POV Narradora

Mais um dia se passou. Daniel e Julie estavam radiantes de felicidade, por finalmente estarem juntos. Dora foi procurar um hotel para ficar por não querer “abusar da hospitalidade de Daniel”. Ela foi embora, mas não sem antes felicitar o mais novo casal. Os amigos, Martim e Félix aceitaram bem o namoro do amigo. Eles finalmente estavam muito felizes e a paz novamente iria voltar a reinar. Mas não por muito tempo.

Os amigos e namoradas estavam na piscina e aproveitando o lindo dia de sol que fazia. O empresário Klaus apareceu por lá e olhou para Daniel, esperando chamar a atenção dele. Assim que Daniel virou o rosto, os olhos deles finalmente se encontraram e ele entendeu que Klaus queria falar com ele.

– Espera um minuto, amor. Vou ali e já volto. – disse para Julie, que assentiu. Eles tocaram um selinho.

Daniel saiu de perto dos outros e caminhou até Klaus. De longe, Julie via as expressões que Daniel fazia a cada palavra de Klaus e não entendia o que elas diziam.

– O que será que o Klaus está dizendo para o Daniel? – Bia perguntou pra Julie, chegando do nada, a assustando. Agora, elas eram amigas.

– Não faço ideia. Mas eu acho que não deve ser uma coisa muito boa... Ou talvez seja. Sei lá.

– Pro Klaus aparecer aqui, assim, do nada... Com certeza, não é coisa boa. Pode acreditar... Eu os conheço a um bom tempo e sei bem o que aquelas caras significam. Vem bomba por aí... Pode esperar.

– Será? – Julie perguntou e Bia acenou positivamente com a cabeça. – Estou com uma sensação de que isso tem a ver comigo.

– Seja lá o que for... Você vai ter uma amiga para o que você precisar. Ok?

Julie sorriu e abraçou Bia de lado. Bia foi nadar e Daniel voltou para perto dela.

– Julie. Veste uma roupa e me encontra na sala de visita.

– Por quê? O que aconteceu?

– Não faz pergunta ainda. Só faz o que eu te pedi. Você vai ter suas perguntas respondidas logo, logo. Agora vai. Vou estar te esperando. – disse e deu um beijo na testa de Julie.

Mesmo sem entender nada, Julie foi para o quarto e se vestiu casualmente. Uma calça jeans, uma regata branca, um cardigã vermelho e um all star preto. Passou pela frente do espelho e ajeitou um pouco os cabelos. Desceu para a sala e viu um homem de terno conversando com Daniel. Estranhou e começou a ficar cada vez mais curiosa com que estava prestes a saber.

Caminhou até ao lado de Daniel e ele colocou o braço em volta do ombro dela e deu um beijo em sua têmpora.

– Que bom que você já está aqui. Preciso te dizer o que aconteceu. – Daniel olhou para o senhor de terno. – Deixa que eu mesmo fale. – disse para ele.

– Falar o que? Explica-me logo o que está acontecendo.

– Senta aqui. – Daniel indicou o sofá e ela se sentou. – Tudo bem... Vou falar...

– Então fala logo. – Julie disse num tom impaciente.

– Julie... Seus “pais”... Eles... Eles foram presos. – pausou. – E esse aqui é o advogado deles e ele veio até aqui atrás de você a pedido deles. – disse por fim e esperou a reação de Julie.

Ela estava séria e com os olhos arregalados ao mesmo tempo. Daniel reparou que olhos de Julie brilhavam e pouco depois reparou que eram lágrimas. Ele a abraçou e afagou seus cabelos. Seu choro agora era visível.

– Shiu... Calma.

– Senhorita Julie... – o advogado a chamou e ela virou o rosto para ele. – O “seu” pai quer vê-la. Sua “mãe” também. Quer me acompanhar até a delegacia?

– Sim. – Julie respondeu segura. – Eu tenho mesmo que acertar algumas coisas. – disse enxugando as lágrimas. Olhou para Daniel. – Eu já volto. Ta? – ele assentiu.

E ela saiu, acompanhando do advogado. Daniel voltou para a piscina. Todos lhe perguntavam o que aconteceu e ele dizia apenas que logo eles saberiam... Isso se Julie quisesse contar para eles. Era pessoal demais.

(...)

Horas depois, Julie voltou e aparentava levemente abatida. Daniel a recebeu com um abraço e um beijo cheio de amor. A levou até o sofá da sala, se sentaram e Daniel pediu que trouxessem um copo com água para ela. Esperou que ela o tomasse e se acalmasse.

– E aí? O que aconteceu lá?

Julie o olhou e respirou pesadamente.

– Foi... – pausou. – Normal.

– Mas... Como foi?

– Eu conversei com eles e fui ver como era a situação deles. – pausou. – Disseram-me que eles se entregaram a justiça, por livre e espontânea vontade e por isso eles podem até ter a pena reduzida. E se tiverem bom comportamento na prisão, reduz ainda mais. O julgamento é semana que vem. – pausou e olhou bem nos olhos de Daniel. – E... Eu me entreguei como cúmplice. – Daniel arregalou os olhos. – Mas, como eu sou menor de idade e que também fui, meio que, vitima nisso tudo, eu só vou ser submetida a medidas sócio-educativas propostas pelo juiz. Eu só vou ficar sabendo o que é no dia do julgamento.

– Sério? – Julie assentiu. – Mas eu posso te livrar de, seja lá o que for proposto pra você. Você é minha namorada e eu tenho dinheiro. Não quero que você...

– Não. – Julie o interrompeu. – Eu quero pagar pelo o que fiz. – disse e Daniel assentiu tristemente.

Julie voltou para o quarto e se jogou na cama, chorando e lembrando da tarde que passou na delegacia.

~flashback on~

Julie chegou à delegacia e foi direto conversar com o Delegado. Explicou sua situação da forma mais firme e sincera do mundo. Ele compreendeu e disse que logo resolveria o que aconteceria com ela.

Depois, foi falar com seus "pais" que os esperavam na sala de visitas. Respirou fundo antes de entrar. Abriu a porta e se pos sentada frente a eles.

– Como é que vai? – seu “pai” perguntou.

– Eu estou bem.

– Ficamos sabendo que você está na casa dele. Daniel. É verdade? – sua “mãe” perguntou.

– É. É verdade sim.

– Mas... Como? Ele aceitou te abrigar na casa dele depois de tudo o que você fez pra ele? Ele aceitou suas desculpas?

– Aceitou. Eu contei toda a verdade para ele e me desculpou por tudo.

Um silêncio constrangedor reinou por alguns segundos.

– Você já sabe da nossa situação? – seu “pai” perguntou.

– Sim. Eu disse que eu era cúmplice e farei medidas sócio-educativas.

– Você? Mas... Você não precisava ter...

– Não adianta falar. Eu já fiz. – Julie interrompe.

– Sabe Julie... Eu me arrependi de verdade de tudo o que fiz... Principalmente com você. E eu quero que saiba que eu vou fazer de tudo pra mudar, mudar por você. Começando por agora, pagando pelo o que fiz e assumir o meu erro. E esperar que você me perdoe por tudo. Quero começar uma vida nova e tentar ser o melhor pai do mundo pra você, minha Julie. – seu “pai” Demétrius finalizou com lágrimas nos olhos.

Julie também tinha lágrimas em seus olhos.

– Também queria o seu perdão, Julie. Quero ser uma boa mãe pra você. Também quero mudar por você. Você é minha menininha e eu te amo muito, filha. – sua “mãe” Leona disse chorando muito.

– Ah, mãe. – Julie se levantou e Leona também.

E elas se abraçaram e choravam sem parar. Demétrius também se levantou, chorando do mesmo jeito, e abraçou Julie.

– Eu sinto muito... Por tudo... Perdoe-me. – seu “pai” pediu, ainda abraçados e Julie assentiu. – Eu te amo muito, filha. – disse arrancando ainda mais lágrimas de Julie, aumentando o choro, chegando a soluçar. Há muito tempo ela não o ouvia dizer “filha”.

Soltaram-se do abraço e Demétrius lhe deu um beijo na testa. Julie se foi e voltou para a casa de Daniel.

~flashback off~

As lágrimas invadiram seu rosto outra vez, ao lembrar disso. Foi ao banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho e sorriu.

– Eu também te amo, pai.

Voltou pro quarto e acabou dormindo.