Procuro Um Namorado! escrita por StardustWink


Capítulo 6
Tentativa 6: O sol depois da chuva.


Notas iniciais do capítulo

Eu sou uma pessoa malvada demais, deus. Mil desculpas pelo atraso imenso! Eu realmente estou muito, muito, muito feliz em anunciar que em meros 5 capítulos já alcançamos a meta de 50 comentários! ;v; vocês não imaginam o quão feliz eu estou agora, pessoal!!
Eu queria agradecer à todos os leitores que deixaram comentários, sejam os fiéis ou os que juntaram-se a mim à pouco tempo, e também aos fantasminhas que me fazem pular de alegria mesmo que não tenham comentado ainda. Eu amo toooodos vocês, e por isso me esforcei para postar ainda hoje o capítulo 6. ♥33
Enfim, os comentários do capítulo vão lá em baixo. Muitas coisas acontecem. Isso ficou longo, deus.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/248467/chapter/6

Era uma manhã chuvosa.

O barulho dos pingos d’água batendo incessantemente na janela criava uma melodia serena, contrastando com o desespero e confusão do dia anterior. Realmente, era ironia por parte do céu de fazer chover justo no dia seguinte a um incêndio.

Uma jovem de mechas azuis e olhos cor de safira pensou isso ao olhar para o noticiário da manhã, já tendo tomado conhecimento daquilo graças a seu vizinho de apartamento e melhor amigo - que, por sua vez, era o mesmo que ela tivera de segurar para que não fosse atrás de sua “namorada virtual” quando ficara por muito tempo sem notícias dela.

Correção - Ainda não namorada virtual. Por mais que fosse óbvio que os dois ficariam juntos no final de tudo, do jeito que ele estava preocupado.

Juvia tinha ficado excepcionalmente feliz ao descobrir que não só a garota morava na mesma cidade em que eles, mas como também conseguira se dar bem com Gajeel - E não é que destino existia mesmo?

Agora ele finalmente irá entender os sentimentos da Juvia! Ela concluiu triunfante, tomando um gole de chá que a esquentou até a alma e queimou sua língua. Droga! Quente demais.

Massageando os lábios, ela direcionou o olhar à janela. Acompanhou uma gota grossa de chuva enquanto ela ziguezagueava pelo vidro até desaparecer na beirada, e apertou mais a xícara que segurava com as mãos.

Juvia odiava chuva.

Uma criança de mechas azuis presa seguramente por um cinto num carro, entediada. Tinham de demorar tanto assim para chegar a casa? Ela estava com fome!

Ela lembrava coisas ruins, coisas que ela queria esquecer.

Uma jovem de feições delicadas parada na praça, os olhos grudados ao chão e as roupas encharcadas com a chuva. Um homem à sua frente, inventando desculpas, desculpas, mas nenhuma verdade.

E, sobretudo...

Uma curva perigosa, um carro derrapando, uma garota segura por entre os destroços.

Um adeus, que demorara até demais para chegar. Mais um que a abandonava.

Ela odiava a chuva, por tê-la afastado das pessoas.

Uma menina de roupas negras e lágrimas no rosto, com o coração despedaçado.

Uma mulher de mechas azuis e olhos tempestuosos, quebrada em pedaços.

Por tê-la feito uma covarde.

A moça ergueu-se repentinamente, levando o copo até a pia. Agarrou sua bolsa com rapidez, pegando também o guarda-chuva e girando a chave da porta. Não, ela não tinha por que pensar nisso agora.

Além disso, a bióloga não tinha mais o que se preocupar - a chuva não poderia levar mais nada de si, não sem que ela lutasse antes. E, também...

Ela já havia sido salva, por ele.

– Gray... Será que você lembra? - Ela indagou para o nada, fitando o cenário da cidade pela janela do sétimo andar.

Não importa. Ela fechou os olhos, sorrindo. Mesmo que você não se lembre...

E desatou a andar, tomando seu tempo para apreciar mais uma vez a vista. Por mais que o céu parecesse feio e sujo borrado de cinza, ela havia aprendido a esperar.

– Você não devia se preocupar com isso.

Ele tirou o guarda chuva de sua visão, apontando para o céu. - Minha mãe dizia que um dia chuvoso é apenas preparação para o sol que vem depois. Sabe o que isso quer dizer?

Ela fez que não, os olhos com um brilho curioso.

– Que as coisas sempre melhoram, não importa o quão triste possa ser o presente. - Ele sorriu, os raios da luz que surgia iluminando seu rosto.

Juvia podia jurar que, naquele momento, ele parecia um deus. Ou alguém igualmente perfeito.

– Não vale à pena magoar-se com a chuva. Ao invés disso, espere pelo sol!

–--- x -----

A mulher de olhos azuis claros e mechas brancas que quase perdera sua irmã na noite anterior agora temia perder algo além - sua paciência.

Ela normalmente era uma moça calma e controlada. Era difícil fazê-la perder o sério, e mais ainda fazê-la querer socar alguém até a morte. E tudo bem que a vida dela andava um pouco fora do normal ultimamente, mas, mesmo assim...

Por que exatamente eu tenho que conviver com isso? Era o que Mirajane pensava ao observar seu irmão e sua secretária discutirem que nem criancinhas de três anos.

– Isso não é coisa de homem! Minha irmã perdeu tudo ontem e você vem aqui para importuná-la com trabalho, Ever?

– Ugh! Dá para você me escutar?! Eu não vim por causa disso, seu grosso idiota!

– Veio por que então?

– Não é da sua conta!

– É claro que-

CHEGA! - A albina levantou com um estrondo, a cadeira em que sentava agora tombada no chão e uma aura maligna pairando sob seu ser: Uma visão excepcional da antiga Demônio Strauss.

As duas pobres almas olharam-na com temor, parando a troca de insultos para encolherem-se em seus respectivos bancos.

– Uh... Mas, mudando de assunto, temos que conversar. - Evergreen recomeçou a falar, olhando friamente para o homem do quarto. - A sós.

– Tudo bem. - A outra suspirou. Seu irmão fez menção de protestar mais uma vez, mas a mulher cortou-o antes que pudesse falar algo. - Elfman, sério, está tudo bem. Vá cuidar da Lisanna um pouquinho, sim?

– ...Tá. - Ele levantou-se lentamente, recusando-se a dar por vencido. Curvando-se para fitá-las mais uma vez, apressou-se para longe delas no corredor.

– Certo. - A beldade virou-se para sua secretária, ainda um pouco alterada. - O que queria me dizer?

– Primeiro de tudo, - a mulher subiu seus óculos com o dedo indicador, olhando-a com um traço pequeno de preocupação. - Queria te perguntar mais uma vez se você quer mesmo voltar ao trabalho tão cedo. Não tem problema nenhum ter alguns dias de folga...

Na-ah! Ever, o que foi que eu te disse? - Ela fez um sinal de não com o dedo, bufando. - Agora com minha irmã aqui, tenho mais bocas para alimentar!

– Mas , Mirajane...

– E além disso... - A moça abriu um sorriso fraco, desviando o olhar. - Eu não estou num cemitério agora, Ever. Estou numa sala de hospital, com minha irmãzinha segura a alguns quartos de distância. Eu não preciso ficar de luto, foi só um susto.

– E eu agradeço aos céus por isso. - Arfou a outra, passando uma mão pela testa. - Você não imaginaria o meu desespero ao saber que a sua casa estava pegando fogo. Quase tive um ataque do coração!

A albina sorriu. Sua secretária podia não ser exageradamente gentil, nem submissiva, muito menos uma que fizesse todos os seus desejos. Mesmo assim, ainda sabia que Ever tinha um coração de ouro por baixo de todo aquele couro que estava usando.

– E é por isso que eu decidi uma coisa. - Evergreen tossiu, chamando a atenção da albina. - A partir de agora, Mira...

Alguma coisa a dizia que aquilo não seria bom.

– Você vai ter um guarda costas.

Viu?

– Um o quê? - Franzindo a testa, a modelo curvou-se para frente para ver se tinha escutado certo. - Ever, você não sabe que eu---

– Tem cinco anos de experiência com luta livre, você já me disse. - Interrompeu-a. - Mesmo assim, eu tenho que garantir a sua segurança a qualquer custo. E, como conheço uma pessoa perfeita para este emprego...

Não, não, não!– Mirajane levantou-se, batendo o pé de um modo infantil. - Eu já disse, não preciso disso! Pode cancelar com seu amigo, eu não vou-!

– Tarde demais, ele já está aqui. - A morena apontou para trás dela, fazendo com que a beldade se virasse.

O que ela viu - ou melhor, quem ela viu - despertou as memórias que há dias atrás ela tentara tanto esquecer. Por que o passado era tão teimoso de ficar a perseguindo por aí? Não dava para, pelo menos uma vez na vida, ela poder desfrutar em paz da vida perfeita que tinha conseguido?

Tudo bem, não era uma vida perfeita e ela sabia disso. Mas, por mais que sentisse um pouco de falta do tempo em que ela poderia ser ela mesma e não só uma modelo em frente às câmeras, o acontecimento com sua irmã tinha a ensinado uma lição que ela não iria esquecer facilmente.

Virou-se para a pessoa que não via há tempos. Notou os traços de idade, e perguntou-se para si mesma o quanto o tempo poderia ter feito com ele, do mesmo modo que fizera consigo.

E, mais do que tudo, perguntou-se como exatamente Evergreen o conhecia e o achava responsável o suficiente para ser um guarda costas.

– Bixlow? - Seus olhos azulados cintilaram curiosos, como se quisessem lê-lo.

Silêncio.

–... Strauss? - Ele piscou, ajeitando a boina preta que usava com uma das mãos. Após isso, abriu um longo sorriso. - É você mesma! Quase não te reconheci com essas roupas!

Ela olhou para o vestido que usava, uma das únicas peças de roupa que tinha deixado na casa do irmão e que lhe restavam. A antiga Mirajane nunca usaria algo assim. Corando levemente, ela desviou o olhar, não sabendo o que responder.

– Ah? Vocês se conhecem? - Evergreen arqueou uma sobrancelha, olhando de um para o outro com o rosto confuso.

– Claro! Como não esquecer da Demô-

Ele teria terminado, claro, se não tivesse sido brutalmente abatido por uma Strauss furiosa.

– Sim... Nos conhecemos sim, Ever. - Ela respondeu por ele, sorrindo como se nada tivesse acontecido. Depois, recuperou a pertinência que tinha no rosto. - Mas isso não vem ao caso! Já disse, não quero um guarda costas!

– Eu concordo... Não acho que essa aí precise de um segurança ou coisa do tipo. - Bixlow estremeceu, uma mão posta sobre a pancada que levara na cabeça.

– Você também...! - A secretária estreitou os olhos, aborrecida. - Se não quer um emprego, então esqueça, posso arrumar outra pessoa! - Ela virou-se para a modelo, - Mas eu não posso deixar você sozinha depois do que aconteceu!

Ambos ficaram quietos. Mirajane arriscou olhar para o lado, encarando seu antigo amigo receosa. Das pessoas que ela poderia escolher... Tinha de ser logo alguém de seu passado?

Pelo menos você pode confiar nele, sua mente a lembrou. Ele já a conhecia a antiga Mira, conhecia seus defeitos e tudo o que ela queria mais esconder. Mesmo que ela tivesse o deixado para trás como todos os outros... Sentia que poderia contar com ele, de alguma forma.

Além disso, a albina estremeceu, Não queria nem imaginar se ,ao invés do Bixlow, fosse o...

Ela engoliu em seco.

–Tudo bem, eu aceito. - Concordou, cruzando os braços. - Mas nem pense que quero alguém me vigiando 24 horas por dia! Estou morando com meu irmão, não é que ele vai me deixar sair por aí para me meter em encrenca enquanto estiver lá.

–... Pode ser. - A outra suspirou, ajeitando os óculos com um dos dedos. Sabia que a modelo não era de desistir do que queria, mesmo com aquele sorriso doce - E, sinceramente, Ever não estava afim de discutir depois da dor de cabeça que fora a de ontem.

– Yay! - Mirajane deu um pulinho, batendo as mãos. O homem ao seu lado pareceu surpreso com a reação que ela teve, mas acabou por ficar quieto.

– Depois conversaremos mais sobre isso. - A secretária finalizou a conversa, lembrando-se internamente de perguntar como exatamente sua chefa e seu amigo se conheciam. - Ligarei para você depois para discutirmos os detalhes, Bixlow.

– Tudo bem, então. - Ele coçou a cabeça, mais relaxado. As miniaturas de madeira que decoravam sua mochila chacoalharam um pouco com o movimento, e só depois disso a albina percebeu que ele as usava.

Sorriu, com um brilho nos olhos nostálgico. Depois, virou-se para os dois. - Bom, eu vou dar uma olhada na minha irmãzinha agora. Foi bom te ver, Bix.

Ele deu um de seus sorrisos usuais, e ela não gastou tempo em retribuí-lo - sentia falta dele, afinal de contas.

– E... Ever?

– Hm?

– A minha folga de almoço ainda vale?

– Te deixei livre até as quatro hoje, Mira, não se preocupe.

Isso aumentou ainda mais o seu sorriso. A beldade acenou mais uma vez para os dois, tornando a desaparecer pelo corredor.

– Ela mudou muito... - Evergreen ouviu um murmúrio do amigo, e olhou para o lado. Este pareceu notar isso, e perguntou mais alguma coisa.

– Mas, para ver a Strauss desse jeito... O que você disse que ela era, Ever?

– Onde é que você vive, hein?! - A secretária exclamou, mais confusa que frustrada. - Ela é uma modelo, e uma bem famosa por falar nisso! Aparece em revistas, propagandas, tudo!

– Modelo...?

Ele encarou Ever. Depois o corredor. Ever. O corredor mais uma vez.

Depois disso, caiu sentado no chão.

– Caramba... - Foi o que falou. De onde quer que fosse que a conhecia, não devia ser quando esta já trabalhava em comerciais e passarelas.

Então de onde? A mulher bufou, irritada. Odiava não saber das coisas à sua volta.

–---x----

Já se aproximando do quarto, Mirajane ia relembrando de tudo que tinha acontecido nos últimos minutos. Guarda costas, amigo antigo, confusões...

Suspirou. Pelo visto, teria muito que explicar. Pelo menos agora que tinha uma folga, poderia matar a saudade da irmã e aliviar-se do susto que fora quase perdê-la.

Ela parou em frente à porta meio aberta, porém, ao ouvir vozes lá de dentro. Uma, sem dúvidas, era de Lisanna, mas a outra... Também era de uma mulher!

Com os passos leves, olhou por entre a brecha grande que a porta deixara. Lá estava sua irmã, junto com uma loira alta que ela reconheceria em qualquer lugar.

Onde está o Elfman? Mirajane não o viu no quarto, e nem quando passou pelo corredor. Será que foi buscar comida?

Voltou a olhar para Lucy. Ela estava sorrindo... Pareciam se dar bem. Chegando um pouco mais perto, conseguiu escutar um pouco da conversa delas.

– Ah, e eu não me esqueço da vez em que ele colocou um balde d’água na porta da sala e eu fiquei toda molhada! No primeiro dia de aula, para piorar! - A escritora mirim reclamou, causando uma onda de risos da albina deitada na cama. - E ele ainda quis que eu me desculpasse por ter entrado antes do Gray, vê se pode!

– Pfft! - Lisanna colocou uma das mãos na boca para abafar o riso. - Acho que ele nunca te contou como o Happy ficou com azul permanente no pelo, não?

– Então não é natural? - Os olhos de Lucy se esbugalharam.

– Ele diz que é porque não quer admitir o que fez. - A outra deu de ombros, sorrindo.

– Eeh?! Me conta, vai! - A loira chegou mais perto da cama, curiosa. E, por mais um tempo, continuaram as duas expondo todos os podres de um tal garoto de cabelo rosado. Mira ficou até com vontade para gravar isso e usar como chantagem...

Sabe como é, melhor prevenir do que remediar. E ela queria ver a cara do Dragneel ao ouvir aquelas duas rindo da cara dele, seria divertido!

A beldade pensou em denunciar sua presença abrindo a porta, mas foi interrompida por um alarme vindo do celular de alguém. A Heartfillia pegou o aparelho nas mãos, engolindo em seco ao ver a hora.

– Epa! É melhor eu ir, daqui a pouco acaba meu horário de almoço. - Ela sorriu mais uma vez para a outra. - Desculpa só ter vindo te ver agora, eu tive que ir se quisesse acordar cedo hoje.

Mirajane sabia ler as pessoas, e detectou a mentira no momento em que foi dita. Estava muito cedo para que ela fosse pelo horário, então...

Decidiu que perguntaria isso depois, quando o tempo fosse certo. Continuou ouvindo a conversa.

– Não sei se posso voltar amanhã, mas... Verei o que posso fazer. - Ela abriu um sorriso. - Foi ótimo te conhecer, Lisanna. Não sabia que poderia ter alguém que soubesse de tantos podres do Natsu assim.

– Digo o mesmo, Lucy. - A Strauss mais nova, - E não se preocupe. Quando eu sair daqui podemos nos encontrar para conversar mais.

– Okay! - A mulher de olhos achocolatados concordou. Depois disso, piscou. - Ah! - Lembrando-se de algo mais, ela buscou por alguma coisa em sua bolsa, e de lá tirou um livro.

Lisanna pegou-o com curiosidade, olhando para o título. Ao seu lado, a loira apontou um dedo para o mesmo.

– Deve ser um saco ficar sem fazer nada num quarto de hospital, então eu achei que um romance não faria mal. - Ela diminuiu o sorriso. - Espero que goste de livros de fantasia...

– Se eu gosto? Eu amo! - A albina sorriu para a outra. - Obrigada! Eu realmente precisava de uma distração.

– De nada. - Lucy ajeitou o cabelo, olhando outra vez para o relógio. - Agora eu tenho mesmo que ir. Nos vemos depois, ok?

– Tá bom! - Acenando, a loira começou a se mover em direção à porta. Com movimentos rápidos, Mirajane desgrudou de sua posição na parede e reclinou-se num canto, bem a tempo de vê-la saindo.

– Ah, Lucy! - Ela a chamou, fingindo surpresa.

– Mira? - A jornalista piscou, um pouco confusa. - Não tinha te visto... Você estava aí antes?

– Não, não, acabei de voltar. - Mentiu. Não queria que ela soubesse que estava bisbilhotando, afinal de contas.

– Hmm... - Lucy pareceu desconfiada, mas ficou quieta. Depois de uns segundos, continuou. - Bom, eu tenho que ir agora. Mande um oi para o Elfman para mim, tudo bem?

– Ok... - A modelo concordou. - Ei, Lucy?

– Que foi?

A albina a encarou por uns segundos, curiosa. Sabia que esta escondia alguma coisa, mas... Não queria atrasá-la. Seja o que for, esperava que não fosse importante. Problemas grandes escondidos sempre davam em confusão!

– Só... Obrigada por vir visitar a Lis. - Optou por agradecer, ao invés disso. - Ela estava meio traumatizada hoje de manhã, então...

– Sem problemas! - A Heartfillia sorriu. - Ela parece muito com você.

– É mesmo? - Ela retribuiu o gesto, feliz com essas palavras. Antes, era o contrário. Elas eram tão diferentes...

– Errr... Melhor ir ou eu me atraso. Até mais!

– Ah, até! - Ela respondeu, só à tempo de ver Lucy saindo pelo corredor. Fez um muxoxo, entrando depois no quarto. Sua irmã estava lá, já com o livro nas mãos e lendo a primeira página.

– Ei, Lisanna...? - Chamou sua atenção, fazendo-a pousar o livro em cima do lençol.

– Ah! Já voltou? O que você resolveu com a sua secretária?

– Nada de mais. - Mudou de assunto, não queria pensar nas complicações que viriam depois com aquela história de segurança. Aproximou-se da irmã, sentando na cama. - Que livro é esse?

– Ah, a Lucy me deu quando passou aqui. - Lisanna abriu um sorriso. - Ela é exatamente como você me contou!

– Fico feliz que tenham se dado bem. - A albina ajeitou o cabelo. - Agora... Não está com fome?

– Um pouco. - Ela admitiu. - Mas o Elf desceu para ajudar a trazer tudo, devem estar subindo agora.

E, exatamente como ela dissera, ele e mais um garoto entraram pela porta do quarto.

– Nossa, por que filas há essa hora são tão cheias? - Era Natsu, que resmungava enquanto tinha alguns sacos de comida para viagem nas mãos. - É só comida!

– Pode até ser, Natsu, mas muitas pessoas gostam de comer e ficam com fome nesse horário. - A Strauss mais velha apontou, sorridente.

– Ei... Trazer comida de fora é permitido? - Lisanna perguntou com uma gota.

– Não sei, mas não estou nem ligando agora. - Foi a resposta que recebeu do rosado, antes dele perceber o objeto em suas mãos.

Ele encarou o livro, até chegando a aproximar-se um pouco. Depois, virou-se para trás como se esperasse ver alguém no corredor por onde acabara de passar.

– A Lucy passou por aqui?

– Passou... Acabou de sair, até. - Mira respondeu. - Como você...?

– O livro. - O garoto deixou a comida em cima da cama, olhando para a capa. - Eu lembro que ela não parava de falar nele na semana passada. Dizia que a história era incrível, que ela queria ter poderes e blá blá blá.

– Isso não justifica, poderia ter sido o mesmo livro. - A mais nova das irmãs comentou com uma gota. Natsu virou-se para ela e sorriu.

– Essa marca aqui, - apontou para uma parte visivelmente manchada da capa, - foi quando eu deixei cair refrigerante em cima.

Realmente, era mesmo como se tivessem deixado cair um pouco de Coca ali, e também era bem provável que Natsu faria uma coisa dessas. Mesmo assim, para ele perceber algo tão mínimo como um livro e em tão pouco tempo...

Mira teria sorrido, se ele não tivesse a incrível ideia de sair pelo corredor numa velocidade absurda. Sem tempo nem de chamar por ele, a beldade pôde apenas suspirar pesadamente e olhar para seus irmãos mais novos.

–Ele deve ter ido atrás dela. - Ela suspirou, - Bom, vamos comer? - Sugeriu, os lábios formando um sorriso doce. Elfman concordou, tendo já movido a cadeira para perto das irmãs e começado a mordiscar um sanduíche que tinha comprado.

Eles conversaram por um tempo, para a felicidade da mais velha - ela realmente sentira falta de momentos assim, em que podia sentar com a família sem que problemas se metessem no meio.

Mas, mesmo assim, Mira não evitou em perceber o brilho triste nos olhos da irmã quando ela olhava de soslaio para porta - e suspirou.

Esquecera que o tempo, mesmo concertando alguns problemas, acaba criando outros ainda piores.

–------x ------

A pequena bibliotecária desviou sua atenção da caixa de livros que acabara de chegar para um som repentino vindo de seu laptop. Ela deslizou a cadeira - agradecendo aos céus por ela ter rodinhas - para o lado e foi espiar a tela do aparelho.

Ela abriu um sorriso pequeno.

Estava conversando com ‘metal’ já há uma hora atrás, desde que ele voltara das aulas semanais que tinha. Levy tinha de admitir - o tempo passava até rápido demais quando conversava com ele.

Olhando o texto que ele enviara e bufando, a azulada foi rápida em digitar uma resposta.

metalfist♥cats diz:

claro, o seu trabalho deve ser incrivelmente difícil, fairy

eu mal posso imaginar como deve ser impossível ficar organizando livros o dia inteiro.

scriptfairy diz:

Você devia vir aqui e organizar todos eles para mim, então, oras. E devo eu lembrar a você que isso não é a única coisa que eu faço?

Quero ver você fazer tuuuudo o que eu faço e ainda dizer que é simples, hunf!

metalfist♥cats diz:

eu conserto carros, o que é muito mais difícil. Seu argumento é inválido, fairy

scriptfairy diz:

Como eu já disse, até as mais simples tarefas podem ser mais difíceis do que você imagina!

A única diferença entre nós é que você sabe consertar carros e eu sei organizar uma biblioteca.

Mas eu sei que tanto eu quanto você não faríamos bem o inverso! Então feche a sua boca, metal.

metalfist♥cats diz:

claro que sim, fairy.

Falando nisso, eu ainda não estou convencido que você possa estar mentindo. Essa história do incêndio ontem foi muito surreal, não acha?

scriptfairy diz:

Diz o cara que me mandou uma mensagem à meia noite desesperado perguntando se eu estava bem.

Eu não posso evitar se minha vida parece um livro, metal. É até melhor, caso eu queira escrever uma biografia no futuro.

metalfist♥cats diz:

você disse que não escrevia

scriptfairy diz:

Eu disse que eu lia muito. Não altere minhas falas.

Voltando ao assunto, eu tenho uma foto minha no meu perfil, não tem como eu não ser quem eu sou, idiota.

metalfist♥cats diz:

É bem fácil usar fotos de outras pessoas

você poderia ter escrito ‘garota bonita de costas sol’ ou algo assim no google e pego uma das imagem, nunca se sabe

Ela sentiu suas bochechas corarem. Digitou algo em resposta rapidamente.

scriptfairy diz:

Aw, então você me acha bonita, é?

Que gracinha. Eu retribuiria o elogio, se a única foto que eu já tivesse visto de você não fosse a do seu gatinho.

metalfist♥cats diz:

nah

é que normalmente as pessoas colocam bonita se querem usar a foto para um site

sabe, você não gostaria de conversar com uma mulher de três olhos e uma monocelha.

você é...passável, pode-se dizer

scriptfairy diz:

Hunf, idiota.

Se é esse o caso, então por que exatamente estamos conversando?

Ele demorou um pouco para responder. Levy estava até ficando um pouco preocupada, até que um texto grande apareceu.

metalfist♥cats diz:

você é boa de se conversar, inteligente e tem parafusos na cabeça

O problema de todas as garotas com quem eu saí nesses últimos anos foram que elas eram burras, tediosas e me faziam querer esmurrar a cabeça contra a parede, o que eu cheguei a fazer uma vez

e além disso, eu nunca te vi, certo? A minha opinião de passável é inteiramente baseada numa sombra de uma foto mal tirada que parece a de alguém hipster

Ela piscou.

Uh... Aquela pontada que dera em seu peito agora. Aquilo era muito estranho.

Quer dizer, ela adorava elogios. E já tinha ido há alguns encontros, parte deles por cortesia de sua melhor amiga - e recebera muitos durante as tais ocasiões.

Mas... Ela sentiu algo diferente agora.

Talvez fosse porque ela não conhecia essa pessoa, nem o seu rosto.

Talvez fosse porque ele era mais interessante do que todos os outros.

...Talvez ela estivesse começando a gostar dele.

De verdade, e não pela pura coincidência dele ser aparentemente perfeito e morar na sua cidade. Levy não era mais uma criança, e coincidências como essa só serviam para trazer depois os milhares de falhas que uma pessoa “perfeita” tinha, então sabiamanter a sua distância e continuar só vendo no que aquilo daria.

Ela era uma McGarden, ela sabia disso muito bem. Então por quê...?

scriptfairy diz:

Você devia usar mais pontos finais, sabe.

metalfist♥cats diz:

wow, eu faço um texto enorme e você me responde com isso?

................

É o bastante para você agora?

(e, não, eu não estou a fim de ter uma pontuação perfeita em chats de internet, isso é para pessoas como você que usam palavras estranhas tipo fobia no seu dia a dia)

A garota engoliu em seco.

scriptfairy diz:

Há, há. Quem disse que eu uso isso na minha rotina? Você nem me conhece pessoalmente, metal.

Pensando nisso...

Ai, não. Suas mãos estavam prestes a fazer algo muito estúpido.

Eu quero

Pare de escrever, Levy. Faz exatos dois dias desde que você conheceu esse cara, e você só deve estar doida para sequer cogitar algo assim-!

Eu quero con

Seja quem estivesse com o controle, não era ela. Porque certamente a azulada não se interessaria por alguém ao ponto de tentar algo assim, desse nível.

Isso seria estúpido. Ridículo. Num site de relacionamentos, para variar!

Eu quero conhecer voc

Mas, quem era ela para evitar? Seu cérebro tinha há tempos perdido a chance de tirá-la dessa enrascada, enrascada essa que acabaria com sua vida numa questão de poucos dias.

Eu quero conhecer você. O que acha?

Enviar

Seu coração tinha tomado o controle.

scriptfairy diz:

Eu quero conhecer você. O que acha?

E agora não tinha mais volta.

Naquele simples momento onde emoções excediam o bom senso, Levy não era a única azulada a tomar decisões estúpidas.

A segunda vítima de seu próprio coração estava agora no Aquário da cidade, um guarda-chuva recém-fechado seguro em suas mãos. Ela sorria - com tamanha alegria que ela transcendia sua boca e fazia seus olhos reluzirem.

À sua frente, um jovem moreno a fitava. Ela observava o céu, enquanto ele não sabia o que dizer. Quando conseguiu, só murmurou algo parecido com “O que disse?” .

Juvia voltou a olhá-lo.

A chuva, que há algum tempo descera sem parar pelo céu nublado, tinha cessado. No seu lugar, as nuvens se afastavam para mostrar o Sol, brilhando com seu orgulho.

O sol depois da chuva.

Juvia já esperara tempo demais, ela estava cansada de esperar.

Amor tinha tomado posse de suas ações, como um veneno que a contagiara ao ponto de fazer algo que nunca coseguira fazer antes.

Afinal... Pessoas apaixonadas...

– Eu te amo, Gray. - Ela repetiu em alto e bom som.

Fazem coisas estúpidas, não é?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uma declaração no sexto capítulo, sério isso?
....Sim, muahaha.
Não se preocupem, tudo terá seu flashback. Eu só queria ser excessivamente má e postar um cliffhanger sem mais nem menos. Eu ainda amo vocês, ok? ♥
E, sim, teremos uma atenção maior com GaLe nos próximos capítulos. Jerza também. É que eu precisava arrumar o terreno primeiro. uvu
Até mais, seus lindos! Dessa vez, eu postarei o próximo mais cedo.... Pelo menos eu espero.