Pattie e meu pai. De mãos dadas. Na minha porta.

A minha vontade foi de fechar a porta e sair correndo, mas eu não poderia fazer isso.

– Filha? Bom, a gente pode entrar? - ele forçou o olhar, praticamente, me fuzilando e eu podia sentir isso. Eu olhava para um ponto fixo, sem olhar para seus rostos, apenas abri mais a porta, e os deixei entrar.

Quando eles foram entrando, fiquei ainda lá. Paralisada.

– Jess, eu espero que você não estranhe nem fique irritada com a situação... - Pattie começou, mas não pude ver onde ela estava. Eu ainda estava focando na frente da porta. - Por favor, sente-se aqui... - ela continuou, com o mesmo tom calmo e alegre de sempre. - Jessie, pare com isso. Eu garanto que você vai entender.

Pattie era uma boa pessoa, e eu realmente gostava dela só pelo fato de ela ser assim, tão de bem com a vida, tão simpática e sempre com aquele sorriso no rosto. Mas não me entrava na cabeça que ela e meu pai estavam, supostamente, juntos. Me virei, e minha mão, automaticamente, deixou minha bolsa de mão cair no chão. Meu pai, ao ver minha reação, se desgrudou de Pattie.

Sentei na poltrona em frente ao sofá onde os dois se localizavam.

– Filha. - meu pai disse em um tom bravo. - Não seja mal-educada. e piscou pra mim como se eu fosse uma criança.

– Oi Pattie. - disse seca, sem olhar nos seus olhos.

– Querida - Pattie se mudou, e se ajoelhou do lado da minha poltrona. - por favor, tente entender...

– Há quanto tempo vocês estão escondendo isso de mim? - continuei sem olhar pros olhos de ninguém.

– Jessie, querida, - Pattie tentou segurar minha mão que estava apoiada no meu colo, mas retirei-a rapidamente. Ela respirou e tentou dizer calmamente. - nós só tentamos esconder isso de você porque seu pai não queria te ver pior do que já estava nos últimos dias com ele.

– Ah. - eu disse seca. - Diga pra ele que não funcionou.

Eu não queria mais outra pessoa na nossa família. Eu queria só eu e meu pai. Isso já bastava.

– Jessie, você dizia que sentia a falta da sua mãe. - meu pai disse na beira do sofá, com um sorriso estranho no rosto. - Agora você tem a Pattie... Vocês são amigas, não são? - ele tentou simpatizar.

Aquilo era a gota d'água. Além de me esconder aquele relacionamento ele achava que Pattie, mãe de Justin, poderia substituir a minha mãe? Eu disse que sentia a falta dela. Não que queria outra mulher dentro de casa pra me fazer ficar melhor, muito pelo contrário. Meu sangue começou a ferver e a minha visão começou a se distorcer por um minuto. Assim, resolvi não responder.

– Jessie, você tem que entender que eu também tenho uma vida, e relacionamentos. - meu pai dizia mas eu fingia não acreditar naquilo tudo, fingia não acreditar naquelas palavras e fingia não existir.

– Então quer dizer que você voltou pra Stratford, não para o meu bem-estar, mas para ficar com Pattie? - me levantei calmamente.

– Não Jessie...

– Ah, e então por que? - me alterei. - Vá! Arrume outra desculpa, dessa vez descente, por favor! - senti meus olhos se encherem de lágrimas, naquele momento.

– Jessie! - meu pai se levantou em um tom agressivo. - Já chega! Eu tenho a minha vida, também! E você não pode controlá-la só pelo simples fato de ser a minha filha! - ele gritava e Pattie segurava meus pulsos com uma feição triste com a intenção de me acalmar.

Só pelo simples fato de ser a minha filha!, aquelas palavras horríveis soavam na minha cabeça. Quer dizer então que ser a filha dele, não importava mais? Senti que iria explodir naquele momento, e ouvi meu celular tocar naquele momento.

Peguei a minha bolsa do chão, e atendi, calmamente, quando uma lágrima escorreu pela minha face. Limpei-a rapidamente.

– Alô? - minha voz soou fraca.

– Jessie? - uma voz conhecida perguntou. - Sou eu, Chaz. Você está bem?

– Ah, não, tô bem sim. - menti, olhando para cima para não descerem outras lágrimas.

– Ah que bom! - ele parecia animado. - Isso quer dizer que um passeio hoje com a galera rola? - ele falava animado.

– Por mim tanto faz. - tentei cooperar. Sair não parecia uma boa ideia, mas talvez eu poderia me divertir. - Onde será e que horas?

– Hm, Justin me disse que iria passar aqui em casa mais ou menos daqui a dez minutos e... A gente vê onde nós iremos. - Chaz disse e, não sei porquê, mas o nome Justin me deu arrepios.

– Dez minutos?

– Bom... - Chaz tentou se explicar. - Justin não sabe que convidei você. Mas achei que iria ser legal.

– Como você quer que eu saia com ele se ele nem sabe que eu vou? - falei meio irritada.

– Jessie... Calma. Eu falo com ele. - Chaz pareceu tentar me acalmar.

– Olha... - tentei me desculpar. - Me desculpa. Estou tendo alguns problemas, mas... Bom... Acho que eu vou.

– Ok. - Chaz não parecia mais tão animado como antes. - Bom, então eu te vejo daqui a dez minutos, certo?

– Certo. - ri fraco, forçadamente e desligamos.

Fui em direção a meu quarto quando meu pai disse:

– E onde você vai? - ele parou do meu lado segurando o meu braço com força.

Aquele comportamento, com certeza, não era típico do meu pai, do Jack, que eu conhecia.

Me empurrei pra frente, e sua mão largou do meu braço.

– Sair. Eu não aguento mais ficar aqui dentro com esse seu papo-furado. - dei as costas e fui para o meu quarto.

Não pretendia trocar de roupa, mas dei uma ajeitada no meu rímel, que quase estragara com o efeito que aquela fria situação dera nele.

Ouvi uma buzina lá fora, e saí pela porta do meu quarto.

– Jessie, volte para casa mais cedo. Temos muitos assuntos a tratar. - meu pai parecia furioso, e eu nunca vira ele daquele jeito.

O ignorei e saí.

Avistei o carro e acenei para Chaz que estava apoiado no mesmo fora. Dei-lhe um beijo na bochecha e ele me abraçou forte. Ele abriu a porta de trás no carro e entrei, e ele logo em seguida. Justin me olhava pelo retrovisor, corando e com os olhos arregalados. Selena estava ao seu lado segurando seu braço.

– Oi Justin. - tentei ser educada, mas comecei a corar também.

– Oi. - ele disse e desviou o olhar para o volante ao ver que também estava olhando para os olhos dele, pelo retrovisor.

– Oi Selena. - falei para não estragar tudo.

– Oi. - ela disse seca e grossa.

Revirei os olhos e Chaz sussurrou no meu ouvido:

– Não liga pra ela. Tá tudo bem? - ele perguntou afagando meus cabelos.

– Tá sim. - me encostei o máximo que pude da porta do carro para me afastar de Chaz, quando senti seus braços passarem pelos meus ombros levemente.

Eu estava muito incomodada com aquela situação.

Tive vontade de chorar com tudo aquilo que estava acontecendo comigo. Por que?