A preocupação nos olhos de minha mãe era visível. A revolta se via mais nos olhos do meu pai. E lá estavam eles, ao meu redor naquele quarto de hospital, tentando me convencer a voltar.

"Minha querida, será que toda essa experiência não foi o suficiente?" Minha mãe perguntou, com seu tom amável.

Seu rosto era todo preocupação, e eu já podia notar uma ou duas rugas que se haviam formado desde a última vez que nos tínhamos visto.

"Sim, mamãe, foi o suficiente. O suficiente para perceber que o Rob é a melhor coisa que já me aconteceu, e que eu não posso ficar longe dele. Ainda que eu tentasse."

"Você está sendo imprudente!" Desta vez foi meu pai. "E se outra maluca resolver..."

"Não vão haver outras malucas, pai. Isso não acontece sempre. É um caso isolado..."

"Você não pode prever isso." Ele foi resoluto. Eu também.

"Mas eu quero arriscar." Sustentei seu olhar.

"Meu amor, por favor!" Mamãe implorou. Olhei para ela e segurei suas mãos. Ela retribuiu, apertando minhas mãos nas suas.

"Mamãe, eu não estou arriscando minha vida, ou qualquer coisa do tipo. Não é isso o que está acontecendo. Eu não estou correndo qualquer risco que eu já não corresse com minha profissão. A única coisa que mudará daqui por diante é que vocês vão ter muito mais notícias minhas do que estão acostumados." Suspirei. "Nem sempre verdadeiras, é verdade. Mas eu estou feliz, mamãe."

"Esta é a sua última palavra?" Perguntou-me papai.

Olhei para ele.

"Papai, não estou escolhendo entre vocês e o Rob. Apenas estou escolhendo uma nova vida. Uma vida aqui, com um trabalho maravilhoso e com ele ao meu lado. E vocês sempre me terão como filha, e eu sempre vou arrumar tempo para visitá-los."

"Então, você já fez sua escolha?" Mamãe perguntou, os olhos marejados de lágrimas. Lágrimas que eu enxuguei com a ponta dos dedos, tocando o canto de seus olhos.

"Sim, mamãe. Eu escolhi ficar aqui, trabalhar aqui, continuar com o Rob e..." suspirei. Será que eles não viam isso? "e continuar sendo filha de vocês, amando vocês, mas apenas visitando vocês. Minha casa agora é aqui, em Los Angeles."

Mamãe me abraçou e me beijou.

"Filha querida. Eu te amo muito. Eu queria que você fosse comigo de volta para a nossa casa. Mas, já que você ama tanto esse rapaz, e que está feliz profissionalmente, eu vou apoiá-la."

Eu abracei minha mãe forte. Era uma despedida? Não por muito tempo, eu jurei. "Eu te amo, mamãe."

Papai fez um som com a garganta. Olhei para ele.

"Bem... você vai receber alta... e tem um show hoje não é mesmo?" Ele olhou para mamãe. "Não queremos nos atrasar."

"Vocês... vocês vão estar lá?" Perguntei, com uma felicidade incontida. Meus pais nunca haviam estado num evento produzido por mim.

"Sim, é claro, querida." Papai me deu um beijo na testa.

"Oh, eu amo vocês! Amo muito!"

Meus pais me abraçaram. "Nós sabemos" mamãe disse. "Sim, nós sabemos, filha." Papai concordou.