In Love With Her escrita por naty


Capítulo 31
Primeiro Passo


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, eis o capítulo 31!

Enjoy it!



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EDUARDA

Acordei com dor de cabeça e achei melhor não ir á aula. Sabia que Manu não ia querer me ver nem pintada de ouro, mas eu não abriria mão dela tão fácil assim. Eu lutaria até a exaustão para ter a minha baixinha nos meus braços de novo.

Levantei da cama já passava das nove, tomei um comprimido para aliviar a dor e comecei a dar início ao meu plano de reconquistar a minha garota. Falando assim, até parece meio bobo: um plano para reconquistar Manuela. Mas era exatamente disso que eu precisava, um plano e dos bons.

Tomei um banho, me arrumei e logo saí de casa. As coisas não aconteceriam se eu ficasse enclausurada dentro de casa a vida inteira. Parando para pensar, até que isso não seria de todo ruim, talvez assim, eu parasse de fazer as pessoas que eu amo sofrerem.

Se nada desse certo, me trancar no quarto para sempre parecia uma boa opção, mas eu só faria isso depois que tivesse certeza que não tinha mais volta com a Manu. Mas enquanto isso não acontecia, eu corria atrás do prejuízo que, venhamos e convenhamos, não era pouco.

O primeiro passo era tentar conversar pacificamente com Manuela, tarefa nada fácil.

– Que cê tá fazendo aqui essa hora menina? Não vai me dizer que andou dormindo demais de novo!

– Hoje não seu Zé, hoje eu vim aqui porque tô precisando de um favor do senhor – respondi sorrindo ao porteiro

– Então diga que se eu puder, eu ajudo minha filha

Eu sorri e comecei a puxar assunto com aquele senhor que me conhecia de tantas vezes que eu chegava atrasada na escola. O tempo passou e quando olhei no relógio, já era hora de agir.

Levantei do banquinho em que estava sentada, agradeci pelo café e pela ajuda e me despedi do porteiro.

Posicionei-me e fiquei á espera dela. Teria que ser tudo muito rápido para que ninguém desconfiasse de nada.

Deixei a porta entreaberta e quando ela se aproximava, dei um jeito de puxá-la para dentro do banheiro vazio e trancar a porta logo atrás.

Manu, ainda assustada e sem entender nada, me olhava com cara de paisagem até realmente notar quem estava á sua frente e vi aqueles lindos olhos azuis endurecerem.

– O que você quer? – perguntou sem me olhar

– Eu quero conversar Manu

– Eu não tenho mais nada para falar com você

– Deixa eu ao menos me explicar, o nosso namoro não pode terminar desse jeito

– Eu deixei você se explicar uma vez, me deixei levar, nós fizemos amor e logo depois você já estava lá na cama da outra. Não acho que você precise se explicar para acontecer tudo de novo

– Eu não fui pra cama com a Márcia!

– Não era o que parecia ontem. Na verdade, você mesma disse que faria exatamente isso

– Você não pode estar falando sério que acreditou mesmo nisso. Era só um jeito de tentar me livrar da Ana e você chegou no momento errado

– Posso te garantir que você foi bem convincente! Me deixa sair daqui! – falou tentando abrir a porta, mas a chave estava comigo.

– Ouve o que eu tenho pra te dizer, prometo que te deixo ir, mas... apenas me ouve, tudo bem?

Vi seu rosto ficar mais emburrado que já estava e me encantei com a cara de brava que Manuela fazia pois sabia que ela me ouviria. Soltei um pequeno sorriso por ter mais uma chance de ao menos tentar me explicar.

– Você não deveria perder tempo comigo, a Márcia deve estar te esperando e aposto que vocês têm coisas muito melhores para fazer – falou fingindo desinteresse enquanto impulsionava o corpo para sentar-se sobre a pia

– A Márcia foi embora Manuela! Deixa de ser cabeça dura – me aproximei da pia, fazendo com que nossos olhares se encontrassem

– Eu sei que ela saiu da escola, mas nada te impede de ter um relacionamento com ela. Na verdade, é até melhor não é mesmo? Já que não compromete o trabalho dela como professora – ela estava na defensiva e seria duro fazê-la acreditar em mim, principalmente se eu não poderia explicar o porquê de ter beijado a Márcia.

Ô vidinha mais ou menos viu!” – pensei

– Quantas vezes eu vou ter que dizer que nós não estamos juntas? O que eu tenho que fazer para você acreditar em mim Manuela? Me diz, eu faço qualquer coisa!

– Não acho que você possa voltar no tempo e não me trair com ela! Então creio que não há nada que se possa fazer. Só me pergunto uma coisa: porque você não está lá com ela?

Cheguei mais perto dela e, delicadamente segurei seu queixo para que ela não pudesse desviar o olhar.

– A Márcia foi embora, Manu – falei pausadamente, na esperança de que ela entendesse – A essa hora, já deve estar no conforto da casa do avô dela em Boston – enfatizei as últimas palavras, talvez assim ela me ouvisse.

Manu piscou algumas vezes e exibiu uma expressão confusa antes de conseguir se recompor e recolocar sua máscara de frieza e indiferença.

– E-eu... eu não entendo. Porque ela sairia do Brasil se conseguiu tudo que queria? Agora que nós não temos nada, você está livre para ficar com ela. Ela é burra ou algo do tipo? Te deixou aqui a troco de quê? Eu no lugar dela não faria isso – Manu disse a última parte mais para si mesma que para mim e eu sorri ao ouvir isso

– Ela foi... er... estudar – lembrei-me da desculpa que a Márcia tinha dado para todos a respeito da sua ida para os Estados Unidos – E pela milésima vez Manuela: nós não tínhamos nada! Foi um beijo e nada mais

– Se foi mesmo apenas um beijo, o que você foi fazer na casa dela ontem?

– Fui me despedir da minha amiga que foi morar em outro país e que eu provavelmente nunca mais terei a chance de rever – falei olhando-a profundamente, a fim de que ela acreditasse na veracidade das minhas palavras

– Desculpe Duda, eu não consigo mais acreditar em você – ela forçou o rosto para baixo, desviando o olhar e eu soltei seu queixo me afastando dela

– Mais uma chance Manu. Me dá mais uma chance pra te mostrar que eu mereço a sua confiança. Eu te amo Manu, não desiste de nós assim! – eu estava cada vez mais próxima de seu rosto, as minhas palavras iam diminuindo o volume gradativa e automaticamente.

– Eu também te amo, mas não consigo... Simplesmente não consigo lidar com o medo de voltar com você e acabar me machucando outra vez

– Confia em mim, eu só quero te fazer feliz

– Por que você a beijou Duda?

– Eu... foi um erro Manu, quando vi, eu já estava correspondendo ao beijo dela. Me perdoa Manuela, você não sabe o quanto eu me arrependo!

– Me dá a chave Duda, eu preciso ir – Manu falou descendo da pia e estendendo a mão sem me olhar, suspirei resignada e tirei a chave do bolso lhe entregando.

Quando nossas mãos se tocaram, senti aquela corrente elétrica passar por todo o meu corpo e prolonguei o contato o máximo que pude, percebendo que causava a mesmo reação em Manuela.

Nossos olhares se encontraram por um breve segundo e eu a puxei pela mão que ainda segurava trazendo-a para bem perto de mim. Eu podia sentir a sua respiração quente batendo contra a minha pele, me causando arrepios.

Coloquei uma mão em seu rosto, acariciando-o e ela fechou os olhos, deixando a boca entreaberta no que eu entendi como sendo um convite silencioso para o beijo que não demorei muito a concretizar.

Quando meus lábios tocaram os seus, era como se já não fizessem isso há décadas, o beijo foi saudoso e desesperado. Pedi passagem com a minha língua e assim que essa me foi concedida, passei a explorar cada canto daquele boca com uma fome enorme.

Quando o ar faltou – cedo demais na minha opinião – nos separamos e encerramos o beijo com pequenos selinhos. Demorei um pouco a abrir os olhos, e quando o fiz, encontrei duas safiras ardentes a me encarar profundamente. Não vi repulsa nem nenhum outro sentimento do tipo nos olhos de Manuela e me aproximei para um novo beijo, mas ela desviu no último segundo me fazendo beijar o canto de seus lábios. Ela estava muito ferida pelo que eu fiz.

– Nós... não podemos. Eu... eu tenho que ir - foi tudo que ela disse antes de destrancar a porta e sair correndo dali me deixando para trás.

MANUELA

Saí daquele banheiro arrasada.

Não consegui perdoar Eduarda e dar mais uma chance e nós duas. Eu olhava naqueles olhos escuros e misteriosos e não conseguia mais ter confiança neles. Mas que tipo de pessoa eu era para não conseguir confiar na garota que eu amava com todas as minhas forças? O que estava acontecendo comigo?

A Duda estava sendo sincera ao falar de seus sentimentos e eu podia sentir isso, no entanto, não conseguia perdoá-la. Eu acreditava em seu amor, mas não em sua fidelidade, e isso estava me matando.

Eu queria muito conseguir perdoá-la. Mas o meu coração estava em pedaços e não aceitaria uma volta de forma alguma. De que adiantaria eu dizer que a perdoava e depois ficar remoendo o que aconteceu.

Talvez a nossa história fosse para terminar assim. Talvez nós não estivéssemos preparadas para ser uma da outra como o nosso sentimento mandava.

Estava atravessando a rua de casa quando um carro buzinou ás minhas costas, mas eu não dei importância, carros buzinavam a toda hora não é mesmo?

Abri o portão e novamente aquela buzina. Me virei para espreitar quem era e qual não foi a minha surpresa ao ver aquela Ferrari á minha frente.

– Ow guria, tais surda? – sorri ao ouvir aquele sotaque vindo da janela do motorista que agora estava abaixada

Isa estacionou o carro e desceu, vindo até onde eu estava e me dando um abraço apertado, me passando uma ótima sensação de conforto.

– Tudo bem Isa? – perguntei quando nos afastamos.

Ela usava um conjunto cinza de roupas sociais, provavelmente estava vindo da empresa que herdara do pai.

– Eu estou ótima guria. Tu que não está nada bem não é? – ela perguntou e eu balancei a cabeça em concordância

– Parece que você só me encontra quando eu não estou legal né?

– É verdade – falou pensativa – Acho que tu precisas é de umas boas gargalhadas pra se animar!

– E o que a senhorita me sugere, já que parece ser expert no assunto? – debochei e ela sorriu

– Tem um show de stand-up que eu quero assistir hoje á noite, topas?

– Não sei, quem sabe outro dia... - fui vaga, não queria estragar a noite dela com os meus problemas

– Larga de ser chata guria! Vamos! Ainda não conheço quase ninguém em Belo Horizonte, custa tanto assim me fazer companhia? – ela insistiu me fazendo rir com a falsidade que identifiquei em sua voz

– Você mente muito mal sabia? Se você não se lembra, está aqui há bem mais tempo que eu, então essa de não conhecer ninguém não vai colar comigo ok? - falei e ela sorriu rendida, mas não antes de fazer uma última tentativa

– Eu trabalho muito, não tenho muito tempo para sair e conhecer pessoas – retrucou com um sorrisinho cínico no rosto

– Tudo bem, então temos uma workaholic?

– Bah! Aceita logo o convite guria! Eu estou com fome e isso me deixa mal-humorada, então, será que dá para aceitar para eu poder ir comer em paz? - Isa falou com um falsete de irritação na voz e eu não pude conter o riso, o seu sotaque ficava ainda mais carregada quando ela falava assim.

– Você venceu estressadinha! Eu vou ao show de stand-up com você – quando percebi, já estava aceitando o convite. Mas acho que um pouquinho de diversão com a minha mais nova amiga não poderia fazer mal.

– Ótimo! Venho te pegar ás sete tá bem?

– Estarei pronta – Isa sorriu e me abraçou novamente, se despedindo

Ela entrou no carro e quando estava dando a volta, parou e falou:

– E mais tarde, eu vou querer saber o que está acontecendo contigo! – mal terminou de dizer isso e já estava arrancando com o carro.

Sorri, aquela loira era maluquinha mesmo.

Passei o restante do dia tentando me ocupar de todas as formas possíveis para não pensar em Eduarda. Porém, não obtive sucesso nessa tarefa que para mim, parecia impossível.

A noite chegou e eu fui me arrumar para sair com a Isa, talvez ela me fizesse esquecer um pouco de Eduarda. Ás sete em ponto, o porteiro interfonou avisando que Isa já estava á minha espera, pedi que ela esperasse só mais alguns minutos que já estava descendo.

Peguei um pedaço de papel e apenas rabisquei um bilhete para os meus pais avisando que não tinha hora para voltar. Se eles queriam que fosse desse jeito a nossa comunicação, então assim seria.

Quando cheguei ao portão, Isa estava encostada ao capô do carro me esperando. Não pude deixar de notar que ela estava deslumbrante, mas não comentei nada. Os cabelos loiros estavam cacheados nas pontas e jogados displicentemente sobre os ombros dando-lhe um charme despojado. Diferente das outras vezes que a vi, não tinha nada de social em sua roupa, ela usava uma calça jeans justa, um scarpin com um salto considerável e uma camiseta azul-marinho que destacava perfeitamente as curvas de seu corpo. Isabella era uma mulher extremamente bonita, não havia como negar.

– Vamos? – ela me tirou da minha análise

– Claro! – falei sorrindo e entramos no carro em direção ao Teatro Alterosa, onde seria realizado o stand-up

Chegamos cedo e conseguimos bons lugares, logo nas primeiras fileiras. O show foi ótimo e realmente me diverti muito com as piadas. Isa tinha razão, eu estava mesmo precisando disso e, por alguns momentos, consegui esquecer Eduarda, meu namoro fracassado, meus pais homofóbicos e o nosso relacionamento, também fracassado.

Quando a presentação terminou, Isa me chamou para comer algo, alegando estar com uma fome enorme.

Paramos em uma pizzaria e ficamos conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Isa era o tipo de pessoa com quem se podia conversar sobre tudo, o assunto fluía naturalmente com ela.

– E então, vai me contar o que houve hoje mais cedo ou terei que adivinhar? – desafiou a gaúcha com um leve sorriso no rosto

Fiquei calada, pensando no que falar. Não sabia realmente por onde começar.

– O meu namoro terminou – falei por fim

– Mas por quê? Pelo que eu pude perceber, você ama essa garota – falou e sorriu ao ver a minha expressão de espanto ao constatar que ela realmente sabia que eu namorava uma garota – Sim, eu sei que é uma garota!

– C-como você sabia?

– Eu não sou boba Manu, pesquei pequenas coisas ao ouvir você falar dela. Ninguém descreve um garoto com tanta suavidade e leveza, e eu reparei que tu não usas a palavra ele ou ela para se referir ao seu suposto namorado, coisa um tanto estranha, não achas?

Concordei com a cabeça, ela tinha me pegado nessa.

– Eduarda, o nome dela é Eduarda – falei um pouco triste, pois por mais que tentasse esquecer, tudo sempre voltava ao nome dela, á voz dela, ao seu jeito desastrado, tudo sobre ela.

– Por que vocês terminaram?

– Ela me traiu e eu não consigo mais confiar – resumi o que havia acontecido em uma única frase na esperança de que doesse menos ou que Isabella trocasse de assunto. Nenhuma das duas coisas funcionou, no entanto.

– Sim... E qual a versão estendida da história? – Isa me deu um sorriso solidário como incentivo para falar.

Eu podia ver que não era mera curiosidade a sua insistência para que eu falasse, a preocupação era visível, e isso me deixou mais tranquila para desabafar.

Passamos quase duas horas falando apenas de mim e do meu relacionamento com Eduarda. Isa não só era boa ouvinte, mas também uma ótima conselheira. Essa amizade repentina com ela estava me saindo melhor que encomenda.

– Ela te trancou mesmo no banheiro da escola? – Isa perguntou ao final do meu relato e eu balancei a cabeça – Local perfeito para um encontro casual! – ironizou

– Eu sei que pode soar um tanto sem noção, porém não foi despropositado. A Duda pode ser bem maluca ás vezes, mas ela sabia o que estava fazendo quando me trancou naquele banheiro.

– Quer dizer então que gostasse do “encontro” no banheiro? – ela não parava de rir

– Não é bem isso Isa! Entenda, aquele banheiro nos traz muitas lembranças boas

– Quer dizer muitas seções de agarramento em horário de aulas não?

– Também! – confessei ficando um pouco vermelha – Mas a nossa escola é enorme e tem vários banheiros, mas foi por causa daquele banheiro que nós tivemos o nosso primeiro desentendimento, com apenas 1 dia de namoro. É estranho, e ao mesmo tempo ridículo, mas a intenção da Duda ao me levar naquele banheiro foi me fazer lembrar disso, eu tenho certeza.

Isa deu de ombros e debochou:

– Vocês são esquisitas! – eu concordei e acabei rindo junto com ela

Continuamos conversando até que o assunto se direcionou para a vida pessoal de Isabella e foi aí que rimos ainda mais de seus encontros e desencontros.

Foi nessa conversa que acabei descobrindo que Isa era bissexual. Ela dizia que gostava de pessoas e isso bastava para ela.

– E então teve esse guri que veio atrás de mim com um samba canção embrulhado para presente, dizendo que era para eu guardar para quando ele fosse dormir na minha casa. Bah! Eu nem sabia o nome dele Manu!

– Você deve ter açúcar! Depois da garota que correu atrás de você pedindo um autógrafo e quando você viu, ela estava com um documento que praticamente casava vocês duas, eu não espero mais nada desses seus rolos!

Apesar dos pesares, a noite terminou de forma extremamente agradável. Eu estava feliz com a minha nova amiga. Isabella havia entrado na minha vida exatamente no momento certo. Aquela menina/mulher que ela mostrava ser, me divertia e me distraia ao ponto de eu conseguir desabafar tudo que me incomodava.

Isa estava sendo uma baita mão na roda com toda essa coisa de término de namoro. Tínhamos tudo para construir á partir dali uma amizade sólida e duradoura.


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Notas finais do capítulo

e então? ficou bom? oq acharam?

beijos e até semana que vem *-*