- Acorda Hay. – Peter me balançou gentilmente, fazendo-me despertar. Ele estava sendo o representante da minha mãe, já que eu estava evitando falar com ela. – Seu pai chegou.

- Meu pai é o Lucas. – eu bufei e disse com raiva.

Esse era realmente o lado que eu não queria despertar de mim mesma. Esse meu lado tem um sono pesado, mas não aguentou essa bagunça. Ele deu de ombros e saiu do quarto.

Quarto 479, Copacabana Palace. A minha cabeça estava uma bagunça assim como a minha mala. Se fosse uns anos atrás a família Trick nunca iria ficar no Copacabana Palace.

“ @its_Hay_bitch Brasil é um país maravilhoso quando se quer visita-lo :)”

Eu twittei rapidamente. Estranhamente várias pessoas mandaram replys. Todos sabiam quem era Hayley Trick, mas a ignoravam, pois eu era filha de um cara inteligente e não bonito.

“@real_liam_payne você vai voltar logo pra Londres, @its_Hay_bitch”

Eu ri, eles tinham esperança da minha volta. Era cômico.  Eles realmente achavam que eu ia voltavar e íamos ser felizes para sempre.

“@Jade_Bitch Se você não voltar eu vou aí te buscar, @its_Hay_bitch”

Era meio estranho não ter a Jade do meu lado. Eu estava tão acostumada com ela, que me dava até uma sensação de vazio.

“@its_Hay_bitch então vem logo ^-^ @Jade_Bitch”

Larguei o meu Iphone no criado mudo e fui tomar um banho. A água nas minhas costas era acompanhada por turbilhões de pensamentos, o que me deixavam atordoada. A única coisa que me tranquilizava era água quente, que me fazia esquecer os problemas por milésimos e segundos.

- Hayley, tá aí? – era Peter de novo, batendo na porta. – Você vai se atrasar.

- Não ligo. – eu respondi e pude escutar sua sonora risada.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, me secando. A roupa que estava em cima da pia não tinha nada haver comigo, mas era perfeita pra irritar o meu ‘pai’. Vesti-me rapidamente e logo após fiz uma maquiagem forte e tive certeza que eu era irritante.

- Se você não fosse minha irmã eu te pegava agora. – o Peter disse preocupado. – Não acha melhor trocar não?

- Eu sou uma bad-boy, não vou trocar. – eu ri.

Peguei o meu Macbook e parti para o saguão, depois de pedir que o Peter me acompanhasse. O meu salto alto fazia um barulho estridente, fazendo todos olharem para mim e arrancando risadas minhas e do Peter. Quando chegamos a porta principal, nós olhamos ao redor e encontramos um cara de quarenta e cinco anos.

- Ali seu pai. – o Peter sussurrou para mim e apertou a minha mão um pouquinho mais forte. Logo o homem, vulgo meu ‘pai’, veio a nossa direção. O Peter beijou o topo da minha cabeça e sussurrou algo parecido com “se cuida”. Eu apenas assenti e virei para meu ‘pai’.

(Ainda vou por aspas em ‘pai’ porque elas são pequenas moscas ao lado do lixo e dão sentido.)

- Oi.

- Oi. – eu disse e pus meus óculos escuros. Andei até o carro e abri a porta da frente, entrando e dizendo pra mim mesma “e daí?”. Ele me seguiu e entrou ao banco do motorista, dando partida com o carro o mais rápido possível.

- Tudo bem? – ele disse com receio.

- Isso importa pra você agora?

Aquela me lembrava a Jade, não era mais a Hayley falando. Era tão idiota fazer isso, mas era tão preciso pra mim. O silêncio durou por alguns minutos pairando pelo carro.

- Aquele é o seu meio-irmão?

- Vou repetir: isso importa pra você agora?

- Estou tentando participar da sua vida. – ele disse inconformado, tirando a mão do volante.

- Péssimo momento para a participação. Pode, por favor, não tirar a atenção do trânsito?

O silêncio se fez presente novamente. Era tão absurdo o modo que eu fazia isso, que não fazia parte do meu feitio.

- Aonde vamos? – eu disse quebrando o silêncio pela primeira vez.

- Vou te apresentar as minhas filhas. – ele disse orgulhoso.

Aquele silêncio voltou. Ele entrou no estacionamento qualquer, enquanto eu olhava uma coisa qualquer no meu Iphone. Ele estacionou o carro agilmente e nos saímos rapidamente, adentrando o shopping e indo na direção da praça de alimentação.

Assim que achamos uma mesa, liguei meu MacBook e chamei os meninos no Skype.

Liam’s POV

Eu já estava com saudade da minha pequena. Em menos de um dia fora, eu já estava trancado no quarto.

- Tá ai, dude? Ainda tá nessa de ficar no quarto? – o Niall disse na porta.

- Tô com saudade da Hay.- eu disse ainda com a cabeça entre o travesseiro – E para de falar ‘dude’, é gay.

Ele deu uma risada e sentou na beirada da cama.

- Vamos lá, dude. Ela vai voltar. – ele disse. – Mas se ela não voltar você continua fazendo panquecas para mim?

- Claro, Niall, claro. – eu disse rindo. O NiNi realmente conseguia me deixar bem e esquecer momentaneamente dos meu problemas.

- A HAYLEY TÁ NO SKYPE. – o Lou gritou da sala e todos correram para a sala encontrando ele e o notebook. Quando eu digo todos, eu falo de todos mesmo.

- Oi, gente.

Era a Hayley na tela. Mesmo não parecendo ela, ela falava do mesmo jeito doce e fofo dela.

- Por deuses, eu estou vendo meu clone na tela do computador? – a Jade gritou.

- Relaxem isso é só pra irritar meu pai.

Todos nós damos um suspiro de alivio. Aquelas roupas não faziam o feitio dela.

- Tô sentindo sua falta, bebê. – eu disse com a voz toda manhosa. E todos fizeram aqueles “awwwn”

- Já tô voltando pra Londres, príncipe. – ela disse toda envergonhada pela pressão dos meninos. – Podem esperar um minuto?

Ela disse e todos assentiram. Foram os cinco minutos mais longos da minha vida.

Hayley’s POV

- Podem esperar um minuto? – eu disse vendo a nova ‘família’ do meu ‘pai’.

Eram duas meninas idênticas e uma mulher de quarenta e cinco anos vindo a nossa direção. As meninas eram de olhos verdes e cabelos castanhos e a mulher era ruiva.

- Então, Hayley. Essa é a Debora. – ele disse apontando para a mulher ruiva, que me deu um sorriso falso. – E essas são a Jacqueline e a Giovanna.

Eu dei meu primeiro sorriso do dia ali. Elas estavam muito envergonhada e eu precisei sorrir para deixa-las tranquilas.

- Hey, você é a namorado do Liam? – Giovanna me perguntou com vergonha. Eu me abaixei ficando da altura dela, lhe dando outro sorriso. – É que eu sou meio fã do One Direction.

- Sou eu sim. – eu disse sorrindo. – Quantos anos vocês tem?

- Cinco. – as duas disseram em uníssono.

Pensei um pouco em algumas hipóteses. Elas pareciam educadas e não tinham culpa da família que elas tinham.  Eu apenas pensei em apresentar elas ao 1D, fazer o sonho de duas pequenas fãs.

- Então, se eu voltar pra Londres – eu disse olhando de relance para o meu ‘pai’ – eu posso levar vocês comigo algum dia.

Eu disse e elas comemoraram, deixando a Debora inconformada.  Meu ‘pai e minha ‘madrasta’ foram buscar nosso almoço e eu abri o meu MacBook, encontrando o Skype aberto com os meninos me esperando.

- Hey, meninos. Essas aqui são a Jacqueline e a Giovanna, minhas irmãs. – eu disse com elas em meu colo e elas sorriram maravilhadas com o One Direction do outro lado da tela.