A Caçada- Equipe Harpia escrita por Bruno Andrade


Capítulo 1
Capítulo 1




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 Capítulo 1  

 Meu pai desaparece

    No dia do meu aniversário de 16 anos, eu acordei de madrugada encharcado de suor, estava escuro, peguei meu celular e marcava 3:30 da manhã tentei lembrar o porquê de ter acordado naquele estado, mas quanto mais eu tentava os detalhes iam sumindo, mas uma coisa estava clara, havia uma casa, uma enorme, eu nunca tinha visto uma casa como aquela, eu tentei lembrar o lugar onde ela estava mas não conseguia, desisti de tentar lembrar e voltei a dormir.

    Acordei, troquei de roupa e fui até a cozinha, esperei ver meus pais, com um bolo... Sonhar não custa nada, se decepcionar também não, pois na cozinha não havia nem sinal dos meus pais, lembrei que eles estavam parecendo cansados no dia anterior,imaginei que deveriam estar dormindo, procurei algo para comer na geladeira, achei presunto e queijo, fiz uns mistos-quentes. Fui para a sala depois de comer, para assistir televisão, quando entrei na sala, ela estava escuro, o sofá de couro, que minha mãe amava, estava praticamente todo escondido pelo escuro, percebi que as persianas estavam fechadas, não gosto de escuro então fui lá abrir, quando abri o primeiro conjunto de persianas, e a luz do sol entrou pela sala, um grupo de pessoas pulou de trás do sofá, agarrei a primeira coisa que vi pela frente, um jarro de porcelana muito adorado pela minha mãe, então eu, muito ameaçador, já ia jogar o vaso quando alguém falou:

-Lucas Montenegro Alexandrino é acho melhor deixar meu vaso de porcelana no lugar onde ele estava.

    Era minha mãe e quando meus olhos estavam completamente ajustados a luz, eu  vi meu tio, meus primos e a Cátia, ela era minha melhor amiga, cada um deles seguravam uma bandeja de doces, enquanto meu pai carregava uma torta de chocolate, que parecia estar deliciosa. Todos estavam rindo, menos minha mãe, que me olhava como se eu tivesse cometido um crime.

-Anda Lucas!

 -O. K. Mãe. Pensei que fossem ladrões. -Eu disse

-Você ia fazer o que com eles e o meu vaso?-Ela perguntou

-Sei não, talvez jogar e correr?

    Foi a melhor coisa que me veio à cabeça para aliviar a tensão, deu certo, pois ela abriu um sorriso. Coloquei o vaso no lugar e fui falar com o pessoal que estava rindo:

-Olá, gostaram do show? - Eu perguntei.

    Todos assentiram, e riram mais, eu comecei a rir também. Todos colocaram as bandejas na mesa, e a Cátia veio falar comigo:

-E ai, você foi bem rápido com aquele vaso, fiquei impressionada. - Ela brincou.

-Você é hilária. -Eu respondi.

-Eu sei. - Ela retrucou.

    Nós rimos e nos sentamos no sofá, depois minha mãe entrou com pizza, então todos nós comemos. Foi uma festa bem divertida, meus primos, que eram gêmeos, ficaram cochichando, apontando e rindo de mim, uma graças... Meu tio me deu colar com um pingente, um leão forjado a ouro, ele disse que ia me proteger, coloquei na hora. Cátia me deu de presente um porta-retratos com uma foto nossa, ela disse que era pra eu nunca esquecê-la quando ela fosse pro E. U. A.

   A festa durou o dia todo, meu tio ficou contando sobre as viagens dele, e como ele sempre se machucava feio, pra tentar tirar uma boa foto, pois era isso que ele fazia; tirar fotos.  Ele disse que teve que escalar uma montanha pra conseguir fotografar um ninho de pássaros, e acabou caindo, e também uma vez que ele se perdeu na floresta, eu sempre tinha achado que fotografia era um emprego chato, até meu tio aparecer com uma Nikon, a partir daí virou a profissão mais legal do mundo. Quando era umas 9 da noite e as pizzas já estavam acabando, a Cátia disse que tinha que ir, ela morava a umas poucas casas depois da minha, meus primos tinham ido mais cedo, meu tio Henrique, ou rico como papai o chama, buscou eles. Meu tio Alex, disse que iria ficar no quarto de hospedes, eu adorei saber, adoro o tio Alex, ele é irmão do papai, e totalmente o oposto dele, por exemplo; meu pai às vezes acha que por eu andar de skate, eu preciso andar com uma loja de equipamentos no corpo, o tio Alex me deu o skate. O tio Alex sempre conta umas histórias de terror inéditas, meu pai se enrola com uma piada, o tio Alex é muito bom com as cartas, o que deixa o jogo de buraco mais interessante do que contra meu pai, ele é péssimo.

    Meu tio me desafiou no buraco, fizemos duplas mais ou menos equilibradas, meu pai e meu tio contra minha mãe e eu. Meu tio e meu pai venceram com só 100 pontos a mais que eu e mamãe.

   Depois de perder pro meu tio fiquei com bastante sono, dei boa noite pra todos, agradeci pela festa incrível, me desculpei com a minha mãe pelo vaso e subi para o meu quarto. Meu quarto não é lá grande coisa, é assim: De frente pra porta fica o computador, do lado dele fica uma lixeira, que fica embaixo da janela, na parede do lado dela fica minha cama, de frente pra ela fica o armário e no teto fica o ventilador, simples assim.

   Eu estava cansado, mas liguei o computador pra falar com meus amigos, Vini e Raquel, o Vini é do Rio também, mas nós nunca nos vimos, ele é de Ipanema, mas ele diz que fica meio preso por culpa da escola, a Raquel é do Paraná, nós nos conhecemos pelo blog dela, nós estávamos combinando de se encontrar, mas isso ficou meio impossível, então não vou encontrar a Raquel tão cedo. Eles pediram pra eu entrar pra me desejar feliz aniversário. Entrei no bate-papo e coloquei os dois na mesma janela e contei como foi o meu dia, depois que eles pararam de mandar risadinhas e me deram os parabéns, eu desliguei o computador, deitei e fiquei pensando no dia legal que eu tive até dormir.

   Sonhei de novo com a mansão, sim era uma mansão de cinco andares e eu consegui ver o lugar, ficava na Praça Tiradentes, mas nunca tinha visto algo assim, ela tinha a fachada branca com detalhes em mármore cinza como a base das janelas, e uma porta enorme de madeira. Uma voz vinda de lá me chamou:

-Lucas, você corre perigo, você precisa sair daí, só na mansão você estará seguro, você tem que... Lucas venha... RÁPIDO!

   Acordei em um sobressalto, minha mãe estava me gritando, desci as escadas, pulando dois degraus por vez, quando cheguei no quarto dos meus pai vi minha mãe no chão chorando, enxugando o rosto ensanguentado do meu tio que estava desmaiado e vi que a janela estava quebrada, mas não vi meu pai:

-Mãe, onde está o meu pai ?

   Ela começou a chorar mais, eu gritei por ele, procurei pela casa inteira, e nada, meu pai havia sumido.

   Quando a policia chegou junto da ambulância, fizeram perguntas pra minha mãe:

-Senhora, por favor, conte-nos o que aconteceu.

-Eu estava deitada com meu marido, q-quando uma... Aquilo... Aquela coisa preta pulou pela janela do quarto e quebrou o vidro... Eu gritei, o Luiz acordou, e a coisa o a-acertou, ele caiu desmaiado... Eu gritei de novo, então ouvi o Alex na porta... A coisa estava com o Luiz nos ombros, o Alex arrombou a porta, então a c-coisa, ela se virou... Havia sangue demais. - Ela começou a chorar.

-Senhora, o que houve depois?- O policial perguntou.

-Eu não me lembro...- Ela respondeu.

   Minha mãe parecia confusa, ela olhava para o policial como se estivesse tentando lembrar o que falar. Acho que ele percebeu porque pediu para ela se acalmar, então perguntou outra vez:

-Senhora, por favor, eu sei que foi um choque, mas tente lembrar o que aconteceu.

-Eu não lembro o que aconteceu, só consigo lembrar que o Alex... Ele estava no chão, estava ferido, mas estava vivo, fui até ele com o lençol da cama pra poder limpar, e o Luiz tinha desaparecido, ele foi levado, levado por aquela coisa, eu chamei pelo Lucas pra saber se ele estava bem, ele desceu e ligou pra vocês.

-Senhora, o que foi que atacou seu marido e seu cunhado?

-Eu não sei, já disse, era preto peludo, era horrível. – Ela começou a chorar mais.

-O.K. Senhora, vejo que está muito abalada, amanhã por favor, compareça a delegacia pra prestar esclarecimentos.

- O que mais você quer saber ? – Ela perguntou.

- Desculpe senhora Alexandrino, correto ?

-Sim. Eu não sei mais nada. Vocês estão procurando o Luiz? E onde está o Alex?- Ela perguntou.

-Estamos procurando o seu marido e seu cunhado está indo para o hospital, agora descanse! –Ele respondeu.

-Você acha que eu consigo ? Meu marido sumiu naquele quarto, não vou conseguir dormir até que o Luiz esteja comigo! Eu quero pelo menos ir com o Alex. – Ela disse.

-Seu filho, precisa da senhora, descanse. – Ele disse.

-Você vai embora, e não vai fazer nada pra achar o Luiz ?- Ela perguntou.

-Estamos fazendo uma busca em Santa Teresa para encontrar seu marido. Qualquer informação, ligamos para senhora, boa noite.

-Boa noite. –Ela respondeu.

   Com muita má vontade minha mãe fechou a porta e desabou no sofá, me sentei ao lado dela e a abracei. Fiquei com ela até minha avó chegar, mamãe ligou para ela depois de bater a porta na cara do policial. Minha avó quis saber o que aconteceu, eu não estava a fim de ouvir aquela história de novo, então fui para o meu quarto.

   Quando abri a porta , quase cai para trás porque tinha um homem no meu quarto, ele tinha cabelos pretos, uma capa preta que ia até os sapatos de couro, usava uma roupa antiga, como se fosse pra um baile anos 80. Ele tinha um rosto sábio e olhos castanhos e travessos. Ele sorriu quando entrei no quarto, depois ele disse em uma voz calma:

-Olá Lucas, me desculpe pela invasão, sei que hoje está sendo um dia horrível, mas sou um amigo, um aliado.- Ele disse, e aquela voz me era familiar.

   Eu queria gritar por ajuda, mas eu estava em choque.

-Q-Quem é você, como entrou aqui?-Eu perguntei.

-Sou Silvio Luckhart D’angieri, me chame de Luckhart, eu só vi trazer um aviso, você precisa...

-Ir à mansão. – Eu o interrompi, pois a voz dele era do sonho.

   Ele sorriu.

-Sim Lucas, a mansão agora durma criança, você precisa, encontro você na mansão, na Praça Tiradentes, amanhã.

   -Não, eu não vou dormir. – Eu disse, mas já não conseguia manter os meus olhos abertos.

   Caí na cama e dormi um sono sem sonhos. Acordei e desci para a cozinha, em cima da mesa tinha um bilhete e um envelope, o bilhete tinha a letra da minha mãe; “Lucas meu filho, fui para a casa da sua avó, meu filho desculpa, mas minha mãe disse que eu precisava descansar. Por isso não te levei. Já fui a policia de manhã, eles vão achar o seu pai. Alex se ofereceu para cuidar de você, ele está bem, foi apenas um susto. Tem dinheiro no envelope. Desculpe filho. O endereço do seu tio está no envelope. Te amo meu filho, volto em alguns dias.”

   A noite de ontem voltou como um raio para a minha cabeça, meu pai sumiu, meu tio foi atacado e minha mãe me abandonou como ele pôde ir embora?! Como pôde me deixar sozinho, mas ela não estava bem, eu sabia disso, mas mesmo assim doeu. Ela realmente precisava descansar de tudo, mas até de mim?

   Peguei o envelope coloquei no bolso e fui para o quarto. Arrumei as minha malas, peguei algumas roupas, então olhei pro porta-retratos da Cátia, coloquei na mala também e sai. Antes de me dar conta eu já estava na porta da própria.

-Oi Lucas, está tudo bem? Ontem um policial veio aqui perguntar se vimos seu pai. – Ela disse.

   Contei a ela o que houve com meu pai depois que ela foi embora, contei que minha mãe foi embora, e que tio estava ferido, Cátia sempre foi uma boa ouvinte, então não falou nada até eu contar do bilhete da minha mãe, quando mostrei o envelope ela tomou da minha mão.

-Se seu tio mora tão perto, por que dormiu na sua casa?- Ela perguntou.

- Como assim? –Eu perguntei e peguei o envelope.

- Ele mora na Gonçalves Ledo é perto da Praça Tiradentes, poderia ter ido embora ontem. - Ela disse.

   Eu nunca soube onde meu tio morava, ele viaja bastante por culpa do emprego, então não tinha uma casa fixa, mas a Cátia tinha razão, se ele estava tão perto, não tinha motivo pra dormir lá em casa. E tinha algo mais estranho nisso tudo, mas não lembrava o que era.

-Lucas, o que você está pensando?- Cátia perguntou.

-Realmente, não tem por que ele ficar lá em casa, se ele está na Praça Tiradentes.

   Praça Tiradentes, era isso que eu estava tentando lembrar, era onde o cara estranho me mandou ir: “Encontro você na mansão, na Praça Tiradentes, amanhã.”

-Lucas? - Cátia parecia frustrada.

-Sim? Desculpe eu lembrei uma coisa. – Eu disse

-Preciso te dizer uma coisa. – Ela disse.

- O que foi?

- Eu vou viajar hoje. –Ela olhou para baixo, estava muito triste.

-M-mas não era ano que vêm?

-Eu pensei que fosse, mas minha mãe comprou as passagens semana passada, pra poder ir com a minha tia, ela não tinha me falado nada.

-Poxa Cátia...

-Desculpa Lucas, mas não é culpa minha. –Ela disse irritada.

-Eu sei, desculpa.

   Eu não queria deixar a Cátia pior, mas meu dia estava um pesadelo e agora minha melhor amiga estava indo embora. Eu estava triste e quando fico assim, não consigo disfarçar.

-Eu queria ficar, juro. -Ela disse.

-Eu sei...

   Desviei o olhar, e olhei para o envelope, lembrei-me do meu tio, lembrei que tinha que ir.

- Perdão, mas não quero ficar sem você, odeio a ideia de não ter você mais na minha vida, você é minha melhor amiga.

   Ela me abraçou, foi tão apertado, tão bom. Quando ela me soltou, tinha uma lágrima descendo pela bochecha, meus olhos começaram a arder, dei outro abraço nela e ela sussurrou em meu ouvido: “Eu te amo.” Senti meus pelos se arrepiarem. Quando nós nos soltamos ela estava chorando muito e eu também.

-Lucas eu não vou sair da sua vida, seu idiota, nem se você quisesse. Você também é meu melhor amigo, e eu vou viajar, não morri. É melhor você ir, seu tio deve estar te esperando e se você tiver noticias do tio Luiz me avisa. Odeio te ver assim.

   Ela pegou meu rosto nas mãos e me beijou.

-Desculpa, queria ter feito isso em outra hora, mas acho que não temos mais tanto tempo, não é?- Ela disse.

-Foi um momento perfeito, mas você não disse que está apenas indo viajar, que não morremos? Eu queria ter feito isso há mais tempo. – Eu disse.

   Ela sorriu.

-Você é muito lerdo. - Ela disse.

-Olha quem fala você esperou até agora, para me beijar. – Eu respondi.

-Pelo menos você parece melhor.

-E estou, mas queria ficar mais contigo.

   Fomos até a rua.

-Meu voou sai às sete da tarde será que você pode ir?- Ela perguntou.

-Claro. Você acha que vai se livrar de mim tão rápido?

   Chamei um taxi e antes de entrar dei outro beijo nela.

-Você sabe que séria muito difícil uma relação à distancia. – Ela disse.

-Eu sei. Quem me mandou ser tão lerdo?!

-Eu queria ter falado antes. – Ela disse.

-Pois é... Mas vamos continuar nos falando, não é?

-Claro. – Ela respondeu.

-Eu tenho que ir. Até mais tarde. –Eu disse.

-Tá bom. Te espero lá.

   A buzina tocou, entrei no carro e fiquei olhando a Cátia ficando pra trás. No taxi fiquei pensando no meu pai, no meu tio na mãe e como meu dia estava estranho.

  Desci do taxi e paguei. Procurei o tal endereço. Eu já tinha passado por ali algumas vezes, era uma praça cercada por lojas de todos os tipos, de sebos até lan houses. Havia um teatro e estatuas de bronze no centro, mas não havia hotéis, ou algo assim, então fui me guiando pelo número. Eu não sabia bem o que esperar do lugar onde meu tio estava, imaginei que fosse um hotel no mínimo caro, por que ele ganha bem, mas eu não podia estar mais errado, quando cheguei ao número que estava no envelope vi um casarão antigo, com as janelas fechadas com caixas de papelão e madeira, aquilo não podia ser um hotel. Cheguei mais perto, aquele tinha de ser o lugar, quando eu estava a uns 10 metros do prédio, ele tremulou, ficou branca com janelas de mármore cinza, e uma porta enorme de madeira, aquela era a mansão do meu sonho. Ninguém pareceu notar aquela mudança, caminhei até a porta e a empurrei. Quando entrei dei um pulo, pois o que eu vi foi uma estatua em tamanho real em bronze de um leão enorme forte e imponente, atrás dele havia uma escadaria, com corrimão de madeira e tapeçaria vermelha nos degraus, nas paredes havia quadros, muitos quadros. De cada lado da escadaria havia portas, havia pessoas andando pelo saguão de entrada, muitos pareciam ter mais ou menos a minha idade. E de pé, parado na base da escadaria, estava o estranho que invadiu meu quarto. Eu fui até ele:

-Você, o que faz aqui? O que é aqui?- Eu perguntei.

-Calma criança, você está nervoso é compreensível, vejo que está melhor. –Ele respondeu.

   Tinha algo na voz dele que me fazia relaxar.

-Acho que sim, onde estou?- Perguntei.

-Aqui é a mansão dos caçadores.

   Ele disse aquilo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-Desculpe como eu pude deixar de notar isso?! Enfim, você sabe onde está  meu tio ?

Minha mãe deixou esse endereço desse lugar, e disse pra eu encontrar com ele aqui. – Respondi.

-Desculpe Lucas, mas fui eu quem deixou o endereço. –Ele disse.

-Como assim? Por quê?

-Você estava em perigo em casa, e colocaria sua mãe em perigo também. – Ele respondeu.

-O que você fez com minha mãe?

-Sua mãe está bem, ela que escreveu o bilhete.

   Eu sabia que era verdade, era a caligrafia da minha mãe no bilhete, mas o que ele queria comigo aqui? E eu não parava de pensar no meu pai e no meu tio.

-E meu tio? –Eu perguntei.

-Ele está bem, só sofreu escoriações leves, ferimentos sem importância, ele está descansando, depois você poderá vê-lo. -Ele respondeu.  

-Ele está aqui?-Eu perguntei, olhando pros lados.

-Claro, onde você queria que ele estivesse? Em um hospital, um hospital onde qualquer criatura poderia ataca-lo? Ele está seguro aqui. Está na enfermaria.

-Ele já esteve aqui? E onde é isso aqui?- Eu perguntei.

 - Eu já disse, aqui é a mansão dos caçadores, e seu tio morou aqui. –Ele respondeu.

-E isso é o que? Um clube de gente rica? E vocês caçam o que no Rio de Janeiro? Pombos, por que é algo que tem bastante por aqui, e como meu tio morou aqui?

-Ele viveu aqui, quando tinha 17 anos, ele é um dos melhores no que faz ele, assim como nós aqui, caça criaturas.

-Que tipo de criaturas?- Eu perguntei?

-Criaturas sobrenaturais. –Ele respondeu.

   Me deu uma crise de risos.

-Então quer dizer que vocês caçam monstros?- Eu perguntei.

-Digamos que sim. Qual o motivo da graça?

   Foi quando eu percebi que todos estavam olhando pra mim.

-Por favor, você não pode estar falando sério. –Eu disse.

-Criança, eu sei que é difícil acreditar, mas busque em si, você sabe que é verdade, sabe que eu estou falando sério, sabe que você é diferente, que você é um caçador. - Ele respondeu.

   Fiquei calado, fitando-o, pois eu acreditava, sempre soube que eu era diferente, desde criança via vultos, mas pensava que era apenas minha imaginação, até que vi o bicho mais feio do mundo embaixo da minha cama, por isso tenho medo do escuro, mas eu sempre disfarcei.

-Você quer mesmo que eu acredite que eu estava certo sobre o monstro, embaixo da minha cama?- Eu perguntei.

-Você estava certo sobre os monstros, não sobre sua cama, sua imaginação ajudou nisso. –Ele respondeu.

-Como assim?

-Monstros aparecem em lugares escuros, você tinha lampejos deles, sua mente captava e sua imaginação os colocava em outro lugar.

-Mas monstros não existem. -Eu disse.

-Essa mansão também não, até chegar perto o suficiente, você não precisava vê-la de longe, você só vê monstros quando eles são um risco para você, como eles são agora.

   Aquilo fez sentindo...

-Por que eu? Eu não sou caçador, minha mãe é advogada e meu pai é corretor, minha família não é de caçadores.

-Seu avô era italiano, certo?

-Sim. –Eu estava comaçando a me perguntar como ele sabia tanto sobre minha família. –Ele veio pra cá...

-Com 18 anos, eu sei. –Ele me interrompeu.

-Como você sabe? –Eu perguntei.

-As famílias fundadoras da caçada, eram europeias, a maioria era italiana. –Ele respondeu.

-Meu avô não tem nada haver com isso.

-Seu tio, eu já disse que ele é caçador, e seu avô foi um caçador que fez historia aqui, e mesmo antes de vir pra cá. Foi por ele que seu tio quis entrar na caçada. –Ele disse.

-O Alex? Ele é fotografo.

-Não, ele virou fotografo nas horas vagas, além de ser um ótimo disfarce, pense criança, por que eu mentiria pra você?- Ele perguntou.

-Sei lá, me sequestrar?- Eu respondi.

 -Se fosse essa a minha vontade, você não acha que já estaria amarrado, por um desses jovens?

-Faz sentido, mas o Alex nunca falou nada.

-Não mesmo? E as histórias de terror dele?-Ele perguntou.

-Mas eram somente histórias.- eu disse.

-Seu tio não podia falar a verdade. –Ele disse.

-Por quê?-Eu perguntei.

-Porque, os humanos normais não se sentiriam seguros sabendo que esses monstros vivem por ai. Se trancariam em casa, entrariam em pânico. Isso não seria bom.- Ele respondeu.

-Realmente, acho que não seria bom. Mas por que meu pai não é caçador?

   Aquela história pareceu fazer sentido.

-Porque seu pai é, como nós chamamos, fechado. –Ele respondeu

-Fechado?

-Criança, eu entendo sua curiosidade, mas saber demais sem ter a capacidade de compreender, é uma ruína, você saberá tudo, quando puder entender.

-Desculpa, acho que não entendi. -Eu disse.

   Ele riu.

-Lucas você precisa de um tempo para aceitar as novas informações, antes de receber mais.

-Tá bem, mas é sobre meu pai, eu preciso saber.

-Você realmente quer saber, quer entender, e participar desse mundo? –Ele perguntou.

-Eu quero saber tudo, que me ajude a salvar meu pai. –Eu respondi.

-Você me lembra muito seu tio, teimoso, impaciente, impulsivo. –Ele disse sério.

-Obrigado. –Eu respondi.

-Você realmente quer fazer isso? Porque depois não tem mais volta. – Ele perguntou.

-Faço qualquer coisa para salvar meu pai. – Eu respondi.

-O.K. Lucas eu contarei o que você precisa saber. Venha comigo até minha sala.

   Eu já estava começando a me arrepender daquele pequeno ataque de coragem, mas assenti e subimos os degraus.


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Notas finais do capítulo

Gostaram ? *-*



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