POV Narradora

“Um dia a gente descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida. Nossas duvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar...” (William Shakespeare).

O tempo foi passando e muitas coisas foram mudando. A vida de todos não poderia estar melhor.

8 ANOS DEPOIS...

– Bernardo! Anda logo nesse chuveiro. Você já está aí há 10 minutos. – Julie gritava para o menino do seu quarto, enquanto arrumava o cabelo loirinho e meio cacheado da menina de 4 anos, que brincava com uma bonequinha.

– Mamãe... Eu não ‘quelo’ usar esse vestido azul. Eu ‘quelo’ usar o vestido rosa com florzinha que ganhei do papai. Vai combinar mais com a roupinha nova da minha boneca. – a menina resmungava fazendo beicinho.

– Ah Luisa... Você me fala isso depois que eu já te vesti. Por que não me falou antes? – perguntou e a menininha só deu de ombros com a cabeça baixa. – Tudo bem. Vem cá pra mim te trocar.

Julie foi vestir sua filha e ouviu a porta do banheiro se abrindo, saindo por ele o seu primogênito, enrolado na toalha.

– Ainda bem... Achei que fosse acabar com a água do mundo com essa demora. – pausou. – Estava tão sujo assim para demorar tanto?

– Ah, mamãe. Hoje é meu aniversário. Eu mereço um banho gostoso, demorando e relaxado. Não acha que o seu filho merece? – perguntou num tom convencido. Havia puxado isso do pai.

De fato, merecia. O menino Bernardo era um orgulho para Julie e Daniel. Estava fazendo apenas 7 anos, mas conversava e agia com um adulto. Tinha personalidade forte, como a mãe. Era independente e já conseguia, desde pequeno, a fazer sozinho coisas que não conseguia e pedia aos pais. Já era aplicado na escola, não dava trabalho e, assim como os pais, tinha um coração bom. Enquanto Luisa tinha feições parecida com Daniel, Bernardo era muito parecido com Julie. Cabelos pretos e lisos, os mesmos olhos e sorriso.

O garoto já estava em seu quarto se vestindo para sua festa de aniversário. Julie terminou de vestir sua filha com a roupa que ela queria. Depois ela mesma foi se arrumar. Tomou um banho rápido e vestiu uma roupa já separada para que ela a vestisse assim que saísse do banho.

Depois de pronta, ela desceu para a sala para receber os convidados. A campainha tocou e ela foi abrir a porta.

– Oi Bia e Félix. Fiquem a vontade. – ela abraçou Félix e abraçou Bia, tomando cuidado, por causa da barriga de 7 meses que ela carregava. – Oi Benjamim. Tudo bem? – Julie se agachou e o garotinho de 5 anos assentiu envergonhado. – O Bernardo e a Luisa estão lá em cima. Vai lá brincar com eles. – disse e ele sorriu e subiu as escadas. Virou-se para Félix. – Ele está a sua cara. – disse sorrindo e apontou os sofás para que eles se sentassem.

– Então ele é lindo. – disse convencido, arrancando risadas das duas.

– E como vai a minha afilhadinha? – perguntou para Bia, passando a mão na barriga dela. – Já escolheram o nome? Vocês estavam numa indecisão e tanto. Né?

Bia gargalhou. – Ela está bem. E sim... Já escolhemos o nome. – pausou. – Vai ser Isabella. – disse e Julie sorriu, aprovando o nome. – O melhor é que o Benjamim está aceitando bem a chegada da irmã. Ele disse que vai ser o melhor irmão do mundo, que vai cuidar muito bem dela. – disse sorrindo.

– É sempre assim. No começo, não aceitam muito porque acham que vão perder a atenção que antes era só deles. Depois se acostumam. O Bernardo foi assim. Não gostou muito, mas depois... – pausou. – Nossa... Você precisa ver. Ele é super coruja com a irmã. Os dois são muito grudados. Muito difícil eles brigarem. – pausou. – Pode ser que briguem quando ficarem mais velhos... Mas, acho que não. São muito apegados para brigarem.

A campainha tocou de novo e dessa vez era Martim com a namorada Fernanda. Eles traziam com eles os gêmeos João e Filipe, de 2 anos. Nanda ainda tinha uma barriga de 3 meses, quase 4. Era uma menina.

– Oi. Fiquem a vontade. – se virou para os gêmeos. – O resto da turminha ‘tá lá em cima. Vão lá. – eles sorriram e foram correndo.

– Meninos... Não corram na escada. – Martim pediu autoritário.

– Seus filhos puxaram a você. Por isso eles são assim. Peraltas. – Félix disse rindo.

– Lógico. Eles têm que puxar ao pai mesmo. Ai... – Martim disse, recebendo um tapa no braço pela namorada. – Calma, amor. – disse massageando o braço no lugar do tapa.

Todos riram. E ficaram conversando. Mais convidados foram chegando. Mais tarde, Daniel também já estava lá.

– Oi amor. – Julie o recebeu com um selinho. – Você demorou.

– Desculpa. É que eu tive que resolver umas coisas lá na gravadora. – pausou e deu um beijo de tirar o fôlego na amada. – E aí? Como que está indo a festa? – perguntou olhando em volta.

– Bem. Daqui a pouco vamos cantar parabéns. Só que tem que chamar o aniversariante e o nosso filho sumiu com os amiguinhos deles.

– Vou procurar ele. – disse e saiu.

Minutos depois, Bernardo apareceu acompanhado do pai. Se pos frente ao bolo, Julie acendeu a velinha e começaram a cantoria.

– Parabéns pra você... Nessa data querida... Muitas felicidades... Muitos anos de vida... Bernardo, Bernardo, Bernardo. – todos os presentes ali cantavam e batiam palma. – Faz um pedido. – alguém disse. Bernardo encarou a velinha de 7 anos, mentalizou seu pedido e a assoprou, fazendo todos bateram palmas.

Daniel o ajudou a cortar o primeiro pedaço de bolo. Ele pegou o pedaço e sorriu.

– O primeiro pedaço vai para a minha mãe. – ele disse se virando para ela e entregando o bolo. – Ela é minha inspiração, minha “Mulher Maravilha” e eu te amo muito mãe. – disse e Julie fazia força para segurar as lágrimas, que já caiam por sua face. Algumas pessoas soltavam um “Own”.

Continuaram a aproveitar a festa. Umas horas depois o telefone de Julie toca e ela vai atender. Daniel a segue. Quando chegou perto dela, entranhou sua expressão. Uma mistura de surpresa e felicidade.

– O que aconteceu? Quem era? – perguntou.

– Meus pais, eles...

– O que têm eles?

– Eles vão sair daqui duas semanas da prisão.

– Ué... Mas a pena deles não acabava daqui um ano? – perguntou confuso.

– Sim, mas... Eles vão sair por bom comportamento. – pausou. – Eu to tão feliz. Eles me disseram que estão loucos para conhecer os netos.

– Devem estar mesmo. Eles só conhecem por fotos. – Julie assentiu e sorriu.

(...)

– “Pai”, “Mãe”. – Julie apareceu na nova casa dos pais. – Como vão?

– Melhor impossível, filha. – Seu “pai” disse a abraçado apertado. Julie abraçou a mãe.

– Estávamos com saudades de você, filha. – sua “mãe” disse, saindo do abraço. – A construção do meu consultório e do escritório do seu pai começa amanhã. Acredita?

– Serio? Que rápido. – pausou. – Bom saber disso. – ouviram um barulho da porta do carro sendo fechado. – E então? Estão ansiosos para conhecer os netos? – perguntou sorrindo.

– Lógico né filha. – seu pai disse sorrindo. Nisso chegam correndo Bernardo e Luisa.

– Vovôs. – disseram juntos e abraçaram seus avôs Demétrius e Leona. Os olhos de ambos saíram lágrimas.

– Sogrinhos. – Daniel disse sorrindo brincalhão. Deu um aperto de mão e um abraço neles.

– Ei, Bernardo. Eu soube que você fez aniversário. E eu tenho um presente para você, de aniversário atrasado. – Demétrius disse e o menino sorriu.

– E eu? Não ganho nada. – Luisa disse.

– É claro que ganha meu anjo. – Demétrius disse sorrindo.

Entraram e passaram o dia todo juntos.

(...)

Daniel, Martim e Félix estavam em um novo show da turnê do quarto álbum deles. Daniel estava no backstage* trocando a roupa suada por outra. Bebeu uma água e caminhou de volta para o palco para mais uma parte do show. Ao aparecer, as fãs já gritavam histéricas.

– Aé, galera. A gente espera que vocês estejam curtindo o show. – Daniel disse e as fãs foram à loucura. – Valeu. Queríamos agradecer a presença de todos vocês aqui hoje. E eu queria que vocês ouvissem nossa nova música, que eu escrevi para a minha esposa, minha mulher. Julie. – ele disse e em seguida ouviram-se vários assovios.

Julie estava na platéia e um assistente de palco direcionou o holofote** nela, fazendo que sua figura ficasse iluminada e pudesse ser vista por outras pessoas. Julie ficou bastante constrangida com isso, mas por dentro estava radiante com a surpresa que Daniel havia preparado para ela. Ao fim dos gritos e assovios, Daniel voltou a falar.

– Quero dedicar essa música para ela e pra todos os apaixonados, assim como eu. – ele sorriu e eles começaram a tocar.

“Não deixe isso acabar
Não deixe isso acabar
Nunca deixe isso acabar

Bem, eu tenho dois bilhetes para o jogo
Seria ótimo se eu pudesse te levar lá nesse domingo
E eu te levo em casa quando terminar
E se você estiver lá, não importa qual equipe ganhar
Nós podemos parar para um café
E zoar com os policias no estacionamento
Podemos rir, fingindo que não estamos nos amando
E que somos apenas bons amigos

Bem, estou cansado de fingir,
Mas estou com medo de que termine
Eu sei que se não fosse por você,
Não há nada que eu pudesse fazer para não deixar isso acabar
E eu sei que você sente o mesmo,
Pois me contou quando estava bêbada no seu aniversario
E como você me puxou e sussurrou em meu ouvido
"Nunca deixe isso acabar"

Não deixe isso acabar
Não deixe isso acabar
Nunca deixe isso acabar

Sábado, vou sair com ela,
Porque sua banda favorita vai tocar no centro da cidade
Vai cantar a musica que todos nós já ouvimos falar
Sobre dois bons amigos que deveriam estar apaixonados
Mais tarde, passaremos pelo parque
E ela pode segurar minha mão por que ela odeia o escuro
Podemos rir, fingindo que não estamos nos amando,
E que somos apenas bons amigos

Bem, estou cansado de fingir,
Mas estou com medo de que termine
Eu sei que se não fosse por você,
Não há nada que eu pudesse fazer para não deixar isso acabar
E eu sei que você sente o mesmo,
Pois me contou quando estava bêbada no seu aniversario
E como você me puxou e sussurrou em meu ouvido
"Nunca deixe isso acabar"

Não deixe isso acabar
Não deixe isso acabar
(por favor, me prometa que isso não vai acabar)
Nunca deixe isso acabar

O melhor momento que já tivemos
É uma loucura agora, olhar para trás e rir
Você nunca sabe por onde a vida vai passar
Porque nós somos os únicos que jamais saberemos
Domingo à noite, apenas ela e eu
Sentados lado a lado, em plena luz do luar
Eu a puxei para perto, só para abraçá-la apertado
E nós dois poderíamos dizer que foi bom
Ela olhou para mim no jeito mais doce
Como se ela pudesse adivinhar o que eu estava prestes a dizer
Deve ter demorado só um pouco para encontrar as palavras
Porque ela me interrompeu, e finalmente disse primeiro:

Bem, estou cansado de fingir,
Mas estou com medo de que termine
Eu sei que se não fosse por você,
Não há nada que eu pudesse fazer para não deixar isso acabar
E você sabe que eu sinto o mesmo,
Pois te contei quando estava bêbado no meu aniversario
E como você me puxou e sussurrou em meu ouvido
"Nunca deixe isso acabar"

Não deixe isso acabar
Não deixe isso acabar
(por favor, me prometa que isso não vai acabar)
Nunca deixe isso acabar

Não deixe isso acabar
Não deixe isso acabar
(por favor, me prometa que isso não vai acabar)
Nunca deixe isso acabar”

(Don't Ever Let It End - Nickelback)

– Eu te amo amor. – disse sorrindo.

Da platéia, Julie sibilou um “Eu te amo” também.

E assim, com os dois se amando a cada dia mais, dois filhos que são o orgulho deles, os pais de Julie finalmente refazendo a suas vidas, eles poderiam, finalmente, ser uma família completa. Serem feliz de verdade. E eles seriam sim, daqui por diante.

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