Quando Silena abriu os olhos novamente*, ela se viu de pé sobre a areia fofa e quente de uma ilha. Ela estava nos Campos Elísios.

Sua visão ainda estava levemente turva, e quando tudo finalmente se ajustou, ela observou melhor o cenário, um considerável número de pessoas (que pareciam mais vivas do que Silena poderia esperar) que pareciam bem felizes andavam de um lado para o outro, conversavam ou simplesmente aproveitavam o “mar” que cercava a “ilha”.

Na sua frente, um jovem moreno, alto e musculoso jazia meio sentado, meio deitado. Ele a encarava como se não pudesse acreditar no que via, e começou a se levantar lentamente. Zeus… era ele mesmo!

- CHARLES! - Silena gritou, correndo na direção do jovem, e se jogou em seus braços. Ele a abraçou com força, sorrindo.

- Silena! - Charles a afastou por um segundo e logo a beijou. Um beijo terno, carinhoso, longo e quente que poderia durar o tempo que eles quisessem (já que agora respirar não era uma necessidade extrema). Mas, quando se afastaram, se abraçaram novamente. - Como eu senti sua falta, pequena. Nada é a mesma coisa sem você.

- Eu também senti a sua. - Silena respondeu, e se surpreendeu ao perceber que estava chorando. Ela não sabia que mortos podiam chorar. Sinceramente, ela não sabia que poderia fazer metade das coisas que estava fazendo, como beijar, sentir, abraçar e etc. Ela ainda tinha muito que aprender sobre essa nova vida… vida? Vida após a morte? Enfim, isso não vinha ao caso naquele momento.

Cada vez mais, ela chorava. Era inacreditável, e agora ela se lembrava do porquê de estar morta. E se sentia culpada.

Charles a acariciou, tentando acalmá-la.

- Por que tá chorando, Silena? Está tudo bem agora. Estamos a salvo. - Ele a consolou, e Silena assentiu, tentando se controlar. Eles se sentaram e a filha de Afrodite lhe contou tudo que havia acontecido na guerra. Sobre ser a espiã, sobre os planos de Cronos, sobre como estava indo a batalha, sobre tudo. E também, sobre como estava se sentindo.

Eles conversaram por horas e horas, e logo estavam rindo novamente. Se beijando. Brincando. Dizendo “eu te amo” um para o outro. O melhor de tudo é que tinham literalmente uma eternidade pela frente e não precisavam se preocupar com nada por enquanto.

E agora, Silena sabia que aquela coisa de “até que a morte nos separe”, que os mortais diziam em casamentos, não era verdade. Nem a morte podia separar ela de Charles. Seu Charles.