Slide Away escrita por letter


Capítulo 15
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Em agradecimento a recomendação da leitora Elena e a marca dos 100 leitores, eu escrevi o capítulo mais rápido que o normal para vocês. Obrigada Elena pela linda recomendação e bom, 100 leitores é de mais para mim, obrigada a vocês ♥



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Um acesso de tosse tomou conta de mim quando me materializei na lareira da sala do professor de Herbologia, Neville Longbottom. As cinzas de sua lareira e de dezenas de outra das quais visualizei haviam adentrado minhas roupas, embaçado meus olhos e entupido meus ouvidos e nariz. Hugo apareceu logo ao meu lado, porém ele estava impecável.

– Como você consegue? – perguntei incrédula.

– É só fechar os olhos e agachar – disse meu irmão dando de ombros, ajeitando sua mochila nas costas e saindo de dentro da lareira – Bom dia professor – disse ele acenando para o senhor Longbottom que travava uma intensa batalha com uma planta carnívora sobre sua escrivaninha que tentava pegar uma das torradas no prato ao lado de suas anotações.

– Bom dia Hugo – cumprimentou o professor com os dentes trincados, acertando a planta com sua pena de escrever.

– Por Merlin – bufou outra pessoa que até então eu não havia visto na sala, Frank Longbottom – Imobilus – ordenou Frank apontando a varinha para a planta.

– Boa Franco – parabenizou meu irmão saindo da sala. Frank odiava que o chamasse de Franco, mas ele não demonstrara qualquer reação disso ao meu irmão, o que significava que algo está errado.

­- Frank – ralhou seu pai – Não se faz isso com um ser vivo. Nunca! – Neville começou a acariciar a plana imóvel – Mas vou deixá-la assim até terminar minhas anotações e torradas.

– Entendi pai. E quanto ao meu problema? – perguntou ele guardando a varinha dentro das vestes.

– Certo, seu problema – Neville pigarreou e olhou para os lados, como se procurasse a saída mais próxima para não ter de ajudar o filho – Acho que você deveria provar uma torrada, elas realmente amenizam os problemas.

Frank grunhiu alto e revirou os olhos.

– Deixa pra lá – eu que ainda estava petrificada na lareira fui obrigada a me mover quando Frank me lançou um olhar um tanto hostil de sua parte – Certo, você está atrasada – disse ele apontando o dedo pra mim.

­ - O que? Atrasada? M-mas acabei de chegar – falei confusa.

– Olá Rose – cumprimentou o senhor Longbottom – Quando passar pelas estufas não deixe cinzas caírem próximas as plantas, por favor.

­- Sim atrasada, vamos – chamou Frank carrancudo. O que será que aconteceu com o doce e ingênuo Frank que todos amavam?

– Tudo bem professor – falei saindo da lareira e espalhando uma boa quantidade de cinzas ao chão por entre meus passos.

Frank andou até a porta do escritório do professor e a abriu, mantendo-a aberta até eu passar, entrando nas estufas.

– Para o que estamos atrasados exatamente? – perguntei.

– Reunião dos monitores. Temos de refazer os horários de patrulha, rever as duplas, organizar os deveres de cada um e...

– Frank, desculpe, mas eu to satisfeita como estou – falei interrompendo-o enquanto andávamos entre as plantas da estufa de seu pai.

– Você me reclamou noites seguidas por patrulhar as masmorras com o Malfoy, Rose, podemos patrulhar junto às torres ao amanhecer – ele disse brandamente.

– Sim, mas... Pode manter esse trimestre dessa maneira, ou tem algum problema? – perguntei o olhando de soslaio.

Frank soltou um pesado suspiro enquanto abria a porta para saída das estufas. Fora delas a neve caía, formando um véu a nossa frente, e um tapete aos nossos pés, e por onde eu passava um rastro de cinzas ficava, eu precisava de um banho.

– Eu patrulhava com a Nina – falou ele por fim balançando a cabeça.

– Sinto muito Frank.

Ele balançou as mãos como se dizia, “deixe pra lá”, e eu realmente deixei. Poderia ser egoísmo de minha parte não ajudar um amigo, principalmente Frank que era quase da família, mas desde a noite do ano novo eu apenas imaginava como seriam divertidas minhas patrulhas durante o trimestre, poder passar minhas noites ao lado de Scorpius sem ter olhos alheios a nossa volta era o que precisávamos.

Mas a noite chegou e se foi e eu não consegui encontrar Scorpius para nossa patrulha. Albus disse que ele ainda não havia chegado ao castelo, e depois de minha solitária patrulha passei a noite em claro me questionando o que levaria Scorpius a se atrasar para a volta as aulas.

Enquanto estava acordada mergulhada em devaneios, Dominique levantou e sorrateiramente a ouvi saindo do quarto. Eu temia saber para onde ela estava indo e para fazer o que. Desde a noite de natal nós não conversamos, e no presente dia ela havia desaparecido até depois do jantar, quando a encontrei discutindo com seu irmão Louis no Salão Comunal.

Antes que o dia amanhecesse consegui apagar minha consciência por alguns minutos, ou talvez por uma hora, mas antes eu não tivesse conseguido, pois quando abri os olhos novamente estava exausta. Eu havia sonhado, ou talvez imaginado coisas conturbadas de mais enquanto estava imersa no estágio entre a consciência e a inconsciência.

No sonho/pensamento, mamãe havia descoberto que eu roubei o seu diário e decidira me punir por isso me levando para longe, eu pedia desculpas e pedia para que meus amigos me ajudassem, mas Albus estava ocupado de mais duelando com Frank, e Domi estava no casamento de sua irmã, porém ela era que estava vestida de noiva, e Scorpius estava dizendo que era melhor eu não saber o que estava escrito no final do diário de minha mãe, mesmo eu já sabendo.

– Você está literalmente acabada – disse Roxy no café da manhã, enchendo sua taça cuidadosamente com suco de abóbora – Vocês duas na verdade.

– Não dormi a noite – respondi num suspiro.

– Também não dormi – respondeu Dominique, mas a diferença é que ela aparentava feliz por não ter dormindo.

– E pelo jeito Lucy também não – comentou Roxy num sussurro bebendo um gole de suco – Olhe as olheiras – eu não conseguia ver a olheiras de Lucy, uma vez que minha prima estava sentada a duas mesas de distância da mesa da Grifinória.

– O que ela está fazendo com o pessoal da Corvinal? – perguntou Domi semicerrando os olhos para vê-la melhor.

– Não com o pessoal da Corvinal – cochichou Roxy abaixando a cabeça e se inclinando para frente – Dizem as más línguas que é com a Lysander – Roxy voltou sua atenção para seu café da manhã.

– Você quer dizer que elas são amigas, certo? – perguntou Dominique esperançosa – Apenas boas e melhores amigas.

– Eu não quero dizer nada – Roxy deu de ombros.

– Eu vou falar com o Albus – falei terminando meu café da manhã e saindo da mesa da Grifinória.

– E eu tenho que tirar uma dúvida com o senhor Lupin – Dominique se colocou de pé num salto, mas ninguém mais pareceu achar aquilo estranho. Só eu notara o que estava acontecendo? O olhar hostil de Louis lançado a irmã denunciava que não era apenas eu.

Passei pela mesa da Corvinal para chegar a da Sonserina e de soslaio consegui ver Lucy e Lysander conversando aos sorrisos de mãos dadas. Balancei a cabeça para não pensar no assunto no momento.

Chegando a mesa da Sonserina não encontrei Albus, apenas uma dezena de olhares ranzinzos lançados a mim.

– Ninguém vai te convidar a sentar Rosinha – falou Dora Nott em tom de deboche sentada a ponta da mesa.

– Guarde seu veneno maninha – pediu Theon revirando os olhos para irmã – Procurando Albus? – perguntou ele gentilmente para mim.

– É, vocês o viram? – com certeza se eu encontrasse Albus eu encontraria Scorpius, e na verdade ele era minha prioridade, embora eu não conseguisse dizer isso em um tom alto para todos ainda.

– Ficou nas masmorras – respondeu Theon – Se quiser ir lá a senha é Incantatem.

– Não passa a senha para ela! – ralhou Dora com o irmão.

– Certo, certo – respondeu Theon se virando para o outro lado, dando uma piscadela para mim.

Eu não conseguia compreender como aqueles dois podiam ser irmãos gêmeos, sendo um tão amável e a outra tão desprezível. Mas não questionei muito sobre o assunto e desci aos pulos para as masmorras.

– Incantatem – pronunciei a senha quando cheguei de frente à passagem secreta do Salão Comunal da Sonserina.

Mesmo com a freqüência de minhas idas as masmorras aumentadas eu ainda não me acostumara com tamanha grandeza o Salão conseguia exalar em seu interior, cada detalhe em si dava um ar superior e um tom grandioso, fazendo jus a fama e ao nome Sonserina. Talvez por isso os alunos natos da casa das serpentes fossem tão cheios de si.

O Salão estava aparentemente deserto, mas encolhido em posição de cócoras estava Albus com a cabeça inserida dentro da lareira. Eu sabia que era Albus porque naquela posição sua cueca boxe ficava para fora, e ninguém mais usaria uma cueca boxe bordada com os dizeres: Super Potter.

– Albus – chamei andando até ele.

A cabeça de Albus parecia mergulhada por entre as cinzas da lareira, mas antes que eu pensasse em puxá-lo rapidamente dali notei que se tratava de uma ligação de flu e em algum outro lugar era provável que sua cabeça estava aparecendo nas chamas.

Mais alguns segundos se passaram até que Albus finalmente emergiu da lareira, tossindo algumas cinzas e sentando com força ao chão.

– Albus? – chamei.

Ele se virou para mim, que estava sentada no sofá, um tanto perplexo, e depois de piscar algumas vezes murmurou:

– É só você – por um segundo me senti ofendida com seu tom de descaso.

– Quem você esperava que fosse? – rebati.

– Scorpius – respondeu ele abalado.

– Por quê? Onde ele está?

Em um piscar de olhos saltei do sofá e me joguei ao chão ao lado de Albus, quase o chacoalhando para que ele falasse rápido.

– No campo de quadribol? No dormitório? Onde? – perguntei esperançosa, tentando entender porque tal desespero me invadira.

– Eu não sei – Albus balançou a cabeça – Eu consegui usar a rede de flu para falar com alguém na Mansão dos Malfoy e ver porque ele ainda não chegou a Hogwarts... Mas fiquei meia hora gritando por alguém e ninguém apareceu.

Eu abri a boca para perguntar se ele estava falando sério, mas as palavras se perderam em algum lugar em meio a minhas cordas vocais e nada saiu.

Scorpius não voltará para escola e não estava em casa... Isso não fazia o menor dos sentidos.

– O que acha que está acontecendo? – perguntei num sussurro.

Albus olhou para mim e balançou a cabeça.

– Talvez Minerva saiba o porquê de ele não ter voltado ainda – sugeri animada me colocando de pé – Deve estar doente ou algo assim. E ela não ficaria petrificada no lugar sem querer saber o motivo de um de seus alunos não ter voltado do recesso na data prevista.

– Não sei não Rose – disse Albus levantando-se desanimado – Não é do feitio de Scorpius isso.

– Vamos lá, não temos nada a perder – falei puxando Albus para fora das masmorras pelo braço, tentando manter a atitude otimista.

Mas a atitude otimista desapareceu quando colocamos o pé dentro do Salão Principal e uma nuvem de corujas entrara nele. O correio estava atrasado e Minerva não estava em seu lugar de diretora na mesa dos professores.

Edwiges II, a coruja dos Potter, parou no ombro de Albus com um pequeno bilhete amarrado as pernas. Albus olhou com os olhos claros esbugalhados para mim e entendi que estávamos pensando a mesma coisa: Talvez fosse algo de Scorpius.

Por um momento o tempo parou e o burburinho que ocorria pelo Salão Principal se cessou, enquanto eu esperava Albus terminar de ler o bilhete. Por fim ele embolou o dito cujo entre a mão e falou com um suspiro:

– Nina.

Minhas esperanças estavam totalmente escassas, até que uma coruja negra voou até mim.

O animal parou em meu ombro e grunhiu para Edwiges, e como ela, estava com uma carta enrolada na perna.

– Hades? – perguntei esperançosa olhando para Albus. Hades era a coruja negra de Scorpius.

– Não – Albus balançou a cabeça – Isso nem ao menos é uma coruja Rose.

– Não? – virei o rosto para olhar o animal em meu ombro e realmente constatei que aquele ser não era uma coruja, era outra ave, negra com olhos mínimos negros – É um corvo.

Ele grunhiu novamente para Edwiges que lhe lançou um olhar de desprezo e bateu as asas para longe.

Desamarrei a carta na perna do corvo, enquanto perguntava a Albus desde quando corvos entregavam a correspondência.

– Eles não entregam – respondeu ele – Quer dizer, apenas ao norte onde é mais frio, dizem que são resistentes e mais confiáveis que as corujas para ter certeza de que a correspondência chegou.

– Devem ser – murmurei abrindo o pergaminho.

Albus se grudou ao meu lado e juntos nos colocamos á ler a carta.

“Albus, Rose, espero que leiam a carta, espero que esse maldito e imprestável corvo a entregue a vocês. Eu queria escrever a localização de onde estou, mas toda vez que tento o pergaminho se desfaz. Há algum maldito feitiço que impede que revelemos nossa localização por carta ou coisas do tipo enquanto estivermos dentro da escola.

E falando em escola... Já devem ter notado minha falta, ou ao menos eu espero que sim, uma vez que o trasgo de meu pai me colocou em um trem que foi direto para o Instituto Durmstrang.

Eu não entendi porque ele fez isso ainda, uma vez que ele não me deu quaisquer explicações. Enviei uma carta para ele agora e espero uma resposta logo.

Tentei argumentar que sou de Hogwarts, que sou da Sonserina, que estou no lugar errado, mas eles argumentaram de volta que meu pai me inscrevera aqui.

Se vocês leram, por favor, respondam.

S.H.M.”

– Albus – balbuciei sentindo minhas mãos tremerem – E-eu...

– Eu sei – disse Albus igualmente perplexo – Mas eu não entendo por que o senhor Malfoy quer deixar Scorpius longe de Hogwarts – Albus puxou o pergaminho de minhas mãos e passou os olhos pela letra de Scorpius.

– Talvez... Talvez ele queira deixar Scorpius longe de outra coisa – murmurei.

– Como assim? – Albus parecia confuso e inconsolável.

– Talvez queiram deixar ele longe de mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo (:


Capítulo betado e concordo com a Letter o dedo de ninguém vai cair, rum. Beijo beijo, obrigada aos que lembraram de mim e Feliz Natal pra quem estiver lendo ^^