A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 10
Sétimo dia


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, é a quinta vez q eu vou postar esse caps mas tenho que fugir da família ONSDAND
mas hein
OIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
PRESENTE DE NATAL ATRASADO E DE ANO NOVO!
Eu sei que ficou confuso porque eu postei começo do mês e daí se eu ia ou não postar de novo
mas ai postei
pq amo vocês dms
e pq explico depois



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Para uma fuga, eles iam bem devagar. Perséfone perdeu alguns minutos olhando para as imensas Portas da Morte, depois ficou parada fitando os campos verdes a sua frente, e ainda levara cinco minutos para se acostumar novamente com a luz do sol. Não fazia nem uma semana que estava no Mundo Inferior, mas seus olhos já haviam se acostumado com a escuridão.

Correndo ao lado de Tânatos, com o vento do norte batendo em seu rosto e o calor de Apolo esquentando sua pele, os pensamentos da deusa começaram a clarear. Sabia que tinha que chegar até o Olimpo o mais rápido possível, pois Hades iria sentir logo sua falta e ela não queria enfrentar a ira do deus.

O deus da morte corria olhando para trás instintivamente, mesmo que as Portas houvessem desaparecido quando eles passaram por elas e as fecharam. Tinha de perguntá-lo quando parassem o porquê dele estar ajudando-a. Ele iria ter que acertar as contas com Hades uma hora ou outra, não tinha escapatória. Por que ele se arriscaria assim por Perséfone?

Descansaram apenas uma hora depois de saírem do Mundo Inferior. Estavam no topo de uma colina que dava aos dois uma visão ampla de uma cidade mortal grega, na parte baixa, e de sua acrópole, que se situava em uma colina do outro lado da cidade. A deusa se sentou, ofegante, e olhou pro céu. Se seu pai estava vendo-a fugir, não se pronunciara.

–Não o chame. - Era a primeira coisa que ele dissera desde que saíram.

–Não estou chamando-o. - Ela fitou o deus que, também ofegante, olhava o horizonte por trás das colinas da acrópole. - Onde estamos?

–Perto de casa.

E foi só o que conversaram pelos próximos minutos. Apenas meia hora depois, Perséfone entendeu o que ele esperava. Ao longe, se aproximava o que aparentava ser uma carruagem. Que brilhava.

–Apolo! - Perséfone se levantou rapidamente e pulou, balançando os braços. Não demorou um minuto para o deus aterrizar ao lado deles, queimando a vegetação ao seu redor, e descer para abraçar a irmã.

Não que eles se tratassem como irmãos. Se a deusa fosse levar em consideração todos os filhos de Zeus, teria muitos irmãozinhos.

–Pelas Parcas, eu te procurei por toda parte, menina. - A voz dele fez com que ela soltasse um pequeno sorriso. Sentia falta do calor do sol, evidentemente. - Sua mãe está buzinando no ouvido de todos do Olimpo para que te encontrássemos. Sério.

–Eu acredito, é bem a cara dela. - Sabia que sua mãe não havia sossegado. Era coruja demais para deixar a filha de lado.

–Vamos, vocês colocam as novidades em dia no caminho para lá, não vamos brincar com a sorte.

Você vai junto? - Apolo olhou Tânatos de cima a baixo. Certo que o deus emanava um pouquinho de escuridão, enquanto Apolo parecia realmente brilhar, mas não era motivo para ter preconceito.

–Vou. Vai reclamar?

Apolo apenas deu de ombro e os convidou para entrar na carruagem-sol.

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A tensão dentro do castelo era tamanha que parecia que ele iria se desmanchar a qualquer momento.

Demorou um tempo para ele desconfiar. Era um bom plano. Havia perdido as contas do quanto bebera com Hécate na noite anterior. Não queria nem pensar no que haviam feito ou deixado de fazer. Não importava mais, fora um truque.

Ignorou o café da manhã e apareceu apenas para almoçar. Quando viu que ela não vinha, apenas continuou sua rotina, entendia ela não querer sair do quarto. Já quando ela não apareceu para o jantar, ele terminou de comer e foi bater no quarto dela. Não surtou na hora que ela não abriu. Tudo bem, podia estar dormindo. Foi quando entrou que sentiu seu ícor fervilhar dentro de seu corpo. A cama estava bagunçada, como se ela tivesse recém acordado. Sentadas na ponta da cama estavam duas servas, que fitavam os pés de Hades, e ao lado delas, de pé, estava Hipnos.

–Senhor, - ele começou, lentamente, claramente com medo. - nós a procuramos por tudo. Ela não está aqui.

Inspira.

–Aqui, no quarto?

Expira.

–Não, Mi lorde. - Disse a gélida voz de uma das almas. - Aqui, no reino.

As mãos de Hades fechavam lentamente, apertando suas veias do braço, fazendo seus músculos enrijecerem. Sua voz saiu controlada, fria e calma.

–Moramos em uma caverna, há incontáveis metros abaixo da superfície da Terra. O espaço é amplo, eu entendo, mas a mulher irradia vida dentro desse buraco. - Ele virou de costas e começou a descer as escadas, até o Salão dos Tronos. - COMO FOI QUE VOCÊS A PERDERAM?

Ao chegar no salão, percebeu que as servas haviam mobilizado todos que haviam conseguido para procurar a deusa. Caronte estava parado mais a frente dos outros, que pareciam muito interessados no piso do castelo.

Hades parou a centímetros do barqueiro.

–Como?

–E-eu não sei, meu senhor. Não foi por mim, eu lhe juro. Não transporto ninguém de volta ao outro la-lado, o senhor sabe. Não deixei por nenhum momento meu barco sozinho.

Inspira.

Hades se sentou no seu trono e acenou para trazerem-lhe seu escudo, onde, durante as guerras, procurava inimigos. Ficou alguns minutos procurando-a por toda a extensão dos seus rios, para saber se não havia feito a besteira de se jogar num deles.

Expira.

Olhou o Tártaro e todos os outros inúmeros buracos onde ela poderia se esconder. Só para provar para si mesmo algo que ele já havia entendido.

Ela fugira.

Ficou exatos dez minutos com a cabeça apoiada em suas mãos, raciocinando. Olhou para todos os presentes. Fitou por tempos os olhos de Nix, que parecia com pena dele.

Quando falou, sua voz ecoou pelo Salão.

–Eu quero minha carruagem e meu Elmo. - O Rei do Submundo esperou até que lhe trouxessem seus cavalos e sua carruagem que mais parecia uma enorme biga de combate, então se levantou lentamente. - E quero Tânatos preso até o fim do dia.

Ouviu-se várias gargantas engolindo em seco simultaneamente. Hipnos limpou a garganta para começar a falar, quando Hades o interrompeu.

–Vá rápido, Hipnos. E torça para que eu não ache seu irmão primeiro.

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Certo, a ideia não era achar o irmão tão rápido assim. Mas eles não haviam previsto que Hades iria até o Olimpo. Muito talvez porque ele visitava o Olimpo quase literalmente uma vez a cada século, e ele já havia ido lá para buscá-la.

Agora Hipnos tinham talvez de duas a quatro horas para descobrir em qual ponto Tânatos abrira as Portas e qual deus ele chamara para levá-los até o Olimpo. Ele havia mencionado Apolo, Ártemis, Ares e Hermes. O deus teria que tentar contato com todos eles para descobrir. Talvez fosse melhor encontrar Ares primeiro, já que ele era a escolha mais lógica.

Ao menos se fosse ele quem tivesse de escolher, ele escolheria logo o deus da guerra, pois ele não tinha jeito de quem se importaria muito com o assunto e, consequentemente, não faria muitas perguntas.

O problema é que ele nunca atendia mensagens de íris, e Hipnos nunca conseguia mandá-las do Submundo, então precisou ir até uma praça mortal para conseguir sinal.

–Oi, oi. - Ele disse para Íris quando a deusa, com muita cara de nojo, o olhou pela ligação. - Afrodite, por favor. - A deusa apenas assentiu e deu lugar ao quarto bem arrumado e luxuoso da deusa do amor. Era tão cheio de flores que Hipnos quase era capaz de sentir seus aromas pela ligação. Por extrema sorte, o casal estava apenas deitado conversando, e não... bem, fazendo nada de mais.

–Boa noite? - A deusa se ergueu levemente da cama. Sua camisola mal lhe cobria o busto, e era tão delicada que Hipnos apenas conseguiu voltar a falar quando Ares se ergueu também. O deus dos sonhos se deixou suspirar, por achar o deus da guerra.

–Eu só queria saber se Ares estava com o meu irmão, mas pelo visto, ele não o ligou. - Hipnos sorriu sem jeito e desligou a ligação antes que a doce voz de Afrodite pudesse soar de novo.

Ah, que mulher.

Ares era muito sortudo.

Okay, vamos lá... Hermes...

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A deusa acordou com a carruagem-sol sendo jogada para o lado bruscamente e xingamentos altos de Apolo. Quando ergueu a cabeça e se segurou em um dos braços do banco da carruagem, que era sem teto, deu de cara com cavalos esqueléticos cavalgando sobre um chão de sombras que se fazia na sua frente e se desfazia quando a carruagem negra passava por ele.

O rei carregava um olhar intenso quando sua velocidade se equiparou com a dos cavalos de Apolo, quem estava urrando de raiva, tentando manter a estabilidade. Seu rosto mudava de decepção para... esperança?

Apolo tentou dar várias voltas com a carruagem para despistar Hades, mas era inútil, já que o deus podia se transportar de um lado para o outro com as sombras que a luz da carruagem formava atrás de si.

–Eu não posso atacá-lo com vocês aqui! - O deus do sol rugiu para Tânatos, que logo abriu um par de estonteantes asas negras e foi perto dele para combinar um local para se encontrarem.

Aproveitando a deixa, Hades se emparelhou com eles e, com Caronte guiando os cavalos, se virou e fitou Perséfone firmemente nos olhos. A deusa tremeu de nervosismo e trocou olhares dos deuses conversando para Hades e para a frente das carruagens, onde os majestosos portões do Olimpo se erguiam ao longe.

Ela não havia parado para pensar, até aquele momento, se queria mesmo voltar para casa. Entendia que talvez nunca mais tivesse a chance de sair do Submundo se voltasse agora, mas também não podia deixar Hades se vingar de Tânatos e Apolo depois que ela estivesse salva. Porque certamente ele o faria, não hoje, mas o faria. Eles tinham a eternidade para isso, e Hades não parecia o tipo de deus que perdoa fácil.

Ao dar o primeiro passo em direção ao Rei dos Mortos, Perséfone virou para a direção dos gritos de negação de seus amigos, e se limitou a sorrir e murmurar um “eu sinto muito” para eles. Estendeu sua mão e fitou Hades que, muito perplexo e desacreditado, a puxara delicadamente para sua carruagem, puxando-a também para perto de si, envolvendo sua cintura com um de seus braços e se segurando nas bordas de sua biga com o outro.

Queria ter conseguido viajar nas trevas antes de ser visto, mas de que adiantaria, se Apolo o deduraria igual.

A deusa estremeceu ao toque dele e sentiu o mesmo do que a primeira vez que viajou com ele para o Submundo, sendo engolida pelas sombras, procurando o peito dele como conforto.

A última coisa que Hades vira fora os olhos faiscantes de Zeus na entrada do Olimpo. Ele tinha a aparência de alguém que não dormia fazia dias. E ele entendia porquê. A mulher descabelada ao seu lado, gritando ofensas na direção de Hades, explicava tudo. Tudo bem, ele nunca gostou muito de Deméter mesmo.

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Só o que ela conseguira fazer desde que voltaram era sentar com as mãos na cabeça, lembrando da expressão no rosto de sua mãe. O pior era saber que estivera tão perto, mas escolhera voltar. E por mais que ela quisesse repetir para si um milhão de vezes que era por causa dos amigos, já que as únicas palavras que trocara com Hades foram do pedido que ele não machucasse nem castigasse de nenhum modo Apolo e Tânatos, tinha algo mais.

Algo no jeito com que ele a olhara, como se ela fosse sua única chance salvação. E como o toque da pele dele na sua liberava emoções que ela não estava acostumada a sentir. Já possuíra um ou dois casos com deuses do Olimpo, mas nada assim. Nada ardente, instigante.

Ao pensar nele como um possível amante, os pelos do corpo de Perséfone se erguiam e ela chegava a ficar tentada pelo mistério que ele é, pela complexidade da sua personalidade. Eram milhares e milhares de anos em um ser, acumulados de sabedoria e sofrimento, que moldaram um deus recluso e justo que escolhera logo ela para ser sua esposa.

Qualquer deusa que não o temesse aceitaria o desafio.

Depois de suspiros e pensamentos, ela decidiu descer para a janta mais cedo, para poder se deitar e descansar seu corpo. Dormia cerca de uma hora, mas estava cansada de correr e se preocupar.

Sentou-se na ponta da mesa e jantou sozinha, ganhando companhia apenas na hora da sobremesa, quando Nix deslizou pela porta e sentou na cadeira ao seu lado direito.

–Você é mais corajosa do que aparenta. - Ela tinha uma expressão suave e um sorriso orgulhoso no rosto. Lembrava a Perséfone de Hera, sua madrasta, que conseguia acalmá-la quando seu pai estava ocupado e sua mãe não estava presente. Faltava a Nix apenas os olhos cansados de quem sustentara uma família enlouquecida por alguns bons anos.

–Elogio?

–Entenda como quiser. Vai depender muito de como será daqui para frente.

A pequena deusa podia ver que Nix não estava devotamente cega às ações de Hades, e realmente se importava com seu bem estar, mas também não estava cega às necessidades do deus. Talvez fosse a opinião mais imparcial que ela conseguiria sobre o assunto.

–Obrigada, então. - Ela sorriu de volta.

–Eu soube de como fora, e sei que tomou sua decisão sobre pressão, mas você chegou a ponderar que, se voltou, é porque aceita a proposta dele? - Perséfone terminou sua sobremesa e a deusa a guiou para o seu quarto, para conversarem. - Eu sei que você livrou meu filho e seu irmão da ira de Hades, mas chegou a pensar nisso? É algo muito importante, e vai acabar acontecendo.

–O casamento?

–Sim. - Elas se sentaram na cama da deusa.

–Sim.

–Sim? - Nix parecia surpresa.

–Eu pensei. Agora, na verdade, de tarde, antes de descer para comer. Sei que, vindo para cá, me entreguei para ele e não tenho muito mais como reclamar sobre estar aqui.. mas ainda não sei se estou preparada. Nem entendo ainda sua escolha.

Um sorriso se abriu no rosto cansado da deusa mais velha.

–Você vai entender, minha querida. Agora vá, ele descerá logo para jantar. Vá, se não quer encontrá-lo no corredor.

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Decidira ficar no quarto o dia inteiro. Não ia ajudá-lo a procurar a criança insolente que ele acreditava ser sua rainha. Não tinha porquê. Ficara deitada até eles voltarem, lembrando da noite anterior...

Movido muito pela bebida e pelo perfume intoxicante, que inocentemente continha um pouco de mágica, Hades havia se entretido com Hécate por boas duas horas. Se beijaram intensamente, com uma ardência que poderia se passar por paixão, aos desatentos. Chegaram a deitarem-se na cama do deus, mas ele acordou de seu transe, já sem camisa, e dispensou Hécate de seu quarto.

Ela apenas suspirou e sorriu. Conseguira o tempo que precisava para Tânatos e as emoções que precisava para ela. Com isso, estava satisfeita por longos éons.

Não ficou surpresa ao ver a pirralha de volta, fora somente quando soube que ela voltara para ele voluntariamente que Hécate ficou perplexa.

Ah, fazer o quê. Ela sempre soube que a menina era meio burra.

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Seus olhos estavam quase desistindo das palavras em seus pergaminhos, pesados de sono, quando ele ouviu uma batida na porta.

–Hécate, já disse que já chega.

O silêncio se prolongou por cerca de um minuto, até ela entrar e fechar a porta atrás de si. Já deveria ser tarde da madrugada, não tinha noção do tempo que passara em seu quarto. Vestia uma camisola preta, a única que não tinha nada de transparente no tecido. Nem precisava, já que o tecido em si já era mole e moldava suas jovens curvas, e o decote era levemente acentuado.

Quando os olhos dele levantaram e seus lábios abriram, prontos para xingar a deusa da magia de mil e uma coisa, ele se deu conta de que não era ela diante dele.

–Perséfone. - Seu nome saiu como um sussurro, e a deusa sentiu suas pequenas bochechas rosarem.

–Boa noite. - Ela deixou escapar. Por alguns momentos as palavras pairaram no ar, e Hades ficou em dúvida se ela não teria vindo ali apenas para dizê-lo isso e ver sua reação, mas então ela continuou. - Podemos conversar?

Ele acenou com a cabeça enquanto se levantava lentamente, no começo sem jeito e depois assumindo sua postura de rei, e indicou uma das poltronas em seu escritório que ficavam à frente de sua janela. Sentou-se na outra e esperou a deusa se sentar também.

Ela ficou uns cinco minutos em silêncio, fitando suas mãos e a janela, absorta em seus pensamentos. Talvez estivesse fazendo a coisa errada, mas não iria se esconder no vestido de sua mãe. Talvez voltar para o Mundo Inferior fosse a pior decisão que ela pudesse tomar, mas talvez não conseguisse aguentar ver Apolo e Tânatos punidos, ou sem saber como toda a história acabaria. Por algum motivo, ela sabia que ele não pretendia mantê-la lá para sempre. Provavelmente por um longo, longo período de tempo, mas não eternamente. Poderia tentar negociar algumas visitas de vez em quando, ou mensagens de Íris.

Suspirou fundo e acordou de seus devaneios quando Hades voltou a se sentar com um copo de algum líquido amarelado estranho na mão. Ela nem notara que ele se levantara. Um arrepio passou pelo seu corpo quando ela o olhou nos olhos e ele a deu um pequeno sorriso triste.

–Por que você voltou? - Ele foi o primeiro a falar, percebendo que eles não iriam a lugar algum naquele silêncio.

–Era o que você queria, não? - Ela o provocou, tentando manter o olhar sério fixo nos olhos dele.

–Sim mas eu não esperava mesmo que você voltasse sem resistir.

–Nunca foi minha ideia ir embora. - O silêncio se instalou instantaneamente. Ela nem tinha notado aquilo direito, mas não queria nem ter ido embora. Ficara estressada e sem saber o que fazer quando estavam fugindo. Sentia falta de casa, mas não havia pensado em como explicar tudo para sua mãe, em como aguentar a barra que seria sua mãe surtando em cima dela. - Eu... eu gosto daqui.

Talvez estivesse louca, mas tinha quase certeza que vira os olhos de Hades ficarem levemente marejados.

–Hum.. Mesmo?

–Sim. É quieto e a comida é boa. - Ela sorriu e deu de ombros. Por fim, ela estava mesmo falando a verdade. - Mas não gosto da ideia de ser obrigada a ficar aqui. - Ele acenou com a cabeça e ficou em silêncio, abaixou os olhos por um tempo para fitar o copo em suas mãos, quase vazio já, e apenas os ergueu quando ela voltou a falar. - Você tem vários livros, mas faltam várias coisas.

–Tipo? - Ele ergueu uma sobrancelha e não conseguiu segurar o sorriso quando ela começou a tagarelar sobre cores e perfumes, das costinas, das paredes, do chão, dos tapetes, até mesmo dos puxadores de gavetas. Ele estava processando as informações em segundo plano, se atendo aos detalhes no rosto dela enquanto ela falava, se libertando.

–...E flores! Nem o jardim é colorido! E um sol!... - Ele ergueu a mão lentamente, e ela diminuiu a velocidade até parar de falar, olhando-o com olhos esperançosos. - Você acha que conseguimos mudar essas coisas?

Imos. Conseguimos.

–Claro. Mas você que cuidará disso, porque eu não tenho, como você pode ver, nenhum senso crítico para decoração.

–Bobagem, tudo é muito bonito e combinante, mas é tãããão escuro!

Ele suprimiu um sorriso novamente.

–A senhorita quem sabe. - Seu tom era suave, carinhoso. Ela sorriu e levantou, quase saltitante, indo até a porta.

–Certo, então começo a cuidar disso pela manhã, okay?

–Okay, mas... - ele se levantou rapidamente e segurou levemente o braço dela para que ela não abrisse a porta, fazendo-a virar para ele e olhá-lo mais de perto. - era nisso que você estava pensando até essa hora da noite, que não havia dormido?

Ela deu de ombros.

–Eu penso em muitas coisas.

E com isso se virou e foi saindo do escritório. Ele se virou e estava fechando os papéis em sua mesa quando se virou e viu a cabeça dela se espichando para dentro do cômodo novamente, com as bochechas vermelhas e os olhos em uma confusão de coragem e vergonha, se é que isso era possível.

–Esqueceste algo? - Ele disse, voltando-se para os papéis e arrumando suas coisas. Ela apenas concordou com a cabeça e endireitou seu corpo na abertura da porta, para não cair, toda inclinada. Mordeu o lábio inferior e ficou esperando ele se virar novamente. Quando ele o fez, estava com um expressão curiosa no rosto, e ergueu uma sobrancelha para ela, questionando-a com o olhar.

–Eu só queria saber quando...

–Sim?

–Quando será o casamento?

Um longa pausa se estendeu entre a surpresa da pergunta em Hades e da vergonha dela em Perséfone. Ele apenas sorriu abertamente, sem medo de parecer fraco, fazendo-a quase sorrir junto, maravilhada pela delicadeza que as feições dele haviam adquirido.

–Em dois, três dias, está bom? - Ela acenou rapidamente enquanto ele continuava. - Eu espero você terminar a reforma, pode ser?

–Está bem. - Era um sussurro, quase um pensamento. Ela saiu normalmente do cômodo e depois correu para seu quarto, se trancando e jogando em sua cama.

“Eu vou me casar.”

“Com o meu tio.”

“E virar uma Rainha.”

Surpreendentemente, seus pensamentos não a assustaram ou a deixaram nervosa. Ela apenas sorriu.

E daí que ele é meu tio? Meus pais são irmãos.

E daí que eu sou muito nova para governar? Hades fez um ótimo trabalho sozinho até agora.

E quanto ao amor...” Ela apenas suspirou e balançou a cabeça, deixando a pergunta no ar e indo dormir, cansada demais para discutir consigo mesma.

Talvez ela nem precisasse discutir muito.


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Notas finais do capítulo

Agora XxxxxxxxxxxxX vai ser quebra de linha pq eu descobri q quando eu usava a quebra do word, ela saía no ctrl c ctrl v
tá mas enfim
assim
eu vou viajar nesse mês
e daí só posto de novo em março
e vou ver como vai ser o calendário de 2015
porque eu vou estudar afude pro vestibular esse ano e vou ter que adiantar tudo que eu conseguir da fic em fevereiro
daí a gente vê como vai ser
mas a principio, nos vemos nos calendários e em primeiro de março



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