Logo senti uma lágrima escolher, inconscientemente e depois, uma buzina. Nós duas nos viramos pra trás. 

– Jessie, eu tav- - Justin se interrompeu e saiu correndo do carro, o estacionando de qualquer modo na rua. - O que aconteceu? - ele perguntou e eu gelei.

Uma parte de mim queria contar para ele tudo o que tinha ocorrido, mas uma parte de mim estava morrendo de medo do que ele ia dizer. Eu me soltei de Cait, ela fez um sinal e foi embora.

– A Caitlin fez alguma coisa pra você? - ele disse e me abraçou e eu desabei. - Não chora, Jess. Vamos pra casa. - ele disse e me guiou até o carro.

Entrei dentro de seu carro e o caminho inteiro fiquei olhando para a janela. Quero dizer, o que eu ia dizer para Justin? "Chaz me beijou, nada demais"? Puxa!

Quando Justin estacionou o carro, eu apenas entrei, subi as escadas e me joguei na minha cama. Senti alguns passos atrás de mim.

– Jess, o que tá acontecendo com você? - Justin perguntou se aproximando. - Por que você tá chorando?

– Justin, aconteceu uma coisa horrível. Tá legal? - retruquei soluçando.

– Me conta. Você sabe que pode me contar. - ele insistiu e sentou na ponta da cama.

– Eu tenho tanto medo de te perder. - eu automaticamente disse.

Justin me enviou um olhar cheio de dor, e me abraçou.

– E quem disse que você vai? - ele disse acariciando as minhas costas.

Ficamos por alguns minutos, abraçados e eu molhando todo o seu peito com as minhas lágrimas que não paravam de descer, incansavelmente. Uma dor imensa se localizava no meu coração. De repente, soltei:

– Chaz... Chaz me beijou. - eu disse rapidamente e saí do colo de Justin.

– O quê? - ele disse se levantando. - O quê? - ele gritou.

– Jus-Justin, eu não queria! - eu disse soluçando, ainda.

– Onde esse filha da puta está? - ele gritou, me ignorando.

– Justin! - eu disse me levantando e puxando seu braço. - Olha só! Era por isso que eu não queria te contar. Para!

– Filho da puta. - ele murmurou. - Por que ele fez isso contigo, Jessie? - ele gritou e eu soltei seu braço.

– Bom, se eu soubesse, Justin! Selena estava lá, me provocando também, como se não bastasse. - eu disse e as lágrimas finalmente cessaram, mas eu continuava a gritar.

– Selena e Chaz? Bela dupla! - ele gritou de volta. - Mas que porra, já tô cheio desses dois infernizando a nossa vida!

– E você acha que eu não estou também? Você acha que essas lágrimas que caíram foram o quê? Sobre o quê? - eu gritei. - E para de gritar comigo, caralho!

– Você que tá gritando comigo, Jessie! - ele retrucou gritando.

– Justin, mas que merda! Você não vê que eu- - eu ia dizendo mas fui interrompida.

Fui interrompida pelo beijo do homem que eu mais amava. O correspondi e senti um alívio enorme. E eu que estava pensando que nunca mais iria sentir o gosto de seus lábios novamente. Eu sorri entre o beijo e Justin também. Dois loucos.

{...}

Acordei com um beijo na nuca, como sempre. Porém, sempre me arrepiava.

– Acorda, amor. - Justin disse entre os beijos. - Já tá na hora.

Resmunguei e me escondi em seu peito.

– Jess, você vai se atrasar. - ele avisou. - Vem, manhosa. - Justin disse se levantando e me puxando pela mão.

Saí da cama praticamente me arrastando no chão para o banheiro. Justin começou a rir. Ri pelo nariz fraco também. Fechei a porta do banheiro, me despi e entrei dentro da banheira. Havia tempo o suficiente para eu não me atrasar na escola. Além disso, seria bom pra mim, não seria?

Ah, se eu soubesse tudo o que eu sabia naquele momento. Fomos amigos de infância! Como ele poderia fazer alguma coisa dessas comigo? Quero dizer, Chaz. Ás vezes eu me culpava pelo fato de ter valorizado-o tanto e ter recebido um belo tapa na cara em troca. E eu nunca tinha me arrependido de nenhuma decisão que eu tinha tomado. Naquele momento, eu tinha aprendido. Aprendido o que era se sentir um lixo, se sentir um lixo porque não conseguiu desmascarar alguém que, no final, só te fez sofrer. "Se arrepender pra quê? Foi bom enquanto durou e te fez sorrir." vozes na minha cabeça diziam sem parar. Mas eu deveria estar com medo de me arrepender só por causa da preocupação que rondava a minha mente de do que as pessoas iam pensar se eu fizesse o tal ato? Na minha volta, eu só via o que eu nunca quis enxergar. Por que você fez isso comigo?

Ali, eu tinha jogado fora todo o meu orgulho. Por que? Simplesmente não me cabia mais. Me orgulhar do quê? De tudo aquilo que estava acontecendo comigo? Eu só queria dizer tudo aquilo que estava entalado na minha garganta pra alguém que me usou como se eu fosse um brinquedo descartável.

De repente, me bateu que eu tinha ainda que ir ao colégio, então me apressei. Peguei a minha toalha branca que ali estava e me enrolei indo até o meu closet. Arrumei e sequei meu cabelo, escovei os dentes e desci as escadas. Encontrei Justin ele me esperando em frente a escada. Decidi não tomar café da manhã, não estava com fome. Desviei dele e fui em direção a porta.

– Não vou ganhar nenhum beijo? - ele disse me puxando pela cintura.

– Ah tá, desculpa. - eu disse e dei um selinho rápido nele.

Tirei suas mãos de mim e fui em direção ao seu carro, que logo ele abriu para mim.

– Que mau-humor. - ele murmurou.

Não respondi e remexi a minha mala procurando meu iPhone. O achei e fiquei verificando minhas redes sociais até chegar no colégio.

Ao chegar no mesmo, Justin abriu a porta pra mim e eu desci do carro. Não desgrudei os olhos do celular.

– Tchau. - eu disse e dei um selinho nele.

Mas fui impedida, Justin segurou meu pulso com uma mão e puxou minha cintura com a outra, me beijando.

– Essa demorou hein. - ele disse, me fazendo rir.

– Desculpa, amor. Eu só não tô com cabeça pra nada hoje. - eu disse e ele me abraçou.

De repente, escutamos uma voz:

– Hale! - uma voz masculina e rouca disse. - E aí! Teve vejo na classe. - me virei e localizei Chaz falando maldosamente.

Justin me soltou e aí eu percebi o que ele iria fazer. Puxei seu braço na hora.

– Por favor, não piora as coisas. - pedi.

Justin bufou e cruzou os braços.

– E se ele fizer alguma coisa pra você, de novo?

– Como você disse, se ele fizer de novo, eu já vou saber como me defender. - eu disse e sorri. - Mas obrigada por tudo. - sorri e o sinal bateu.

– Vai lá. - ele disse rindo fraco.

– Te amo. - eu disse e puxei ele para um beijo, depois saí correndo para pegar a primeira aula.

Nem foi preciso ir até o meu armário, eu já tinha o meu material dentro da minha mochila. Entrei na classe e percebi que o professor não tinha chego, afinal, a sala estava uma bagunça. Sentei na última cadeira da sala e me afundei nela. De repente vi uma pessoa colocando seu material na mesa na minha frente. Vi que era Chaz e congelei.

– Fala, Hale. - ele disse e sorriu malicioso. - Senti sua falta.