O Primeiro Dia Do Resto Da Minha Vida escrita por Mimia R


Capítulo 9
Orgulho e Preconceito...?


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está bem romântico e cheio de confusão. Eu tive a ideia de escrever esse, quando estava na aula, depois que o meu professor de espanhol passou essa musica que está no capítulo e logo depois um filme. Espero que gostem :DD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/248382/chapter/9

Tuana estava bem feliz. Já fazia um mês que estava namorando Felipe. Escondido, mas ainda assim estava com ele. Ainda não sentia que era o momento de contar pras pessoas. Ela e Felipe se encontravam sempre que possível (ou seja, todos os dias). Na escola eles tinham que se ignorar, mas na hora do intervalo davam um jeito de se encontrar. As meninas estavam desconfiando dos motivos de Tuana sempre desaparecer, mas ela dava um jeito de enrolar. Felipe não precisava se preocupar com Gabriel, porque ele sabia, mesmo que não oficialmente, o motivo de Felipe estar sempre sumindo.

 Tuana tinha ficado tão preocupada com Gabriel, que resolveu ir conversar com ele sobre isso. Ela falou tanto, tanto, que não deu nem espaço pro menino dizer algo. Mas ela finalmente tinha falado tudo o que estava preso em sua garganta. Tinha dito todos os argumentos pra Gabriel poder entende o motivo de isso ser um segredo.

- Então, você entendeu tudo Gabriel? – Ela perguntou quando terminou de falar. Tuana ficou surpresa porque viu que Gabriel estava olhando pra ela e sorrindo. Estava rindo dela. – Gabriel, isso é sério! Ninguém pode saber de nada! – Gabriel parou e rir.

- Tuana, fica calma. Foi o que eu disse pro Felipe, eu não quero me meter no que está acontecendo entre vocês. Isso é a sua conta e dele. Eu não vou dizer nada pras meninas, nem pra ninguém. Elas só vão saber por você e quando você quiser.

 Tuana ficou bem aliviada depois disso. Gabriel tinha sido compreensivo e não fez pergunta nenhuma. Se fosse outro, ia ter aproveitado o momento para saber de todos os detalhes. Mas Gabriel tinha amadurecido.

 Numa quinta-feira, Tuana se arrumou pra ir à escola. Desde que tinha começado a namorar com Felipe, ela levantava mais cedo pra poder se produzir melhor, não queria ficar feia na frente dele. Ela terminou e foi tomar café. Sua mãe, como sempre, estava lá.

- Bom dia mãe! – Tuana falou.

- Bom dia filha! – A mãe dela sorriu. Tuana sentou-se e passou a comer. E se preparou para a pergunta que a mãe dela fazia todas as manhãs nos últimos dias.

- Então, é hoje que você vai me contar quem é o garoto? – E aí estava a pergunta.

- Mãe! Infelizmente não é hoje ainda. – Tuana disse ironicamente. A mãe dela dizia que toda essa felicidade tinha que ser por causa de um garoto.

- Filha, eu te conheço....

- Mãe, não tem garoto nenhum! – Tuana disse se levantando. – E eu já vou indo, que é o melhor que eu faço. Tchau!

 Tuana saiu e ainda pôde ouvir sua mãe suspirar. Ela queria muito contar pra sua mãe sobre Felipe. Mas não era o momento. Felipe já tinha insistido muito em conhecer a sogra, maa Tuana enrolava e dizia que em outro dia. Ela sabia que Felipe estava ficando chateado com esse negócio de namoro às escondidas, mas ainda não conseguia se ver revelando aquilo pra todos.

 A escola estava vazia naquele dia. Era feriado por causa do aniversário de sei lá quem, que foi diretor de alguma coisa que tinha haver com a escola. Mas a sua turma e o terceiro ano não tinham esse privilégio. Tuana chegou na sala. Os dois primeiros horários eram de espanhol ou inglês. Metade da turma fazia espanhol, então ficava ali na sala. A outra metade fazia inglês, então iam pra outra sala. Tuana era de espanhol, junto com Camila e Jéssica. E Felipe também. Brenda e Gabriel eram de Inglês. Ela se acomodou ao lado das amigas.

- Tutu! – Camila disse. – O professor vai passar uma música pra gente. – Tuana olhou pro professor que estava aprontando o notebook e o preparando o aparelho para reproduzir as imagens na parede. – E depois vai passar um filme.

- Eu amo essa aula. – Tuana disse. Ela deu uma olhada lá pra frente. Felipe estava sentando conversando com um dos garotos da turma. Todos gostavam dele. Ela sorriu.

- Eita, lá vem ela sorrindo pro nada de novo... – Camila disse olhando pra Tuana.

- Será que as pessoas não têm o direito de sorrir? – Tuana disse disfarçando. – Eu só estava lembrando de uma coisa.

- Sorrir é bom! – Jéssica disse ao lado delas. Ela sempre dizia algo em duplo sentido. Com certeza estava se referindo a ELE, Tuana pensou. Ela apenas sorriu. Não falou mais nada.

 O professor ligou tudo lá e preparou a música. Ele desligou as luzes da sala. Todos ficaram em silêncio esperando a música. Quando começou a tocar, foi inevitável não olhar pra Felipe. E ele virou pra olhar pra ela também. Os dois se olhavam agora, querendo estar um ao lado do outro.

(Música: Para Tu Amor – Juanes)

 Até que, na metade da música, Felipe se levantou e se sentou numa cadeira ao lado de Tuana. Ela congelou. Olhou pras meninas. Elas estavam entretidas no vídeo da música, então não tinham percebido Felipe ali. Tuana queria olhar pra ele, sorrir pra ele, tocar a mãe dele, mas focou sua atenção no vídeo.

 Quase no fim da música Tuana sentiu algo tocar sua mão. Eram os dedos de Felipe acariciando a mão dela. Ela tinha que afastar a mão dali, antes que alguém visse, mas ela não conseguiu. Ele ficou fazendo aquilo até a música acabar. Nesse momento ele parou, enquanto o professor colocava o filme. Tuana percebeu que Felipe tinha colocado a sua cadeira mais perto da dela. O filme começou. E para continuar o clima (parecia que o professor estava fazendo de propósito) era um filme de romance, Orgulho e Preconceito. Tuana viu Camila se mexer na cadeira. Ela amava muito aquele filme. Tuana sorriu.

 No decorrer do filme, Felipe e Tuana já estavam de mãos dadas. Estava escuro e todos prestavam atenção no filme, então ninguém tinha notado os dois ali. Felipe agora acariciava o braço de Tuana. Ela se arrepiava com o toque dele. Eles não falavam nada. Os gestos falavam por eles.

 Felipe prestava atenção àquele filme, ao mesmo tempo em que sua atenção estava em Tuana. Ele queria poder abraçá-la e beijá-la, mas se contentava com as carícias em sua mão. Pelo menos isso ela tinha deixado ele fazer. Mas também ninguém prestava atenção neles. Numa determinada parte do filme, Felipe viu o orgulhoso Mr. Darcy deixar o seu orgulho de lado e deixar transbordar tudo o que sentia por Miss Elizabeth. Ele disse que a amava. Os dois molhados pela chuva que caia. Um momento muito romântico, mas que não saiu como o Mr. Darcy planejou. Felipe ficou com a mente parada naquele momento do filme. Ele olhou pra Tuana. Ela prestava atenção ao filme, fascinada. E ele ficou mais fascinado por ela naquele momento.

 Felipe tinha pensado muito desde o dia que ela tinha dito que o amava. Ele percebeu que ficou travado sem conseguir falar, porque depois da decepção amorosa que teve com sua ex, ele tinha certeza que nunca mais ouviria alguém dizer que o amava, pelo menos não de verdade. Ele pensava que tinha algum defeito com ele, ou algo do tipo. E quando ouviu Tuana dizer, justamente aquela garota, ele não teve reação. Mas ali, com a ela ao seu lado, sem poder estar mais perto dela, e com aquele filme, e com o Mr. Darcy falando e todo o clima, enfim, naquele momento, ele sabia que podia e queria fazer o que fez em seguida. Ele chegou mais perto de Tuana e colou seus lábios no ouvido dela.

 Tuana fechou os olhos quando sentiu os lábios de Felipe colar em sua orelha. Seu corpo se arrepiou todo e seu coração disparou. Ela estava tão concentrada no filme, que foi pega de surpresa quando Felipe finalmente falou:

- Eu te amo. – Ele sussurrou em seu ouvido. Só essas três palavras. Mais nada. E foram o suficiente para Tuana. Ela abriu os olhos na mesma hora, sua boca se abriu, ela parecia uma boba ali. Ela virou para olhar pra ele. Ele olhava o filme agora. Mas tinha um leve sorriso nos lábios. Tuana ficou olhando pra ele, observando cada detalhe naquele rosto. Ela quase tocou, mas se segurou. Ela já ia virar, voltar sua atenção ao filme, mas ele olhou pra ela também. Pareceu uma eternidade, os dois ali se olhando. E, como numa cena do filme, todos desapareceram do lugar, só restaram os dois ali. E isso quase os levou a se beijarem. Mas a única coisa que Felipe fez foi tocar o queixo de Tuana e sorrir. Ele sabia que não podia passar dos limites. Primeiro porque eles estavam na escola. Segundo, porque ela não queria isso. Ela sorriu também. E voltaram a prestar atenção no filme.

 Os dois estavam ainda de mãos dadas quando o sem perceberem, o professor ligou as luzes e parou o filme. Todos saíram do mundo de Miss Lizzy e Mr. Darcy e começaram imediatamente a conversar sobre o filme. Tuana viu Felipe sorrir pra ela. E ela ao invés de retribuir, puxou sua mão super rápido. Felipe se assustou e franziu a testa pra ela. Mas ela não viu isso. Sua atenção já estava nas amigas. Ele sentiu uma raiva fluir dentro dele. E naquele momento decidiu que não gostava definitivamente de ter que esconder o namoro deles. O que era exatamente aquilo? Ela tinha vergonha de namorar com ele? Felipe se perguntou. Ele levantou e voltou para sua cadeira lá na frente, com raiva ainda.

 Tuana viu Felipe se levantar e voltar para o seu lugar lá na frente. Percebeu que a expressão dele era de raiva.

- Ué, o que o Felipe tava fazendo do seu lado? – Camila perguntou com a testa franzida.

 Tuana pensou rápido.

- Ele veio pra cá porque tava com frio lá na frente. – Ela tentou deixar sua voz neutra.

- E ele te disse isso? – Jéssica perguntou.

- Disse. – Tuana falou. Não conseguia pensar em nenhum desculpa plausível.

- Vai ver o filme afetou até a ele, né?! – Camila disse rindo. E Jéssica riu também. Tuana passou a rir pra não dar bandeira.

 Na hora do intervalo, todos saíram da sala. Tuana estava procurando um dinheiro. As meninas desceram rápido pra poder ficar na fila pra comprar lanche. Ela era a única na sala agora. Eu preciso de uma bolsa melhor de achar as coisas, ela pensou um pouco irritada. Mas estava assim também por Felipe. Depois que acabou a aula de espanhol ele não tinha olhado mais pra ela em nenhum momento. E ele foi o primeiro a sair da sala quando tocou o sinal do intervalo. Ela finalmente achou o dinheiro e foi saindo quando uma mão a puxou pelo braço e a levou para um espaço ao lado da sala, onde tinham umas mesinhas escondidas. Era Felipe, claro. Tuana viu que ele estava sério. Muito sério.

- Tuana, isso vai acabar agora. – Ele disse. Tinha a voz muito calma, quase como se estivesse tentando se controlar. Tuana sabia sobre o que falava.

- Felipe, a gente já falou sobre isso. – Ela disse. Não olhava nos olhos dele.

- Eu não quero saber se a gente conversou. Isso foi há um mês atrás. Já está na hora da gente parar de se esconder. – Ele disse. Dessa vez sua voz já não tão controlada assim.

- Felipe, por favor... – Ele não deixou ela terminar. Ele apertava mais forte o braço dela agora.

- Tuana, eu não quero mais brincar de esconde-esconde. – Ele falou. – Eu pensei que depois daquele momento lá na sala você ia mudar de ideia. Qualquer um poderia ter visto a gente de mãos dadas lá. E todo o clima que rolou ali.

- Felipe, você ta machucando meu braço. – Tuana disse. Também, era a única coisa que ela poderia dizer naquele momento. Ele ficou olhando pra ela por um instante antes de soltar o seu braço. Ele se afastou um pouco, virou de costas pra ela. Tuana respirou fundo.

- Por favor Felipe, você não entende. – Ela disse.

- Você tem completa razão. – Felipe falou, um pouco mais alto do que o normal. – Eu não entendo mesmo! Por que você não me dá uma explicação plausível? – Agora ele olhava pra ela.

 Tuana ficou com um pouco de medo. E teve vontade de chorar. Na verdade, ela não sabia o que dizer. Ela não sabia exatamente o motivo de porque não revelar às pessoas o namoro deles. Alguma coisa impedia isso. ELE, a cabeça de Tuana falou por ela. Mas talvez fosse mesmo isso. Ela olhou pro chão. Não poderia falar isso pra Felipe.

- Então é isso né?! – Felipe disse. Dessa vez ele quase sussurrava. – Você nem tem um motivo verdadeiro. É o que, vergonha de mim? É isso?

- Não! – Tuana olhou pra ele chocada. Ela nunca teria vergonha dele. Não motivos pra isso.

- Então diz o que é, Tuana, porque isso já vem me consumindo desde muito tempo. Eu só guardei pra mim porque eu pensei que você ia mudar de ideia logo, logo. Mas um mês é muita coisa.

 Novamente Tuana não soube o que dizer.

- Felipe, é que... – Ela tentou, mas nada saiu. Felipe olhava pra ela. E isso só piorava a situação. Ela sentia a pressão vinda do olhar dele. Não soube mesmo o que dizer.

- Então ta. – Ele falou. Pairou um eterno silêncio ali Tuana olhava pro chão novamente.

 Felipe chegou perto dela. Ela não levantou o olhar.

- Acho que eu nunca te disse, mas quando eu falo, gosto que as pessoas olhem pra mim. – Felipe falou pegando o queixo dela e levantando pra que ela olhasse pra ele. Ele foi meio bruto nesse momento. Tuana percebeu que estava vendo uma parte de Felipe que ela nem imaginava existir. E pensou que não queria ver ele com raiva de verdade.

Ele ficou torturando ela com o olhar, sem deixá-la desviar pra outro lugar. Talvez tivessem passado uns dois minutos daquele jeito. Então ele a beijou. Quer dizer, colou sua boca na dela com raiva. Só isso.

- Já começamos mal. – Ele disse num sussurro. Por um momento pareceu que a raiva tinha passado. Mas Tuana não pôde ter certeza, porque Felipe saiu dali, deixando ela sozinha.

 Tuana ficou encarando o chão por um tempo. Uma lágrima escorreu por seu rosto. Ela não tinha certeza do que tinha acabado de acontecer ali. Ela se sentou e ficou lá pensando em como alguns minutos atrás os dois estavam bem e agora estavam mal.

 Felipe desceu. Ainda restavam alguns minutos de intervalo. Ele bebeu um pouco de água. Felipe era assim, às vezes não conseguia controlar sua raiva. Se bem que ali com Tuana ele até tinha conseguido. Mas ela tinha assustado ela, ele sabia. Idiota! Mas era culpa dela. E pensar nisso, fez sua raiva voltar um pouco.

- Ei, tudo bem com você? – Gabriel apareceu ao lado dele.

- Não sei. – Felipe disse respirando profundamente. Gabriel ficou observando ele por um tempo antes de dizer:

- Foi só a primeira. – Ele disse e saiu.

Só a primeira briga, de várias que ainda viriam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Pra quem gosta das intrigas, esse capítulo foi bom né?! E pra quem gosta de romance também. Reviews? Bom, espero que alguém leia. Vou continuar postando de qualquer jeito :DD



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Primeiro Dia Do Resto Da Minha Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.