Escolhas escrita por Débora Falcão


Capítulo 24
O Presente




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Eu estava ansiosa. Afinal de contas, era um presente que o Rob me garantiu que iria me ajudar na minha escolha. Oras, quem disse que eu precisava de algum incentivo para escolher ficar com ele? Essa decisão já estava tomada antes mesmo que houvesse alguma opção a ser feita. Eu já havia escolhido ele antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente.

E, como ele costumava me dizer, ele era minha vida agora. Na verdade, eu não tinha escolha alguma a fazer.

E, se ele não acreditasse nisso e quisesse se empenhar para que eu o escolhesse, para que eu escolhesse uma vida inteira ao seu lado? Que presente maravilhoso seria esse então!

Por isso eu estava ansiosa. Não por qualquer escolha que eu tivesse que fazer, mas pela expectativa do que eu iria receber.

Bem, ele disse que era um "presente para nós dois". O que seria esse presente.

"Não digo que fique linda, pois você já o é. Fique ainda mais bela. Realce sua própria beleza e me espere.", ele me disse há algumas horas, antes de sair. Bem, então, eu estava ali, de pé, no meio da sala dele, esperando-o chegar.

Eu não tinha nada maravilhoso para vestir. Apenas um vestido básico, já que viajei sem expectativas de ficar definitivamente, e agora, lá estava eu, preparando a documentação para fixar residência nos Estados Unidos.

A porta se abriu e ele entrou, magnífico. Vestia uma camisa fina azul clara, calças pretas e uma jaqueta preta. Seus cabelos estavam perfeitamente despenteados, como sempre. E seu perfume, quando me abraçou, era inebriante.

"Você está linda." Eu corei, como sempre.

"Vamos?"

E então fomos. Ele não me disse aonde iríamos. Me lembrei de um dia em que ele me levou a uma praiazinha ao sul. Ele também não me disse onde iríamos. E me fez uma surpresa linda, com o pôr-do-sol sobre as águas do mar, me abraçando forte.

E agora, estávamos em seu carro, viajando pela mesma estrada daquele dia. Ele segurava minha mão. Eu olhava a paisagem familiar e uma onda de emoção percorreu todo o meu peito.

"Rob?"

"Sim."

"Algo está me parecendo familiar."

Ele sorriu. "Eu sei."

E foi a única coisa que ele me disse. Nada além disso. Ele continuou dirigindo, na mesma direção da nossa praiazinha. Era o lugar que ele gostava de ficar sozinho, ele me disse da última vez. E agora, era o lugar que ele gostava de ficar comigo. Mas depois daquela vez, nunca mais voltamos aqui.

Ele estacionou o carro e abriu a porta para mim. Estávamos sozinhos, e caminhamos assim pela areia. Ao longe, vi uma estranha iluminação.

"O que é aquilo, Rob?"

Ele sorriu, cheio de si, satisfeito e feliz. "É o nosso presente." E sorriu novamente. Olhei fixamente para o ponto trêmulo ao longe. Eu não sabia dizer o que era. Apenas que era um lugar iluminado por luzes que vibravam com o vento. Lanternas, talvez? Não sabia.

Fomos chegando mais e mais perto, cada vez mais longe do carro e da civilização, cada vez mais sozinhos. E eu pude enxergar. Era a coisa mais linda e mais romântica que eu já tinha recebido. E eu tenho certeza que, se não fosse o Rob, eu jamais receberia algo assim. Era perfeito, tanto quanto ele.

Uma espécie de pequeno cais fora construído com madeira sobre a areia, avançando um pouco sobre o mar. As ondas pequenas faziam ruídos debaixo do piso. Todo ele estava rodeado com velas, protegidas do vento como pequenas lanternas tremeluzentes. De um lado, uma mesa japonesa com taças, vinhos e queijos. Do outro, uma espécie de acolchoado rente ao chão, redondo, como uma cama, com lençóis brancos e pétalas de rosas vermelhas. Próximo ao que seria a cabeceira desta cama, muitas e muitas velas como as outras.

"Rob!" Eu estava emocionada. De maneira alguma eu podia imaginar aquilo.

Ele não disse nada. Apenas virou-se para mim. Me abraçou ternamente e afundou seu rosto nos meus cabelos soltos. Depois de alguns instantes, sussurrou em meu ouvido.

"Eu te amo, você acredita nisso?"

"Completamente." sussurrei de volta.

"Eu quero que você tenha tudo isso em mente agora. Esqueça todo o resto."

"Não é necessário, Rob. Eu já fiz minha escolha."

Ele olhou para mim com olhos intensos e emocionados. Seu olhar me queimou por dentro.

"Eu te amo, Rob. E quero ficar com você. E adorei meu presente."

Ele sorriu e me abraçou novamente. Com beijos e carinhos, me deixei levar por suas mãos ternas e macias, que me conduziam a um estado de êxtase. Ele olhou para mim e segurou meu queixo com uma das mãos.

"Para sempre?"

Eu sorri. Sempre subitamente me pareceu um tempo curto demais. Mas era o que eu sentia. E aquele momento para mim era eterno. Que fosse eterno então, o nosso amor.

"Para sempre." respondi.

Ele me segurou em seus braços e me levou para o nosso ninho de amor.


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