Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 9
Capítulo IX




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Ouch! Isso dói, Miguel! – Anna exclamou, levando a mão à testa e afastando-se, mesmo que o garoto mal tivesse a tocado para limpar o ferimento.

Assim como todos os guardiões, ela também não estava muito bem depois da última batalha, onde eles haviam sido vergonhosamente derrotados por um único oponente. Acordaram horas depois do ataque em massa dos Batsu-tamas, no meio da construção vazia, com os Chara Nari desfeitos e nenhuma motivação em procurar o inimigo. Foram direto para o Café Amakawa, visto que já era quase noite e as aulas teriam terminado há tempos, e estavam lá até agora, reunidos nas mesas mais afastadas, cada um imerso nos próprios pensamentos. Utau e Ikuto foram chamados, mas não haviam chegado ainda.

— Sinto muito, Anna, mas eu não posso fazer nada quanto a isso - Miguel replicou para a Ás, segurando o algodão encharcado em algum remédio no ar – E como foi que você conseguiu se machucar logo na testa, hein?

I don’t know… – ela balbuciou, pensando no assunto – Well… Eu acabo recebendo os mesmos danos que os personagens que desenho, quando eles lutam, deve ser isso… – Se aproveitando do momento de distração da garota, enquanto ela explicava, Miguel tentou novamente limpar o machucado – No! Eu já disse que dói! – ela choramingou, segurando a mão dele no ar, para impedi-lo de tocá-la.

— Deixe-me fazer isso, Gonçalves-kun – Tadase pediu, com o rosto anormalmente sério, e retirou o algodão da mão do português, que deu passagem a ele – É minha culpa, afinal… – ele se inclinou na direção dela.

N-no… não é necessário… – Anna gaguejou, corando ao ver o rosto do loiro tão próximo do seu – It’s not your fault, Prince Charming

— Eu acho que não mereço que você me chame assim, Lewis-san… – Tadase murmurou, sem emoção alguma na voz, e erguendo a franja da garota com cuidado, começou a tocar o ferimento, que era mais profundo do que parecia. Ela fez uma careta de dor, mas não pediu para ele se afastar – Afinal… eu não fui capaz de protegê-la, como um Príncipe Encantado de verdade faria…

B-but… but… – ela balbuciou incoerente, perdendo a linha de raciocínio ao sentir os dedos gentis de Tadase colocando o curativo quadrado sobre o corte.

— E usted…? – Stéffanie indagou, baixinho, para Nagihiko, enquanto observava distraidamente o loiro terminando de cuidar da inglesa – Está mejor? Não está sentindo nenhuma dor, está?

— Eu estou bem, Blanca-san – Nagihiko sorriu confiante – Obrigado pela preocupação.

— P-preocupación? Quem está preocupada aqui, hã? – ela disfarçou, tomando um gole de café, e o garoto riu, vendo a face dela se esquentar rapidamente, e não era por conta da bebida quente.

Nesse momento, o sininho da porta soou, indicando que alguém havia entrado, e Tadase, que era quem estava tomando conta de tudo, como trabalho de meio período para ajudar Tsukasa enquanto a gerente do café não estava, andou até a frente da loja para atender os possíveis clientes, mas então notou que se tratava apenas de Ikuto e Utau, que adentravam o local. Yoru, Eru e Iru se juntaram aos outros Shugo Charas, que estavam quietinhos no canto da mesa, apenas assistindo a tudo com certa desmotivação, depois de terem perdido a batalha.

— Nossa… vocês estão péssimos mesmo, hein? – Ikuto comentou, vendo o semblante abatido de todos os que haviam enfrentado os ovos – Pensei que a baixinha estava exagerando no telefone – ele indicou Yaya, que fora quem chamara ele e Utau – mas parece que esse novo oponente é mais forte do que parece…

— Vocês estão bem? – Utau perguntou, dando uma olhada rápida nos guardiões, e Miguel rapidamente se ofereceu para colocá-la a par dos últimos acontecimentos.

— Nós temos que discutir uma nova estratégia para combatê-lo – Kairi ponderou, ajeitando os óculos.

— Não mesmo, Iinchou! – Yaya o interrompeu, decidida – Eu chamei todo mundo aqui, mas não era pra discutir estratégia e nem pensar no que aconteceu! Nós temos que nos distrair! Desde que o Micchan, a Onee-chan e a Anna-tan chegaram, a gente não fez nada de divertido! É por isso que nós fomos derrotados! Por que estão com coisas demais na cabeça. E eu tenho um plano! Nee, Utau, você disse que sua mãe tinha viajado para a França, e por isso estavam só você e o Ikuto na casa nova?

— Bem, sim… desde que eu saí da casa da Yukari-san e fui morar com a mamãe… – ela disse, sem entender o rumo dos pensamentos da ruivinha.

— Então! Vamos lá, meninas! – Yaya agarrou os braços de Rima e Amu, que estavam mais perto – Vamos fazer a Noite das Garotas na casa da Utau-chan!

— Peraíi! – Ikuto se meteu no meio da conversa – Eu também moro lá!

— Você se vira, por que eu adorei a ideia da Yaya! – Utau disse com determinação – Vamos lá, todas vocês! – ela disse, e agarrou o braço de Miguel, rebocando-o junto, enquanto as outras garotas a acompanhavam.

— Ei, espere um pouco! – Miguel protestou – Eu sou… eu sou um garoto! Por que está a me levar junto?

— Você é uma exceção, Gonçalves-kun – Rima murmurou ceticamente, andando logo ao lado.

— Sim! Vamos lá, Miguelzinho! Vai ser divertidoo! – Grace foi a primeira a tomar partido, motivando os outros Shugo Charas.

Esto parece… de alguna forma… interessante… – Stéffanie murmurou, levantando-se e seguindo as outras.

Sobye bye, prince charming… T-thank you… por cuidar de mim… and.. até amanhã… - Anna acenou para Tadase, timidamente, e então se apressou na direção das garotas – Ah! Wait, esperem por mim!

O sino acima da porta soou, e as garotas sumiram por ela. Ikuto se jogou na poltrona vermelha, onde antes Stéffanie estava sentada.

— Se você quiser, Ikuto Nii-san, pode ir dormir lá em casa, tenho certeza de que a minha mãe não vai se importar… tanto assim – Tadase ofereceu, incerto.

— Eu agradeço, Tadase, mas não vai ser necessário. Eu tenho… outros planos para essa noite – um sorriso alarmante espalhou-se pelo rosto do rapaz, o que deixou Tadase um pouco temeroso – E para isso vou precisar de você. De todos vocês na verdade… – ele apontou para Kukai, Kairi e Nagihiko. Os três tremeram, em dúvida entre sair correndo enquanto tinham chance ou arrumar uma desculpa qualquer para se livrarem. E o sorriso de Ikuto não os encorajava para fazer o contrário.





— Fiquem à vontade! – Utau bradou, abrindo a porta da casa e dando espaço para as garotas, e Miguel, passarem. As Charas foram logo entrando, e explorando o local enquanto o sobrevoavam.

— Excuse-me – Anna murmurou, lembrando-se que tinha que tirar as sapatilhas para entrar, e então avançando pelo piso de madeira com apenas as meias. Escorregou no meio do caminho, mas continuou a olhar para a casa com admiração, enquanto observava tudo o que podia. Stéffanie fez o mesmo, tirando os mocassins e adentrando cômodo, mas ao contrário da colega, esperou pelas restantes.

— Shitsureishimasu! – as outras disseram ao mesmo tempo, entrando na casa seguidas de Utau.

— Você tem certeza de que eu deveria… – Miguel balbuciou, hesitante, pensando seriamente se deveria aproveitar e se retirar naquele momento, mesmo que já tivesse tirado os sapatos.

— Tenho, tenho sim! – Utau o puxou pelo braço, sem dar brecha para fugas, e o arrastou para a sala onde estavam reunidas as garotas – Eu acho que não vamos conseguir ficar todos no meu quarto, então é melhor arrumarmos os futons aqui embaixo mesmo… – ela dizia, ainda agarrada no braço do garoto como garantia.

— E precisamos de comida também! – Yaya disse, sem nenhuma cerimônia.

— Então faremos assim… Blanca-san, Rima e Amu vão comprar comida, e o resto me ajuda com os colchões, okee?

— Eu posso ajudar a trazer as compras… – Miguel se ofereceu, tentando sutilmente se desvencilhar do abraço apertado da garota.

— Não mesmo, você vai querer fugir. – ela negou veementemente, encerrando a questão – Vamos lá para cima pegar as coisas. Tenho que ver pijamas para todo mundo também nee… – ela observou, notando que aquela ideia imprevista havia sido formada de mau jeito – Bom, a gente se vira, agora vamos! – ela liderou facilmente, rebocando Miguel, e Yaya e Anna a seguiram para a escada enquanto as outras três se encaminhavam para a saída, discutindo entre si para decidir em que loja de conveniência passariam.

Depois de trazer a maior parte dos futons e colchões que tinha disponível na casa, Utau e os outros foram para a cozinha, verificar o que havia de mantimentos. Logo após isso, Stéffanie, Rima e Amu chegaram, com várias sacolas de compras. Após verificar tudo, elas subiram para trocar de roupa e então arrumar a comida.

— Aqui, eu peguei alguns pijamas da minha mãe e alguns meus, acho que tem pra todas, podem escolher – ela anunciou, mostrando algumas roupas espalhadas por cima da sua cama – Você também, Micchan – ela chamou, se apoderando no apelido que Yaya criou, ao ver que o garoto se mantinha afastado.

— M-mas e-eu… – ele gaguejou, ao ver que todas as roupas ali eram femininas.

— Você pode ficar com esse do Ikuto, ele nem usa nada pra dormir mesmo – ela estendeu uma calça de pijama xadrez e uma camiseta preta – Pode usar isso… por enquanto… – disse de uma maneira suspeita, sem que ninguém notasse o sorriso sugestivo que se formava.

— E-então, com licença… – ele murmurou, incerto, e se retirou para o banheiro mais próximo, fechando a porta.

Utau se juntou às outras meninas para se vestir, colocando apenas uma camisa branca que ficava enorme no seu corpo, e era absolutamente confortável. Yaya vestiu o conjunto de bermuda e camiseta cor-de-rosa estampado com coelhinhos, Rima colocou a camisola bufante, de bolinhas multi-coloridas, Amu usou uma calça vermelha com estampa de corações brancos e uma camiseta branca, e Anna preferiu a camisola estampada com um enorme panda na frente, enquanto Stéffanie pegou a camisola azul-claro decorada com fitas. Depois de muitos minutos de conversas aleatórias e paralelas, quando estavam devidamente vestidas – ou nem tanto, dependendo do ponto de vista – elas finalmente deixaram o quarto, encontrando Miguel no corredor, já cansado de esperar e usando o pijama escuro que ficava ligeiramente largo nele. Ele corou levemente ao ver as garotas em trajes de dormir, mas fora apenas pelo choque de ter visto algo assim pela primeira vez, o que nem de longe poderia ser a reação esperada de um garoto da sua idade.

Depois de mais conversas animadas pelo corredor, todos eles desceram de volta para a cozinha, e começaram a cuidar da parte mais essencial de uma festa: a comida. A bancada da cozinha ficou repleta de salgadinhos, refrigerantes, biscoitos, doces, chocolates e todo o tipo de comida que não é considerada saudável. Miguel se ofereceu para fazer a pipoca, e foi manuseando os utensílios com aparente habilidade. Stéffanie garantiu que conseguiria fazer um ótimo molho para os nachos que encontraram no mercado, e foi também para o fogão. A espanhola pediu à Rima e Amu que picassem os temperos para ela, depois de verificar que nenhuma das ases seria uma escolha adequada. Anna e Yaya começaram a abrir as embalagens e colocar a comida em vasilhas, mas estavam virando tudo fora, então Utau teve que ajudá-las.

Por fim, depois de algum tempo, conseguiram terminar de arrumar tudo, e mesmo que a cozinha estivesse um verdadeiro caos, Utau garantiu que não havia problema (por que o dia seguinte era a vez de Ikuto lavar a louça). Elas foram, com a comida toda, para a sala, e se instalaram nos colchões espalhados.

— Ei, ei, Utau! Nós queremos ver esse filme! – Eru e Iru vieram até a dona, flutuando no alto com um DVD nas mãozinhas.

— Todas nós queremos! – Ran se pronunciou, em nome das Shugo Charas.

— É uma grande produção artística… – Miki argumentou, veementemente.

— Tem uma linda história! – Setsuna suspirou, sorridente.

— E personagens interessantes… – Peach disse.

— Sem falar que os atores são liiindoos! – Grace completou, chamando a atenção.

— Nós podemos assistir… – Amu foi falando, tentando ver o título do filme.

— Não mesmo, nós vamos conversar! Temos muito assunto. Vocês podem assistir a esse filme lá em cima! – Utau disse, e as Shugo Charas subiram as escadas voando na mesma hora, empolgadas.

— E que tanto assunto você tem que não pode nem assistir um filme? – Rima indagou ceticamente, enrolando-se no seu edredon – Não que eu me importe, por que nem mesmo era uma comédia, mas mesmo assim…

— Ora, e não é óbvio, Rima-tan? – Yaya respondeu, virada de bruços com as pernas se agitando no ar.

— Garotos! O que mais seria? – Utau sorriu de uma maneira estranha, e Anna, Stéffanie e Amu ofegaram ao mesmo tempo. Miguel teve um acesso de tosse.

— E-eu acho, realmente, que não deveria estar aqui, quero dizer… eu sou um garoto! Não deveria ficar aqui para ouvir essas conversas, e muito menos dormir aqui! – ele articulou, logo depois de recuperar-se.

— Fica tranquilo, Micchan – Yaya sorriu, e Utau afagou os cabelos bagunçados dele.

— Nós já percebemos sobre a sua condição – ela disse, sorrindo.

Yes! Eu também já entendi! – Anna disse, repentinamente animada com o rumo da conversa.

Sí, cualquier uno perceberia – Stéffanie falou, categoricamente.

— Seria difícil para você manter segredo por muito tempo… – Amu observou. Ela não havia entendido sobre Miguel logo de cara, mas depois de conversar com Utau há algum tempo, tudo fez sentido.

— De fato, ainda mais depois daquele Chara Change outro dia. – Rima completou.

— Eu nem sei o que dizer – Miguel baixou os olhos, perdido – Vocês… vocês realmente não se importam?

— E por que nos importaríamos? – Yaya indagou.

— Eu confesso que fiquei um pouco decepcionada… – Utau declarou – Mas depois que parei para pensar, eu prefiro que seja assim mesmo! E as possibilidades são tantas…

I loved this! – Anna exclamou de repente, engatinhando pelos futons até o lugar onde ele estava – You are a amazing person… !– ela disse, sorrindo – And… always… eu sempre quis ter um amigo como você… – ela confessou, corando, e o garoto sorriu sem graça, sem saber como responder àquilo.

Yo también no veo problemas – Stéffanie bradou, cruzando os braços, quando na verdade, ela tinha internamente o mesmo desejo da inglesa.

Miguel olhou de uma para outra, emocionado, sem saber como reagir diante da aceitação. Ele viveu tanto tempo querendo esconder seu verdadeiro eu que nunca imaginou a possibilidade de que pudessem gostar dele da maneira que ele era.

— E-eu… nem sei como responder isso… Muito obrigado. – ele sentiu um nó subindo a garganta, e fez o possível para não se derramar em lágrimas ali mesmo – Eu sempre pensei que… que nunca poderia ser aceito desse jeito que eu sou, e que teria que me esconder para sempre…

Aaawwnn, so cute! – Anna não pode se controlar e pulou para cima de Miguel, sufocando-o em um abraço. Utau fez o mesmo, e logo todas, inclusive Stéffanie e Rima, não resistiram e pularam em cima do garoto também. Ele riu, sem graça, mas ainda sentindo uma felicidade surpreendente por esse acontecimento.

— Agora que você já se “assumiu” aqui com a gente… – Utau começou a falar, assim que o abraço grupal se desfez – Pode conversar abertamente, não é?

— C-como assim? – ele indagou temeroso.

— Talvez ainda seja cedo para ele falar tão repentinamente, não é? – Stéffanie observou, perspicaz.

— Quem sabe ele não precisa de um incentivo… – Rima sugeriu.

— Aah, o chara change dele é tãaao divertido! – Yaya se animou.

— Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui! – Miguel reclamou, corando furiosamente – Não tem a possibilidade de eu entrar na Mudança de Caráter aqui, com vocês!

— É mesmo? Vou lá chamar a Grace-chan! – Yaya levantou-se, decidida.

— Não vai mesmo!!! – Miguel desesperou-se, e a agarrou pelo tornozelo, derrubando a Ás de cara no colchão.

— Não precisa, Yaya, nós podemos fazer isso daqui mesmo – Utau sorriu sugestivamente, e Yaya se ajeitou novamente no colchão ao lado dela.

— O q-que você pretende? – ele sobressaltou, engolindo em seco. Garotas eram mesmo muito perigosas…

Utau se esgueirou até o lado de Miguel, enquanto todas a fitavam com apreensão.

— Feche os olhinhos, Mi-i-chan – ela cantarolou, com a voz doce de cantora – E imagine… imagine o Kukai… saindo do treino de futebol, com a camisa encharcada de suor, virando a garrafa de água no rosto para se refrescar… – Miguel corou ainda mais, assustado, e mesmo sem querer, tendo imagens mentais formando-se, a partir daquelas palavras, e mordendo os lábios para se conter. As outras garotas abafaram risinhos, com a reação do garoto – Imagine que ele está cansado… e então tira a camisa… as gotas de água vão descendo pelo peitoral… e… e… aaah, não tá dando certo! – ela resmungou, vendo que apesar de reagir da maneira que ela esperava, não chegou nem perto de fazer chara change – Pense então… no Nagihiko! – ela bradou, e Stéffanie se remexeu, disfarçando – Imagine ele…anh… saindo do banho… com aqueles cabelos enormes descendo pelas costas, completamente molhado…

— Hiya~- um gritinho agudo se fez ouvir, e todas viram Stéffanie esconder o rosto com o travesseiro.

— Parece que sua tentativa atingiu outra pessoa, tenta de novo – Rima disse, vendo Stéffanie se contorcer no mesmo lugar, tentando se livrar daquela imagem terrivelmente nítida na sua mente.

— Ah… tá certo… – Utau voltou a se concentrar, guardando as perguntas que queria fazer para a espanhola para mais tarde, não querendo dar a Miguel nenhuma chance de escapar – Vamos tentar outra abordagem… imagina… o Tadase… com aquele rosto coradinho dele, tão convidativo… os lábios entreabertos e…

— Waaaa~ - foi a vez de Anna corar até a raiz dos cabelos, quase derrubando os óculos do rosto enquanto se agitava.

— Isso não tá dando certo, Utau… – Yaya comentou.

— Você já pensou em escrever livros? – Rima indagou, indiferentemente.

— Ah, ideia! – a loira disse, repentinamente, levantou-se em um salto, abriu a porta da estante mais próxima tirando de lá um livro, e voltando logo depois com ele em mãos. Abriu o livro em uma página específica, bem na frente de Miguel. Era um álbum de fotos, e aquelas em especifico mostrava as últimas férias dos Tsukiyomi na praia. Em todas as fotos, Ikuto estava sem camisa, com a bermuda quase caindo pela cintura, revelando bem mais do que devia.

Apreensivas, as garotas analisaram seriamente a reação de Miguel. Ele corou até as orelhas, encarando aquelas páginas sem nem piscar. Seus olhos arregalados ficaram vazios e ele ficou de pé, imediatamente, e então, a máscara rosa e brilhante surgiu em sua face, assim como um enorme e sugestivo sorriso.

— Oh, meu Deus! Isso é covaaardia! Como eu poderia resistir??? – ele gritou, remexendo-se no mesmo lugar – Aai, você pode me dar essa foto de presente, heeiin? – ele dizia tudo muito rapidamente, quase arrancando o álbum das mãos de Utau. As garotas comemoraram, enquanto Miguel jogava beijinhos, sentindo-se quase uma miss com todos aqueles aplausos.

— Posso sim, é sua, agora senta aqui! – Utau puxou novamente Miguel para o lugar, e ele, retirando a foto e a admirando, sentou.

— E o que vocês querem conversar comigo? – ele perguntou, muito interessado, com sua voz escandalosa do chara change. As meninas se entreolharam. Elas estavam dispostas a conversar com Miguel sobre muitos assuntos, mas não tinham nada em mente especificadamente.

— Certo, certo… – Utau, como anfitriã, resolveu iniciar. Era uma festa do pijama, afinal, assuntos constrangedores eram obrigatórios – Você já… b-beijou… alguém?

Rima e Anna, que estavam ocupadas com os salgadinhos, engasgaram, corando com aquela pergunta repentina, mas ansiosamente aguardaram pela resposta, assim como Yaya, e Stéffanie, que estava praticamente dobrada em cima de Miguel, tamanho era seu interesse.

— Ora, o que você acha? – ele balançou os cabelos, convencido – É claro que sim!

R-really? – Anna balbuciou, chocada – E… e era… a boy? – ela finalmente conseguiu perguntar, com a voz baixa e conspiradora.

— Era…! – ele disse, um pouco entusiasmado, e então puxou o celular que estava perto, mostrando a foto de um jovem alto, loiro e de olhos azuis, que sorria brilhantemente ao lado dele mesmo, um tanto corado e olhando fixamente para o garoto – O nome dele é Guilherme. Ele é… era… o meu melhor amigo. – ele sorriu abertamente ao dizer isso, mas mesmo estando com a personalidade mudada, ainda parecia um tanto melancólico.

Él es guapo… – Stéffanie observou, achando que alguém deveria dizer algo.

— Sim, ele é. Eu acabei me excedendo, e me confessei para ele, e depois roubei um beijo! – ele contou, animando-se mais, e piscou um olho cintilantemente, e as garotas reagiram, abafando pequenas interjeições de surpresa.

— Que audacioso, Mii-sama! – Yaya gritou, encantada.

Sí, sí, muy corajoso – Stéffanie concordou.

And… o que ele fez depois? – Anna indagou, mordendo os lábios de curiosidade.

— Ele me rejeitou claro – Miguel disse simplesmente, dando de ombros – Na verdade… ele ficou com muita raiva, e me bateu depois disso, e nunca mais nos falamos. As pessoas acabaram por saber, e os comentários na escola começaram a circular. Foi por isso que eu vim para cá. Para fugir de tudo isso… Mas agora estou feliz por ter tomado essa decisão – ele sorriu, colocando a língua um pouco para fora – Vocês são pessoas maravilhosas, e eu não me arrependo por tê-las conhecido. – As garotas se emocionaram com aquelas palavras, e ficaram sem saber o que dizer – Então, agora é a vez de vocês – o sorriso de Miguel se alargou, maliciosamente – Vocês já beijaram alguém?

— Claro que sim! – Utau respondeu prontamente, e as guardiãs de Seiyo assentiram. Haviam presenciado aquela cena em primeira mão, há alguns anos, e podiam atestar sua veracidade. Mas não sabiam ao certo se era prudente contar aos estrangeiros que a pessoa em questão que Utau havia beijado era seu próprio irmão, afinal, eles vieram de uma cultura diferente, podiam não aceitar com tanta naturalidade.

— A Yaya é um bebê, é claro que não! – Yaya respondeu logo depois, com convicção.

— Entendo~ – Miguel cantarolou – E você, Stéffanie? – ele foi bem direto, considerando que a espanhola era a segunda em idade das presentes. Ela engasgou com o nacho que comia, e levou alguns segundos para se recuperar antes de responder.

— C-claro que ! O que estás pensando, yo soy muito experiente n-nestes a-assuntos – ela disse rapidamente, cruzando os braços com o rosto escarlate, mas sua atuação não convenceu ninguém. Yaya abafou o riso, com medo de apanhar caso falasse qualquer coisa.

— E você, pequenininha? – Miguel se aproximou mais de Rima, que estava zapeando pelos canais da TV.

— Hunf? Você pensa que eu sou alguma indecente? – ela respondeu rispidamente, com um leve rubor na face.

— Certo, certo. E você, Anna? – ele se virou para a garota, que estava nesse momento mais interessada nos chocolates.

— What? – ela levantou a cabeça, com as bochechas sujas de doce. Quando notou os olhares de todos fixos na sua direção, corou furiosamente. – Eu… n-never… b-but… I don’t… have a… a… k-k-k-k-k-k-kiss… a f-f-f-f-first k-k-k-kiss… aahn…

— Já entendemos! – Miguel a interrompeu, antes que a garota tivesse um problema na fala de tanto gaguejar. Ela se encolheu debaixo do edredon, ainda corada até as orelhas. – E você, Amu? – ele foi bem direto, e a rosada não teve escapatória.

— Eu n-nunca tive um… m-mas teve aquela vez em que o Ikuto… antes dele viajar…. Mas, foi no nariz! – ela se apressou em explicar, gesticulando nervosamente com as mãos, e Miguel riu de canto, estreitando os olhos especulativamente – E… e também… o T-tadase-kun, ele… no ano passado…

Todos viram Anna se remexer, encolhendo-se ainda mais no cobertor, visivelmente incomodada. O rosto dela ainda estava vermelho, mas seus olhos semicerrados pareciam um pouco culpados. Ela não sabia ao certo por que, mas as palavras de Amu fizeram seu coração se apertar e doer um pouco.

Utau deu uma cotovelada discreta em Amu, para que ela parasse de falar, e já ia mudar de assunto, quando todos ouviram um sonoro ruído dos arbustos do lado de fora. Era possível ver pela janela que eles se mexiam.

— Waa~ será que é algum fã stalker da Utau? – Yaya sobressaltou, levantando-se. Todos, até Anna, olharam alarmados na direção da janela, esperando talvez que alguma coisa assustadora surgisse dali.

— Kyaaaa~ que medo!!! – Miguel gritou, abraçando Rima, que permaneceu com o semblante inalterado, e a chacoalhando para todos os lados.

— Para com issoo!! – Amu gritou, quase em desespero – Você é homem, Miguel, vai lá ver!!!

— Eeeu nãaao!! – ele gritou de volta, escondendo-se nos cabelos de Rima – Hmm, que shampoo você usa? Tá tão macio…

— Não é hora pra isso! – Utau replicou, levantando-se e indo até a janela. Espiou por ali, e então, ouviu um miado sonoro – Ah, é só o gato da vizinha! – ela relaxou, voltando para seu lugar. Miguel soltou Rima e retornou para seu lugar, ao lado de Anna, e ela descaradamente se escorou no ombro dele, ainda enrolada no edredom.

— Onde estávamos? Aaah, é, tem uma coisa que eu tô dooida pra perguntar! Micchan! Me diga, você… se interessou por algum dos nossos garotos? – Utau indagou, arqueando a sobrancelha sugestivamente.

— Ora, vocês têm um perfeito harém por aqui, eu morri de inveja! Não consigo escolher um só! – ele se empolgou, sem poder se mexer por causa de Anna que agora quase dormia escorada nele. Ela pegava no sono rápido.

— Aaaah, vamos lá, você não pensou em nenhum deles? – Ela insistiu, cutucando-o no braço.

— Talvez… aaah~ O seu irmão é muuuuito seduzente! Eu quase me derreto cada vez que o ouço falar~ E o Kukai, e tooooodos aqueles irmãos dele também não ficam atrás… mas tem o Kairi e o Tadase com aqueles rostinhos fofos, vontade de morder! E o Nagihiko, tão elegante!! Kyaha~ - ele suspirou, depois de rir do semblante indignado que Stéffanie não conseguiu disfarçar ao ouvir o nome do Fujisaki.

— Certo, você é um indeciso – Yaya afirmou.

— Como a Amu. – Rima completou, sensatamente.

— Rima! – Amu censurou, jogando nela alguma coisa que poderia, ou não, ser um nacho.

—E vocês, meninas? – Miguel indagou, puxando Anna para acordá-la, já que ele havia adormecido – Tem algum interesse em específico? – ele disse, embora já suspeitasse da resposta.

— Você, Onee-chan!! – Yaya bradou, pulando em cima de Stéffanie – Diga, por quem você se interessou?!?!

— E não é óbvio? – Rima se pronunciou – Ela está completamente caidinha pelo Fujisaki, qualquer um com olhos perceberia.

N-nooo!!!! No eres nada de esto!!!! Parem de hablar besteiras! – ela gritou, com o rosto ruborizado, quase saindo fumaça.

Really? – Anna, agora completamente desperta, perguntou, chocada. – Eu… eu não tinha percebido…

Noo! No hablem de estas cosas, esto no eres posible!!! Nunca! Nunca que yo me enamoraria por uno… anh… uno garoto… daquele jeito… él es tão…. aaargh… irritante! E… provocador!! E… e…

— E você vai me dizer que não gostou quando ele te emprestou o casaco? Ou quando ele te protegeu do Batsu-tama? E que não ficou toda preocupada quando ele se desmaiou hoje? – Miguel insistiu.

Y-yo… yo no… – ela paralisou, chocada, com o rosto corando ainda mais – No eres como se yo estivesse enamorada, ou cualquier cosa assim, yo solamenteestoy agradecida…

— E você não gosta nem um pouquinho da aparência dele? – Yaya alfinetou, animada.

— Ele é… um pouquinho… bello… e me gusta ojar para él, de vez en cuando… q-quero decir… aaaaargh, esto em irrita!!!!! – ela se atrapalhou toda, afundando o rosto de vez no travesseiro para abafar os gritos.

— Woooow!!! She is fall in love!! So cute!!! – Anna bradou, animada, enquanto todos observavam Stéffanie ter um breve ataque histérico.

Usted no puede hablar nada de mi!!! – Stéffanie gritou, levantando o rosto poucos segundos depois, apontando acusadoramente para Anna, que se encolheu de medo – Está toda derretidinha pelo seu “prince charming”, fica suspirando pelos cantos, e quase llorou cuando a coringa falou dele antes!!! Está compleeeetamente enamorada pelo Rey, no adianta disfarçar. – ela disse, desviando a atenção dela mesma para outra pessoa, querendo acabar com a situação constrangedora em que se encontrava.

Anna a encarou com o semblante lívido por alguns segundos. Aquela informação parecia ser novidade para ela também. Ela abriu e fechou a boca, sem conseguir dizer nada, e Miguel teve que colocá-la sentar-se de novo.

— This… this… is true? Eu não posso… nee? Ah… não, isso nunca aconteceu comigo antes… – Anna murmurava para si mesma, incrédula – Isso não vai acontecer comigo! I am… weird… essas coisas não acontecem com pessoas like me. So… this is not possible! Is it?

— Aah… Anna-chan… – Amu balbuciou, em nome das amigas que não sabiam o que dizer, vendo a expressão quase desesperada da inglesa, que lutava para compreender os sentimentos conturbados que não conseguia denominar.

— …Sente-se aqui, Anna… – Miguel murmurou, solidário.

— Nós temos muitas coisas pra te explicar – Utau concluiu, suspirando.





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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO


Inglês

I dont know - Eu não sei
Well - Bem...
Its not your fault - Não é sua culpa
Bye bye - Tchau
Wait - espere!
Excuse-me - Com licença
I loved this! - Eu amei isso!
You are a amazing person - Você é uma pessoa íncrivel
And always - E... sempre...
so cute - Tão fofo!
really? - Sério?
never - nunca
I dont - Eu não...
have - tive
kiss - beijo
first kiss - primeiro beijo
She is fall in love - Ela está apaixonada
this is true - isto é verdade?
like me - como eu
I am weird - Eu sou... estranha...
So this is not possible! Is it? - Então... isso não é possível, não é?

Espanhol

Usted - VOCê
Preocupación - Preocupação
Esto - Isso
alguna - alguma
hablar - falar
Cualquier uno - qualquer um
Yo también no veo problemas - Eu também não vejo problemas
Él es guapo - Ele é bonito
Sí, sí, muy corajoso - Sim, sim, muito corajoso
N-nooo!!!! No eres nada de esto!!!! - Não! Não é nada disso!
No hablem de estas cosas - Não falem essas coisas!
esto no eres posible - isso não é possivel
enamoraria - apaixonaria
él es - ele é
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Nyaaan~ Shiroyuki desu!
Trazendo mais um capítulo pra vocês!! Entãaao~ depois da batalha intensa - e injusta, cá entre nós, esse vilão não joga nada limpo! Os pobres guardians, destreinados e descordenados, ainda não tem empatia suficiente pra lutar em equipe, contra um monte de X-eggs superfortes... Soredemo, ignorem meus pensamentos insanos -.-
Afinal~ esse capítulo de hoje é um dos meus favoritos *u* Estou morreeeendo de vontade de ver o que vocês acharam dele!
Pijama's party~ issaee! Faz alguns anos que não participo de uma dessas '-' É, to ficando velha... ou então, anti-social demais XD ou os dois... Whatever~ digam o que acharam, onegai, é só escrever algumas coisinhas nessa caixa de texto aqui em baixo, e fazer duuuuas autoras bakas muito felizes XD
kisuu~ matta nee o/



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