In Love With Her escrita por naty


Capítulo 23
Entre um almoço e outro!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/247475/chapter/23

Eduarda

— Me conta, Duda. Eu sou a sua melhor amiga, poxa – Ana implorava pela milésima vez

— Nossa, mas como é chata, Ana Maria - ela fechou a expressão à menção de seu nome, e eu sorri disso - Já disse que tudo que você precisa saber é que foi perfeito e ponto. Não vou ficar compartilhando a minha intimidade e da minha namorada

— Por favor, Duda! Nós nunca mantivemos absolutamente nada em segredo uma da outra, vai começar a esconder o jogo agora?

— Afinal de contas, pra quê tanta curiosidade, hein? - tentei mudar de assunto, Ana estava certa, nós nunca tivemos segredos, mas era diferente, eu me sentia desconfortável ao falar sobre isso.

— É apenas curiosidade, Duda, mas já que você não quer falar, tudo bem – falou ainda emburrada dando o assunto por encerrado, e eu agradeci mentalmente por isso.

Não acho que conseguiria detalhar para a minha amiga o que havia acontecido entre a Manuela e eu, era algo íntimo demais em minha opinião. Havia sido o momento mais perfeito e sublime de toda a minha vida, e, por esse motivo, eu entendia o porquê de Ana ficar chateada por eu não querer compartilhar.

Logo o sinal tocou, dando fim à última aula do dia. Olhei para Manu, que arrumava suas coisas na mochila, e ela sorriu, vindo em minha direção.

— Vamos?

— Vamos – peguei sua mochila, que estava bastante pesada – O que você carrega aqui? Alguns tijolos, eu suponho – brinquei

— Alguns – concordou – Só para o caso de precisar tirar sorrisinho idiota do rosto de namorada chata

— Não tá mais aqui quem falou - levantei os braços em sinal de rendição, e fomos embora


***

— Almoça comigo?

— Não sei, Manu, sua mãe em casa hoje

— Por isso mesmo, ela tem que se acostumar com a sua presença. Não pretendo esconder o nosso namoro por muito mais tempo dos meus pais, talvez assim eles aceitem a minha orientação sexual.

— Eu não acho que assumir um namoro agora seja boa ideia, eles podem querer nos afastar se descobrirem que a nossa relação não é apenas de amizade. Sinceramente, se assumir o nosso relacionamento diante dos nossos pais significar ter que perder você, eu prefiro continuar namorando escondido. Vamos com calma, Manu, isso é bem complicado, e nós sabemos o quanto seus pais são... – hesitei, à procura da palavra certa para usar sem ofendê-la

— Preconceituosos, é isso o que eles são, e só vão vencer esse preconceito quando perceberem que não há nada de errado em ser assim. Não se preocupe, Duda, você não vai me perder – completou me olhando nos olhos, e eu me perdi naquela imensidão azul.

— Promete?

— Prometo. E, além do mais, eles já sabem que eu estou namorando, isso já é meio caminho andado

— Como assim já sabem? Eles sa-sabem que eu sou a s-sua namorada? - assustei-me

— Eu disse que estava namorando uma garota, mas não contei quem era

— E como eles reagiram?

— Meu pai eu ainda não sei, porque contei à minha mãe, mas com certeza ele já foi informado. A reação da minha mãe foi melhor do que eu imaginava, ela apenas disse que não achava isso certo e ficou de bico por um tempo, mas seu humor já está consideravelmente melhor

— E essa é uma boa notícia?

— Sim, amor! Entenda, se ela acha que é errado, é porque foi assim que ela foi criada, foi assim que a ensinaram. Mas ao mesmo tempo em que ela me dizia ser errado, eu senti insegurança na voz dela, sabe? Como se ela não tivesse certeza do que dizia. O meu plano é fazê-la ver o fato de eu ser lésbica com outros olhos, sem o preconceito nublando seu discernimento. A minha mãe aceitando e entendendo a nossa relação, logo ela convence meu pai do mesmo. Meus pais nem sempre foram as pessoas ausentes e frias que eu tenho visto nos últimos meses – falou e parecia recordar-se de algo.

Vi que os olhos de Manu estavam marejados e decidi que era hora de desviar um pouco o foco daquele assunto.

— Tudo bem, não custa tentar, e eu faço de tudo para te ver feliz. Um almoço na companhia da minha adorável sogra não parece tão ruim assim.

E eu não estava errada, o almoço com dona Marina foi agradável. Ela parecia bem curiosa sobre a minha vida, mostrando interesse em tudo que eu dizia, algo que eu nunca tinha visto nas poucas vezes em que havíamos conversado. Eu não via mais aquela mulher altiva, e, ás vezes, tão arrogante que me dava medo. Eu via ali, uma pessoa incrivelmente parecida com a minha baixinha.

Minha sogra tentava ser sutil, mas eu percebi que ela me analisava durante todo o almoço, como se soubesse de alguma coisa a meu respeito. Fiquei com a pulga atrás da orelha, com medo de que ela encontrasse algo que não gostasse em mim e isso dificultasse a vida da minha namorada.

Decidi deixar isso pra lá, talvez não fosse nada e eu apenas estivesse vendo coisas onde não havia absolutamente nada.

— Você tem namorado, Eduarda?

Pronto.

Fui pega de surpresa e não sabia o que responder. Se eu dissesse sim, ela provavelmente gostaria que eu falasse sobre o meu suposto namorado. Caso optasse por dizer que não namorava, a Manuela me matava.

— Mãe, sabia que a Duda vai fazer medicina? - perguntou Manu, desviando do assunto de forma extremamente capciosa e inteligente

— É mesmo, Eduarda? Que linda profissão você escolheu, seus pais devem estar orgulhosos - deu certo, dona Marina deixou de se focar em minha vida sentimental e partiu para o campo profissional da coisa toda

— Sim, minha mãe sempre quis que eu fosse doutora, e eu acabei me apaixonando pela profissão, é isso que eu quero pra minha vida

— Isso mesmo, minha filha, você faz bem em pensar assim. Duda, eu tenho que admitir que você não é nada como eu pensava. Você tem muito mais juízo na cabeça do que imaginei, e fico muito feliz que a Manuela possa contar com você.

Olhei para Manu boquiaberta com o que a sua mãe acabara de dizer. Ela parecia estupefata, assim como eu. A surpresa estava estampada em sua face, mas logo sorrimos cúmplices.

A declaração de dona Marina soou quase como um consentimento para o nosso namoro, como se ela já soubesse de tudo. Esse pensamento me preocupou um pouco, uma vez que talvez estivéssemos sendo transparentes demais com o nosso relacionamento. Se a mãe da Manuela já sabia de algo, eu não queria nem imaginar o que a minha deduzira até ali. Minha mãe me conhecia bem demais para não ter percebido nada, o que fez com que eu me questionasse sobre o motivo de ela ainda não ter demonstrado nenhuma reação. Algo me dizia que a Karina sabia o que estava acontecendo, e, assim que pudesse, eu tentaria obter alguma informação por intermédio dela.

Toda a minha divagação durou apenas milésimos de segundo, de modo que nem Manu nem a mãe perceberam que eu estive distante por algum tempo.

O restante do almoço correu tranquilamente, e eu saí da casa da minha namorada um tanto quanto aliviada por ter dado tudo certo.

Cheguei em casa e fui ver como a Jéssica estava. Apesar de a fratura ser apenas no braço, o médico recomendara repouso por alguns dias, já que o tombo havia sido feio e ela estava um pouco machucada por causa disso.

— Ei, como está indo aí com esse braço? - perguntei sentando-me na beirada da cama dela

— Bem... o único problema é que esse troço coça mais que tudo. Não me aguentando de tanto que pinica - falou remexendo-se na cama, onde havia dado pausa no Super Nintendo, que eu transportei para o quarto dela. Só não entendo como ela conseguia manusear o controle do videogame com o braço daquele jeito.

— É normal o gesso coçar um pouco, acredite, disso eu entendo – falei, e nós duas rimos devido à quantidade de fraturas que eu colecionara quando criança, sempre subindo em alguma árvore, andando de bicicleta, patins e skate e, claro sempre aprontando ao lado de Ana, a minha fiel escudeira de todas as horas.

— A mamãe já estava preocupada, porque daqui a pouco ela tem que ir para o trabalho e você ainda não tinha chegado

— Onde ela está?

— Se arrumando para sair. Duda, será que nós podemos ver o Diogo... digo, Karina, qualquer dia desses? Eu... acho que fui meio grossa com ela aquele dia e quero realmente conhecê-la melhor

— Claro que podemos, pirralha. Só não esquece que a mamãe e o papai não podem saber de nada, ok?

— Tudo bem, mas por que tanto segredo?

— Não sei, Jéss, não sei... - falei, mas fazia sim uma ideia do que poderia ter acontecido, porém, eram apenas suspeitas, eu não tinha nada de concreto para afirmar a respeito daquele assunto.

— Duda, é impressão minha ou você está mais alegre depois que voltou da casa da Manu? - minha irmã perguntou depois de me pegar divagando e, provavelmente, rindo sozinha. Eu estava me lembrando dos momentos que passara com Manuela

— Não viaja, Jéssica, de onde você tirou isso? - falei, soltando um riso um tanto nervoso

Mas que droga!

Esqueci que a Jéssica já estava desconfiando há séculos, e agora eu tinha mais esse pequeno grande detalhe para adicionar à “lista das coisas com as quais a Eduarda tem que se preocupar”.

É claro que a minha irmã desconfiava do meu namoro com a Manuela. Nós não fazíamos muita questão de nos contermos na presença dela, e, obviamente, ela percebeu que a nossa relação não era a de meras amigas, uma vez que minha amizade com a Ana em nada se parecia com o que Jéssica via entre mim e a Manu.

Pensei na possibilidade de contar à minha irmã (em outras palavras, confirmar suas suspeitas), e um medo enorme tomou conta de mim. Não acho que teria coragem para contar tudo.

Quando eu estava com Manuela a nossa relação parecia tão certa, era tudo tão perfeito que eu não conseguia encontrar um motivo para não dar certo entre e gente.

O grande problema era quando eu despertava do sonho que parecia estar vivendo com a minha namorada e percebia que o nosso mundo não era tão cor-de-rosa assim. O preconceito que eu via por todos os lados me amedrontava e me fazia sentir insegura.

Eu oscilava entre a maior felicidade do mundo e um medo aterrorizante de tudo que poderia acontecer por eu namorar outra garota.

Aquela sensação de dualidade era algo tão horrível, tão doloroso, que eu não sabia como conseguia esconder isso. Acho que o fato de sempre ter sido tão fechada para o mundo me ajudou a camuflar esse sentimento que eu faria de tudo para arrancar de dentro de mim.

Eu amava a minha namorada, com todas as forças do meu ser, não conseguia ver um modo de amar alguém mais do que eu a amava, e nunca me perdoaria se a machucasse por culpa desse medo irracional que eu sentia de expor o nosso relacionamento.

Pensar na noite incrivelmente perfeita que passei ao lado dela só me fazia sentir pior. Como algo que me parecia tão certo poderia ser tão errado aos olhos das pessoas?

Eu queria sair pelas ruas, gritando que a amava mais que tudo, que namorava a garota mais perfeita do mundo, mas então o medo da repulsa das pessoas à nossa volta vinha à minha mente, e tudo que eu conseguia pensar era que Manuela não merecia que ninguém a olhasse torto simplesmente por ser quem era. Ela já sofria demais com a rejeição dos pais.

 

 

MANUELA

 

— Viu só, mãe? A Duda não é tão ruim quanto a senhora pensava, é? - perguntei, tentando sondar a sua opinião a respeito da minha namorada

— Talvez – resmungou, pensativa

— E então... O que a senhora achou dela? - tentei novamente

— Não sei, Manuela. Para quê tudo isso, hein? - falou irritada, indo em direção ao quarto

Suspirei contrariada, estava cada vez mais difícil conseguir estabelecer um diálogo naquela casa.

Lembrei da minha conversar com a Júlia e do quanto ela tinha me ajudado em todo o meu processo de descoberta e aceitação.

“Vou ligar para aquela maluca”, pensei enquanto ia para o meu quarto e me certificava de trancar a porta, o susto que Karina nos passou tinha servido de lição.

 

 

— Alô

— Como anda a minha doida preferida?

— Abandonada e com uma melhor amiga que passa meses sem dar sinal de vida!

— Sem drama, dona Júlia, nos falamos na semana passada!

— Mas eu estou morrendo de saudades, sua ingrata

— É, por incrível que possa parecer, eu também tenho sentido muito a sua falta, Ju

— Que foi? Brigou com a namorada, foi? - riu

— Depois reclama que eu não te trato bem

— Ah, Manuzinha, eu estou só brincando, amiga. Mas me conta, tá tudo bem por aí? Como vai o namoro?

— Meu namoro? Tá ótimo! Tudo às mil maravilhas!

— Por que eu acho que você tem algo para me contar? E não enrola, porque eu quero detalhes, os mais sórdidos possíveis!

 

 

Detalhei tudo que havia acontecido para a minha amiga, sem esconder absolutamente nada, minha felicidade por estar com Duda, o grande passo que havíamos dado no relacionamento e até mesmo o medo que nos rondava por conta da clandestinidade do nosso namoro e a aceitação dos nossos pais.

Júlia, como sempre, ouvia a tudo atentamente, dando sua opinião e conselhos. Eu realmente sentia muita falta da minha amiga, que me fez prometer que iria visitá-la o mais breve possível, levando a minha namorada para que ela conhecesse.

Desliguei o telefone com o alívio de quem acabara de desabafar tudo que enchia a cabeça e o coração de dúvidas e incertezas e pude respirar um pouco mais aliviada. Júlia era um achado, eu não poderia encontrar uma amiga melhor que ela, éramos quase como irmãs.

 

***

 

— Duda! Anda logo, o combinado era você estar pronta às 8h em ponto!

Falei enquanto puxava as cobertas de cima de Eduarda e tentava fazê-la se levantar da cama para irmos correr com os nossos cães.

— Calma, fico pronta em dez minutos – falou enquanto tirava a parte de cima do pijama, me deixando boquiaberta com a visão de seus seios - Cadê o Dobby? Você não disse que iria trazê-lo? - falou, sem perceber o meu olhar recaindo sobre o seu busto desnudo

— Tá... tá... lá embaixo com a Princesa – respondi sem prestar muita atenção, ainda entretida com a visão que tinha

— Preso na guia, né? - questionou enquanto procurava algo no guarda-roupa

— É...n-não – mas que droga, será que ela não podia ao menos vestir uma blusa, já que estava se negando a fazer amor comigo desde que quase fomos pegas por Karina? - Por quê? - perguntei, tentando desviar meus olhos de seu corpo e agradecendo pelo top branco que ela acabara de vestir, embora também não ajudasse muito, uma vez que seu abdômen ainda estava à mostra.

— Por quê? - perguntou rindo - Aquele cachorro é um tarado, Manu! Acho bom ele ter chegado nem perto do meu bebê, a Princesa tá no cio – falou já se dirigindo para o quintal da casa

Segui Duda, rindo da sua preocupação, como se ela fosse a mãe de Princesa. Minha namorada era mesmo uma peça!

— EU NÃO ACREDITO! - gritou Duda

— Que foi, amor?

— O que foi? Olha o que esse... esse tarado desse seu “bichinho de estimação” quer fazer com a Princesa

— Amor... acho que ele já fez

— Não acredito, Manuela – repetiu desolada enquanto observava os dois animais, e eu tive que me conter para não rir da sua decepção

Nossa corrida foi uma droga, Duda passou a maior parte do tempo em silêncio, com um bico enorme porque o Dobby tinha deflorado o seu bebê. Eu não consegui melhorar o seu humor por nada, uma vez que toda aquela situação me divertia e muito. Já estava vendo a hora que a minha namorada iria tentar assassinar o meu pobre cachorro.

Já passava das 10h quando voltávamos para casa e nos encontramos com Márcia e Karina, que pareciam estar voltando das compras devido à quantidade de sacolas que carregavam.

— Olá, meninas - falou Karina nos cumprimentando com dois beijinhos no rosto, enquanto Márcia optou por um aperto de mão nada caloroso, parecia desconfortável em nossa presença.

Caminhamos juntas por algum tempo, e Karina nos convidou para almoçar no apartamento que ela havia alugado no dia anterior, seria a primeira refeição em sua nova casa.

— Então, o que me dizem, garotas? - questionou a minha cunhada

Olhei para Duda esperando por uma resposta, e ela finalmente pareceu entender que estávamos falando com ela e pegou o endereço com Karina, combinando de nos encontrarmos lá dentro de duas horas.

— E traga a Jéssica, quero saber como aquela pirralha tá se virando com o braço quebrado – falou e logo virou-se para Márcia - Vamos, amiga?

— Eu... na verdade, acho que vou deixar o almoço para a próxima, Karina, estou cheia de coisas para fazer em casa, tenho provas para corrigir... - a professora parecia incomodada com algo, e Duda parecia saber do que se tratava, pois não parava de olhar para a mais velha com uma expressão indecifrável no rosto.

— Ah, nada disso, a senhorita vem comigo, sim

Nos despedimos delas, e Duda insistiu em me deixar em casa para que eu tomasse banho e disse que me buscaria para irmos almoçar. Ela era muito carinhosa comigo, ao contrário das outras garotas com as quais eu me envolvi, que estavam mais interessadas nelas mesmas e esqueciam completamente de qualquer outra coisa ao seu redor.

Nos despedimos com um abraço, e Duda me deu um beijo demorado na bochecha, uma vez que estávamos em público.

— Até daqui a pouco

— Até, e fique de olho nesse aí, ok? - disse ainda de bico quando Dobby latiu, e eu ri, balançando a cabeça.

Acenei para ela e entrei no prédio com o meu labrador garanhão a tiracolo.

Em casa, peguei uma água na geladeira e fiquei observando o bilhete colado na porta do eletrodoméstico, o único vestígio deixado pelos meus pais.

 

Tivemos uma reunião da empresa, marcada de última hora em Campinas. Voltamos amanhã à noite. Tem dinheiro no balcão para o caso de alguma emergência”

 

Acordei naquela manhã e tudo que eles haviam deixado para mim era aquele post-it. Nada de “cuide-se” ou, talvez, “nós te amamos”, apenas “tem dinheiro no balcão”.

Suspirei balançando a cabeça e fui para o meu quarto me arrumar.

Cerca de uma hora e meia depois, o porteiro interfonou, informando que Eduarda estava à minha espera.

— Cê tá linda - sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava

— Olha quem fala - sussurrei de volta, observando-a com uma blusinha colada ao corpo, shorts jeans e uma sandália rasteirinha, simples e linda, minha Eduarda. Sorrimos cúmplices, nos lembrando do dia de seu aniversário quando dissemos a mesma coisa uma à outra.

— Oi, Jéss - abracei minha cunhada, que tentou retornar o abraço, porém teve dificuldades devido ao gesso em seu braço direito

— Vamos?

— Claro, principalmente agora que me parece que o seu humor voltou ao normal – brinquei

— Eu ainda não esqueci, ok? - sorriu, e fomos andando, já que, segundo Duda, ficava bem pertinho das nossas casas, uma falta de juízo de Karina, na minha opinião. Se ela queria se esconder dos pais, por que diabos alugara um apartamento próximo à casa deles?

— Duda...posso te fazer uma pergunta?

— Claro

— Hoje, mais cedo... parecia que a Márcia estava tentando nos evitar... você sabe algo sobre isso?

— N-não... deve ser impressão sua, Manu – falou – Olha, é aqui - apontou para um condomínio do outro lado da rua, dando o assunto por encerrado, mas não me convenceu de maneira alguma.

Tudo bem, talvez fosse algum problema particular de Márcia, e Duda não pudesse me contar, afinal, para o meu desagrado, as duas eram amigas.

O porteiro nos anunciou, e logo a nossa entrada foi liberada. Karina nos recebeu com a euforia que eu estava começando a atribuir como algo próprio dela. Era difícil imaginar como aquele mulherão pudera ter sido o irmão mais velho da minha namorada outrora. 

— Até que enfim vocês chegaram, pensei que não viriam mais - reclamou a mais velha, abraçando as irmãs.

— Exagerada! Chegamos no horário combinado - falou Duda rindo

— Hum... O cheiro ótimo! Espero que o gosto também, porque eu morrendo de fome – brincou Jéssica indo em direção à cozinha, onde encontrou Márcia colocando a mesa e prontificou-se a ajudar.

O apartamento de Karina era pequeno, porém aconchegante e muito bem decorado.

Logo Jéssica veio nos chamar para almoçar e nos sentamos à mesa de quatro lugares, mas que logo foi reorganizada com um banco para que todas pudéssemos nos sentar.

Me sentei entre Duda e Jéssica enquanto Karina e Márcia ficaram do lado oposto da mesa, a segunda parecia não conseguir tirar os olhos de cima da minha namorada, e aquilo estava começando a me irritar. Depois da tentativa falha da professora de Biologia de beijar Duda, eu estava não com um, mas com os dois pés atrás com ela.

Eduarda parecia alheia aos olhares que recebia e comia tranquilamente enquanto conversava com as duas irmãs. Márcia e eu éramos a únicas que permanecemos quase todo o tempo caladas, falando apenas quando nos era solicitado.

Percebendo a minha quietude, Duda me perguntou baixinho se havia algo de errado, e eu apenas neguei, mantendo os olhos fixos na ex-babá, que logo desviou o olhar da minha namorada, fingindo conversar com Karina.

Depois da sobremesa, prolongamos a visita assistindo a um filme na sala da minha cunhada. Karina esticou-se em um dos sofás, Márcia e Jéssica sentaram-se no outro, enquanto Duda e eu nos ajeitamos no tapete felpudo estendido no chão. Duda sentou-se com as costas encostadas no sofá atrás de si e me puxou para deitar com a cabeça em seu colo e ficou todo o filme acariciando meus cabelos e meu rosto.

— Eu quero mais pipoca. Quem vai ser a minha irmã mais linda que vai lá na cozinha fazer? - zombou Jéssica

Duda olhou esperançosa para Karina, mas parou de sorrir quando a irmã falou:

— Eu sei que eu sou linda e tudo mais, mas Dudinha... Você é muito mais que eu – piscou

— Concordo com ela – murmurei para que só Duda pudesse me ouvir, e ela sorriu

— A casa é sua, Ka, então não me importo se você fizer as honras – falou irônica

— Imagina, irmãzinha, o que é meu, é seu, pode se sentir em casa, e, só para avisar, eu ainda não comprei um micro-ondas, ou seja, o fogão está à sua total disposição

— Não é justo, eu tô gostando do filme, e tá na melhora parte - reclamou

— Já trouxeram a minha pipoca, ou vou ter que ligar para a mamãe e avisar que você não está cuidando direito de mim? - debochou Jéssica nos fazendo rir, Duda fez bico e eu a cutuquei.

— Vai logo

— Tudo bem, já vi que sou voto vencido – disse afastando minha cabeça delicadamente de seu colo para se levantar

Logo ouvimos o barulho de panelas caindo no chão, seguidas de um baque surdo como se alguém tivesse batido de cara no armário, seguido dos xingamentos de Duda, e gargalhamos alto.

— Vão rindo. Porque não é com vocês! - reclamou da cozinha nos fazendo rir ainda mais

— Bem que a Duda podia trazer mais refrigerante – falou Karina

— Deixa que eu vou – prontificou-se Márcia, e eu dei ombros, voltando a atenção para a televisão à minha frente.

Duda estava demorando muito com a pipoca, o filme já estava quase no fim, e nada dela. E eu não era a única a notar isso:

Cadê a Eduarda com a minha pipoca? - reclamou Jéssica

— Eu vou lá ver se ela ainda está viva – falei rindo, mas por dentro estava com uma sensação ruim

Levantei-me do chão e fui em direção à cozinha, onde, para meu horror, encontrei Duda no maior amasso com a vadia da nossa professora de Biologia.

Congelei na porta da cozinha, ainda sem acreditar no que estava vendo. Como que sentindo a minha presença, Eduarda empurrou Márcia e olhou em minha direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E o bichou pegou! O que acharam do capítulo? O que será que vez agora?
Preparem-se, o círculo vai começar a pegar fogo!

Beijos e até semana que vem! Dessa vez, sem falta ok? kkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "In Love With Her" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.