O dia estava morno e suave no Acampamento Meio-Sangue (que agora juntava semideuses gregos e romanos, todos juntos em um só, mas o nome "Meio-Sangue" foi mantido). Jason estava sentado na areia fofa da praia, encarando o mar e o horizonte. Os primeiros raios de sol já raiavam naquela manhã e uma chuva leve de verão caía.

Esse tipo de chuva estava começando a ser comum no Acampamento em certas estações, e os campistas gostavam dela. Não era uma chuva forte, e ajudava a aliviar o calor, e para certos semideuses, ajudava a pensar. Um desses semideuses era Jason.

Ele andava extremamente confuso nos últimos dias. Seus sentimentos não poderiam estar mais amontoados e muitas coisas haviam acontecido em uma velocidade incrível. Ele havia terminado com Piper, a guerra contra Gaia havia finalmente acabado (mesmo assim, ainda havia alguns monstros a solta) e agora, acampamentos grego e romano eram juntos.

Quando terminou com Piper, o filho de Júpiter achou que era por conta de Reyna e que ele estava completamente apaixonado por ela, mas não era isso. Qualquer sentimento que ele tivesse pela filha de Belona não passava de uma grande amizade.

O mais intrigante de tudo - Leo. Jason estava evitando Leo o máximo possível, mas não porque haviam brigado ou qualquer coisa assim, mas porque ele se sentia estranho próximo ao amigo. Era uma sensação que ele nunca havia experimentado antes - suas mãos suavam, seu coração acelerava e Jason sentia uma necessidade sobrenatural de ficar próximo do filho de Hefesto. E quanto mais ele evitava Leo, mais saudades e necessidade dele ele sentia. Era uma necessidade estranha, ele precisava de Leo como nunca havia precisado de ninguém.

Jason se concentrou em observar as ondas se quebrando, mas sua mente insistia em tentar entender tudo que ele sentia. Uma brisa gelada soprou e uma gota d'água caiu bem no ponto do oceano onde Jason havia fixado seus olhos. E, de repente, tudo fazia sentido (e ao mesmo tempo não fazia) - ele estava apaixonado por Leo. Apaixonado. Por seu melhor amigo. Claro, por que não? Como ele conseguiria agir naturalmente perto de Leo sabendo que estava completamente apaixonado pelo filho de Hefesto?

Minutos depois, ele ouviu um ruído. Levantou a cabeça por instinto e viu um garoto se sentando do seu lado - ninguém mais ninguém menos que Leo Valdez!

- Não vai fugir de mim hoje, vai? - Leo perguntou em tom de brincadeira, mas era notável certa tristeza e incômodo na voz dele. Jason corou. Não esperava que o amigo tivesse percebido que estava se afastando.

- Claro que não, por que fugiria? - Ele tentou se fazer de desentendido.

- Não achou que eu não fosse perceber, achou? - Leo rebateu.

- Na verdade, achei... - Jason foi sincero.

- Mas eu percebi. Relaxa, não tô bravo. - Isso fez o filho de Júpiter se sentir melhor. - Apenas... não faz mais isso, ok? Não quero precisar dar uma martelada na sua cabeça.

- Certo, posso tentar. Mas também quero te fazer uma pergunta. - Ele repentinamente havia ganhado coragem para perguntar o que queria. Na verdade, quanto mais cedo perguntasse aquilo, mais cedo se livraria de qualquer expectativa e ansiedade. - E depois dela, talvez você que queira se afastar de mim.

Leo riu.

- Tá brincando? Você pode ser chato, lerdo e irritante muitas vezes, mas é meu melhor amigo. Não vou me afastar nunca.

Jason sabia que Leo estava falando a verdade. Leo era tão... bom, confiável, leal, amigo, corajoso.  Ele sabia que mal merecia a amizade de alguém como o Garoto dos Reparos, mas mesmo assim decidiu se arriscar, ter algo mais.

- Então... não vai perguntar? - Leo perguntou, tirando Jason do transe.

- Ah, sim... Leo, eu sei que pode parecer estranho, mas ultimamente eu tenho desenvolvido sentimentos por você. Sentimentos mais fortes do que simples amizade. E... bem... - Ele olhou profundamente nos olhos de Leo. - Quer namorar comigo?