Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Minna-san.... eu nem sei por onde começar me desculpando pelo atraso no capítulo. Eu tive provas nas semanas que passaram --e pelo jeito, não fui bem em nenhuma, e comecei matérias novas em algumas cadeiras, sem falar que foi meu aniversário, então meu tempo ficou curto, e essa fic precisa de uma atenção especial por causa das palavras estrangeiras, mas eu não quero ficar dando desculpas. A culpa foi toda minha, eu me enrolei toda nos horários, e acabei usando meu tempo livre pra outras coisas, sou desorganizada demais -.-
Bem, vocês não precisam ficar aqui lendo meus lamentos, vamos ao capítulo o/



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No telhado do prédio da divisão ginasial do Seiyo Middle School, quatro garotos conversavam, apreensivamente. Era o horário de intervalo, e eles estavam excepcionalmente hoje almoçando juntos, já que nenhum tinha coragem de permanecer junto com as garotas e Miguel depois do que aconteceu.

— Isso tudo é culpa daquele Ikuto maldito! – Kukai resmungou, mordendo com força desnecessária o seu pedaço de carne – Por causa daquelas coisas que elas fizeram com a gente, aquela Chara descarada do Miguel dá risada cada vez que olha pra mim, e me chama de Drag Cheerleader!! E eu não posso nem reclamar, elas tiraram fotos!! – ele berrou, descontando toda a sua indignação na comida.

— Nós também somos culpados, Souma-senpai, afinal, nos deixamos levar pelas palavras do Ikuto – Kairi disse, comendo de uma maneira polida que contrastava completamente com as maneiras do veterano – Eu também estou descontente com essa situação. A Yuiki-san… cada vez que me vê, fala coisas constrangedoras… Não está sendo nem um pouco fácil conviver com ela, agora. – ele completou, baixando a cabeça, derrotado.

— Bem… no início da aula de hoje, Mashiro-san ficou fazendo comentários maldosos… – Tadase contou, cabisbaixo, remexendo com o hashi no seu arroz – E a Lewis-san nem olha na minha direção mais… Ela deve estar muito envergonhada por causa do nosso comportamento impróprio…

— Pelo menos ela não olha pra você!! É melhor do que ser fuzilado pelos olhos daquela espanhola o tempo todo! – Nagihiko exclamou – Sério, parece que ela vai soltar fogo pelas ventas sempre que olha pra mim! E eu pensei que deixa-la mexer no meu cabelo no outro dia ia adiantar, mas parece que não resolveu nada…

— O que nós fizemos foi realmente errado… – Kukai concordou – Mas elas já tiveram a vingança! Não tem por que continuarem sem falar com a gente!

— Mas o fato é que nós ouvimos coisas muito embaraçosas delas, segredos que jamais deveríamos ter ouvido – Kairi observou, ajeitando os óculos.

— É verdade… Não só das meninas, mas sobre o Miguel-kun também… elas têm um pouco de razão em ficar irritadas com a gente… – Nagihiko murmurou, baixando os olhos pensativamente – Nee.. vocês… vocês acham que aquelas coisas que a Blanca-san disse a meu respeito… acham que pode ser verdade? – ele indagou, como quem não quer nada.

— Parece que alguém aqui está mesmo interessado na opinião dela… – Kukai comentou com malícia, rindo estrondosamente logo depois, e Nagihiko se arrependeu imediatamente de ter tocado no assunto – Mas, olha só, meu querido kouhai… – ele disse, tentando parecer sério, enquanto apoiava a mão no ombro de Nagihiko – Escute a voz da experiência. Pelo o que eu entendo de garotas… e não é pouca coisa, eu garanto, ela está se fazendo de difícil. Todas elas fazem isso. Ela só quer deixar você louco de dúvida, pra quando tomar a iniciativa, ficar com cara de tolo. Escuta o que eu digo, Fujisaki! Você tem que ser ainda mais difícil que ela. Dê uma de badboy, finja que não tá nem aí pra ela, aí quando…

— Com licença, Souma-senpai – Kairi interrompeu, seriamente – Você já saiu com alguma garota?

— B-bem… n-não. Mas eu…

— Então não há nada que possamos aproveitar aqui. – Nagihiko deu o assunto por encerrado, prudentemente, tirando a mão de Kukai do seu ombro – Aquela garota é mesmo complicada – ele suspirou, desviando o olhar para o horizonte – Mas… eu não vou me dar por vencido tão facilmente. Ainda vou descobrir o que se passa na cabeça dela…

— Nee, melhor nós irmos logo para o Royal Garden, não é? – Tadase sugeriu, estranhamente impaciente.

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— Aqui estão, meninas! – Yaya colocou uma caixa de sapato na mesa do Royal Garden, interrompendo bruscamente a conversa das pessoas que estavam ao redor – O resultado da nossa animadíssima noite!

What is this, Yaya? – Anna indagou, curiosa, se apressando em abrir a caixa.

— São as fotos que nós tiramos no fim de semana, o que mais seria? – ela replicou como se fosse óbvio – Utau imprimiu e mandou entregar pra mim hoje de manhã! Eu quero comprar um álbum só pra colocar todas elas! Olha só essa daqui, do Kukai,! – ela balançou no ar a foto do mais novo líder de torcida da Seiyo – Essa eu vou colocar numa moldura!

— Aaah! Olha essa do Kairi, ele ficou mesmo muito kawaii de vestido! – Amu exclamou surpresa, inclinando-se sobre a mesa para ver também as fotos – E essa outra do Ikuto! Ah, essas roupas da Utau são demais mesmo!

— Nós podemos usar isso para fazer chantagem por muitos e muitos anos – Rima riu sinistramente, enquanto folheava por mais uma pilha de fotos.

— Kyaa~ O Micchan ficou ótimo nas fotos, olhem só! – Yaya exclamou – Onde ele está? Eu quero mostrar a ele também…

— Ah, ele sumiu durante o intervalo – Amu contou – Bom, desde que ele entrou duas vezes no chara change na frente de todo mundo, virou um crossdresser e fez aquele escândalo todo, acho natural ele querer sumir por uns tempos… E também, não acho que ele vá querer ver as fotos disso tão cedo…

— Tem razão…

— Me irrita o fato de esto garoto ter um cabelo tão bom, quase melhor que el mio – Stéffanie bufou, repentinamente, vendo as fotos de Nagihiko – E… e ele no fica ruim en esta saia… – ela dizia, enquanto analisava as imagens com mais atenção do que era necessário, varrendo com os olhos todos os detalhes possíveis.

— Waa~ Prince Charming is so cute… - Anna exclamou, mais para si mesma, enquanto catava as fotos de Tadase de dentro da caixa – Posso ficar com esta, please? – ela pediu, com o rosto ligeiramente ruborizado, erguendo os olhos verdes por trás dos óculos.

— É claro que pode, com todas elas. Utau mandou essas especialmente para você – Yaya disse, piscando um olho.

— Que horas são? – Amu indagou, absorta a atividade de olhar as fotos – Os meninos já deviam ter vindo...

— Faltam 20 minutes para o fim do intervalo... – Anna respondeu, olhando no celular.

— Woow! Mite, mite! – Yaya tirou o celular das mãos da garota e chacoalhou pelo ar, mostrando a todas – Ela colocou a foto do Tadase vestido de maid como protetor de tela!!!

T-t-this is... Oh, my god! Please, devolva! – Anna começou a pular para tentar recuperar o telefone, enquanto Yaya subia na cadeira para deixá-lo fora de alcance.

Usted no estava brava con el Rey, Anna? – Stéffanie indagou, arqueando a sobrancelha.

We-well… I’m not brava com ele, de verdade… eu nem conseguiria ficar… b-but… I just… não sei como encará-lo ou falar com ele depois de ele ter ouvido aquelas coisas embaraçosas… I don’t know… it’s so weird… estou confusa, não sei o que pensar… – ela caiu sentada novamente na cadeira, aflita.

— Aah, Anna-tan… – Yaya solidarizou-se, devolvendo o aparelho e sentando também – No fim das contas, nós nem explicamos nada pra você nee? É uma pena que a Utau não esteja aqui também, para ajudar, mas nós podemos nos esforçar, nee, minna? Vamos ajudar a Anna-tan a entender os mistérios do coração!

Usted habla como se tivesse alguna experiência. – Stéffanie observou displicentemente, cruzando as pernas – Pero… vamos lá, esta niña tanbién necessita de ayuda, agora.

— Demo nee... alguém aqui tem realmente alguma experiência para falar com ela? – Amu indagou, com uma gota descendo pela cabeça.

— Eu já li alguns livros – Rima disse, com certo orgulho sobrepujando na voz.

— A Yaya lê mangás shoujos! – ela ergueu a mão no ar, como se estivesse respondendo a alguma pergunta da aula.

Bién... A Rainha da minha escola tinha un namorado, yo hablava com ella às vezes... -  Stéffanie murmurou, incomodada.

— Ah, sim... – Amu concordou – Matte! Você não disse que já tinha beijado alguém??? – ela gritou repentinamente, percebendo o que a espanhola deixou escapar.

Y-yo... esto... e-esto es... – ela engoliu em seco, sentindo os olhares questionadores das garotas direto nela.

— Yokata, já deu pra entender – Rima tomou um gole de chá, com sua usual pose altiva – Você estava querendo parecer legal, não é? Certo, isso é aceitável. Demo... não é ruim que o Fujisaki tenha escutado sobre isso? Quero dizer, ele vai pensar que você já tem namorado.

— E quién se importa com lo que aquele estúpido piensa???? – ela bradou, indignada, batendo as mãos na mesa. Seu rosto estava absolutamente escarlate agora – Lo más importante ahora es esta tonta – ela apontou para Anna, que apenas fitava cada uma das garotas com um semblante confuso – que no sabe lo que se passa en su corazón!

— Parece que não é só ela, nee? – Rima observou, com perspicácia, disfarçando um sorriso malicioso com mais um gole de chá.

— Certo, Anna-chan – Amu retomou o assunto inicial, cruzando os dedos da mãos seriamente, enquanto fitava a inglesa – O que você acha que sente pelo Tadase-kun?

— S-sentir? You are asking me about... feelings? E-eu não s-sei o q-que quer dizer… - ela balbuciou incerta, enquanto retorcia as mãos nervosamente por baixo da mesa – But, Miss Hinamori, are  you don’t… você não é… Prince Charming’s… girlfriend…?

— Ah, bem... – Amu pareceu surpresa com a pergunta, enquanto desviava o olhar aflita – Eu realmente... gostei dele. Mas isso foi no passado! Eu percebi que meus sentimentos não passavam de admiração e amizade, e foi o mesmo com ele. Nós nunca tivemos nada um com o outro, realmente.

B-but, I thought...  – ela arregalou os olhos, pasma com a informação.

— Então, Anna-tan! Agora que já sabe que o caminho está livre para você, diga logo, o que você sente quando está perto do Tadase? – Yaya pulou impaciente na cadeira, inclinando-se sobre a garota, que se encolheu, amedrontada.

I feel... algo como um aperto... and... and...

— Com licença – uma voz tímida ecoou da entrada na direção das garotas, que sobressaltaram como se estivessem fazendo alguma coisa errada. Anna, que estava de costas para a porta, corou irremediavelmente ao ouvir a voz, e paralisou, incapaz de olhar para trás.

Tadase se aproximou da mesa, com passos hesitantes, e as garotas sorriram ao mesmo tempo, incentivando a garota a olhar para ele. Logo depois, os outros meninos também chegaram, incertos sobre a atitude que deveriam tomar, e se reuniram ao redor da mesa, sem nada a dizer. Após enviar olhares censuradores para amedrontar os garotos, Rima, Yaya, Amu e Stéffanie voltaram suas atenções para o rei e a ás, que ainda fitavam o piso com ávido interesse.

— Eles vão ficar ali sem dizer nada, olhando para o chão? – Kukai foi o primeiro a se pronunciar, sussurrando indiscretamente.

— Ssshh!! Não atrapalha! – Yaya o repreendeu, também sussurrando, e fez menção de que eles deveriam prestar atenção.

— Etto... Lewis-san, será que eu posso falar com você por um segundo? – Tadase se esforçou em dizer, encarando a garota com determinação. Ela virou o olhar para as amigas, e recebendo um incentivo silencioso de todas, assentiu com a cabeça, levantando-se lentamente – Eu quero me desculpar... – ele informou, constrangido, fitando Anna diretamente – Gomenasai, Lewis-san, por ter sido tão imprudente. Eu não deveria, jamais, ter concordado com esse ato de invasão da privacidade de vocês garotas... e também Gonçalves-kun... E-eu... estou realmente arrependido e envergonhado de tudo o que fiz, e entendo se não puder mais me perdoar. Mas... eu gostaria muito de ter novamente o seu apreço, Lewis-san, então, se você puder me perdoar… honto ni, gomenasai, Lewis-san – Ele concluiu, pesaroso, curvando-se o máximo que seu pescoço permitia. As garotas fizeram um coro de “óouuunnnn” com o fim do seu discurso, e então afiaram os ouvidos para ouvir a resposta de Anna.

I f-forgive y-you... Well... e-eu realmente não estava brava com você, p-prince charming, eu nem poderia... Please, levante-se... – ela pediu, e Tadase ergueu novamente a cabeça, com um doce e ínfimo sorriso começando a se formar – Eu estava... envergonhada... e um pouco confused... Na verdade, ainda estou. But... eu sinceramente gostaria de continuar... p-próxima a você... a-ao s-seu l-lado...  – ela sussurrou, um pouco incerta da escolha das palavras, e Tadase corou levemente, imaginando se ela estaria apenas enganada quanto ao japonês ou se estaria querendo dizer aquilo mesmo – So... I think... tudo volta a ser como era antes, correct?

— Hai, como era antes. – Tadase concordou sorrindo, não completamente satisfeito com aquele desfecho ainda, embora nem mesmo soubesse o motivo. Anna voltou a sentar-se à mesa, notadamente mais alegre, e ansiosa pela hora do chá, e o loiro sentou ao seu lado, ignorando os olhares quase perfuradores das garotas, principalmente Yaya para ele – Eu também quero me desculpar com todas vocês. Foi errado e tolo da nossa parte seguir Ikuto, e como eu sei que ele não vai se desculpar, eu mesmo tomo a responsabilidade. Deveria tê-lo parado quando tive a chance. Gomenasai, minna-san.

— Será que no hay mais ninguém aqui que queira pedir perdón también? – Stéffanie pronunciou para o ar, embora tenha discretamente encarado Nagihiko enquanto dizia isso.

— Se você está querendo que eu faça como o Tadase e peça desculpas por espiar vocês, pode ir desistindo. Eu não vou fazer isso – Nagihiko rebateu, cruzando os braços – Até por que, eu não fiz nada de errado, a culpa é do Ikuto por ter nos arrastado até lá. E além do mais, não era eu quem estava falando mal dos outros pelas costas... acho que quem tem que se desculpar é você, não é mesmo?

— Estúpido! No voy pedir disculpas a nadie! – ela sibilou, ameaçadoramente. Cruzando os braços também, virou a cara, e os dois bufaram ao mesmo tempo, irritados.

— A-ano... eu também gostaria de pedir perdão – Kairi disse, formalmente, baixando os olhos – Não deveria, em hipótese alguma, ter concordado com esse tipo de atitude. Isso foi desonroso, e eu estou envergonhado por ter sido fraco e não ter tentado impedi-los como deveria.

— Não precisa ser tão exagerado, Iinchou, acho que nós já superamos isso... – Amu sorriu para ele, que corou ligeiramente.

— Então estamos perdoados? – Kukai indagou, incerto, coçando a nuca.

— Hmm... eu não sei... – Rima ainda estava firme no plano de usar as fotos para algo grande – Quem sabe se vocês nos servirem por algum tempo? Massagens, sucos... isso me deixaria preparada para perdoar... – ela sugeriu, sem nenhuma cerimônia.

— Eu acho que vocês deveriam nos dar presentes!! – Yaya bradou, animada.

— Não acha que aquelas fotos já são um presente suficiente? – Kukai murmurou, cético – Já um grande fan-service...

— Não mesmo! A Yaya e as outras precisam de mais! O que vocês fizeram foi muito sério!! – ela replicou.

— Eu vou buscar o chá e alguns bolinhos – Amu disse rindo sem graça e levantando-se, e Kairi se dispôs a ajuda-la.

— E não vai esperar o Miguel? – Nagihiko perguntou a ela – Aliás... onde ele está?

— Ele deve estar escondido por aí, com depressão pós-chara change! – Yaya supôs, muito feliz pelos veteranos terem retornado ao Royal Garden e fazerem chá para ela.

——————————————————————————————————————

Miguel andava meio sem rumo pelos corredores da escola, sem vontade nem mesmo para almoçar. Como Grace estava voando por aí com os outros Shugo Charas – e ele se espantava com a velocidade que ela tinha para se enturmar – ele tinha tempo livre para ficar sozinho, e lamentar o fato de ter sido completamente exposto para todos os guardiões.

Agora, não havia mais nenhum segredo sobre os verdadeiros gostos de Miguel, e todos sabiam que ele realmente preferia garotos. Ele havia se sentido incrivelmente mais leve ao admitir isso para as garotas, no Chara Change, mas depois de retornar ao normal, e estava muito temeroso ao perceber que agora não apenas elas, mas os meninos que os espiavam, sabiam de tudo. Eles haviam aceitado a realidade muito rápido, e isso o assustava. Estava com medo de que essa aceitação tenha sido apenas para não atrapalhar o andamento da missão, e que na verdade sentiam desprezo, nojo, raiva… enfim, todo o tipo de sentimento que Miguel sabia que despertaria caso fosse exposto.

Estava assim andando pelo corredor, um pouco distraído com suas próprias preocupações, quando viu andando, rápido como um raio, um garoto na sua direção. Ele caminhava de cabeça baixa, com óculos enormes, que cobriam quase todo o rosto, e cabelos loiros penteados para trás.   O garoto andou rapidamente por ele, esbarrando em seu ombro ao passar, e então seguiu pelo corredor. Miguel seguiu-o com os olhos até sumir no corredor, e quando se virou novamente, deu de cara com dois veteranos, provavelmente do oitavo ou nono ano, que o encaravam com certa animosidade.

— Eu posso ajuda-los em algo? – Miguel indagou, receoso, recuando um passo. Ele conhecia bem aquele tipo de olhar, e se estava certo, era melhor estar preparado para começar a correr.

— Hunf, você é o novato estrangeiro, não é? – o mais alto deles falou, mexendo com um palito na boca enquanto escorava-se na parede. Tinha cabelos escuros e longos, bagunçados até a altura do ombro. O outro, de cabelos tingidos de loiro e o uniforme desalinhado, colocou-se por trás de Miguel, impedindo sua fuga – Você ficou sabendo que tem várias garotas muito agitadas com a sua vinda? Claro que ficou... deve estar aproveitando bastante isso nee?

— N-não sei d-do que v-você está a falar... – ele engoliu em seco, encarando o maior com dificuldade.

— Pare de se fazer de inocente, garoto! Isso me irrita! Você sabe do que eu tô falando! A minha namorada! Assim como todas as meninas idiotas dessa escola, está caidinha por você! Ela terminou comigo por usa causa, maldito!!– ele sibilou, e Miguel tremeu – Eu realmente não entendo o motivo, afinal, você tem essa carinha de garota... – ele apertou os lábios, com os olhos chispando de fúria. Miguel olhou ao redor, mas não havia uma única pessoa passando no corredor. Era o terceiro andar, e ele estava do lado mais afastado do prédio, era difícil dos alunos circularem por ali – Bem, não importa realmente. Essa sua cara de garota só me faz ter mais vontade de te bater... por culpa sua, eu perdi minha namorada, e não posso nem conseguir uma nova, franguinho! Você tem que me pagar, não acha? – ele disse, segurando Miguel pelo colarinho da camisa e erguendo-o até que estivesse com os pés fora do chão. O outro garoto ria desdenhosamente, assistindo à cena. Miguel apenas fechou os olhos e cerrou os dentes, esperando pela dor, já que sabia que não tinha chance nenhuma contra veteranos, ainda mais dois, e daquele tamanho, e argumentar contra eles estava fora de cogitação. Mesmo com olhos fechados, sabia que agora o garoto deveria estar cerrando o punho, preparando-se para desferir o golpe.

— Ei, o que estão fazendo? – uma voz se propagou pelo corredor vazio, até eles. Miguel abriu um dos olhos, discretamente, e espiou. Era o mesmo garoto de óculos, que minutos antes esbarrou nele, que estava parado no corredor encarando os dois rapazes com furor.

— Ei, Megane-kun, o que você quer hein? – o loiro resmungou, rindo com escárnio – Quer uma surra também? Pode deixar que eu providencio.

— Não mesmo! Eu não posso deixar que batam nesse garoto, é covardia! – o megane replicou, seriamente, embora seu argumento não soasse tão ameaçador quanto ele certamente gostaria.

O moreno soltou Miguel, derrubando-o no chão, e mexendo com o palito na boca avançou contra o outro garoto, com fúria. Desferiu um único soco, diretamente no estômago do loiro, que voou baixo até bater com as costas na parede. Miguel ofegou, no chão, fazendo menção a ir até dele.

— Idiota! – o moreno deu um chute no menor, arrancando mais um lamento doloroso dele – Isso é pra aprender a não se meter nos meus assuntos!

— Socooorro! – o loiro de óculos começou a gritar, apesar de respirar com dificuldade por causa da dor – Senseei! Aqui!! Socorrooo!

— Droga, ele tá gritando, vai chamar o professor – O loiro alarmou-se, correndo na direção das escadas – Foi mal cara, mas eu não quero arrumar problema pra mim! – ele disse, já descendo para o outro andar.

— Peraí! Eu vou também – o mais alto gritou, correndo para a escada logo depois. Assim que os dois sumiram, os garotos se moveram.

— Você está bem? – Miguel indagou, já de pé, estendendo a mão para o loiro. A preocupação estava transbordando na sua voz, e o megane riu, sem graça. Não era possível ver seus olhos por trás da lente, muito espessa.

— Estou – o loiro respondeu, aceitando a ajuda, e colocando-se de pé – Bom, eu sou novo por aqui, e essa é minha primeira surra... pelo jeito é melhor ir se acostumando, nee?

— Bem, eu não saberia dizer, também sou novo – Miguel respondeu, bagunçando os cabelos, como sempre fazia quando estava nervoso – M-mas... você tão está a sentir nenhuma dor? Quer que eu te acompanhe até a enfermaria?

— Eu estou bem, de verdade. Não sou tão fraco quando pareço – ele riu – A propósito, me chamo Matsui Shunsuke... e você? Não parece ser daqui... Usa um uniforme diferente...

— Ah, eu sou Miguel Gonçalves. Sou aluno de intercâmbio, vim de Portugal. É um prazer conhece-lo – disse, corando um pouco enquanto estendia a mão para Shunsuke, dessa vez para cumprimenta-lo. Ele aceitou, segurando sua mão com firmeza. O toque era gentil, apesar da mão de Shunsuke ser incrivelmente fria e áspera.

— Seja bem-vindo ao Japão.  – ele sorriu educadamente, e Miguel corou mais ainda, soltando a mão do garoto – Você... se incomodaria de me mostrar a escola agora? Sei que também é novo, mas está a mais tempo que eu, não é?

— Eu não me incomodo! – Miguel se apressou em dizer, e antes que percebesse, seu coração já batia incontrolavelmente rápido. Culpou-se por isso. Era errado, ele sabia, e condenava esse seu maldito coração que não aprendia nunca, por acelerar a cada pequeno evento – Nós podemos ir por ali – ele indicou a escada, que não era a mesma pela qual os dois veteranos fugiram antes.  Olhou de esguelha pra o garoto enquanto andava ao seu lado. Ele era mais alto, e usava um uniforme muito maior do que o que realmente seria seu número. Possuía certo porte, visível apesar da roupa grande demais, e mesmo com aqueles óculos enormes que escondiam boa parte do seu rosto, Miguel podia notar que ele poderia ser um garoto bonito, se permitisse isso a si mesmo. — Ahn... muito obrigado por antes. Por me defender. Eu devo ter parecido muito patético mesmo, não é? – ele coçou o rosto, sentindo-se estranhamente inquieto.

— Ah, não foi nada. E eu acabei apanhando também, fui o único patético. Eu não fiz nada demais. Realmente, pensei em ser um daqueles heróis de mangá shounen, sabe, mas acho que não deu muito certo – ele riu para si mesmo – Mas... acho que isso não pode ter sido apenas acaso, não é? Nós podemos ser amigos, a partir de agora. – ele sorriu de canto, fitando Miguel diretamente por trás das lentes, e ele sobressaltou, corando irremediavelmente.

— B-bem, acho que s-sim... q-quero dizer.... acabamos de nos c-conhecer, certo?? N-não é isso... e-e-eu...

— Está tudo bem. Nós temos todo o tempo do mundo – ele sorriu ainda mais abertamente, com as mãos no bolso, e então parou no meio da escada, apontando pela janela – O que é aquilo?

— Hum? Ah, é o Royal Garden. – Miguel respondeu, sentindo-se um pouco culpado. Era lá que ele deveria estar, agora. – Onde acontecem as reuniões dos guardiões. Você sabe o que são guardiões?

— Ah, sim, isso eu sei, explicaram no primeiro dia. Achei muito interessante – ele sorriu, e Miguel voltou a olhar para a estrutura de vidro que refletia intensamente a luz do sol ao longe.– Então... o que os guardiões fazem lá?

— Basicamente? Tomam chá e se metem na vida uns dos outros... – Miguel deixou escapar, sinceramente. Apesar disso... ele não odiava esse estilo de vida. Na verdade, era até agradável, em alguns aspectos.

— Miiiicchaaaaaaaaaaannn!!! Micchan!!  - ele ouviu o chamado agudo, vindo do andar inferior, e sentiu um arrepio agourento. A sensação cálida de conforto com sua nova vida sumiu de imediato. – Eu sei que você está aí, responda!

— Y-yaya... – balbuciou, desconexo, e sem pensar duas vezes, puxou Shunsuke pela manga do paletó preto, forçando-o a subir as escadas novamente.

— O que houve? – Shunsuke ofegou, assombrado.

— Por aqui! – ele replicou, sem falar alto, e arrastou o outro garoto até a sala mais próxima, ainda ouvindo o chamado escandaloso da ás. Fechou a porta, ofegante e alarmado, a tempo de ouvir os passos trépidos da garota ecoarem pelo corredor, chamando-o pelo apelido inventado. Só então percebeu que estava em um tipo de armário, cheio de produtos e objetos diferentes, todos de limpeza. O lugar era incrivelmente pequeno, e Miguel podia sentir o corpo de Shunsuke roçar em seu braço, assim como a respiração dele bater um sua nuca.

Aquilo era perigoso, e se Grace estivesse por perto, certamente resultaria em um Chara Change. Incapaz de dizer qualquer coisa, Miguel segurou com força a maçaneta da porta, apenas esperando a ás sumir para sair dali o quanto antes.

— Qual o problema? – Shunsuke se inclinou para sussurrar em seu ouvido, causando ainda mais arrepios involuntários. A voz dele era surpreendentemente sedutora, baixa e rouca daquela maneira.

— N-nada... é só que... essa garota, a Yaya... se ela me encontrar, vai perguntar sobre coisas que eu não quero falar... e me forçar a fazer coisas embaraçosas...

— Entendo... – o loiro colocou a mão no queixo, pensativo – Isso é realmente um problema. Quem sabe você não deveria dizer a ela que não quer nada disso...

— Isso não resolveria – Miguel desanimou, encarando o chão ceticamente – Na verdade, acho que só deixaria as coisas piores. Você não tem ideia do que essa garota é capaz. E as outras não ficam atrás. Elas… todas elas são... uns monstros... – ele murmurou, atemorizado.

— Então o jeito é esperar – Shunsuke suspirou tranquilamente, ouvindo Yaya gritar do outro lado da porta. Remexeu-se desconfortavelmente no espaço apertado – Com licença – disse, e passou o braço no entorno do corpo de Miguel apoiando-o na porta do outro lado – É apertado aqui...

— S-sim... d-desculpe... – Miguel respondeu, quase sem voz. Repousou as mãos no peito, tentando talvez, dessa forma, impedir que Shunsuke notasse o quanto seu coração estava agitado agora, enquanto sentia o perfume do garoto fazendo seu nariz formigar de uma maneira esquisita. Será que seu pobre coraçãozinho aguentaria até Yaya sumir? Ele não saberia dizer... mas esperava sinceramente que seu autocontrole durasse mais que a motivação da Ás de Seiyo. E era um tanto difícil de acreditar que isso pudesse ser possível.


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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO
Inglês
What is this - O que é isso?
T-t-this is... - isto é
Oh, my god! - oh, meu deus
Please - Por favor
I dont know - Eu não sei
its so weird - isso é tão estranho
I just - Eu só...
You are asking me about... feelings - Você está me perguntando sobre... sentimentos?
But, Miss Hinamori, are you dont Prince Charming's girlfriend? -
I thought - eu pensei
I feel - eu sinto
I f-forgive y-you... - Eu perdoo você
confused - confusa
So... I think - então, eu acho...
correct - correto?
Espanhol
Usted habla - você fala
niña - menina
tanbién - também
Bién - bem
yo hablava - eu falava
quién - quem
piensa - pensa
ahora es esta - agora é essa
en su corazón - em seu coração
Lo más importante - o mais importante
No voy pedir disculpas a nadie - Não vou pedir desculpas pra ninguém
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Bom, espero que realmente tenham gostado do capítulo. Sinceramente, é um dos meus favoritos. Mas, então, digam o que acharam, okee? Não torturem a mim e à Teffy-chan deixando-nos sem reviews, até por que, ela não tem nada a ver com a minha falta de planejamento nos horários!
Etto... Eu pensei em fazer um desenho ou uma montagem do Shunsuke-kun, para apresentá-lo a vocês - e esse foi outro motivo para o atraso, mas como visto, faltou tempo... e também eu to sem o editor de imagens no pc. Como eu não consegui fazer, procurei por algo que se aproximasse do que eu e a senpai pensamos, então, aqui está o desenho. Só para frisar, não foi eu quem desenhou.
http://www.zerochan.net/442514
Digam o que acharam dele, também ^w^
Etto... acho que é isso... honto ni gomenasai pelo atraso, onegai, não nos abandone!...
~
Próximo capítulo com a senpai, otanoshimini o/!



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