Livros e Velas escrita por cahamatsu


Capítulo 1
Capítulo 2 - Dia das despedidas.


Notas iniciais do capítulo

Achei que o capítulo foi narrado muito rápido... Odeio escrever esse! Vocês não sabem quantas surpresas vêm pela frente :)



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Eu estava sozinha em casa, esperando o tempo passar. Minha mãe saíra de casa às três da manhã e foi direto para o hospital, havia um paciente em risco de vida. Desde então, o sono fugiu, e eu teria que esperar quatro horas para ir no “dia das despedidas”.

Todos os alunos eram obrigados a comparecer, e não havia outro motivo além de que as faxineiras não arrumariam os armários, então tínhamos que tirar todo o “lixo” e só então iríamos embora. Tudo disfarçado com este nome, ou seja, iríamos para dizer adeus aos amigos.

Eu ainda tinha esperanças de encontrar Derek pelo colégio, mas ele jamais fora, desde sempre. Além de que Jane estaria, assim como Aaron, o que tornavam menores as chances.

Eu estava imaginando o estado de meu armário naquele momento. Eu fazia parte do grupo de jornal do colégio, o que acrescentava, no mínimo, mais oito livros de redação e gramática. Não era tão divertido quanto eu achava que seria ao me ingressar e ser aceita. Os integrantes não tinham total liberdade para escrever o que queriam, na verdade, tínhamos todas as semanas um novo comunicado sobre o que escrever. Só quando não havia (o que era raro), 70% do jornal era composto de propagandas do colégio, e os outros 30% eram tirinhas, caça-palavra ou outras bobagens.

Fechei os olhos, enrolei-me na manta que cobria dos pés à cabeça, desliguei a televisão e contei lentamente até cem. Lembrei da noite anterior, de meu discurso, e principalmente, de Derek saindo do salão. Foi agoniante. Pensei no que mais eu deveria ter dito, que talvez se eu tivesse chamado Derek para dentro do salão, evitaria (ou adiaria) decepções. E, provavelmente, eu teria pensado em uma boa saída para a situação toda, bem quando o sono voltou e duas horas passaram no tempo de um pisque, e até hoje não me recordo da brilhante ideia.

Levantei da cama, me troquei, peguei minha carteira e saí de casa, sem pensar duas vezes. Minha mãe tardaria o dia inteiro até voltar para casa, e disso eu tinha certeza. Casos como aqueles, em que até ela ficava preocupada, demoravam a ser resolvidos e ela passava dias e noites em claro. Nenhum paciente falecera nas mãos dela, portanto cada hora de sofrimento era recompensado com o momento de vitória. Tenho orgulho dela, assim como de meu pai, o escritor de muitos sonhos.

Parei em uma padaria perto de casa, pedi tanta coisa que ao ver tudo na minha mesa, tive a certeza de que não comeria tudo sozinha.

– Ei... – disse uma voz conhecida. – Avril?

– Lucas! – gritei, tanto que o chefe de dentro da cozinha checou a cena. – Senta aí, não vou conseguir comer tudo sozinha.

Ele sentou e pegou a primeira coisa que veio pela frente. Era disso que eu gostava em Lucas, não tinha vergonha. Pensar nisso me fazia lembrar de bons momentos que tivemos ao longo dos anos, e um grande sorriso reapareceu em meu rosto.

– Você saiu cedo ontem, foi por causa da polêmica? – ele riu.

– Minha mãe tinha que voltar pra casa, e eu não estava muito bem.

– Foi por causa da polêmica? – insistiu.

– Sim, está contente agora?

– Convencido. – ele sorriu. – Não há razões para ficar triste, certo? Você o ama, isso foi apenas um soco de realidade na cara dele. Ele mereceu. Agora a princesa terá uma chance, aleluia...

– Lucas, eu não o verei mais, ele provavelmente não vai no colégio hoje...

A porta da frente foi aberta, e um garoto de olhos azuis entrou, os que eu reconheceria em uma só pessoa. Usava blusão e jeans, tinha o cabelo bagunçado. Andou de cabeça baixa, ignorando tudo e todos, mais uma vez.

– Avril? – disse Lucas em uma galáxia distante.

Ele falou com o garçom e sentou na mesa ao nosso lado, eu não conseguia pensar em mais nada. E, infelizmente, não parava de encarar também. Levou alguns minutos, até que o garçom chegou com seu lanche, ele observou sua volta e seus olhos se encontraram com os meus. Ele ficou naquela posição por um bom tempo, até que um sorriso abriu em seu rosto e ele soltou uma única risada. Olhou para o outro lado e voltou, e riu novamente. O que teria tanta graça?

– Avril. – sussurrou ele. – Acho que ele está falando com você...

– Pois é, Avril.- disse Lucas, também rindo.

– Ah, Lucas! – gritei envergonhada. – Desculpe-me, Derek.

– Sem problemas. – disse ele, concentrando-se em seu lanche.

– Você vai hoje para o colégio? – perguntou Lucas a Derek.

– É, provavelmente, tem muita tralha naquele armário.

Ele ainda não estava bem, mas eu deixei passar porque não seria surpresa. Olhei para Lucas e ele sussurrava “sabia” sem parar. Passaram-se cinco minutos e Derek saiu apressadamente, acenando um tchau antes de passar pela porta. Quando Lucas deu uma última mordida em seu croissant, decidimos ir para o colégio.

Arrumei meu armário, tirei os livros e papéis. Estava prestes a fechar a porta quando do outro lado do corredor, Jane e Aaron se abraçavam. Isso subiu com minha cabeça.

Derek chegou e parou a alguns metros deles, enquanto eu tentava me esconder atrás da minúscula porta. Seus olhos brilhavam, mordiscou o lábio inferior e voltou a observar o chão. Estava prestes a retomar o passo, quando levantou uma mão e dela retirou um anel, sua aliança prata. Jogou-a no chão e andou apressadamente para o outro lado.

Quando Derek foi perdido de vista, Jane conferiu seu redor, abaixou para pegar a pequena peça e colocou no dedo anelar da mão esquerda de Aaron, e serviu perfeitamente. Ambos sorriram e se beijaram, como se nada tivesse acontecido.

Bati a porta e saí correndo, com a raiva carregada e tristeza por lembrar de Derek. Angustiada ao imaginar sua reação. Lembrei de quando eu chorava por suas ignorâncias e prometia a mim mesma que eu o esqueceria, que não significava nada para mim. Eu tinha 15 anos quando minha mentalidade era melhor do que a de 18. Eu regressei, cada vez pior na questão psíquica. Eu deveria ter esquecido o garoto, assim como qualquer outra recém-adulta faria, mas não fiz.

Dizem que o amor é encontrado uma vez na vida, e por mais que me alertassem o contrário, eu tinha a certeza absoluta de que eu havia achado o meu. Não o procurei e talvez, infelizmente, ele veio cedo demais.

Ou talvez muito tarde.

Estava prestes a sair pelo portão do colégio quando três meninas me pararam, Cloe, Rebeca e Layanne.

– Bora no shopping hoje? – Cloe disse.

– Quem vai? – perguntei.

– Não sabemos ainda, você está sendo, praticamente, a primeira pessoa que estamos convidando. Então... vamos?!

– Vou pensar... Estou indo pra casa, até mais. – e me despedi.

Durante o caminho para casa, nenhum pensamento me rodeava. Fui tomada pelo silêncio, nada, absolutamente nada, me questionava. Liguei para Ceci.

– Alô?

– Oi Ceci, quer ir no shopping hoje?

– Dou a resposta mais tarde. – e ao fundo Lucas gritou e começou a rir.

– Pode dar “oi” por mim.

E assim ela desligou a ligação na minha cara.

Cheguei em casa, esperei minha mãe por meia hora e dormi. Quando acordei eram 18 horas, e Cloe não parava de bater na minha porta e tocar a campainha. Levantei, olhei pelo olho mágico e ali estava ela e Henri, seu namorado. Minha aparência estava um horror, mas atendi os dois sem hesitar.

– Sintam-se a vontade. – murmurei.

– Você vai hoje? – perguntou Henri, olhando para meu visual com uma cara de desprezo.

– Não precisa dessa reação, Henrique, já volto.

Quinze minutos depois eu estava pronta para sair de casa, mas logo chegaram Anne e Tácio, Gustavo e Beca, e por último, Derek.

Minha sensação de estar pronta logo foi tomada por dúvidas fúteis e o desejo de voltar para meu quarto e me trancar. Minha barriga doía e os pelos de meu braço se eriçaram, principalmente quando ele veio em minha direção e me cumprimentou.

– Não sabia que você viria... – sussurrei, olhando em seus olhos.

– Nem eu. – ele riu. – Desculpe-me pela grosseria na padaria.

– Não foi nada. – sorri e ele retribuiu.

Meu celular em meu bolso tocou, alertando uma nova mensagem. Era de Cecília, e dizia: “Aproveite.”. O que provavelmente significava que ela já sabia deste tal “encontro” com o príncipe encantado. Eu ri sozinha, e guardei o celular novamente.

– Você está bem? –a pergunta escapou de meus lábios.

– Por que não estaria?

– Jane e Aaron.

– Não acho que você devia se importar, certo? – a frase atingiu-me em cheio, eu tive vontade de fugir. – Afinal dizem que você é apaixonada por mim.

O quê?!

– Eu só estava brincando. – disse ele surpreso.

– Ah, claro. – ri envergonhada. – Sinta-se à vontade.

E apenas duas horas depois estávamos prontos para a sair de casa e começar o trajeto que me levaria aos melhores dias de minha vida.


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Notas finais do capítulo

Demorei três meses para postar esse capítulo, então não estarei surpresa se ninguém ler/comentar jdskjahvbns anyway, love y'all :D



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