Em Perigo escrita por bianoronha


Capítulo 11
Capítulo 11 - Você não tem permissão!


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!
Espero, de verdade, que vocês gostem!
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"Isabella" Duas mãos firmes sacudiam o meu rosto, enquanto eu sentia minha cabeça latejar. "Swan, acorda"


Abri lentamente os olhos e encontrei os profundos olhos azuis me encarando com firmeza, a dor aparecia aos poucos em todo o meu corpo, porém, minha concentração estava na forte dor que pulsava em minha perna esquerda.


"Minha perna" Gemi, recuperando o ar.


"Você provavelmente torceu o tornozelo" Voltou a atenção para os meus pés, tocando exatamente onde estava dolorido. "Eu disse que não era para você subir nessa moto" 


A vergonha me atingia aos poucos, pois mais uma vez eu havia fracassado, desde o primeiro dia no cartel desafiei todos ali dentro, até mesmo o homem que agora passava os braços fortes por minhas pernas, me levantando com facilidade, mas simplesmente permanecia falhado, simplesmente não conseguira fazer nada direito desde o primeiro dia naquele lugar que parecia tragar todas as minhas forças. O sentimento de frustração me atingiu como um soco e apesar de todo o meu corpo latejar, o que mais doía era o peso de cada derrota.


"Não preciso de sua ajuda" Me movimentei, tentando me desvencilhar dos braços fortes, mas eles continuaram me envolvendo como aço, as órbitas azuis buscavam pelas minhas com ansiedade, mas eu não tinha coragem para encará-las.


"É, estou vendo" Bufou irritado e levantou, caminhando em direção à Suzuki, não sabia quantos minutos havia ficado desacordada, mas foi tempo suficiente para que todos os outros competidores nos ultrapassassem.


"Você vai perder a corrida" Afirmei com a voz fraca, engolindo toda a vergonha que sentia.


"Dane-se" Continuou com seus passos firmes, seu rosto estava carregado de seriedade mostrando que ele realmente não se importava. "Ganho todos os anos, é bom dar uma chance para os outros competidores" Busquei algum traço de diversão, mas era de fato uma afirmação.


"Preciso ir na minha moto" Disse decidida.


"Você pode concertá-la com o tornozelo machucado?" Apontou para o outro lado e observei a moto despedaçada a alguns metros e notei o milagre que era estar somente com o pé machucado, tendo em vista a gravidade da batida. Bufei irritada.


"Porque está me ajudando?" Encarei pela primeira vez o seu rosto e ele estancou, baixando o olhar irritado.


"Não pode simplesmente agradecer e ficar quieta?" Voltou com os passos duros alcançando a Suzuki.


"Não, não posso" Disse firme. "Você poderia me deixar aqui e continuar a corrida" Subiu com firmeza no automóvel, levando o meu corpo e me encaixando à sua frente, de lado. "Porque se importa?" 


O mafioso pareceu digerir meus questionamentos por alguns segundos.


"Não me importo" Deu de ombros, dando partida na moto. "Faço uma boa ação por mês" Disse sério, mas a sombra de um sorriso surgia em seu rosto. "Para compensar os meus pecados"


Suspirei irritada e virei o rosto para o lado contrário, evitando encarar o contato, a brincadeira do mafioso parecia camuflar a verdade, pois era possível notar a tensão ao fundo de suas ações, eles estava suando, talvez até nervoso, e eu duvidava muito que fosse por preocupação com a minha saúde. Novamente me sentia extremamente patética por mais uma vez precisar da ajuda do tão amado mestre do Cartel. Cada gotícula de palavra de Mabelle e o sorriso vitorioso de Stela me lembravam a todo instante que eu era exatamente isso: uma perdedora.


Era difícil compreender as atitudes controversas de meu inimigo, em um momento me perseguia dentro do cartel, demonstrava puro e vivo ódio, jogava minha pulseira no mar, e no outro momento dizia que era dele - seja lá o que isso significava - e me beijava. Essa dupla personalidade me fazia enlouquecer aos poucos, me minava, me deixava nervosa em sua presença, qualquer uma de suas versões me incomodava e tudo aquilo não fazia diferença para mim, me ajudar naquele instante ou o fato de ter me salvado na floresta, por algum motivo entendia que aquelas boas ações não eram por mim. Provavelmente queria me envolver naquele plano em que precisaria de alguém como eu, era impossível compreender meu inimigo ou suas ações.


Com velocidade a motocicleta acelerava para que chegássemos ao final do percurso, deixei o vento acariciar meu rosto tentando fazer com que todos os questionamentos e aquela humilhação de ser ajudada por um inimigo se dissipasse, mas o sentimento permanecia intacto.  Depois de alguns minutos a moto estancou e só não voamos com o impacto, porque as mãos firmes do Cullen se seguraram no automóvel.


"Só pode estar de brincadeira" O Cullen olhava incrédulo para a moto. "Porra, porra, porra" Distribuiu socos rápidos no painel onde o mostrador cintilava, com a gasolina no vermelho. "Vou matar o Step!" Desceu da moto e me carregou até o meio fio fazendo com que eu sentasse.


Andava de um lado para o outro com os músculos tencionados, analisei os traços duros, a calça jeans fazia uma bela combinação com a jaqueta de couro, estava sem blusa, assim como todos os outros competidores e todos seus músculos bem definidos estavam visíveis. O Cullen parecia realmente em forma, o corpo esbelto e bem definido demonstrava o competidor estava em dia com seus exercícios, levou um pequeno aparelho até a orelha gesticulando com raiva.


"Step, eu estou no meio da estrada, sem gasolina" Alguns segundos com o subordinado tentando se desculpar. "Você tem cinco minutos para chegar aqui com o carro" Desligou sem nem ouvir o que o pobre coitado tinha a dizer.


Me entreguei ao cansaço, apoiando a cabeça entre as mãos, me lançando sobre os joelhos. Encarei o chão rogando aos céus que Step chegasse o mais rápido possível para que todos nós pudéssemos finalmente descansar. Não sabia como encarar as provocações de Stela nos próximos dias, a raiva que eu sentia por ela era pequena diante da decepção que sentia por mim mesma, a única coisa em que era realmente boa tinha sido nos estudos e faculdade, devido à insistência de minha mãe e ainda assim, era muito esforço e dedicação para ter o boletim exemplar, pensar na possibilidade de realmente não me encaixar no cartel me machucava de certa forma.


Senti um movimento ao meu lado, mas não levantei o rosto.


"Não deve se meter com Stela" A voz de meu inimigo soava ao meu lado. "Ela nunca joga limpo"


A voz do Cullen era suave, pela primeira vez desde quando chegara no cartel, ouvia sua voz com tranquilidade, e nunca achei que isso fosse me angustiar tanto; eu conhecia muito bem aquele tom de voz, era o tom de quem sentia pena, de quem sentia piedade; ver o Cullen se dirigindo a mim como se eu fosse inferior, como se eu realmente não pudesse servir para nada me cortava como uma adaga, e apesar de querer com todas as forças ignorar cada palavra que saía da boca daquele homem, eu simplesmente não conseguia.


Para meu alívio Step chegou antes que eu precisasse responder ao meu inimigo, que parecia sentir algo como pena. O medo que o Cullen causava nas pessoas as deixava rápidas e rapidamente Step estacionou a linda BMW preta em nossos pés, saindo com o rosto aflito e entregando a chave nas mãos do criminoso, que não dirigiu uma só palavra. O Cullen voltou para mim e passou os braços novamente sob minhas pernas, me levando até a porta do carona.


"Quer ajuda, senhor?" Step lançou o rosto angustiado para nós.


"Tenho cara de quem precisa de ajuda?" Rosnou, locomovendo-se para o volante enquanto o outro subia em uma moto com o subordinado que havia acompanhado o trajeto.


As palavras do Cullen me cortaram mais uma vez. Não, ele não precisava de ajuda, a única ali que parecia implorar por ajuda a todo instante era eu, patética, inútil ao Cartel e péssima em quase tudo, desejei que a moto tivesse batido com mais força e que eu não tivesse sobrevivido, eu não servia para o cartel e teria que viver a vida inteira naquele lugar. Inquieta e frustrada, encostei minha testa no vidro enquanto meu inimigo acelerava, talvez Mabelle e Stela estivessem certas afinal, talvez eu fosse só mais uma perdedora em meio a vários lutadores, e estava irrevogavelmente percebendo isso aos poucos.







*







Meus dedos tocavam o volante gerando breves batuques no automóvel silencioso, não entendia porque, mas pela primeira vez em anos dirigia na velocidade limite da rodovia, tentava afirmar que era por pura preguiça, mas algo dentro de mim me acusava por tentar prolongar ao máximo os constrangedores momentos com o furacão que chamavam de Isabella. O furacão estava silencioso desde o momento em que entramos no carro, não soltou uma única palavra e por mais contraditório que pudesse soar, isso estava me incomodando.


Desde o dia de sua entrada no cartel aquela mulher estava determinada em me atormentar, mas algo dentro de mim, algum extinto remoto que sobrou de meu passado, revivia quando ela estava por perto, o maldito furacão me relembrava os anos que eu já havia apagado de minha vida. Exatamente por isso eu a odiava. Meu extinto protetor permanecia alerta perto dela, por ser esse íman de confusões que só ela conseguia ser, e apesar de sua arrogância e seu nariz empinado, sabia que os perigos pareciam correr atrás dela.


Seus olhos estavam baixos e o rosto levemente encostado no vidro do carro, que parecia pequeno demais, apesar de ser uma enorme BMW. Dobrei à direita, pegando a curva já conhecida tão bem e acelerei, tentando fazer com que saíssemos o mais rápido possível daquele carro. Desviei da estrada principal pegando um atalho quase desconhecido e após várias árvores finalmente estacionei o carro no local. Independente do movimento, ela não se moveu. Caminhei até sua porta com passos largos.

"Pode descer" Abri a porta rapidamente fazendo com que quase voasse ao chão.


"Ainda não estamos na torre" Afirmou, sem vida.


"Não, não estamos" Revirei os olhos, indo em direção às suas pernas para carregá-la, mas ela esquivou-se.


"Me leve para torre" Ordenou e eu bufei irritado, a garota achava mesmo que mandava em alguma coisa. "Estou falando sério, não quero ficar aqui" Cruzou os braços emburrada e quase pude ver uma criança de sete anos dentro do meu carro. Com a pequena diferença de pernas muito mais desenvolvidas e seios fartos.


"Eu vou ficar aqui e você vai ficar comigo" Afirmei e fui em direção ás suas pernas grossas e a carreguei para fora, enquanto soltava vários protestos e palavrões, me amaldiçoando. A garota realmente adorava testar minha paciência. Depositei seu corpo sobre o capô do carro, enquanto ela finalmente olhava para o local.


O barulho da cachoeira invadiu nossa audição, mostrando a tranquilidade do lugar, o local era cercado por árvores que se embrenhavam formando figuras abstratas e logo atrás da vegetação uma enorme cachoeira despencava sob a luz da lua.


"Meu Deus" Sussurrou, impressionada com a beleza do lugar.


"Poucas pessoas sabem da existência desse lugar" Encostei no capô, fazendo com que nossos corpos ficassem a centímetros de distância. "É praticamente particular"


"Tudo nessa cidade parece ser seu" Revirou os olhos.


Não respondi e logo o silêncio tomou conta do ambiente, fazendo com que apenas o som da cachoeira fosse ouvido. Fitei a mulher com o canto de olho e ela parecia imersa em pensamentos, com os olhos baixos, eu não sabia porque havia a levado ali, aquele era o lugar onde ia sozinho, onde ninguém me conhecia, onde eu podia esquecer a porra do mundo inteiro, porque ninguém nunca me encontraria. Estranhamente, agora ela sabia. Me senti incomodado por ter mais uma parte de minha vida desvendada - ainda que inconscientemente - por aquela mulher que insistia em virar tudo de cabeça para baixo.


Swan não tinha medo nenhum e isso despertava um sentimento estranho dentro de mim, ser desrespeitado por ela na frente de várias pessoas do cartel fez com que minha aversão só aumentasse. Em anos de administração do Cartel ninguém nunca havia me enfrentado de forma tão  tão perspicaz sem sofrer consequências por isso. 


Ouvir a insubordinada gritando contra mim me surpreendeu de forma que há muitos anos não acontecia, a rebelde foi a primeira a ter coragem de enfrentar o dono do cartel, e ao vê-la ali, soltando para o mundo inteiro que me odiava, agradeci aos céus por tê-la colocado em meu caminho, eu adorava desafios e há anos desejava que surgisse alguém à minha altura, e por ironia do destino ou por castigo divino, era exatamente a mulher que estava a centímetros de mim, precisando de minha ajuda.


Sim, eu poderia acabar com seus dias no Cartel a qualquer momento, mas que graça teria? Como afastá-la de tudo se eram de pessoas com o perfil de Isabella que eu buscava para gerir o Cartel e fazê-lo ainda melhor?

 

Não poderia perder a única que possuía garganta suficiente para me desafiar e não deixaria acontecer, não antes que todos os meus planos fossem fielmente concluídos. Desde os primeiros contatos notei que aquela mulher podia ser útil aos meus planos, sim, sabia que seria útil e por isso passaria a protegê-la com unhas e dentes. Ouvi as malditas palavras sendo jogadas para mim, e eu soube que ela seria minha, não, não a queria como mulher e muito menos como posse, eu a queria como subordinada, como parceira de crime, e eu definitivamente não desistia do que queria até conseguir.


Definitivamente ninguém se colocaria entre Edward Cullen e seus objetivos.


Fechei os punhos ao lembrar de Black, suas aproximações sutis aos iniciantes eram patéticas, usava a mesma tática de galanteador barato todos os anos em nossas visitas ao Cartel e isso nunca me havia me incomodado, não me importava com a quantidade de iniciantes que tragasse com suas táticas patéticas, mas, ao ver seu foco brilhando de excitação para a iniciante que seria útil a todos os meus planos, soube que teria sérios problemas. 



"Cansei" Um sussurro saiu de sua garganta enquanto ela virava-se para mim, quase me assustei pela primeira palavra voluntária da noite. "Cansei disso" Avaliei intrigado aguardando que desenvolvesse o raciocínio. "Não quero mais que me treine"


Demorou alguns segundo para que finalmente compreendesse sua fala e a expressão cansada de seus olhos: ela estava desistindo do Cartel.


O pânico e a ferocidade me atingiram, fazendo com que meus punhos tremessem. Encarar a garota mais corajosa que já havia passado pelo Cartel e perceber que estava desistindo me deixava fora de mim. Não, ela não tinha a mínima noção de seu potencial, era uma pedra preciosa a ser lapidada, não se transformaria do dia para a noite na maior mafiosa do país, tinha que lutar, não podia desperdiçar todo o talento com uma atitude tão ridícula como desistir. Tudo agora tudo fazia sentido, era por isso que não havia falado uma única palavra em toda a viagem, estava realmente desistindo.


Levantei rapidamente do carro e paralisei em sua frente, ficando em meio as suas pernas, com as mãos no capô. Estava agindo puramente por extinto, desistindo de protocolos, já que parecia não ter regra quando se tratava da criminosa à minha frente.


"Você deveria ter pensado nisso antes de aceitar, não volto atrás com meus acordos" Falei sério e ela permaneceu me encarando


"Que diferença faz para você?" Questionou-me com olhos de águia, até para desistir a mulher era felina. "Não quero mais sua ajuda, não quero ter que olhar para sua cara, não quero nada disso, inferno!" Gritou, jogando as mãos para cima e me afastando, mas nossos corpos eram de materiais opostos, feitos exatamente para se atraírem, mas nunca para se encaixarem. Percebi que não falava somente sobre os treinamentos, estava cansada de tudo, finalmente estava percebendo que não sairia dali, que estava presa àquela maldição assim como todos nós. Estava cansada de mim, porém, não sabia que aquilo era pouco diante de tudo que teria naquele cartel.


"Não tem espaço para desistentes nesse Cartel" Encarei os profundos olhos castanhos, sugando todos os sentimentos que haviam ali, tentando compreender o que existia dentro das palavras soltas. "Você não vai desistir"


"Você não manda na porra da minha vida" Afirmou, desviando o olhar. "Quando voltarmos para Londres, voltarei para casa, podem me matar se quiserem, eu não me importo"


Os olhos vivos e presunçosos de minha inimiga agora só possuíam desistência, estavam mortos, parados e sem vida, encarando o nada. Um desespero assombroso me alcançou, não poderia deixar que ela desistisse, não poderia deixar que toda aquela sagacidade característica daquele ser misterioso que disseminou a confusão no Cartel se fosse, não poderia deixar que perdesse sua coragem. Independente de todos os problemas que trouxe ao Cartel desde o primeiro dia, eu a queria em movimento, tinha planos, precisava de sua adaptação e de seu treinamento fiel e dedicado. De alguma maneira absurda e irracional a queria por perto, queria que me desafiasse exatamente como fazia diariamente, queria que me enfrentasse, e eu não perderia aquilo.


Em um movimento rápido, puxei o seu corpo para o meu, agarrando-a. Suas pernas automaticamente circundaram meu corpo, para que não se desequilibrasse, corri em direção à cachoeira e no momento seguinte a água invadiu nossos corpos.


Abracei firmemente seu corpo pela cintura para que não se soltasse, seu tornozelo estava machucado, o que a impedia de ficar de pé sozinha. Segurei nossos corpos debaixo da água gelada por alguns segundos e logo depois nos impulsionei para cima novamente, vendo-a arfar rapidamente, com os olhos assustados. O gelo nos invadiu, a água estava congelante, cortava nossas peles em mil pedaços.


"Você é louco?" Fitava chocada, e eu procurei o brilho de fúria que costumava ver em seus olhos, mas novamente, não o encontrei. Não desistiria. Mergulhei novamente, sem avisar, sentindo seu corpo se debater contra o meu, mas eu a segurava firme evitando que se machucasse.


"Mas que porra é essa?" A irritação surgia aos poucos em seus olhos. "Por acaso está querendo me matar?" Sua voz aguda ressoava no silêncio da noite, e eu continuava encarando firmemente, enquanto nossos corpos molhados colavam-se um no outro cada vez mais. "Se você me..." Mergulhei mais uma vez.


As mãos batiam firmemente em meu peito, tentando a qualquer custo me machucar, mas não surtiam muito efeito, seu corpo continuava colado ao meu. Subi novamente invadindo a superfície e seu rosto estava a centímetros do meu, pulsando de raiva, mas eu precisava de mais, eu queria ver o ódio em seus olhos, queria ver seu rosto me odiando. Precisava ver vida em seu rosto.


"Eu vou te ma..." Mergulhei novamente, segurando-a mais tempo nas águas geladas. Era tudo silencioso, tudo que ouvíamos era o som da cachoeira e o barulho de seus movimentos impetuosos debaixo da água, mas, foi em uma fração de segundos que as águas se acalmaram, Swan havia parado de sacudir o corpo contra mim e lentamente abriu os olhos em minha direção, então eu vi, finalmente vi o brilho de fúria em minha direção, os olhos de puro fogo cintilavam para mim mostrando que toda sua força de vontade estava de volta. O brilho foi suficiente para nos voltar novamente à superfície.


Senti suas mãos espalmadas acertando onde alcançavam, a fúria derramava-se por seus olhos e ela tentava atingir meu rosto a qualquer custo.


"Eu vou te matar!" Ela gritava para mim e eu simplesmente sentia uma enorme vontade de gargalhar por vê-la de volta. Com rapidez aproximei nossos rostos, sentindo sua respiração se acalmando aos poucos. Não havia mais nada, somente nossos corpos unidos. Nossa concentração estava na respiração um do outro. Envolvi sua nuca com uma de minhas mãos e segurei firmemente sua cintura com a outra, colando ainda mais seu corpo ao meu.


"Você vai desistir?" Os olhos castanhos me encaravam e uma sombra de dúvida passava por eles. "Será tão fraca a ponto de desistir por causa de qualquer idiota que aparecer em seu caminho?"


"Não sei se consigo" Sua voz tornou-se apenas um sussurro, dentro de si era travada uma enorme guerra, e eu percebi que cabia a mim vencê-la, ela só acreditaria se eu dissesse.


"Se eu digo que você pode fazer a porra que quiser, é por que você pode" Seu busto subia e descia rapidamente, arfando sobre o meu. "Você não tem permissão para desistir, entendido Swan?"


Seus olhos castanhos finalmente se renderam e acreditaram em minhas palavras, seu rosto estava a centímetros do meu quando senti seu hálito tocar meu rosto.


"Entendido, mestre" Sua voz saiu suave e tão submissa que fez com que um calafrio percorresse todo o meu corpo, seus seios fartos estavam colados em mim, arfando fortemente contra meu corpo, eu não entendia que tipo de efeito tinha sobre mim, mas quando estava perto dela, era como se todo meu maldito auto controle fosse para outro planeta, como se ela fosse feita exatamente para despertar o pior em mim, como se tivesse sido feita para me fazer perder o controle de tudo.


Avancei em seus lábios, que logo abriu passagem para minha língua sedenta, enquanto puxava minhas madeixas com força, nossas línguas travavam uma luta, ambos tentando provar para o outro quem mandava, ambos tentando provar que não eram submissos, e realmente não éramos, não éramos saudáveis, não éramos um casal, éramos apenas um líder e uma subordinada insubmissa, tentando provar um ao outro quanto poder cada um tinha em sobre o outro e sobre as circunstâncias, quando no fundo, já não tínhamos poder sobre nada.


Minhas mãos foram em direção ao seu corpo, passeando quase com nervosismo e logo descendo até suas coxas, demorando um pouco mais de tempo ali, a água gelada e o vento forte nos fazia tremer, mas o calor que irradiava de nossos corpos eram suficientes para nos manter intactos, nossos corpos estavam quase se fundindo em um só e enquanto percorria o corpo da maldita mulher, praguejava contra ela em minha mente.


Era minha subordinada rebelde, e se não sabia disso, agora teria que saber, não a deixaria ir, não deixaria que ninguém a levasse; ela se arrependeria amargamente por ter entrado naquele cartel atrás de Jasper, semanas antes, porque agora, ela era perfeita aos meus planos e ninguém a tomaria de mim.






*






Entrei no refeitório com um par de muletas e vários olhos curiosos voaram em minha direção. Stela não havia vencido a corrida, o título tinha sido de uma competidora regional, o que me deixara muito satisfeita. A conturbada noite anterior latejava em minha mente, me perturbando a cada instante. Não tinha como não gastar algumas boas horas do dia lembrando das mãos firmes do Cullen, os braços fortes, os toques certos, inferno, já não bastasse a perturbação diária, ainda tinha que aturá-lo em meus pensamentos.


Definitivamente não sabia como agir depois do incidente da cachoeira, apesar de ter uma ligação estranha com o Cullen, eu não podia deixar que aquilo continuasse e logo o empurrei para longe de mim, exigindo que me trouxesse de volta para a torre. Seu rosto estava tão confuso quanto o meu quando nos separamos, como se ambos percebessem o quanto a situação era absurda e ele me trouxe de volta sem questionar, percebendo talvez que aquilo era loucura, só Deus sabe o que poderia ter acontecido se tivéssemos parado. Por algum motivo doentio minha mente continuava voltando para os malditos momentos, relembrando como a boca do mafioso era quente e como suas mãos eram deliciosamente firmes sobre mim.


Sacudi mais uma vez a cabeça, espantando os pensamentos, o refeitório inteiro parecia olhar para mim, me incomodando, algum engraçadinho espalhou que o motivo do tornozelo machucado era o Cullen, que ele havia me "disciplinado" por ser rebelde, revirei os olhos com a patética fofoca, mas não estava nenhuma pouco afim de relatar para os curiosos que surpreendente o Cullen era meu salvador.



Entramos no carro e simplesmente voltamos a ser os mesmos, voltamos em silêncio durante toda viagem, com algumas interrupções do Cullen para ofender os animais que se metiam no meio da estrada, mas ao chegarmos na torre, mal nos encaramos, saímos do carro, Cullen entregou a chave para Emmet que logo veio em nossa direção preocupado, enquanto o Cullen sumia dentro da torre. 


Eu tinha absoluta certeza de que não importava quantos momentos de suposta paz tivéssemos, eu odiaria aquele homem da mesma forma, não importava quantos momentos de delicadeza ou tesão demonstrássemos, sua essência me incomodava, e ainda que tentasse se esforçar não conseguiria se importar com alguém e eu não seria patética ao ponto de imaginar que comigo seria diferente, para falar a verdade, nem queria que fosse, aquele homem, apesar de atraente, não significava absolutamente nada para mim.


Os olhos do Cullen estavam distantes, exatamente do outro lado do refeitório, e nenhuma vez focaram em mim, terminei o café e fui em direção ao quarto, Alice me obrigara a passar o dia inteiro de repouso, apesar de não ter machucado gravemente meu tornozelo, desejava assegurar que voltasse tudo ao normal o mais rápido possível, para que pudesse aproveitar os dias que ainda restavam.


Emmet avisou a todos durante refeição que teríamos apenas mais três dias em Clivee Hill e eles seriam livres, poderíamos ir onde quiséssemos e conhecer a cidade, contanto que estivéssemos atentos a qualquer chamada que pudéssemos ter do Cartel, mas era difícil que precisassem de nós naquela cidade tão pequena onde tudo parecia tranquilo.


Voltei ao quarto e resolvi arrumar minhas coisas, que pareciam extremamente bagunçadas, minha mente retornou ao momento do cachoeira, onde ele tentava me convencer de que desistir era uma estupidez, eu simplesmente não conseguia entender porque ele se importava, imaginava que seria até um alívio quando soubesse de minha desistência, finalmente, teria motivos de verdade para acabar com minha vida, mas não foi como pensei, ele pareceu perturbado por me ver desistindo do cartel e surpreendentemente gostei de ver aquele sentimento em seus olhos. O que estava acontecendo comigo, afinal?


Quando terminei de arrumar minhas coisas, já passava das duas da tarde, e eu não sentia a mínima vontade de comer, o cansaço acumulado das noites anteriores me atingiu, deitei na cama macia, tentando relaxar e em poucos minutos eu já estava dormindo.


Quando abrir os olhos, já era noite, as horas haviam passado e eu não havia notado, o quarto estava vazio, o que mostrava que Jenny ainda estava passeando pela cidade com os outros iniciantes, minha barriga roncou e  lembrei que não havia comido nada o dia inteiro. Levantei da cama, passei as mãos entre os cabelos e após escovar os dentes, peguei um grosso casaco de Jenny e saí em busca de uma lanchonete.


Olhei para a garagem e a moto de Emmet cintilava para mim, fui até o guardador e peguei a chave de seu armário, sentido meu tornozelo doer um pouco ao pisar no acelerador, a noite estava um pouco mais quente do o dia anterior e eu dirigia devagar buscando por algum lugar aberto, mas, sem minha permissão meus sentidos buscaram outro caminho e me vi curiosa para visitar novamente a cachoeira.


Saí da estrada principal tentando achar o atalho que meu inimigo havia usado no dia anterior, chegando com destreza até a cachoeira, o som inebriante me atingiu e a leve brisa que soprava me tranquilizou, porém, enquanto estacionava vi outra moto no local, sem o dono por perto.


Desconfiada, estacionei a moto de Emm atrás de alguns arbustos, tentando fazer o mínimo de barulho, desci da moto e vasculhei o local com o olhar, me deparando com um corpo másculo perto da cachoeira, com um cigarro pendendo em sua boca.


O Cullen parecia distraído e não havia notado minha presença, o que permitia que eu o avaliasse melhor, ainda não havia visto meu inimigo fumando, mas previa que ele possuísse algum hábito, já que burlar as regras era com ele mesmo, me concentrei em seu rosto afilado, uma leve barba surgia, dando-lhe um aspecto viril, ele soltava a fumaça lentamente e notei que até nisso ele era imponente.


Naquele instante enquanto ele olhava tranquilamente para a água fria eu percebi o quanto era bonito, obviamente já havia notado que era atraente há muito tempo, já que seu corpo parecia gritar masculinidade e beleza, mas nunca havia reparado em seu rosto, o que me surpreendera. Parado, calmo e quieto ele realmente parecia alguém normal, alguém que vivia, alguém saudável, mas eu sabia que era apenas ilusão, meu inimigo podia ser tudo, menos saudável, era perigo puro e cristalino gritando.


Sacudi a cabeça e voltei à minha moto em silêncio, já havia perdido tempo demais com aquele homem e obriguei meu corpo a se mover, arrancando com a moto.


O que eu não sabia era que aquele homem viraria minha vida de cabeça para baixo, como dizia o ditado: quando uma coisa está ruim, a tendência sempre é piorar.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Meu pai do céu, minha vida ta uma loucura vocês não tem idéia!
Toda vez quero fazer notas decentes pra vocês mas sempre to com sono =(
Resumindo: VOCÊS SÃO LINDAS E EU MORRO COM CADA COMENTÁRIO E RECOMENDAÇÃO DE VOCÊS, ISSO É MUITO MUITO IMPORTANTE E ESPERO QUE VOCÊS CONTINUEM COMENTANDO!
Sério, as vezes eu fico pulando aqui em cada e meu irmão fica me chamando de louca hehehehe Mes enfim!
Queria muito fazer capítulos maiores, mas o tempo não dá =(
Obrigada a todas que gatam tempo conversando comigo, vocês são lindas, de verdade.
Bia não é Bia sem vocês, já disse.
E podeeeeeee seguraaaaaar que vem muita onda por ai hehehehe O mestre ainda vai aprontar muuito!
Enfim, NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR E SEGUIR O @EMPERIGO, e se der, tentem divulgar a história para outras pessoas, para que possam conhecer a história =)
Um enorme beijo,
Bia.