“Eu sou uma chama acesa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão!”

A Bela e a Fera

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POV Rose

Desde que me trouxeram para este castelo eu não consegui vislumbrar o príncipe. Parece que ele não queria ver a princesa, nem se interessara pela sua vinda. Tudo que me foi dito é que eu deveria me resguardar em meu quarto, pois o dia do casamento seria corrido e cansativo. O que eles ainda não sabiam é que não haveria um casamento. Pelo menos não entre o príncipe e eu.

Olhei mais uma vez para a comida sobre a penteadeira e suspirei. Eu estava morrendo de fome, mas não sabia como era a situação da princesa ali. E se quisessem matá-la? E se o príncipe não quisesse casar com ela e decidisse dar um fim a ela?

E o pior ainda não era isso, o que me corroia por dentro era não saber onde Scorpius estava. Ele não conhecia nada dali, nem a época ouso dizer. Como estava se virando? Ou o que estava fazendo? Será que me deixara ali e saíra em busca de uma solução para ele? Ele não iria me deixar, sei que não, mas durante o dia inteiro ele não aparecera, nem um sinal mandara! Eu estava ficando louca com esse sumiço.

Senti as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. Eu fiz muito isso durante o dia, chorei como nunca antes. Eu estava com medo, alguém podia me culpar? Eu estava dentro de um livro! Com Scorpius Malfoy! Não que eu o odiasse, pelo contrário, eu o amava, mas ele não sabia disso e nem ao menos pensava na possibilidade! E para piorar tudo, eu não sabia como sair dali e fiquei sozinha!

Scorpius já deveria ter sumido. Ele jamais deixaria de procurar uma solução para si por minha causa. E eu fiquei sozinha.

Ajoelhei-me ao lado da cama e abaixei a cabeça sobre o colchão. As dúvidas assolavam a minha mente e eu não sabia como resolver nenhuma. Nenhuma.

- Nunca vi você chorando.

A voz era calma e arrastada. Eu a conhecia muito bem. Abri os olhos com vagar e o vi ajoelhado ao meu lado. Ele levantou uma mão e tocou meu rosto limpando as lágrimas.

- Achei que tinha ido embora. – eu sussurrei

- E ir para onde? – ele perguntou sorrindo fracamente – Estamos juntos nessa, vou voltar quando você voltar.

- Por onde andou? – eu levantei minha cabeça o encarando direito

- Eu conheci uma...”pequena mulher”... – ele frisou – Ela me ajudou a vir até aqui!

- Você já está fazendo sucesso! – eu brinquei, mas fiquei com ciúmes, muito ciúmes

- Ela tem oito anos! – ele riu – Me apresentou o irmão dela e ele me emprestou essas roupas!

Só agora notei que ele usava botas por cima das calças mais apertadas do que o normal, uma camisa fina e branca  e uma capa preta por cima. Estava lindo, como um príncipe encantado em roupas da plebe.

- Viu o príncipe? – os olhos dele tinham dúvidas, medo

- Não. Eu acho que ele não gosta da princesa, porque nem ao menos posso sair daqui! – eu suspirei parecendo cansada

- Marie, a garotinha, tem uma irmã que “namorou” o príncipe. – ele disse com cuidado

- Namorou? Mas nessa época isso não é permitido! – eu arregalei meus olhos, será que o príncipe tinha uma amante?

- Eu sei, pelo menos eu entendi isso. – Scorpius deu de ombros – Mas parece que os dois realmente se gostavam e que você atrapalhou tudo!

- Eu não atrapalhei nada! – eu fiquei exaltada – Não sou essa princesa! Sou a Rose...

- Rosalie! – ouvir meu nome vindo dos lábios dele foi como um sonho, parecia tão carinhoso e gentil, tão amoroso – Ela tem o seu nome!

- O quê? – estranhei, todo o encanto se quebrara

- A irmã de Marie, namorada ou amante do príncipe, o que seja, tem o seu nome! Rosalie! – ele falou mais alto, também se exaltando – E de alguma maneira isso me fez pensar muito sobre o assunto e constatar que você é sim a princesa Victória de Menfis L’efevre! E de alguma forma, precisamos que esse conto de fadas termine com o “felizes para sempre”!

- Mas...

- Se o príncipe realmente amar a garota, então isso só vai acontecer se ele se casar com ela! – Scorpius falava tudo muito rápido, como se estivesse com medo de falar alguma coisa

- Mas...

- Isso depende de você antes de tudo! – ele suspirou pesadamente por fim – Olha, eu sei o quanto você gosta dessas histórias e deve sonhar em viver uma, mas...

- Você fala demais! – eu ri

Ele foi bom e delicado, mas era mal e era tão mal-educado.
Foi tão gentil e tão cortez por que será que não notei nenhuma vez.

Ele me encarou sério demais, ainda temeroso. Na verdade eu também estava com medo, mas estar com ele me deixava segura. Eu ficava extremamente bem em sua presença.

- Eu entendi tudo o que me disse, mas como vamos conseguir isso? – perguntei ainda sorrindo, ele parecia ainda mais lindo nessa nova época

- Vou conhecer Rosalie amanhã! – ele respondeu, pude ver um mínimo vestígio de sorriso em seu rosto – Depois...precisamos saber os sentimentos do príncipe para com ela!

- Temos dois dias para isso! – eu suspirei, estava ficando cansada – Acha que vamos conseguir?

- Você quer se casar? – ele perguntou se levantando

- Não! – eu me levantei também, alarmada

- Então vamos conseguir! – ele sorriu e segurou meu rosto entre suas mãos

Achei que ele fosse me beijar e esperei ansiosamente por isso, mas ele apenas me soltou e seguiu para a janela.

Eu reparei no seu olhar e
não tremeu quando chegou a me tocar.
Não pode ser, que insensatez,
jamais alguém me olhou assim alguma vez.

- Você entrou por aí? – perguntei, só agora me dando conta que ele aparecera como um fantasma ali

- Sim. – ele sorriu – Pensei em aparatar, mas não sabia para onde exatamente!

- E  vai dormir aonde? – eu não queria que ele fosse embora, não queria que ele saísse do meu campo de visão

- Há um celeiro aqui perto! Vou ficar por lá! – ele deu de ombros

- Você é um Malfoy! E é rico! Não dorme em celeiros! – eu ressaltei alarmada, tudo aquilo acontecera por minha causa

- Aqui eu não sou um Malfoy! – ele sorriu – E dou graças a Merlin por isso!

Como ele está mudado
Claro que ele está longe de ser
um príncipe encantado
Mas algum encanto ele tem,eu posso ver.

- Fica aqui! A cama é enorme e eu estou com medo de ficar sozinha! – eu corri trancar a porta

- Sabe o que acontece com mulheres que são pegas com homens na cama antes de se casarem aqui? – ele pediu, temeroso

Eu prendi a respiração. Ele havia descoberto os costumes dali, mas eu estava pouco me importando para eles.

- São taxadas como vagabundas ou mortas... – eu disse baixinho – Por favor, Scorpius, não me deixa sozinha!

Ele pareceu ponderar, estava com medo assim como eu, talvez era até mais sensato do que eu. Scorpius suspirou pesadamente.

- Está com fome? – ele olhou a bandeja cheia

Eu afirmei acenando e me aproximei dele. O loiro sorriu e retirou uma maçã de dentro da capa.

- Você sempre come maçã em Hogwarts, então...achei que fosse gostar! – ele me entregou sorrindo fracamente

- Obrigada! – eu sorri abertamente para ele

Mas vejam só, não posso crer.
Nem eu tambem, não pode ser.
Como é que podem se entender assim tão bem.
Que coisa estranha!
O que será que pode haver?

De alguma forma, estarmos sozinhos ali era como ter parte do meu sonho realizado. O sonho dele notar que sou uma garota. Como sua possível garota.

Comi a maçã tão rápido que nem notei direito, só sei que minha fome foi aplacada, pelo menos um pouco. Scorpius continuava ali de pé, sem dizer nada, apenas me olhando.

- Deite! – ele sorriu indicando a cama

- Você vai ficar? – pedi, como uma criança, andei até a calma e me cobri com as cobertas até o pescoço

- Vou! Mas irei antes que o sol nasça! – ele sorriu e deitou ao meu lado

Nossos rostos estavam tão pertos. Eu podia beijá-lo se quisesse. Sua mão deslizou por baixo das cobertas e segurou a minha de maneira forte, mas delicada.

- Vou ficar, não precisa mais ter medo.

E só então eu consegui fechar os olhos.

Estamos vendo alguma coisa acontecer.
É, acho que estamos vendo alguma coisa acontecer
Estamos vendo alguma coisa acontecer..
"E o que é mamãe?"
"Eu te conto quando crescer."