POV EDWARD

Havia se passado um mês e meio desde o trágico acidente de Rosalie. E durante esse tempo, aconteceram inúmeras coisas. Bella e Stefan terminaram por um motivo desconhecido por mim. Claire estava ainda mais atrapalhada que de costume, e a barriga de Alice já denunciava o quarto mês de gestação. Quanto a Jasper; só faltava explodir de tanta felicidade e tristeza. É estranho, mas, devo admitir que sinto falta da loira demoníaca. Era quase, vejam bem, quaseuma irmã para mim. No final das contas, ela parecia muito uma versão feminina minha. Emmett está diferente. Muito diferente! Apesar de ás vezes fumar maconha, ele só o faz quando realmente está nervoso e por causa da Claire, abandonou a bebida e os vícios do passado. Deus seja louvado! 

 Ás vezes eu desconfio de algumas coisas, mas, prefiro manter segredo. Deixar que certas suspeitas fiquem em minha imaginação – que,aliás, não é nem um pouco confiável.

– Olha... – a loirinha aproximou-se sorrateiramente de mim. Eu estava sentado em uma das cadeiras de sol, com óculos escuros, a fim de tomar um bronzeado. Quando a pestinha apareceu, toda petulante, com as mãos nos quadris e aquele olhar 43 que certamente assustaria até o capeta – Vamos direto ao ponto – a Mini-Barbie pigarreou – Eu não gostava de você – começou, sentando perto de mim. Arqueei a sobrancelha, incentivando-a continuar – Mas também não gosto muito do Stefan – dito isso, amarrou os cabelos em um rabo de cavalo frouxo e tomou um gole de seu suco – Mas, helloooou! Ta na cara que você gosta da tia Bells. Uma voz do além – ela sorriu fracamente e, se não estivesse com os óculos, podia jurar que as bochechas dela coraram. Mesmo que por poucos segundos – Mandou eu te dizer isso: Ou você corre atrás da tia Bells, ou o cachorro sarnento do Jake fica. E convenhamos, além de muito novo para ela ele é totalmente irritante! – exclamou. Depois disso, voltou a bebericar o suco.

Franzi o cenho, absorvendo as palavras dela. Sempre detestei esse jeitinho arrogante da garota, mas, devo confessar que esse lado ela puxou de mim. O que posso fazer? Não querendo ser convencido nem nada, mas, sou ótimo em tudo o que faço. Eu não queria pensar na Bella com aquele escroto do Jacob de maneira alguma. Mas sabe Claire assim como a mãe tem aquele maldito dom de entrar na sua cabeça e plantar a sementezinha da discórdia.

Certamente a cobra que manipulou Eva no jardim do Éder, se chamava Rosalie. Ou Claire. Então, contra minha vontade, fiquei a pensar em Bella nos braços de Jacob; nos dois agarradinhos, na beira da piscina. Ela apenas com um biquíni tomara que caia, roubando toda a atenção não só do Sol, como de todos a sua volta. Sim ela sempre teve esse brilhozinho irritante, que tudo e todos a sua volta. Sim eu ainda quero repetir a dose de algumas noites atrás e puxá-la pelos cabelos da forma mais louca e selvagem que você possa imaginar. Quero acordar e me deparar com aquele sorriso cínico que ela, pode até não perceber, mas é de uma ingenuidade tão única...

– Ei, bobalhão – a pequenina despertou-me de meus devaneios. Olhei para ela com uma careta de deboche e ela retribuiu com um sorriso – A diferença entre você e aquele cachorro é que ele pensa menos e faz mais. Ao contrário de você, que tem se mostrado um inútil! – exclamou maliciosa.

Revirei meus olhos. Santo Deus! Outra loira demoníaca na minha vida. E essa bendita miniatura da Rosalie consegue ainda ser mais insolente e irritante que a própria. Eu mereço! 

– Eu tenho certeza de que não foi o Stefan que incendiou aquele internato... – comecei, levantando-me – Foi você. Não foi pestinha? Devo admitir que você é uma ótima atriz, e uma excelente mentirosa mas... – aproximei-me dela, que desafiadora, arqueou a sobrancelha – Não me engana. Você é a mente perversa que sempre esteve por detrás dos crimes mais sórdidos não é?

Ela suspirou fundo. Revirou os olhos. Afastei-me um pouco e me preparei para sair dali, mas, não sem antes ouvi-la dizer:

– Além de bobalhão, inútil e preguiçoso é mafioso também? Os espíritos se revoltaram Edward. Não brinque comigo! 

Eu realmente não sei dizer o porquê, mas, de repente senti um frio percorrer todo meu corpo. Eu devo estar escutando coisas porque, sinceramente, não é possível! Por uma fração de segundos, pensei ter escutado a voz daquela loira mal-encarnada. Vir-me-ei, para olhar uma última vez em Claire que parecia estar fora do planeta terra com os fones de ouvido.

– Tem que chamar um exorcista – disse a mim mesmo, virando as costas e adentrando a casa o mais rápido que consegui.

– Chame um pra você também, queridinho! Está cheio de demônios.

Dei uma olhada por sob o ombro, para certificar-me de que aquilo não passava de uma brincadeira de mal gosto da garotinha. Mas nada. Ela continuava imóvel.

Oh céus! Eu devo estar ficando doido!

– Nunca, nunca mais eu vou dar ouvidos ao maluco do Jasper. Nunca mais volto a fumar maconha! – jurei para mim mesmo, enquanto, desajeitava, tratava de fechar a porta da frente.

[...]

Sempre tive medo de fantasmas, demônios e etc. Embora nunca tenha admitido em voz alta. E isso me assusta. Sempre assustou, aliás. Estava na cozinha, preparando a cesta para o piquenique quando Isabella chegou na cozinha, apenas de hobby. Ela olhou para a cesta e em seguida para mim, com uma expressão curiosa.

– Vai para um encontro? – perguntou, com a boca cheia. Apesar de perversa, perfeita, gostosa, arrogante e marrenta... Certos hábitos da antiga Bella não deixaram seu corpo completamente. Não pude deixar de sorrir com o pensamento – Quem é a vadia? – pergunta e então cobre a boca, com os olhos arregalados. Provavelmente assustada por ter dito em voz alta.

Sorri divertido.

– Você! – exclamei, fazendo-a se engasgar com a maçã. Enquanto ela tentava se recuperar, eu fiquei a analisar descaradamente o estado dela: Os cabelos estavam cacheados e rebeldes, os seios um pouco expostos pelo decote nada discreto e as pernas... Mordi meu lábio e, ao sentir uma determinada parte do meu corpo “criar vida” tive de me obrigar a virar o rosto.

Dame tu mano,
Devuélveme el aire
Di que me amas
Que no eres culpable,
Por lo menos un momento
Dime que esto no es cierto.

– Eu... O quê? – perguntou num sussurro, após ter cuspido praticamente a maçã toda; as bochechas estavam pegando fogo. E os olhos brilhavam timidamente – Isso é algum tipo de pegadinha, Edward-cara-de-cu? – perguntou desconfiada.

Revirei os olhos, passei por ela e fui em direção à geladeira.

– Não. E eu não tenho cara de oficio anal – disse, fazendo-a exibir o dedo médio em resposta ao nome politicamente correto – Eu posso ter cara de bunda, admito. Mas de cu não! – após perceber o quão ridículo aquilo soou, eu e Bella caímos nas gargalhadas. Segundos depois eu terminei de preparar a cesta, ainda constrangido pelo o que dissera – Vá se trocar e coloque um biquíni – eu disse, sorrindo-lhe.

– Vamos lanchar fora de casa? – perguntou ela confusa. 
Novamente, me vi forçado a revirar os olhos.

– Não! Nós vamos para um lugar que, creio eu, você nunca foi antes – sorri.

[...]

Confesso que Bella e eu ficamos a discutir por alguns instantes, já que ela recusava a vestir o bendito biquíni e eu estava quase, vejam bem, quaseindo trocá-la pessoalmente. Mas, ela é lúcida e um pouco retardada... Lúcida porque ela tomou a decisão certa e retardada porque nós sabemos perfeitamente que ela vai acabar despida no fim da tarde. Eu estava vestido adequadamente para a ocasião; bermudão, camisa jeans e a minha cara de modelo de cuecas. Sem falar nos olhos claros que seduzem as meninas e...

– Pronto! – exclamou ela, ainda nas escadas. Me virei para poder encará-la atentamente e, não pude reprimir a imensa vontade de sorrir. Ela estava terrivelmente sexy com aquele short curto e a camisa regata preta. Os cabelos estavam soltos e o rosto completamente desprovido de maquilagem. Nos pés nada mais que uma sandália básica e, o rosto expressava um certo desconforto. Obviamente, a culpa era minha – O que é que está olhando babaca? Nunca viu uma garota sem maquiagem antes? – perguntou irritada.

Oh os olhos dela, os olhos dela
Fazem as estrelas parecerem que não têm brilho
O cabelo dela, o cabelo dela
Recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada
Ela é tão linda
E eu digo isso pra ela todo dia

Eu estava fascinado. Verdadeiramente encantado com toda aquela beleza da Bella. Mas, eu não iria perder a oportunidade, né?

– Garota? – franzi a testa, rindo – Está mais para a noiva cadáver! – exclamei, recebendo em resposta um soco no ombro e um “vá se foder!”.

Depois disso, fomos em direção a garagem e, então, ao meu carro. Eu havia colocado a cesta no banco de trás, meio que obrigando a engraçadinha sentar-se ao meu lado. Assim que coloquei a chave na ignição, Bella lançou-me um olhar esquisito. E eu acabei retribuindo com um sorriso tímido.

– O que foi? – perguntei confuso. Ela mordeu o lábio, igualmente tímida e então retruca

– É bobagem... – Não desisti, pressionei-a até que ela suspirou derrotada e exclamou – Eu estava lembrando que nossa primeira vez foi no banco traseiro desse carro – confessou por fim, corando até os últimos fios de cabelos se é possível. Desviou os olhos dos meus, fazendo com que eu sorrisse largamente. 

– É. Eu acho que me lembro desse dia – disse, fazendo-a voltar sua atenção para mim. Meu coração acelerava cada vez mais que o sorriso dela ia se alargando. Meu Deus! Como é possível uma garota ser assim; tão cruel vingativa e ainda sim, ingênua e extremamente linda? Só nesse instante, percebi o quão solitário e vazio fiquei após sua partida. O sorriso murchou em meus lábios e suspirei.

Sim eu sei, sei
Quando eu a elogio, ela não acredita
E é tão, é tão
Triste saber que ela não vê o que eu vejo
Mas sempre que ela me pergunta se está bonita
Eu digo

Liguei o carro. E em seguida o radio. Para minha surpresa e a de Bella, estava tocando a mesma canção que há alguns anos atrás. A canção que marcou nossa primeira vez.

Spanish Guitar – Alexandre Pires feat. Toni Braxton. Nos olhamos rapidamente e, praticamente, no mesmo segundo, coramos de um jeito que parecia coisa de filme. A viagem durou cerca de uns vinte ou trinta minutos, e um silêncio constrangedor para completar.

– Já chegamos? – era a décima vez que Bella perguntava, em menos de cinco minutos. A impaciência dela só fizera eu me lembrar de coisas... Anteriores e eu ri.

– Não! – respondi, sem aspereza ou rispidez. Creio eu, ao menos, que disse num tom divertido – Deixa de ser apressada – sorri para ela, que inconscientemente, fez biquinho 

– Só falta um pouco...

– Já está falando isso há uns trinta, cinqüenta minutos! – respondeu alterada – Edward, já estou ficando agoniada. Eu vou me jogar desse carro... – tagarelava, nervosamente. E gesticulava com as mãos. Revirei meus olhos e aumentei ainda mais o volume do radio, para ver se assim ela calava a boca.

Não surgiu o efeito que eu esperava, mas, pelo menos a doida parou de falar. Começou a dançar e a jogar os cabelos de um lado para o outro enquanto eu ficava a me imaginar como um anime sabe? Com a veia saltando na testa e a vontade incontrolável de matá-la com meu Ki. Para melhorar ainda mais a situação a música era das Spice Girls, se eu não me engano. Jasper escutou muito isso durante nossa infância e sim, eu tive um irmão homossexual não assumido uma vida infeliz e porquinhos de madeira que Emmett fazia para logo em seguida destruir com meus bonecos.

Limpei uma lágrima solitária que escorreu pelo meu rosto, sem que Bella percebesse. Era o Wood do Toy Story, cara! Edição limitada.

– Pronto chegamos – eu disse, após uns segundos. A dor de perder meu boneco jamais terá fim. Jamais! É muito profunda cara.

O lugar ficava ao norte da cidade de Forks; em uma floresta maravilhosa. Eu a descobri quando Bella e as irmãs foram embora da cidade. Era meu refugio. Meu santuário. Era uma pequena cabana, aparentando estar caindo aos pedaços; era feita de madeira e as janelas estavam abertas. Um pouco longe dali, tinha um lago e cachoeira. Bella, ao sair do carro, arregalou os olhos. Completamente surpresa e encantada com a vista.

– Edward! – ela exclamou num sussurro. Virando-se para mim, disse, olhando nos meus olhos – É lindo! – suspirou fundo – Uau!

Eu ri, enquanto tirava a cesta de dentro do carro. Tinha aproveitado para “pegar emprestado” um vinho dos Swans. Só espero que não tenha passado do prazo de validade. Ou que Jasper não tenha o batizado com LSD.

Coloquei a cesta perto da cabana, e em seguida fechei o carro. Aproximei-me marotamente de Bella, e peguei-a no colo de surpresa. Fazendo-a soltar um gritinho típico de menina. Rindo, exclamei:

– A melhor parte, você ainda não viu! – disse sorrindo. 

– O que pode ser mais bonito que isso? – perguntou desconfiada. 

Quando eu vejo o seu rosto
Não há nada que eu mudaria
Pois você é incrível
Exatamente como você é

FIM DO CAPÍTULO.