Maior Segredo escrita por paulaasigrist


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Achei fofinho e resolvi postar *-*



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P.o.v Julie

                Estava me arrumando para a escola, depois de uma semana sem aparecer por lá. Sim, eu e o Nicolas nos beijamos depois de tudo que aconteceu... foi no pátio da escola, na frente de todos os alunos, não sei como minha típica timidez me deixou fazer aquilo. Como prêmio, ganhamos uma semana de suspensão, e eu, além disso, uma bronca do meu pai.

                Vesti minha camiseta de uniforme, um short qualquer que Nicolas gostava, e meu inseparável coturno. Peguei minha mochila, e desci as escadas. Vi Daniel sentado no sofá, com a TV ligada e olhando para o nada.

- Daniel? – o chamei e ele pareceu nem escutar. Ou então estava me ignorando, como sempre fazia. Aliás, agora até mais do que antes de começar a namorar o Nicolas. Espera? Namorar? Ele ainda não tinha me pedido em namoro... – DANIEL – gritei e ele pareceu acordar de seu transe.

- Oi? – seco, sempre.

- O que está fazendo aqui?

- Eu moro aqui Julie –‘

- Você mora na edícula, não na sala.

- Olha, eu fico onde eu bem entender, ouviu? – saiu a passos largos, atravessando uma parede qualquer só para me deixar falando sozinha.

                Mais essa agora, ele sempre era grosso comigo, mas estava cada dia de mal a pior. Fala sério – bufei – é melhor ir logo para a escola antes que eu me atrase. Caminhei tranquilamente pela calçada, até que cheguei e me sentei no banquinho – cheguei faltando uns 15 minutos ainda para bater o sinal – e vi Nicolas vindo em minha direção.

- Julie! – ele exclamou, sorrindo.

                Ah, aquele sorriso SEMPRE fazia meu dia melhorar. Mesmo depois daquela cena de Daniel. Corri até ele e o abracei, ele me apertou em um abraço, e me deu um selinho. Conversamos coisas aleatórias até que ele ficou mudo.

- Que houve Nic? – perguntei

- Julie, eu quero conhecer os caras da sua banda – ele soltou na lata.

                Ih, ferrou... como eu ia explicar para Nicolas que eles eram fantasmas? Ou pior, eu teria primeiro que convencer Felix, Martim e... Daniel (--‘) a aparecerem para ele. E se eles não aceitassem, que desculpa teria que dar para o Nicolas desistir dessa ideia?

- Nicolas... Eu não sei se é um bom momento, os meninos nunca se mostraram para ninguém além de mim e... da Bia... e... eu não sei se eles querem... preciso falar com eles antes.

- Ah Julie, fala sério, a gente tá ficando e tal... acho que não tem nada a ver seus amigos ficarem se escondendo, ainda mais de mim. Você sabe que é inevitável que um dia a gente se conheça.

                Tá. Agora ferrou. Eu simplesmente poderia pedir para os meninos ficarem visíveis sem contar que eram fantasmas. Mas lembrei-me que Daniel havia assombrado Nicolas há um tempo, e se ele o visse, com certeza o reconheceria na hora. O que fazer?

~le flashback on~

Daniel foi até a casa de Nicolas, e começou a apagar as lâmpadas, jogar os livros da estante, mexer as cadeiras e a mesa do lugar, até que Nicolas assustado correu escada à cima em direção a seu quarto. No meio da escada, Daniel apareceu para ele, que quase caiu da escada de susto.

- VOCÊ NUNCA MAIS VAI FALAR COM A JULIE, NÃO VAI NEM OLHAR PARA ELA, TÁ ME ENTENDENDO? SENÃO, EU VOU VOLTAR – ele disse, gritando, e desapareceu.

~le flashback off~

- Olha Nicolas, eu vou falar com os meninos tá? Se eles quiserem a gente marca e você vai lá em casa e assiste um ensaio da banda pode ser?

                Ele nem ao menos me respondeu, me puxou para dentro da sala, pois o sinal havia batido. A aula passou devagar demais para o meu gosto, na saída ele me deu um selinho e eu saí com a Bia em direção a casa. Contei tudo pra ela, que me olhou surpresa.

- Amiga você sabe que eles não vão aceitar né? – Bia disse, mas eu sabia que ela se referia a Daniel.

                Suspirei. Bia tinha razão, mas acho que não custava tentar. Entrei na edícula e os chamei.

- Martim, Félix, Daniel! – chamei

                Apareceram os três, vi Martim sentado no sofá, Félix jogado num colchãozinho que tinha ali e Daniel sentado no chão, com as pernas dobradas e as mãos abraçando os joelhos. Vi sua expressão triste, mas preferi ignorar por hora.

- Meninos, o Nicolas quer conhecer vocês. – vi a expressão feliz de Martim, de duvida do Felix e de tristeza do Daniel. Senti meu peito apertar de vê-lo daquele jeito, mas... o que eu podia fazer?

                Martim e Felix concordaram. Já Daniel...

- Eu não vou aparecer para esse panaca – e lá vamos nós para mais uma seção de grosserias de Daniel – você tá achando que sou atração de circo Juliana, para aparecer para quem você quiser, na hora em que quiser? Vai sonhando.  – e atravessou a parede, sem esperar uma resposta.

- Ai Julie – disse Bia, segurando no meu ombro – eu sinto muito...

- Ah Bia, eu já esperava isso mesmo. Até que não foi tão ruim. – sorri falsamente.

                Resolvi sair da edícula e procurar Daniel, ele não podia ser tão ruim assim comigo. Quer dizer, ele não precisava aparecer para o Nicolas se não quisesse, mas também não era preciso falar comigo daquela maneira. Andei até aquela pracinha, e encontrei Daniel sentado no mesmo balanço que QUASE nos beijamos naquele dia...

~le flashback on~

- Julie, sabia que 83% do universo é feito de alguma coisa que ninguém sabe o que é? – ele me encarou.

- Até parece - sorri

- É sério, se chama matéria escura e ninguém sabe do que é feito, tudo isso que a gente vê é só 17% de tudo que existe. – ele deu um sorriso torto.

- Se ninguém sabe o que é, como dá pra saber que existe? – disse, com voz incrédula.

- Como você sabe que eu existo? – fiquei surpresa com a pergunta

- Porque eu to falando com você agora. - respondi

- Eu posso ficar invisível a hora que eu quiser, posso ficar intangível a qualquer momento, eu não tenho peso, como você pode ter certeza que eu existo de verdade? É muito mais provável que eu seja só uma alucinação dentro da sua cabeça.

- Ah obrigada Daniel, eu precisava mesmo questionar o universo e a existência do guitarrista da minha banda. – nós dois riamos.

- De nada. – ele ainda ria

- Quer saber de uma coisa? Eu tenho certeza que você existe. – olhei nos seus olhos.

- Ah é? – perguntou, irônico – e por que? – fechou a cara

- Porque eu não conseguiria te inventar.

E então nos aproximamos, senti nossas pernas se encostando... nossa respiração ritmada...nossos rostos se aproximaram. Até que me afastei em um pulo.

- Daniel, para! Não podemos...

- Por quê? – ele fez um biquinho e quase não resisti.

- Por que... eu gosto do Nicolas...me levantei e fui para casa.

~le flashback off~

                Daniel batia o pé no ritmo de alguma musica qualquer, visível para todos, pois estava com o violão, iria ser cômico as pessoas olharem para um violão flutuando sozinho pela praça. Ele ainda não tinha me visto. Aquele olhar triste de Daniel fez meu mundo parar. Me lembro que Bia uma vez me disse que eu estava tão obcecada em tentar conquistar o Nicolas, que talvez nem eu sentia mais alguma coisa de verdade por ele e... que o amor poderia estar mais perto de mim do que eu imaginava. Será? As vezes eu me perguntava se todas aquelas brigas com o Daniel talvez não tivesse outro sentimento escondido, talvez alguma espécie de... paixão? Isso, paixão escondida atrás daquele ódio todo. Fui caminhando em direção a Daniel, quando senti que alguém segurou meu braço.

- Nicolas – sorri, sem graça

- Pra onde estava indo? – ele me perguntou

- Er... bem... – não dava para esconder mais – apontei para o Daniel – estava indo falar com o guitarrista da minha banda...

                Nicolas passou de branco para pálido, depois para amarelo, e me encarava assustado. Claro, ele reconheceu Daniel, daquela vez em que ele o assombrou.

- Ele... ele... ele... – o interrompi

- Sim, ele é um fantasma.

- Julie, depois conversamos – disse e saiu.

                Decidi não fazer nada, afinal ele deveria estar assustado com aquilo tudo e precisava de um tempo para digerir as informações. Fui em direção a Daniel, e me sentei no balanço ao lado.

- Daniel... – comecei

- O que está fazendo aqui? – grosso! – Deveria estar com o seu namoradinho – apontou em direção a Nicolas que andava meio sem rumo.

- Daniel, não seja grosso comigo... – tinha os olhos marejados – eu não tenho culpa...

- Oras, Julie, não chore. – falou com aquela arrogância toda. – Julie? – não consegui mais segurar as lagrimas – Droga Julie, por que você sempre tem que aparecer e mexer comigo desse jeito?

                O encarei. Como era? Ele tinha dito que eu mexo com ele. Ok, nada de pânico Julie.

- Como assim Daniel? – olhava nos olhos dele, e podia jurar que se ele não fosse fantasma, estaria ou corado, ou com os olhos cheios de água, como os meus.

- Julie, eu não sou bom em expressar meus sentimentos. Então fiz essa musica para você, e nunca tive oportunidade de tocar. Acho que agora é uma boa hora.

                Então ele pegou o violão, e tocou alguns acordes. Olhou-me e começou a cantar. 

Como dói perceber que o fim

Chegou tão depressa e eu

Nem tive tempo de provar pra você

Que eu poderia ser o seu

Maior segredo é o que eu mais desejo

Será que se eu fechar os olhos você vai

Aparecer aqui?

Dias passam enquanto eu penso

Em uma forma de mudar

A quem estou querendo enganar?

Quem sou eu pra mudar

O que o mundo escolheu

O que o mundo escolheu para mim

Tenho que aceitar

Que é melhor assim

Quem sou eu pra mudar
  O que o destino escolheu
 O que o destino escolheu pra nós dois
 Se eu partir prometo não
 Te procurar depois
 Quanto mais chego perto mais não
 Posso suportar
 O fato de não poder te tocar

Como dói perceber que o fim

Chegou tão depressa e eu

Nem tive tempo de provar pra você

Dias passam enquanto eu penso
 Em uma forma de mudar
 A quem estou querendo enganar?


                 Minha ficha caiu nesse momento... Daniel me amava! E eu nunca dei bola para os sentimentos dele. Se arrependimento matasse. Suspirei, derrotada. Não sabia como agir, estava perdida. Lembrei-me das palavras de Bia. E se eu realmente não tivesse notado o amor que estava ao meu lado?

                Levantei-me do balanço sem dizer nada. Daniel me olhava confuso, e quando viu que eu me afastava, abaixou a cabeça. Andei até a casa do Nicolas, eu precisava entender meus sentimentos.

                Toquei a campainha. Ele atendeu.

- Julie? – me olhava intrigado.

- Posso entrar? – disse, sem saber o que falar.

- Claro... – disse, hesitando, e me deu passagem.

- Nicolas, olha, eu sei que eu... bem, nós... nós estamos ficando e... olha, a verdade é que eu já não sei mais o que sinto por você e... – a campainha tocou me interrompendo.

                Nicolas abriu, apreensivo. Era Talita.

- Julie, eu... – o interrompi.

- Tudo bem Nicolas, eu tinha vindo aqui mesmo para terminar tudo. Como eu estava dizendo, eu não sabia mais o que sentia por você. Mas acabei de descobrir. Nada, eu não sinto nada.

                Ele me olhava estático, Talita sorria vitoriosa. E eu? Bom, eu apenas sorria, como se tivesse tirado um peso de cima de mim. Caminhei em direção a praça novamente, e vi Daniel plantado no mesmo lugar, ainda sem reação. Porém, o vilão estava no chão e ele estava com as mãos espalmadas no rosto, como quem chorava. Sei que provavelmente estaria chorando se fosse vivo.  Meu coração batia mais rápido a cada passo que dava em sua direção. Sentia borboletas no estômago, minhas pernas quase não me obedeciam e minhas mãos suavam, apesar da noite estar um pouco fria. Parei na frente dele.

- Daniel... – sussurrei, e ele apenas tirou as mãos do rosto, fitando seus tênis. – me desculpa... é sério... – toquei seu queixo, nossa, a expressão dele era digna de alguém que estava no fundo do poço. Senti uma enorme vontade de me jogar em seus braços e apertá-lo num abraço, mas me contive. Lagrimas escorriam novamente de meus olhos. Então levantei seu rosto, fazendo-o me encarar. E ele realmente me encarava, me olhava de baixo, no fundo dos meus olhos, como quem pedia ajuda para sair daquele poço de dor em que se encontrava. Meu deus, como pude fazer isso com ele. Eu tinha magoado a única pessoa que realmente gostava de mim, e agora, percebia o quanto eu gostava dele. Todos aqueles xingamentos, tudo aquilo era um sentimento reprimido. Por ambas as partes. Então me abaixei, me apoiando sobre as pernas, e dei-lhe um selinho demorado. Quando nos separamos, vi que ele me olhava confuso.

- O que... O que foi isso agora? – ele fazia força para sua voz sair.

                Não o respondi. Sentei em uma de suas pernas, enrosquei meus braços em seu pescoço e lhe beijei. Pedi passagem com a língua para aprofundarmos o beijo, e ele resistiu. Agarrei seus cachos loiros, fazendo carinho, enquanto minha outra mão acarinhava seu pescoço. Pude ouvir um suspiro baixo de Daniel. Insisti então, pedindo passagem, ele finalmente cedeu. Seus lábios atravessaram os meus, num beijo intenso, cheio de paixão, e mágoa, sim, ele ainda estava magoado. E eu pretendia fazer com que toda aquela dor passasse. E eu conseguiria. Eu o amava, e não sabia. Senti suas mãos segurando minha cintura com ternura, e com firmeza ao mesmo tempo. Não queria que aquele beijo acabasse nunca, mas eu precisava de ar. Parti o beijo, mas não me afastei. Colamos nossas testas e eu sentia minha respiração bater em Daniel e voltar para mim. Senti o perfume de seus cabelos, de seu corpo. Era uma sensação que nunca havia sentido antes, nem com Nicolas.

- O que faremos agora? – eu perguntei, ofegante.

                Ele fechou seus olhos, não me respondeu. Ele também não sabia. Mas nós dois sabíamos que precisávamos ficar juntos. E daríamos um jeito, conseguiríamos uma solução para resolver isso tudo. Ele estava morto sim, era um fantasma. Mas nós nos amávamos. E com certeza, haveria um jeito de isso se resolver. E nunca descansaríamos até conseguir.

- Eu te amo, Julie.

- Eu também amo você Daniel... A partir de agora, você é o meu ‘’maior segredo’’.

                Demos as mãos, e fomos até minha... nossa casa. E adormeci com a cabeça no peito do meu grande amor, que agora sorria, fechando os olhos. Senti meu corpo ser abraçado pelos braços de Daniel. E então, adormeci.


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Notas finais do capítulo

apenas uma inspiração de uma oneshot que tive enquanto escreviaa o resto da minha fic xD
deixem reviews ok? :)