonçada, só sabia que ela era apaixonada por Zayn. Mas ele sabia bem o nome da mais cheinha.

Kat.

Ela tinha cabelos ruivos de verdade, sempre presos desengonçadamente, mesmo agora que ela claramente tinha tentado arrumá-los. Usava uma maquiagem que não deixava ela bonita, deixava ela estranha. Preferia quando via ela na escola, sem maquiagem. Agora ela estava metida numa blusa que só fazia seus peitos parecerem ainda maiores, uma saia de cor estranha e meia calça colorida. Não ficava nada bom nela.

Niall balançou a cabeça.

– Diabos de garota. – Disse pra si mesmo. Ela ainda não o tinha visto, mas estava se aproximando e levaria apenas alguns segundos para que ela o visse. Ou ele dava o fora dali ou deixava aquilo acontecer.

Então seus olhos se encontraram entre as pessoas.

Ela tinha olhos castanho claros bonitos, que combinavam com seu cabelo ruivo e sua pele branca, cheia de sardas. Niall gostava de seus olhos, quando não estavam cobertos por aquela maquiagem estranha.

As duas garotas pararam, e Niall continuou ali parado também. A garota magrela olhou pra amiga, e depois olhou de novo pra Niall.

– Ah, foda-se – Ele resmungou consigo mesmo, começando a andar em direção a ela. Sem dizer nada, passou pela amiga e chegou perto dela. Agarrou sua mão e a puxou, arrastando ela entre as pessoas em direção a escada. Devia ter um quarto vago naquele lugar. Era melhor achar um logo, antes de parar e se arrepender sobre aquilo.






– Diabos de garoto – Louis resmungou, levando empurrões e tentando desviar das pessoas na pista de dança. Quando precisava de Niall, ele sumia. Não era possível.

Já estava a mais de quinze minutos procurando por ele e ele não estava em lugar nenhum. Procurou pelo bar (e só achou Ana conversando com um garoto estranho, mas bonitinho), pelo quintal (viu Harry com uma garota que não era a mesma que ele estava há minutos atrás), no banheiro (Every estava lá, rindo com um garoto, esperando na fila), pela pista de dança (Zayn estava surpreendentemente beijando uma garota e dançando) e finalmente foi lá fora (viu Max indo embora com um garoto, parecendo meio bêbado).

Então olhou pelas escadas.

Subiu e assim que chegou no topo, Niall estava saindo de um dos quartos, ajeitando a roupa.

– Não quero nem saber o que você estava fazendo. Mas tive uma ideia. – Louis se aproximou de Niall – Vamos enquanto te explico.









Louis sorriu, e ajeitou a blusa, andando confiante até a garota morena. As amigas abriram espaço assim que ele se aproximou, como se estivessem esperando por aquilo. Ele olhou de canto de olho pro namorado brutamontes, que parecia distraído demais dando soquinhos e brincando com os amigos a uma distância segura.

O babaca merecia uma lição.

– Olá – Ele sorriu, se apoiando no balcão do bar. A garota não se afastou, apenas sorriu, olhando Louis de cima a baixo.

– Estou com meu namorado – Ela disse, mas continuou olhando pra ele como se pudesse devorá-lo.

– E quem disse que eu ligo pra isso? – Ele sorriu, e afundou suas mãos por entre os cabelos escuros da garota, a puxando em sua direção. Ele conhecia aquele tipo de garota, e não tinha que perder um minuto inventando qualquer conversa furada antes de dar a ela o que ela queria.

Seus lábios se encontraram com os dela, e tinha gosto de cigarro e vodca. Não bem o que ele esperava, mas ela era gostosa.

E o mais importante, ela era confusão na certa.

Ele empurrou o corpo dela contra o bar, a apertando o máximo que podia contra ele.

Ela não se opôs. Pareceu gostar, então Louis a pressionou ainda mais.

Abriu os olhos, com os lábios grudados nos dela. Viu Niall ali perto e fez um sinal pra ele.

– Quero você – Ele sussurrou no ouvido dela, ao mesmo tempo que a puxava pela cintura. Ela mal conseguia falar. Sua bolsa ficou ali no balcão, enquanto Louis puxava ela pra pista de dança.

Niall se aproximou e abriu a bolsa dela.

O plano era só pegar a carteira, mas quando ele abriu, achou algo muito melhor.

A chave de um carro.

– Ah cara! – Ele sorriu, erguendo a chave e colocando no bolso.

Louis ia empurrando ela pela pista, até estar no lugar certo. Ele abriu os olhos, e ela mantinha os dela fechados, entregue ao beijo. Então ele olhou direto pro namorado dela, a poucos metros dali.

No instante que ele viu a namorada e Louis, ele se levantou feito um touro.

Louis se afastou dela e sorriu.

– Acho que seu namorado quer conversar – Ele apontou o namorado andando pela pista feito uma bola de boliche, derrubando todo mundo que estava no caminho – Foi um prazer.

Ele virou as costas e correu entre as pessoas o mais rápido que podia. Não ligava para quem estava no caminho, apenas ia pulando entre os espaços vazios.

Niall de repente apareceu ao seu lado, correndo e rindo. Era divertido, mas eles precisavam cair fora dali depressa. Pra isso, tinham que achar todo mundo enquanto corriam.

O primeiro que viram foi Zayn, encostado numa parede beijando a garota de cabelos vermelhos.

– Anda, a gente precisa ir embora – Ele puxou o amigo, sem ligar para o fato que ele estava beijando a garota.

– O que? – Ele parecia perdido. Louis olhou em volta, mas não teve tempo. Um punho surgiu do nada e o acertou em cheio no rosto. Ele caiu no chão, com o nariz sangrando.

– Ei cara!! – Zayn encarou o garoto que socou Louis. Ele era 10 vezes maior, e muito forte, mas Zayn não tinha medo. – O que você está fazendo?

– Fica quieto senão...

Mas ele não teve tempo, Zayn lhe deu um soco no ouvido e o garoto pareceu ficar um pouco tonto.

– Corram! – Niall pulou por cima de Louis gritando, ajudando ele a se levantar, e então os três se puseram a correr até Harry que estava no quintal.

– Anda Harry, temos que ir embora!

– Eu não vou agora. – Harry reclamou, de mãos dadas com uma garota, tomando tranquilamente uma cerveja. Niall viu o garoto gigante aparecer na pista e olhar pra eles lá fora. E agora estava acompanhado de outros dois garotos que pareciam uma montanha.

– Escuta, eu arrumei uma briga, precisamos ir embora – Louis o segurou pelo colarinho. Não deu tempo de Harry responder, por que os garotos ficavam cada vez mais perto.

– Mas se você quer apanhar, fique a vontade – Louis sorriu e provocou os garotos que estavam se aproximando. Harry então olhou pro lado e viu aqueles três caras, absurdamente grandes, espumando em sua direção.

Nem pensou duas vezes. Se pôs a correr atrás de Louis.

Zayn e Niall já corriam na frente.

– As garotas. – Zayn disse, quase sem ar, desviando das pessoas pela pista.

– Every está no banheiro – Niall disse quase sem fôlego – E Ana lá fora!

– Pega a Every e eu pego a Ana, nos encontramos lá fora – Zayn gritou por entre a música, e os dois se separaram enquanto Louis e Harry passavam por eles, despistando os garotos, que ficaram meio perdidos sem saber bem pra onde ir.

Niall entrou no banheiro gritando o nome de Every.

– Niall? – Uma voz o chamou de dentro de uma cabine do banheiro.

– Every? Precisamos muito ir embora ou vamos apanhar.

Every abriu uma das portas. O garoto estava ali com ela e o batom dela estava totalmente borrado.

– Por que vocês sempre fazem isso!? – Every choramingou.

– Não era pra isso que viemos? – Niall sorriu. – Anda!

E então saiu em disparada do banheiro.

– Eu... eu sinto muito! Me liga! – Every foi arrumando a roupa e saindo em disparada pela porta, atrás de Niall.

Enquanto isso Zayn vasculhava a entrada da casa atrás de Ana.

Por que Ana tinha escolhido bem aquela hora para sumir? Ela tinha que estar ali, em algum lugar. Então se virou e deu de cara com Ana, encostada na sacada. O garoto estava na sua frente e brincava com seus cabelos, se aproximando cada vez mais.

Zayn suspirou.

– Ah cara, vamos lá! – Resmungou consigo mesmo, se movendo como quem está com vontade de fazer xixi. Queria que o garoto a beijasse logo e então ele podia a tirar dali.

Mas Ana tinha pego um maldito cara lerdo.

– Zayn! – Niall e Every esbarraram em Zayn ali parado na porta. – O que você está fazendo cara? Vamos logo! Cadê a Ana?

Zayn balançou a cabeça e correu até Ana.

– Desculpa cara, mas precisamos ir embora. – Ele se meteu entre os dois e puxou Ana pela mão.

– ZAYN? Peraí, o que você está fazendo?

– Louis arrumou encrenca. Temos que ir.

– Mas eu estava me divertindo! – Ela resmungou enquanto Zayn a puxava. Louis e Harry estavam na rua, andando em círculos e olhando pros lados um pouco apreensivos.

– Ótimo, agora ou ficamos e apanhamos ou sumimos. – Louis passou a mão pelos cabelos, parecendo ansioso.

– E como vamos sumir? Esse bairro é no meio do nada, temos que andar vinte minutos até o ponto de ônibus. Vocês deviam ter pensado nisso antes de arrumar uma briga! – Zayn disse com a voz falhando, nervoso.

– Ei, calma gente! Eu tenho a solução! – Niall sorriu e puxou a chave do bolso.

Louis deu um grito empolgado e abraçou Niall.

– Estava na bolsa da garota, agora só temos que descobrir qual o carro dela.

– Anda, vamos no estacionamento testar o alarme – Harry pegou a chave da mão de Niall e correu na frente em direção aos carros estacionados no terreno ao lado da casa. Começou a apertar desesperadamente o botão, até escutar o alarme ao longe.

E então eles viram a BMW branca conversível com os faróis piscando.

Por um segundo os seis ficaram ali parados, olhando pro carro sem acreditar.

– Peguem eles! – Eles escutaram alguém gritar, e quando se viraram, lá estavam os três brutamontes correndo na direção deles.

– Opa!

– Corre!

Harry pulou a porta do carro e enfiou a chave no contato. Louis se sentou ao seu lado e Niall, Zayn, Every e Ana se espremeram lá atrás. O motor do carro fez barulho assim que Harry girou a chave e deu ré no carro, levando toda lateral do carro ao lado. Não era a hora para manobras perfeitas, então ele se preocupou apenas em pisar fundo e o carro passou pelos três garotos quase os atropelando.

E em minutos eles estavam percorrendo a rua deserta, enquanto viam os garotos desistirem de correr atrás deles, no meio da rua. Louis olhou pra trás, e depois deu um suspiro aliviado, e então todos ficaram em silêncio, esperando a adrenalina baixar.

Mas Harry começou a rir. Louis também, e Niall, e logo todos estavam gargalhando tanto que lágrimas escorriam por suas bochechas.

– Grande noite! – Louis sorriu.

Os seis ficaram um pouco em silêncio.

– E agora, o que vamos fazer com esse carro? – Zayn perguntou lá atrás.

Todos se olharam. Ninguém ainda tinha pensado sobre aquilo.











– Você tem certeza que quer fazer isso?

– Absoluta. Quero destruir algo belo. – Louis parafraseou seu filme favorito.

Os cinco olharam pro carro e pra Louis de novo.

Tinham estacionado o carro no topo de uma das colinas do Parque Central. Lá embaixo o rio refletia os primeiros raios do sol, que estava nascendo. Tudo estava mergulhado naquele silêncio e preguiça de uma manhã de domingo.

– Isso é maluquice! – Ana resmungou e olhou pra Zayn, esperando algum apoio. Geralmente os dois eram os mais centrados. Mas Zayn apenas começou a rir.

– Totalmente maluco – Ele disse, abraçando Louis pelos ombros. – Vamos fazer.

Louis bateu as mãos com as de Zayn no ar, empolgado, e entrou no carro, baixando o freio de mão. Então correu pra trás do carro e começou a empurrar, com a ajuda de Zayn e Niall. Harry se juntou a eles rindo, enquanto o carro vagarosamente deslizava pela grama do parque.

– Ah, dane-se – Every resmungou e correu até os garotos, deixando os sapatos de salto alto na grama e ajudando eles a empurrar a traseira da BMW.

– Droga.

Ana correu e se juntou aos seis, empurrando o carro até o fim da colina. Então o carro tomou velocidade e desceu sozinho a colina em direção ao rio.

– OWH! – Louis e Harry gritaram, dando risada quando o carro voou pelo ar e caiu de bico no rio, e aos poucos foi afundando, até ficar só com a traseira para fora da água. Niall e Zayn também ficaram assistindo boquiabertos, sem acreditar.

– Isso foi animal – Niall sorriu – A melhor noite de todas! – Ele e Louis bateram as mãos no ar.

– Imaginem quando acordarem e virem o carro ali no rio.

Os seis ficaram vendo sua pequena obra de arte por mais alguns minutos, até serem interrompidos pela sirene da polícia.







– Max não atende o telefone – Every bufou, enquanto entrou na cela e a policial fechou a grade atrás de si. Ela e Ana estavam em uma cela, e Harry, Louis, Niall e Zayn estavam na cela em frente.

– Ótimo. Isso não é nada divertido Louis – Ana olhou ameaçadoramente pra ele.

– Bom, quase nos safamos. Mas esse era mesmo nosso objetivo não é?

Niall balançou os ombros, parecendo não se importar, enquanto Zayn suspirava.

– Se meu pai souber que estou aqui ele me mata. E morrer definitivamente não é meu objetivo.

– Nem me diga. O que minha mãe vai dizer quando souber que é a segunda vez que estou na cadeia em menos de dois dias? – Harry passou a mão pelos cabelos, parecendo cansado.

– E agora que Max não atente a porcaria do telefone, como vamos sair daqui? – Zayn completou.

Os seis ficaram em silêncio.

– Gente, cadê o Liam? – Niall perguntou, olhando para os lados.







Liam abriu os olhos sentindo algo tremer em seu bolso.

A sua volta, parecia que tinha havido alguma guerra. Três garotas dormiam no chão, e um casal estava deitado ao seu lado na cama, usando apenas roupa de baixo.

Ele se sentou na cama, coçando os olhos e tentando se lembrar de onde estava.

Ah. A festa. Ele subiu para um dos quartos e acabou caindo no sono.

Lembrou-se de Dani na hora. Talvez ela tivesse razão: pra que ia naquelas festas se no fim sempre acabava em um canto, sóbrio e entediado ou caindo no sono?

Lá fora já estava claro e tudo estava silencioso a sua volta. Nada mais de música, só alguns passos no corredor. Duas garotas passaram pela porta carregando os sapatos nas mãos.

O bolso voltou a tremer, e ele afundou a mão ali, pegando o celular.

Número desconhecido.

– Alo?

– Ah, graças da Deus – Era Niall do outro lado da linha – Cara, você precisa vir na delegacia buscar a gente.











– Como você conseguiu pegar no sono no meio de tudo aquilo? – Ana olhou pra Liam, enquanto os sete saiam da delegacia para o dia ensolarado.

– Bom, estava bem tranquilo nos quartos. E quando eu durmo, o mundo pode cair.

– Minha mãe vai me matar quando eu chegar em casa. – Harry resmungou, olhando pro relógio.

– Fica lá em casa. Depois você diz pra sua mãe que dormiu lá, ela não vai reclamar. _Louis disse.

– Posso fazer isso também? – Liam perguntou, enfiando as mãos no bolso. – Meus pais não vão gostar se eu chegar agora em casa. Eles nunca vão acreditar que peguei no sono.

– Claro.

– Não seria nada mal eu também dar um tempo. Meu pai ainda não deve ter saído pra trabalhar – Zayn coçou a nuca. – Hoje é dia dele fazer o turno da manhã.

– Todos estão convidados – Louis fez uma mesura, como se tirasse um chapéu invisível.

– Seu pai não vai achar ruim? – Ana perguntou.

– Não. Ele... ele está resolvendo uns problemas. Não está em casa hoje – Louis resmungou. Harry trocou olhares com Ana. Eles todos sabiam o que aquilo significava, mas não falariam nada. Sabiam dos problemas de Louis, e tinham aprendido a reagir de acordo com o modo que Louis reagia. Se agora ele parecia querer fazer de conta que tudo estava bem, não seria nenhum deles que agiria de modo contrário.






Every e Ana dormiam abraçadas no sofá maior, de lado para caber no espaço curto. Niall tinha se ajeitado e adormecido na poltrona menor, o boné cobrindo o rosto. Zayn dormia encolhido no chão perto do móvel da TV. Liam tinha dormido sentado, encostado na parede da janela.

Louis e Harry dormiam no meio do tapete, virados um em direção ao outro.

Os sete, inseparáveis como sempre.





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