MAIS OU MENOS 2000 MIL ANOS ATRÁS.

Foi um desastre! Empurrou os projetos da mesa ao chão. Refazia os cálculos para ver onde foi que errou. Aquele novo capitão da 12º divisão conseguiu mesmo ultrapassá-lo? Imperdoável. Estava ansioso. Ainda era novo e não detinha a confiança de todos. Principalmente a de Hirako Sinjii. Tinha que se livrar logo da sua falha. Respirou fundo e voltou a sua compostura atual.

-Kaname sei que está ai. Entre.

-Hai.

-O Projeto não deu certo. Essas almas são fracas. E o pior, não conseguem manter forma se não em um corpo humano. Não podemos usar um de nossos bonecos.

-E o que faremos com elas?

-Precisamos nos livrar rápido. Hirako está no meu pescoço e não posso me arriscar. Ainda não alcancei meus objetivos.

-Tenho certeza que conseguirá mais cedo ou mais tarde.

-Eu sei. Enquanto todas as peças não estiverem juntas é melhor mantermos distância.

-E o que devo fazer até lá?

-Torne-se um exemplo.

-Um exemplo? Tenho que pensar como farei isso. Como vai se livrar das almas?

-Senkaimon... Vou jogá-las lá e ficaram perdidas até se extinguirem. Como disse não vivem muito tempo sem um hospedeiro humano. Meu destino ainda está um pouco distante. Mas ele com certeza chegará.

-Aja bem Aizen.

                (...)

-Não corra. – A irmã mais velha de avisava enquanto a outra se divertia com a sua pequenina boneca entre as folhas das cerejeiras que caiam suntuosas.

-Nee-sama veja como é bonito. As árvores rosa, o chão está rosa. Até o céu está rosa.

-Ora, não seja boba! Não está de tarde para o céu começar a mudar de cor.

-Nee-sama é só olhar. Olha o céu está rosa.

                A irmã suspira e ao olhar se espanta. Uma pequena fração do seu estava rosa como a menor dissera, mas lhe chamou atenção uma fenda que abria mostrando um negro profundo. Aquilo não era normal. Não podia ser. Pegou o braço da irmã e começou a correr.

-Nee-sama eu quero brincar mais.

-Não pode. Vamos corra. – e correu mais rápido que pode junto à irmã. Todavia a pequena deixou sua boneca cair e soltou-se da irmã para recuperá-la. A maior parou a corrida para busca-la, mas acabou tropeçando. A pequena conseguiu alcançar a boneca, entretanto uma criatura negra com rosto branco surge no céu e ia direto ao seu encontro, seria o seu fim se não surgisse um estranho portão no céu e um objeto parecido com uma pérola começou a descida atingindo o monstro. Não sabiam dizer o que houve, mas ao entrar em contato com a criatura a pérola começou a brilhar e o monstro a emitir sons estranhos. Do nada foi sugado para dentro da pérola que trocou de cor e ficou violeta. Um violeta muito bonito. O objeto vou descendo devagar e a pequena esquece a boneca e estende a mão para pegá-lo. Quando o alcança seus olhos ficam brancos e perde a consciência caindo no chão. A mais velha levanta desesperada e vai acudir a irmã.

-Rukia. Levanta. Rukia acorda!

                (...)

DIAS ATUAIS – HUECO MUNDO.

-Esse lugar mudou um pouco desde que os humanos estiveram aqui.

-Podíamos ter aproveitado aquela chance para captura-la.

-Engana-se. Sabemos de muitas das provações que enfrentou na Soul Society e mesmo assim, a rainha não havia despertado. Me pergunto qual o motivo de ser agora.

-Francamente não me importo do motivo. Em breve poderemos sair desse lugar.

-A ponte entre aqui e a Cereitei... Provavelmente o corpo hospedeiro será sacrificado. Será que a rainha sobreviverá?

-Estaremos lá para protegê-la e depois que ela chegar aqui absorverá esses hollows estúpidos para formar seu novo corpo.

-Se Aisen soubesse que ficaríamos tão forte somente por absorver pequenos hollows não teria se desfeito de nós.

-Esse homem irá pagar. Somos uma única consciência e, quando ela retornar, seremos a maior força do universo.

-Esse mundo já não pode nos proporcionar mais poder?

-Somos o estágio final. Os chamados Vastos Lordes. Para conseguir mais poder. Devemos alcançar outro mundo.

                (...)

                Três semanas haviam-se passado desde que Rukia perdeu a consciência. Quando Hisana tentou explicar aos pais acharam que ela estava louca. Alguma coisa muito ruim devia ter acontecido para deixar a filha mais velha nesse estado. Foi alocada em um pequeno quarto junto com a irmã inconsciente e a partir daquele dia, a família renegaria as duas. Uma nobre família não pode ter a sua frente uma louca e uma menina que provavelmente morrerá. Adotaram um jovem de uma família secundária. Forte, inteligente e educado. Ele levaria a frente o glorioso nome do reino.

                Hisana afanava os cabelos da irmã. Já não tinha esperanças que ela se recuperasse. Até que sentiu as mãos se moverem.

-Nee-sama? Por que está chorando? – Hisana não se conteve de emoção ao ouvir a voz da irmã. Saiu correndo do quarto e avisaria aos pais. Com Rukia acordada eles acreditariam que ela não estava louca e poderia recuperar seu status. Invadiu a sala de chá.

-O que pensa que está fazendo?

-Outosan, Rukia acordou.

                Todos ficaram surpresos e foram conferir o que Hisana dizia. Dependendo das resposta de Rukia poderia dizer que sua filha não estava louca. Ao final das contas é mais apropriado que o herdeiro seja alguém da família principal. Chegaram ao quarto e como Hisana disse Rukia estava acordada, mas a reação não foi como ela queria.

-Feitiçaria! – uma das testemunhas gritou.

-Minhas filhas! – não restou alguma.

                Todos estavam muitos assustados já que a menina depois de ela ficar semanas inconsciente acordou corada e ainda com os olhos de outra cor. Os estremos azuis de Rukia, que já eram vistos com maus olhos desde o nascimento agora eram violetas. Tão violetas quanto a joia do dia do acidente.

-Isso é um mal pressagio.

-Livre-se dela senhor. Está possuída pelo demônio.

-Não. Não está. É a Rukia, papai. Não consegue ver.

-Essa também deve está possuída senhor.

-Devemos fazer o ritual de purificação.

-O que está dizendo? Ainda são meu sangue.

-Já tem um novo filho, Senhor. E esse seu sangue vai te levar à desgraça.

                O mestre da casa simplesmente assentiu. As duas foram levadas pelos empregados para a cerimônia de purificação. Rukia não entendia bem o que estava acontecendo. Sua irmã chorava muito no canto.

-Onee-cham o que está acontecendo.

-É sua culpa. É sua culpa. Eu te odeio Rukia. Eu disse para não soltar a minha mão. Eu disse para não ir até lá. – A pequena não aguentou as palavras da irmã e saiu correndo desesperada, mas os guardas acharam que se tratava de uma tentativa de fuga e a pararam rudemente.

-Me soltem!

-Não vai escapar bruxinha.

-Eu não sou uma bruxa. Me soltem. Me soltem.

-Já não ouviram? Larguem-na agora.

-Quem você pensa que é moleque?

-Seu novo mestre. – Os guardas olharam feio, mas aceitaram as ordens e deixaram a sós.

-Saiba que se ela fugir isso recairá sobre seus ombros. – deram as costas.

-Você está bem?

-Estou sim, obrigado. Você não tem medo de mim?

-como teria medo da mulher que eu amo?

-C-como?

-Você foi a única que nunca me tratou mal. Sempre foi gentil comigo. Eu te amo.

-Eu vou morrer...

-Eu acredito no pra sempre. Você promete que vai me amar pra sempre também?

-Sim. – com pequenas lágrimas nos olhos.

-Rukia você pode fugir agora. Não me importo se não serei mais o herdeiro. Nos poderemos ficar juntos. –a abraçou.

-Eu...Eu não posso deixar a Nee-sama sozinha. Eu corri e dei-a para trás. Eu sempre a deixo para trás. Não posso fazer isso agora. Até que ela me perdoe.

-Eu – derramava algumas lágrimas – vou esperar você voltar para mim. Te amo... Para eternidade.

-Para eternidade – ela repetiu e saiu correndo de encontro a sua irmã.

                Caiu a noite a fogueira já estava preparada. As duas amarradas de frente para outra. Rukia se mantinha seria. Evitava olhar para a irmã.  Era sua culpa e ela sabia disso.

-Rukia – Hisana chamou tranquilamente – não ligue para o que eu disse. Estava apenas assustada. Mas eu te amo. A única que eu amei.

-Nee-sama eu também te amo. Eu também te amo.

                Atearam fogo e o mestre da casa virou o rosto. Já era demais assistir seu sangue queimar. Em seu quarto o garoto que jurou amor pela eternidade se amaldiçoava por ter sido fraco e não ter salvado sua amada. Havia muitos gritos da senhora da casa, mas as duas que queimavam apenas sorriam para morte esperando que um dia se encontrassem.

                (...)

-N-NÃO NNAAAOOOOOO! - O grito acordou toda a casa. O primeiro a chegar foi Ichigo.

-Rukia o que houve? Rukia – ela o abraçou forte chorando.

-Ichigo, eu sou um monstro. – e as lágrimas saíram mais fortes