– Não tô com ciúmes. Por que estaria com ciúmes de vocês? - ele deu uma pausa. - Aliás, vim aqui porque fui obrigado. - ele disse furioso.

– Ah, jura, Justin? E isso é o que? TPM? - Chaz disse com um sorriso debochado no rosto.

– Cala boca, Chaz. - Justin disse passando as mãos pelo cabelo e franzindo a testa.

Eu levantei minhas mãos em um ato de "eu me rendo", ouvindo toda a conversa, e me virei para a sacola, abrindo-a, onde Chaz olhava atentamente.

Levei minhas mãos a boca quando descobri o que tinha lá dentro.

– J-Justin - comecei com uma voz de choro abafada. - Como? Q-quem te deu isso?

– Jessie? - a voz dele passou de grossa para uma doce música aos meus ouvidos. - Você tá bem?

– Jess... - Chaz retirou as mãos de meus ombros, afagando meu cabelo. - Se você quiser um tempo sozinha, eu... Eu vou entender.

Uma lágrima escorreu da minha face ao ver aquelas cartas, enquanto Chaz se levantava a um pedido de gesto de Justin para sair do local. Quando ouvi o barulho da porta, Justin se sentou ao meu lado, na ponta do sofá.

– Seu pai me mandou aqui com essas coisas... Eu, eu não queria que te fizesse chorar. - ele disse em um tom suave, como se preocupasse comigo de verdade.

Meu coração estava acelerado. Depois de tantas dicussões, meu pai resolvera me entregar algumas pistas sobre a minha mãe. Aquilo só podia ser piada.

Sem coragem de falar nada, joguei três cartas da minha mão para o seu colo, que, depois da leitura, o fez ficar com os olhos arregalados.

– Jessie... Eu sinto muito. Eu nunca quis vir aqui com essas cartas da sua mãe, pra te fazer chorar... Foi o seu pai que me entregou. - ele disse levantando meu queixo, e afagando minha bochecha cuidadosamente.

– Qual é o seu problema? - eu disse tirando sua mão do meu rosto. - Hoje fomos ao parque, você mal me deu um "oi" sequer, maltratou Chaz, me tratou como se eu fosse uma estranha... Qual é o seu problema? - repeti com os olhos encharcados de lágrimas.

– O meu problema? - ele repetiu calmo, seguindo seus olhos para a TV desligada na sala, passando as mãos pela sua nuca. - Você não lembra mesmo o que aconteceu com nós dois ontem?

- Eu lembro sim, Justin. - eu disse seca, limpando minhas lágrimas. - Mas o que adianta quando você tem Selena? - eu disse com raiva e ele gargalhou baixo.

- Ah Jessie... - ele segurou meu queixo e logo em seguida dei um tapa na sua mão fazendo com que ele me soltasse. - Quando você vai entender que eu não estou com Selena? - ele me olhou meio irônico.

- Se você não está com Selena ela é o que sua? - perguntei indignada, levantando. - Sua filha? 

- Ela acha que nós estamos namorando, é isso. Tá satisfeita?! - ele aumentou o tom levantando também.

- Ah que bonito! - praticamente, gritei. - Além de tudo você tá iludindo a coitada? - me indignei.

Justin me olhou meio bravo, e, confesso, que fiquei com um pouco de medo daquele olhar.

– Jessie... - ele respirou fundo e continuou. - Você tomou seu remédio de bipolaridade hoje? Você quer que eu a namore ou quer que eu deixe-a? - ele aumentou o tom de voz.

– Querido, só estou te dizendo pra você não ser um idiota! - aumentei mais ainda o meu tom de voz.

– Eu sei que sou idiota. - Justin me puxou pela cintura, fazendo com que nossos corpos se colassem. Foi uma sensação boa, porém estranha ao mesmo tempo. - Mas, por favor, me diga que é de idiotas que você gosta.

Senti um calafrio, e depois um choque pelo meu corpo inteiro, após Justin selar nossos lábios. Tentei empurrar seu peito mas ele segurou meus pulsos para impedir a ação. Ele parou o beijo e eu sorri involuntariamente. Ao perceber minha ação, continuou com o beijo calmo e tirou uma das mãos da minha cintura e levou a minha bochecha, acariciando-a.

De repente, toda aquela sensação de dor misturado com culpa das antigas cartas da minha mãe que meu pai me enviara tinham desaparecido. Eu tinha que admitir... Aquela foi uma das melhores sensações do mundo.