A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 23
Irmãozinho


Notas iniciais do capítulo

Oie espero que gostemmm



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Sacudiu a terra de seus joelhos e suas mãos. Fitou o remexido de terra onde recém plantara a última semente de romã. Satisfeita com seu trabalho, voltou para casa com a mesma rapidez que viera. Tinha o riso solto, se sentia uma criança fazendo algo proibido. 

Escalou com dois ou três rápidos movimentos a parede da casa, pulou a janela e voltou para seu quarto. Lavou as mãos e os joelhos na pia do banheiro e se deitou.

Adormeceu fitando a dança de cores que a jóia em sua cama.

—___

Os primeiros raios de sol da manhã despertaram o deus de seu cochilo. Levantou, bateu a grama de suas vestes, fez o travesseiro desaparecer e se pôs de pé, admirando as plantas da esposa. 

Esposa.

A palavra ressoava dolorosa em sua mente. Instintivamente sua mão foi ao seu anel de casamento. O retirou de um dedo e passou para o outro sucessivas vezes, como fazia com outras anéis que usava. 

Suspirou. Já fazia dois meses. Pensava nela todos os dias, gradativamente menos, porém nunca menos doloroso. Praguejou e amaldiçoou Afrodite. Tinha de ter algum envolvimento. Ele nunca fora de se apegar. Tivera raros casos aqui e ali que duraram mais tempo. Ninguém nunca tinha partido o coração dele.

Ele nem tinha certeza, até então, se era capaz de se apaixonar. Paixão, sim. Já estava convencido de que era isso. Suspirou novamente e balançou a cabeça, tentando se livrar dos pensamentos.

Recolheu a pedra preciosa que deixara no chão onde dormira e colocou-a de volta em suas vestes. 

Voltando ao portal que o levaria para o Submundo, avistou de canto de olho uma planta nova. Tinha quase certeza de que não estava ali antes. Um singelo caule com duas folhas, não devia ter mais do que 10 centímetros. Nem conseguia dizer ainda o que era - “ela saberia”— sua mente insistiu em apontar. 

“Talvez um pássaro tenha deixado alguma semente cair aqui.” Ele se limitou a pensar. 

Andou pelo portal, a pele já avermelhando de tanta exposição solar. Tomou o café da manhã sozinho, claramente tendo acordado mais cedo do que o costume. Foi para o quarto, trocou de vestes e foi trabalhar. As coisas não se gerenciavam sozinhas naquele lugar, infelizmente.

A manhã passou voando. Almoçou tranquilamente com Hécate, quem parecia ter se acalmado. Voltaram ao normal, eram… amigos, de novo. Não se delongou e voltou para seu escritório.

Chegando em sua mesa viu um envelope dourado cintilando em frente a sua cadeira. Sorriu pela confirmação que estava certo na noite anterior. A carta destoava de todos os tons fechados do escritório do deus. A abriu apenas para encontrar o memorando dizendo exatamente o que ele esperava: a guerra havia acabado, o Olimpo vencera. Duas batidas na porta o interromperam. Guardou o resto do memorando dentro do envelope e o colocou sobre outras coisas que ele já havia deixado para ler depois. A serva na porta viera avisá-lo que seus trabalhadores o aguardavam para a reunião mensal de equipe. Ele assentiu e se ergueu para ir à Sala de Tronos. Odiava reuniões.

—___

Os primeiros raios de sol despertaram a deusa mais cedo do que ela gostaria. Já ouvia movimentação fora de seu quarto, porém estava sem disposição para acordar agora. Se aconchegou melhor embaixo de suas cobertas e esticou a mão para pegar e guardar a Alexandrita. Franziu o cenho ao encontrá-la quente. Checou se o sol poderia ter incidido sobre ela antes de acordar Perséfone e concluiu que pela angulação seria impossível. Só aconteceria se elas tivessem na rua. Deu de ombros e guardou a pedra em seu criado mudo.

Voltou a dormir e só acordou pelas leves batidas de sua mãe na porta. Abriu os olhos a contra-gosto e sorriu à imagem de Deméter sorrindo de volta da porta de seu quarto. 

—Boa tarde, dorminhoca.

—Boa tarde, mah

—Vamos almoçar? Está quase passando do horário.

—Uhum. - Ela assentiu junto com as palavras e se desenrolou das cobertas para levantar. A mãe fechou a porta e se dirigiu para a mesa enquanto a jovem deusa se lavava. Se enrolou em um robe, deixando o banho e a escolha de roupa para depois da refeição e saiu para fazer companhia a mãe.

Comeram quase sempre em silêncio, Perséfone faminta por ter perdido o café da manhã. Conversaram um pouco sobre as colheitas e os afazeres de cada uma para o dia de hoje. Perséfone contou sobre seu banho ao ar livre do dia anterior, porém ocultou sua visita diária à clareira do rapto e a aparição das pedras. Deméter tentou seu melhor para disfarçar seu descontentamento com a filha ir tão longe da casa e mudou o assunto. 

—Você ouviu os fogos ontem?

—Uhum, ia até lhe perguntar sobre o que eram.

—Encontrei Hermes hoje pela manhã, quando fui levar alguns produtos para a feira. Ele disse que a guerra que seu pai travava acabou. 

—Imaginei que pudesse ser isso, porém como faz tempo que nenhum filho novo de Zeus nasce, pensei que pudesse ser isto também. 

E morreu ali o assunto. As duas fingiram ignorar o fato da guerra só ter sido ganha pela troca que Zeus e Hades fizeram. Perséfone até se surpreendeu da mãe ter trazido o assunto à mesa.

—Você precisa que eu leve mais alguma coisa aos feirantes? Quero passar para conversar com Hefesto ainda hoje.

—Hefesto? Por que?

—Tive uma ideia de colar e gostaria que ele construísse para mim. 

—E você pretende pagar-lhe o serviço como?

—Com produtos? - Perséfone sorriu seu melhor sorriso ingênuo. A mãe deu de ombros e murmurou um singelo “pode tentar”. Não queria confessar que ia tentar achar mais pedras para dar para o irmão como pagamento nem para quê o colar serviria. 

Nem uma hora após o término do almoço a jovem já estava banhada, de vestes novas e saindo de casa com a cesta de produtos que sua mãe a entregara. Ia passar para ver seus morangos antes de ir para o centro do Olimpo e aproveitaria para passar na clareira. Rezava para que nenhum animal tivesse ido comer sua semente recém plantada.

Para surpresa da deusa, não só haviam deixado sua pequena romã em paz como dela já nascera um broto muito pequeno, de singelos 7 centímetros, com duas delicadas folhas verdes. Não vira pedras no chão quando chegou, entretanto após ver a planta notou pequenas jóias sob seus pés. As recolheu e colocou junto com a Alexandrita, no saco dourado que trouxera as sementes, e guardou as jóias sob suas vestes. 

Entregou os produtos de sua mãe para os comerciantes e amarrou seu vestido um pouco mais acima, libertando suas pernas, para conseguir cruzar a distância entre o centro e a caverna que seu irmão morava sob um dos picos do Monte Olimpo. Era praticamente o lado oposto de onde sua mãe e ela habitavam.

—__

Hera caminhava com serenidade por entre as ruelas do Olimpo. Seus habitantes - seus súditos— comemoravam a volta de seus parentes, amigos e amores da guerra. Ao seu lado vinha Atena, recebendo os cumprimentos do povo. Elas andaram por alguns minutos e sentaram-se em um dos bancos da praça principal de comércio. 

À distância vinha Perséfone, os passos apressados, segurando uma cesta claramente maior do que deveria ser para seu porte físico. Ela parou, entregou a cesta a um dos principais feirantes do dia e virou-se para direção mais alta da montanha. Amarrou seu vestido acima dos joelhos e suspirou, começando a andar.

Hera pigarreou alto quando a menina ficou próxima o suficiente para ouvir. Ela se virou e sorriu, claramente desconfortável em ter que fazer a pausa, porém educada a não deixar sua madrasta e rainha falando sozinha. Atena acenou com a cabeça para a irmã, sussurrou algo no ouvido da deusa e saiu, deixando Perséfone se aproximar para conversar a sós com Hera.

—Boa tarde, Majestade.

—Sem formalidades, minha criança. - Hera disse, abrindo os braços. A jovem deusa se aconchegou ali em seu abraço. Soltaram-se alguns segundos depois. - Como você está? Parece ocupada.

—Ah, bem. Estou bem. Ocupada também, mas nada demais. - Hera sorriu e ajeitou uma mecha do cabelo da enteada. 

—Que bom, meu bem. Você e sua mãe estão bem? - A deusa inquiriu.

—Dentro do possível, sim. Ela está menos paranoica. Ainda não voltamos ao que éramos antes, porém estamos indo bem. 

—Excelente. Agora vá, não quero tomar seu tempo. Passe lá em casa mais tarde se tiver um tempo para conversar. - A jovem deusa agradeceu, beijou a face da rainha e acenou para Atena, que conversava com alguns mercadores alguns metros para trás das duas, antes de seguir seu caminho. 

A deusa da sabedoria encerrou sua conversa e se aproximou novamente da madrasta. As duas deram meia volta e começaram a se dirigir novamente ao Palácio.

—Ela está escondendo algo. - Atena quebrou o silêncio. - Estava ressabiada. Ela não é assim. Nem veio falar comigo. 

—Ia lhe perguntar isso agora. Você conseguiu perceber o que pode ser?

—Não, entretanto duvido que devêssemos nos preocupar. Notei que está guardando algo nas dobras do vestido. Acho que vai ver Hefesto, por isso não quis se delongar. Ela tem ciência de que vocês não se dão bem.

—Ah, sim. E o que ela pode estar guardando?

—Deve ser algo para ele. Posso passar lá e perguntar mais tarde, se desejar, porém ratifico o que disse: não acho que precisamos nos preocupar com ela. 

—Vou acatar sua sugestão, então.

—Provável que Deméter precise, porém nós, não. 

—Uhum. - Hera disse, sorrindo. Ainda estava enfurecida com a irmã pelo jeito que tratara a si e à Perséfone. Torcia cada dia mais para que a menina estivesse conspirando com Hades para voltar para o Submundo.

Afinal de contas, era seu dever.

—____

Foi com calma, diminuindo o ritmo das passadas quando se afastou da visão de todos, todavia mesmo assim chegou ensopada de suor, o sol quente castigando seus ombros nus. Entrou na caverna suspirando de alívio, aguardando que suas paredes a mantivessem a salvo do calor.

Erro dela imaginar isso. Na entrada estava, sim, mais fresco, porém à medida que a deusa avançava para dentro, mais quente ficava. Seus poros abertos vertiam suor e uma sede gigantesca tomou conta de seu corpo. Como se já esperasse isso, uma fonte com copos de metal se apresentava magnânima logo em frente, separando o corredor extenso da entrada da forja. 

A deusa provou provou da água gelada e alguns goles depois, todo seu corpo já estava mais fresco. Dois copos depois, estava quase com frio. Imaginou que a água fosse encantada com aquele propósito. Virou para fitar o corredor de onde viera e só então percebeu o que seu calor e cansaço não haviam deixado seus olhos observarem: as esculturas.

Acompanhando ambas as paredes e também o teto estavam centenas de esculturas, estátuas e invenções, algumas que a deusa nem entendia o que eram. O teto era estreito perto da entrada e ia subindo até sair de vista no ponto em que Perséfone estava parada e nele estavam penduradas invenções, a maioria aladas, de tamanhos gradualmente maiores proporcional ao espaço entre suas bases no teto e o chão. 

Logo acima da deusa estava uma longa gaiola aberta onde descansavam inúmeros pequenos pássaros. Assim que fitou-os, dois acordaram e seu corpo inteiro começou a brilhar. Um voou para o lado da deusa e se manteve no ar e o outro pousou sobre seu ombro. Voltando a fitar a entrada, percebeu que inúmeros destes pássaros iluminavam as partes que já não eram mais atingidas pela luz natural que entrava na caverna.

Virou-se e contornou a fonte, os pássaros ao seu lado. O que estava no ar foi à frente, iluminando o caminho, agora muito mais escuro que o começo da caverna. A deusa notou que as parede estavam se estreitando até pararem e formarem um longo corredor de pouco mais de um metro de largura, de paredes apoiadas por estruturas metálicas de sustentação. Assim que adentrou este novo corredor começou a ouvir o som da bigorna sendo martelada. 

Perto do fim do corredor o pássaro que voava à sua frente pousou em um porta-chama logo na abertura de saída e se desligou, enquanto que o pássaro em seu ombro voou abertura adentro e soltou pios metálicos. Três chamadas depois, a caverna inteira ficou em silêncio, quebrado alguns momentos depois pela voz grave que a deusa já conhecia e mesmo assim se arrepiava ao ouvir.

—Quem se aventura em meus domínios? - A deusa engoliu em seco e saiu do corredor, atingida por toda a luz da bem iluminada enorme caverna à sua frente. 

—Boa tarde. - A voz suave da deusa ecoou nas paredes. De trás de um grande bloco metálico ela identificou os olhos vermelhos a analisando. A fitaram por alguns segundos e então se estreitaram, as rugas de sorriso iluminadas pelo fogo que vinha do centro da clareira. 

—Irmã! - Cadeiras rangeram e os passos pesados e desritmados do deus manco ecoaram sobre suas cabeças. - A que devo a honra? - Hefesto surgiu inteiro na frente da deusa, lavando as mãos em um pano já muito sujo de graxa, carvão, e o que mais pudesse ter ali dentro. Ele exibia um sorriso sincero que a deusa só tinha visto ele dar a ela, à Atena e às suas invenções de maior sucesso. 

—Irmãozinho! - Ela sorriu de volta. Os traços brutos do rosto do deus contrastando com as curvas delicadas da deusa. Ela o abraçou, mesmo o deus tentando se desvencilhar dizendo que estava sujo e suado. Perséfone não se importava. Nutria muito carinho pela amizade que havia construído com o irmão. 

—Primeiramente, lhe devo os parabéns. 

—Parabéns?

—Pelo casamento. 

—Ah, claro. - Ela sorriu. Estava tão acostumada a não tocar no assunto em casa que esquecia que muitas outras pessoas já sabiam.

—Eu sei que sua mãe gritou aos quatro ventos que era ilegítimo, que ele lhe forçou, e tudo mais, porém Afrodite já havia me contado melhor o que aconteceu. - Perséfone assentiu e sorriu.

—Obrigada. E sim, minha mãe tem uma tendência a exagerar as coisas e não está lidando bem com essa história toda. - Foi a vez do deus assentir em resposta. Perséfone se pegou pensando que esquecia que Afrodite e Hefesto eram casados, de tanto que a via com Ares. Além de tudo, nunca imaginou que eles conversassem e convivessem normalmente depois dos vários episódios de ciúmes que o deus apresentou. Agora, até que os três deuses estavam de fato mais calmos, reservados.

—Enfim, lhe repito - Hefesto disse, arrancando a deusa de seus pensamentos. Ele puxou duas cadeiras para que sentassem. - a que devo a honra da sua presença aqui, tão longe do berço de Deméter?

—Queria lhe pedir um favor. 

—Diga. Por você, quase qualquer coisa. - O deus sorriu. Estava acostumado aos deuses virem até ele apenas para pedir favores, porém não se importava que Perséfone fizesse o mesmo. Era a primeira vez que ela vinha até sua forja, entretanto diversas vezes ela ficou fazendo companhia a ele em eventos sociais do Olimpo onde ele sempre é excluído. Sempre fora gentil, nunca o tratou como se fosse.. Diferente. 

—Não é nada demais, perto do que você é capaz. - Ela disse, varrendo rapidamente com o olhar as invenções à sua volta. - Apenas um colar.

—Um colar? De metal? Prata? Ouro? - O deus franziu o cenho.

—É.. Não sei. Apenas um colar. Para guardar isto. - Perséfone tirou o saco dourado da dobra das vestes e retirou a pedra preciosa de dentro dele. Estendeu a mão e, hesitante, entregou a joia ao irmão. Ele virou a pedra em mãos, aproximou dos olhos, afastou novamente, e se levantou.

—Me permite? - Ele disse, apontando com a cabeça para a pedra e para sua bancada de trabalho. Perséfone assentiu em permissão. O deus se sentou em sua cadeira, puxou alguns utensílios de medição e uma lupa e ficou alguns minutos ali, analisando a pedra. - Alexandrita, é? 

—Uhum. - Perséfone murmurou.

—Belíssimo exemplar. Acho que a vi três ou quatro vezes na vida e esta sem dúvida é a mais bela. Se não for incômodo, pode saciar minha curiosidade de saber onde conseguiu enquanto eu ajeito os preparativos do colar?

—Claro. E obrigada por aceitar. - Perséfone se ergueu e foi para trás do irmão enquanto ele pegava uma maleta com diversos cordões e mostrava a ela. - Ela apenas… surgiu.

—Surgiu? - Ele abriu a maleta para que a deusa pudesse escolher. 

—Sim. Tinha várias pedras menores em uma das terras que eu estava trabalhando. As peguei na mão e cerrei o punho. Quando abri, esta pedra estava lá, no lugar das outras. 

—Interessante. - Hefesto agora pegava os colares que a deusa separara e comparava com alguns moldes de pingente. Mostrou para a deusa que apontou para um dos moldes que pinçava a joia pelas pontas. - Sua mãe sabe?

—Que vim lhe pedir um colar, sim. Sobre a pedra, não. 

—Se você ainda não contou acredito que tenha chegado à mesma conclusão que eu. 

—Que as pedras vieram do Hades? - O deus apenas assentiu, o nome do Rei do Submundo ecoando sozinho pelas paredes da caverna. Ele montou três exemplos com tamanhos de elos da corrente diferentes e deixou a deusa escolher para só então retomar o diálogo. 

—Não dele, propriamente dito, mas de seus poderes. - Ele continuou frente ao cenho franzido da deusa. - Quando nos casamos com alguém, trocamos alguns poderes. Acontece levemente com nós, deuses normais, porém sei que é muito mais intenso com os três Reis. Minha mãe, por exemplo, pode controlar alguns raios mesmo que nada isto tenha a ver com suas obrigações originais. 

—Nunca tinha notado isso. Imaginei que eu fosse ter algum poder diferente como Rainha, mas não apenas pelo casamento. 

—E tem diferença? - Ele disse, sumindo atrás de uma cortina pesada e quente. A forja, presumiu Perséfone. Logo, sua mão apareceu ao lado, indicando que ela continuasse falando.

—Sim, não fui coroada. Hades disse que faríamos a coroação quando eu voltasse. Se eu voltasse. - Perséfone suspirou, o alívio de falar tranquilamente do assunto sem se sentir pressionada, sua mãe de um lado bloqueando o assunto e sua madrasta como uma boa deusa do casamento querendo manter a união.

—Hum - Ele murmurou, retornando. Exibiu o colar sem a pedra esperando a aprovação da deusa. Era bonito, rústico. Os elos de ouro branco mais grossos do que os colares normais deixavam sua estrutura mais firme, formando um orbital quase fixo. De seu fim vinha o pingente, também de ouro branco, um arcabouço de aros que automaticamente se moldavam para encaixar a pedra quando o deus a aproximou dele. Muito mais bonito do que ela imaginara. 

—E-eu… que lindo. - Ele sorriu novamente seu sorriso mais genuíno. Foi para trás da deusa e colocou o colar em seu pescoço, caindo perfeito com o desenho de seu busto. Ele apontou um espelho que ela poderia se olhar. 

—Se quiser esconder de sua mãe, é só retirar a pedra. - Ela o fez e o arcabouço de aros se curvou e desenhou sozinho uma flor de lis. Ao aproximar novamente a Alexandrita o colar se abriu e a sustentou. Perséfone se virou sorrindo e abraçou o irmão novamente.

—Muito obrigada. - Se afastaram e Hefesto começou a acompanhar a deusa para a saída. - Como posso te pagar? Pensei em trazer ou algo de nossos campos ou algumas pedras…

—Bobagem. Não precisa me pagar. Me pagou com sua companhia. 

—Não, irmão, não posso. 

—Considere um presente de casamento. - Ela olhou séria para ele e botou as mãos na cintura, agora ambos já no ambiente de entrada, junto à fonte. 

—Hefesto. 

—Certo, já que você insiste, pode me pagar respondendo à minha pergunta. Sou um deus curioso, como você já sabe. - Perséfone ergueu uma sobrancelha.

—Diga. 

—Você vai voltar para o Hades?


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Notas finais do capítulo

Muitos leitores fantasminhas, sintam-se à vontade pra comentar tô louca pra conhecer vcs ♥



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