Ele continuou andando e considerei isso como um sim. Não tiraria seu direito de me expulsar do carro, eu o chamei de gay, isso pode tirar a masculinidade de um homem, ou não.

Ele encostou o carro em uma calçada ainda olhando para frente:

_Fala!

_Er... o que posso dizer... – As palavras fugiram da minha boca. – Qual seu nome? – Foi o que me veio na cabeça.

_Matt.

_Legal... o meu é Rebecca!

_Eu sei. – Disse ele sendo frio. - Se você poder andar logo tenho que trabalhar.

_Onde você trabalha?

_Em uma academia de luta.

_Que loco! Me leva, me leva lá. – Disse pulando no banco que nem uma criancinha querendo doce.

_Não, agora anda logo. – Ele muito educado disse.

_Se você não me levar eu não saio daqui! – Disse fechando a cara como se minha mãe me negasse o doce.

_Por que eu não te matei mesmo aquele dia? – Disse ele arrancando com o carro.

_Você luta? – Puxei assunto.

_Você entrou no carro para ficar me perturbando àquela hora garota?

_Me chame de becca, e... não! Eu tinha o objetivo de te pedir desculpas, mas acho que estamos de boa!- Disse rindo.

_Não, não estamos, só estou tentando me livrar de você.

_Ah, então... – Dei uma pausa. - desculpas! – Disse dando um sorriso leve ao canto da boca.

_Não adiantou nada!

_Para de ser chato, eu estou matando aula, eu poderia ta ai usando drogas viciantes, mas decidir ficar aqui.

_Você ta matando aula? –Disse ele alterando a voz por surpresa.

_Eu te digo que poderia ta usando drogas e você só incomoda com a escola?

_Drogas virou uma fase de adolescentes, agora fugir da escola, coisa feia, quando todas as universidades não te aceitar você vai se arrepender , digo por experiência própria.

_Hm, ok!

_Chegamos. – Disse ele já descendo e eu fiz o mesmo.

Entramos em um lugar onde havia vários equipamentos de treno, homens fortes, era muito legal, nem sei como descrever.

_Vou trocar de roupa e trenar, se quiser continuar aqui fique ai e não puxe assunto com ninguém!

_Eu sei sobreviver.

_Não parece. – Ele saiu me deixando sozinha.

Depois de fitar o lugar, tira uma foto para o instagram, olhar alguns homens fortes, vi Matt indo lutar, e andei um pouco para me aproximar, para ver a luta melhor.

Começou bem, depois de alguns ataques ele venceu rapidamente e foi assim com segundo e o terceiro.

_Oi, sou Richard! - Disse um cara se aproximando de mim.

_Oi. – Disse concentrada na luta.

_Veio com Matt?

_Sim.

_Todos aqui estão felizes por ele trazer uma menina!

_Ham? – Virei para ele deixando o jogo de lado.

_Acho que você é a esperança da academia!

_Não entendo.

_Vem comigo, vou te explicar. -Ele começou a andar e eu atrás, ele foi ate uma mesa onde havia bebidas e serviu. – Quer?

_Não. – Sentamos em umas cadeiras.

_Ele foi o melhor, e ainda é o melhor que essa academia oferece. Ele luta há anos e em todos os campeonatos nossa academia ganhava. Matt sempre teve o apoio de sua namorada Raquel, ela tinha um espírito de campeã que ninguém havia visto maior, se ele perdesse uma chegava a da briga. Ele a amava tanto, por mais que brigasse, por mais que se xingasse eles se amavam. Ela o incentivava a ser o melhor, e isso era seu maior apoio emocional. Mas era muito briga, todos diziam que um ia sair morto, ou os dois... e não estavam errados!

_Ela... morreu?

_Sim, dia oito de novembro de dois mil e quatro. Dês daquele dia ele nunca mais participou de um campeonato, ele já tentou se matar varias vezes. Agora ele vive trenando, mas não teve coragem de participar de uma luta. Ele se culpa ate hoje, mesmo não parecendo, e dês daquele dia nossa academia não ganha mais.

_Como que ela morreu?

_Nesse dia que eu te falei, oito de novembro de dois mil e quatro, foi o dia da grande luta, da melhor e ele ganhou assim como levou para casa o cinturão. Depois que tudo acabou eles saíram para beber e comemorar com uns amigos. Depois de beber resolveram fazer uma corrida de carro, digamos um racha. Ele e Raquel em um carro, Ryan e Lizze em outro. Matt corria muito e devido à bebida nem sabia o que estava fazendo, ele não viu o quebra mola e acelerou mais, o carro bateu com força e capotou para o outro lado da pista fazendo que eles ficassem de cabeça para baixo, arranjaram só uns arranhões ate que veio um caminhão na pista e bateu no carro ao lado onde Raquel estava, apenas ela morreu.

_Nossa... – Eu paralisei, eu o xigando aquele dia, eu sou uma pessoas muito rui, e eu mereço ser atingida por dois caminhões. - E por que eu sou a esperança...?

_Você pode fazê-lo voltar a lutar, voltar a competir, só ele tem essa capacidade de levar a academia a frente. Se você o ajudasse o incentivasse que nem Raquel... – Disse ele.

_Eu... não posso, eu mal cuido da minha vida, e não é sendo rui... Só acho que ele não gostaria da minha ajuda, nem somos amigos, e...

_Você é a esperança da academia, quando Raquel morreu uma parte dele se foi com ela. Ele parou de participar de campeonatos, de comemorar seu aniversario e de beber, ele parou de amar e acho que nunca mais se envolveu com ninguém... Você não estaria ajudando a nós e sim a ele. – Ele tentava-me convencer.

_Eu preciso de pensar, muita informação para uma menina de dezesseis anos, mal tomo conta do me cachorro e acho que... Eu não sei se vou conseguir!

_Tenta, se quiser o ajudar... tenta!

Ele tinha razão eu o machuquei, e estou sendo ingrata, não sei como vou o ajudar, mas tenho que tentar, ele merece, e eu aqui me questionando dos meus problemas, ele não teve escolha, ele teve que aceitar, eu falando que minha vida ta rui, mas eu posso escolher ele não, a vida não esta sendo injusta, ela ta me testando, eu preciso o ajudar, mas primeiro eu tenho que me ajudar, eu tenho que correr atrás antes que a vida acabe com tudo... Por isso eu não estava sendo feliz, estou deixando Justin e eu tenho escolha.

_Eu preciso resolver algumas coisas primeiro e depois eu o ajudo, eu tento o que for para muda-lo. – Disse eu.

_Vai demorar? – Ele perguntou.

_Acho que não! Só preciso de alguns dias ou horas, não sei...

Olhei no relógio e já era três horas, eu havia ficado muito tempo ali. Peguei meu celular na bolsa e havia cinco chamadas perdidas da minha mãe, uma palavra: FUDEU!

Mandei uma mensagem para ela falando que esta com uns amigos.

_Você vai mesmo ajudar?

_Vou tentar...

Pera ai, três horas, Justin esta trenando, isso.

_Obrigada. – Disse ele.

_Tudo bem. – Dei uma pausa. – Richard...

_Oi.

_Você pode me levar em um lugar.

_Ok, vamos lá.

Entramos em seu carro e eu o mostrei o caminho, quando finalmente chegou minhas pernas bambearam.

_Obrigada! Ah, sou Rebecca! – Ri enquanto ia sair do carro.

_E quando vai ajudar? – Ele perguntou.

_Me passa seu numero? - Perguntei.

_Claro, toma! – Disse ele tirando do bolso e entregando um papelzinho. – É o cartão da academia quando quiser falar comigo!

_Ok, em breve te procurarei! – Disse saindo.

Caminhei ate a porta e acenei, ele partiu com o carro e fiquei só, tomei coragem e entrei. Fui ate a quadra procurar Justin e não o avistei. Apenas vi Josh e Raphael conversando e se vocês não se lembram Raphael foi o cara que me fez terminar com Justin pela primeira vez.

Me aproximei a eles:

_Oi. – Disse.

_Rebecca o que você esta fazendo aqui? – Disse Josh surpreso só que ainda com raiva.

_Cadê o Justin? – Perguntei.

_O Justin? – Disse Raphael rindo.

_É,- Respondi. - onde ele esta?

_Quer que eu te leve ate ele? – Perguntou Raphael.

_Sim. – Disse.

_Não, você não vai levar! – Disse Josh.

_Por que não? – Perguntou Raphael.

_Por que ele esta ocupado! – Disse Josh.

_Olha Josh, você pode ficar com raiva de mim sem motivo, mas não vai me impedir de ver Justin.

_Isso ai! Vamos lá? – Raphael disse ainda rindo.

_Não, você não vai levar ela lá! – Disse Josh o segurando.

_Então deixa ela ir sozinha, ele esta no bebedouro! – Raphael disse.

Antes que Josh também me segurasse sai correndo em direção ao bebedouro, já sabia onde ficava mesmo.

Quando cheguei avistei Justin... beijando Megan.

Era surreal, eu fiquei para, apenas vendo, um nó se fez na minha garganta e por milésimos segundo perdi a voz, aquilo tudo não poderia ser real, não, de jeito nenhum.

Ouvi alguns passos atrás mim correndo, Raphael rindo e certamente Josh calado.

_Justin... – Foi à única coisa que conseguir dizer.

O beijo se desfez e Justin e Megan olharam para mim.

_Rebecca... – Justin me fitava assustado.

_Eu ti avisei! – Disse Raphael.

_E nossa promessa? Eu fui fiel, eu nunca faria isso com você! Você me traiu. – Disse virando para Josh.

Nem tive tempo de segurar as lagrimas, elas foram descendo.

_Não é isso Rebecca, mas... – Josh tentou dizer.

_É isso sim, eu vi, eu estou vendo. Eu confiei em você, eu te considerei meu amigo, eu nunca faria isso. – Virei para Justin. – E você, não tenho palavras! Por que só tão idiota. – Dei uma pausa chorando. – Por que todos fazem isso comigo, por quê? Eu mereço isso, eu sei, mas... Ah, eu quero morrer, assim vocês estão livres. – Estava falando coisa com coisa, então sai correndo, sem lugar, sem tudo.

_Rebecca. Espera. – Ouvi Justin gritando e corri mais.

Sai daquele lugar e corri ate minha casa, o tanto que conseguir, cheguei e subi rapidamente ate meu quarto onde estava só, só eu e minhas magoas, minhas dores, meu mundo de tristeza, onde ninguém me trairia, pois só havia eu!

Minha bateu na porta algumas vezes preocupada e arranjei uma desculpa, passei o dia inteiro e quando foi a noite ela saiu, foi jogar buraco com as amigas e levou Bianca.

Quando finamente sai do meu quarto fui ate a cozinha comer sorvete de chocolate.

Ouvi a campainha e fui atender, quando abrir me surpreendi:

_Oi.

_Oi, Rebecca. –Disse ele. – Posso falar com você?

_Justin, eu não tenho nada para falar com você!

_Mas eu tenho, só alguns minutos!

_Quer entrar? – Perguntei já o fazendo entender que sim, iríamos conversar.

_Pode ser aqui fora?

_OK. – Disse saindo da porta e sentando no degrau. Reparei que Justin estava de terno e gravata.

_É bem rápido. – Sentou-se ao meu lado.

_Fala!

_Eu gostaria de te pedir desculpas, se fui covarde ou algo do tipo... Rebecca a coisa que eu menos queria nesse mundo é te magoar.

_Se for por hoje, eu te falo que não tem problemas, eu também não estava certa, na verdade nunca estive, se esta com medo que me mate fica tranquilo, pode ir embora.

_Eu olho para você, agora. Aquela pessoa feliz, alegre, engraçada, onde ela foi parar?

_Ela morreu sufocada com suas magoas! – Uma lagrima deslizou sobre minha face e eu limpei com o dedão.

_O que eu mais queria nesse momento era olhar para você e ver uma menina psicopata, malvada, eu queria te ver assim e sentir nojo da sua cara, queria ficar com raiva por ter te amado, queria que você fosse a vilã, mas quando te olho vejo uma menina frágil que procura felicidade alguns dias, uma menina que ta ficando doida, eu queria te ajudar...

_Mas você não pode. – Disse eu.

_Rebecca, se eu soubesse que tudo isso ia acontecer, eu correria atrás de você aquele dia, mas eu não corri, minha vida tomou um caminho diferente.

_Justin, eu não sou louca, chamaria isso de uma fase depressiva, eu vou melhorar e não quero que você fique ai se importando para uma pessoa que não faz mais diferença na sua vida!

_Eu queria dizer que sinto muito!

_Tudo bem, vai passar, são apenas fases da adolescência e se eu não melhorar eu vou acostumar.

_Te ver assim chega doer!

_Eu to bem, pelo menos e isso que digo a mim mesma, o problema que é todos dizendo não, eu tendo fugir mas a escuridão é a única saída, perdi você, amigos, tudo, pela Megan... Talvez “nós” não era o certo e sim “eu”, “você”!

_Então, promete ficar bem? – Ele perguntou.

_Não... Nunca mais vou prometer, primeiro que não sei se vou ficar, segundo que promessas nunca me leva a nada, todos quebram a minha! – Disse levantando. – Só isso? – Perguntei.

_Acho que é!

_Ok! –Disse abrindo a porta para entrar.

_Rebecca!

_Oi. – O respondi.

_O que foi fazer no treno hoje? – Perguntou.

_Quer mesmo saber? – Dessa vez eu perguntei.

_Sim! – Afirmou.

_Fui dizer Justin, que eu te... amo! Que eu abria mão de tudo por você, e que você levou minha felicidade, que eu queria voltar, que eu sentia sua falta.

_Eu... – Ele tentava dizer algo.

_Justin, não precisa dizer nada! Por que eu sei que tudo que você pudesse dizer agora não seria o que eu quero ouvir, de você!

_E o que você queria ouvir!

_Um “eu te amo” pela ultima vez, – Dei uma pequena pausa. – mas pode deixar.

_É...

_Vai sair? – Mudei de assunto.

_Vou... na casa da Megan, pedir os pais dela em... namoro.

_Hm... – Disse desanimada por ele nunca ter feito isso.

Uma lagrima acabou descendo.

_Você esta bem? – Ele perguntou.

_Por que nunca fez isso comigo, pedir meus pais? Sou menos importante? – Perguntei tentando não chora.

_Rebecca...

_Deixa... Tchau. – Fui entrar e ele me abraçou.

_Eu te amo! – Sussurrou baixinho.

Ele me abraçou forte e o que eu mais queria era não sair de seus braços.

_Espero que você seja feliz! – Disse quando o abraço acabou.

_Obrigada, e se cuida! Você merece ser muito feliz! – Disse ele.

_Eu desejo,do fundo do meu coração que Megan consiga te fazer feliz como eu gostaria de fazer .- Quando terminei entrei em para dentro e chorando me agachei, pois sabia que eu ouvi um ‘’eu te amo’’ dele pela ultima vez.

Talvez “nós” não iríamos dá certo, talvez “nós” não era para existir! Quebrei as regras do jogo onde se não jogasse dançaria, agora fui punida por não saber a hora de dar um passo no tabuleiro! – A Girl Free*