In Love With Her escrita por naty


Capítulo 16
O Morro dos Ventos Uivantes


Notas iniciais do capítulo

editado e revisado em 17/07/2017
** algumas alterações bem relvantes no texto**

hey meninas, estou de volta o/
boa leitura *-*



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EDUARDA

Estava trocando mensagens com a Manu na aula de Filosofia enquanto o professor discorria em uma explicação parva e inútil sobre Platão. Aquele assunto já estava enchendo - e muito - o saco, já havia três aulas em que a gente só falava sobre esse cara durante o período de Filosofia. Eu sei, nada legal da minha parte falar dessa forma sobre alguém que foi nada menos que genial. Mas que a aula era um porre, ah, isso era!

Para piorar, era sempre no interminável último horário, que nunca passava suficientemente rápido. Eu estava no fundo da sala, e Manu em uma das primeiras carteiras, onde foi colocada por “atrapalhar o rendimento da turma” conversando comigo.

Manu às 11:01

Que cara é essa? Daqui da frente dá pra ver seu mau humor. Tudo isso pq eu não tô aí? Kkkkk

 

Olhei em sua direção, e ela me olhava esperando a resposta, mas apenas balancei a cabeça em afirmativa, e ela riu.

 

Duda às 11:02h

Essa aula parece que não vai terminar nunca! ¬¬'

Manu ás 11:04h

Cadê aquela menina nerd que essa semana faz um mês de namoro comigo?

Duda ás 11:07h

Ela cansou da aula de Filosofia e quer ir pra casa kkk

 

—- Celulares dentro das mochilas e desligados, se não quiserem que eu os recolha e só devolva para os pais – anunciou o indivíduo com uma barba ridiculamente malfeita e uma calça que parecia ter o intento de segurar seu coração.

Resignada, fui obrigada a guardar meu celular e vi Manuela fazendo o mesmo. Olhei em volta, estranhando o silêncio que pairava sobre a sala de aula. Metade dos meus colegas estava dormindo e a outra metade também já estava indo pelo mesmo caminho. O professor estava lecionando para as paredes, mas isso não o impedia de desatar a falar sem parar.

Alguns minutos mais tarde, meu celular começou a tocar, tirando todos do torpor em que se encontravam pela maçante aula.

Automaticamente olhei para Manuela, mas esta se encontrava entretida em uma conversa com um colega. Olhei o visor e estranhei o número desconhecido. Pedi licença ao professor para atender no corredor.

 

—- Alô

—- Duda? Até que enfim, que demora para atender

—- Quem fala? - perguntei, estranhando o modo como aquela pessoa falava comigo, era uma voz feminina, nada familiar, mas eu tinha a impressão de já tê-la ouvido

—- Sua irmã

—- Acho que você ligou pra Duda errada, moça

—- Eduarda, aqui é a Karina - aquele nome me despertou sentimentos contraditórios. Saudade. Mágoa. Vontade de saber o porquê de tudo. Vontade de desligar naquele mesmo momento.

Por que depois de tanto tempo? O que ela ou ele queria comigo? Nem isso eu sabia: como me referir àquela pessoa que se tornara completamente estranha a mim? Ele? Ela?

A última vez que falara com meu irmão, ele atendia pelo nome de Diogo, mas a pessoa do outro lado da linha se chamava Karina. Uma estranha.

Eu sabia, por meio da Márcia, a respeito da identidade de gênero da minha irmã. Por meio da Márcia. Com ela, a Karina, que eu só cheguei a conhecer como Diogo, fazia cinco anos que eu não trocava uma palavra.

—- ...

—- Duda, tá aí?— depois de um tempo divagando, consegui finalmente responder

—- O-oi? O que você quer? Eu ainda tô na escola, no meio de uma aula - sei que fui agressiva, mas não pude evitar

—- Ah, então eu peço desculpas por ter interrompido - a voz parecia receosa, eu diria que até arrependida

—- Tudo bem, você me salvou da morte horrível que é a aula de filosofia – falei, tentando amenizar o mau-estar que se instalaria com toda a certeza— Mas a que devo a honra de uma ligação sua?

—- Quer dizer que eu não posso mais ligar pra minha irmãzinha?

—- Claro que pode, Diogo, mas é que...

—- Karina!

—- Desculpe, mas é que eu nunca fui apresentada à Karina. Não me acostumei ainda

—- Duda... eu sinto muito por isso, você não sabe o quanto. Mas tô com saudades de você e da Jéssica. E como voltei pra BH...

—- Pera, pera! Cê voltou? Sério? - interrompi antes que ela pudesse continuar, mesmo sem entender o motivo de toda aquela euforia

—- Voltei, sim, tô procurando um lugar pra ficar agora, mas que tal uma pizza mais tarde? Uma noite de garotas: só eu, você e a Jéss. Sei que temos muito o que conversar - pareceu parar para pensar um pouco— Eu tenho muito a explicar

—- Eu topo, é claro que eu topo! - a mágoa de momentos antes foi substituída pela expectativa de rever meu irmão depois de tantos anos — E por que você não fica lá em ca...

—- Eduarda, por favor, não complica as coisas. Eu vou ficar na casa da Márcia por enquanto, você e a Jéssica podem me encontrar lá? E, por favor, não fala nada com a mãe e o pai que eu voltei, tá? Depois eu converso com eles

 

Na casa da Márcia... A Manu não ia gostar nada dessa história...

 

—-...

—- Duda? Tá aí ainda?

—- Hã? Tô sim, combinado então, a que horas nós te encontramos lá?

—- Lá pelas 18h, assim não fica tarde pra vocês voltarem pra casa

—- Tudo bem, te vejo mais tarde, beijos - eu não poderia negar que estava feliz e ansiosíssima

—- Beijos e até mais tarde

 

Desliguei o celular bem a tempo de o sinal tocar, encerrando a aula. Fiquei superfeliz porque iria ver meu irmão mais tarde.

Logo Manu saiu da sala com a minha mochila na mão e me entregou.

—- Que ligação foi essa que te deixou toda alegrinha? – perguntou

—- O Diogo, quer dizer, a Karina voltou pra BH!

—- Sério? Que ótimo, Duda, eu sei que você sente muita falta da sua irmã

—- Pois é, ela chamou eu e a Jéss pra irmos nos encontrar com ela hoje... Mas não sei se eu devo ir...

—- É claro que você deve ir, por que não deveria?

—- É que... vai ser na casa da Márcia... Acho melhor marcar em outro lugar, e podemos...

—- Não, Duda, vai encontrar sua irmã

—- Mas...

—- Ei, eu confio em você, sei que se ela tentar alguma coisa você não vai dar trela – sua expressão estava séria, ela não tinha gostado daquilo, mas estava depositando sua confiança em mim, fazendo-me amá-la um pouco mais por isso.

Eu estava meio receosa em relação à casa da Márcia, porque, alguns dias antes, ela deixou bem claro que estava interessada em mim e, para piorar, fez isso na frente da Manuela.

Eu tenho certeza que ela sabia que estávamos namorando, mesmo assim insinuou que eu merecia coisa melhor (tipo ela, por exemplo). Eu nunca trocaria a minha linda por ninguém, isso estava fora de cogitação. Além do mais, o único sentimento que tinha pela Márcia era uma amizade muito forte. Nada mais que isso.

Na última aula de Biologia, eu estava vendo a hora que a Manu iria perder a paciência e fazer alguma besteira por causa do comportamento nada adequado da Márcia comigo.

—- Não, eu não vou dar trela para ela. Mas vem com a gente, vai ser divertido

—- Outro dia eu conheço sua irmã, tudo bem? Hoje ela deve estar querendo matar as saudades de vocês

—- Ok, mas da próxima você não escapa

—- Combinado então

Esperamos por Ana e os garotos e fomos embora. Manuela queria saber tudo sobre meu irmão mais velho e parecia gostar do que ouvia sobre ele. Não nego que meu irmão era o máximo, aliás, meus irmãos eram o máximo. Ou melhor, minhas irmãs eram. Eu tenho que me acostumar com a ideia de ter duas irmãs.

—- Sobe comigo? Quero te mostrar uma coisa lá em casa – disse Manuela quando chegamos ao seu condomínio

—- Ok, mas não posso demorar, tenho que falar com a Jéssica sobre ir encontrar a Karina e ainda pensar em uma desculpa para dar aos meus pais para eles deixarem a gente sair

—- Vai ser rapidinho, eu prometo – falou, já me puxando em direção à portaria

Chegamos, e sua mãe estava na cozinha preparando o almoço. Dissemos um rápido "oi", e Manuela já me puxava para o seu quarto.

—- Entra – falou, me dando passagem, e entrou logo atrás de mim, trancando a porta

—- O que você...?

—- Pensei que a minha mãe estaria trabalhando, mas, como ela não está, não quero correr o risco de deixá-la entrar aqui

—- Por quê?

Em vez de responder, ela veio em minha direção, já passando os braços pelo meu pescoço e levantando-se nas pontas dos pés para me beijar. Automaticamente abracei sua cintura, correspondendo ao beijo, enquanto sentia o gosto doce de sua boca.

Beijar Manuela era como estar no céu, flutuando sobre as nuvens mais altas. Eu achava que nunca me acostumaria com essa sensação maravilhosa e inebriante que ela me proporcionava com um simples tocar de lábios. Aprofundei o beijo, pedindo passagem com a língua, enquanto Manu arranhava minha nuca, me fazendo suspirar. Sem interromper o beijo, a empurrei para encostar-se à porta, aumentando nosso contato.

Prensei meu corpo contra o dela enquanto nosso beijo parecia incendiar todo o quarto. Eu não queria me separar dela, mas faltou-me o ar e movi minha boca para recuperá-lo. Eu já não estava mais respondendo por mim, e Manu não ajudava, passando as mãos pelas minhas costas, por dentro da blusa do uniforme, me fazendo arrepiar e querer mais contato. Me assustei um pouco quando uma de suas mãos deixou minhas costas e desceu, apertando minha bunda.

—- Manu! – exclamei, e ela riu

—- Só estava comprovando uma teoria

—- Que teoria, Manuela?

—- Sua bunda é durinha como eu suspeitava – Sim, eu teria ficado vermelha como um tomate não fossem os benefícios da pele negra, mesmo assim, eu sabia que um leve rubor se fazia visível

—- Tarada! – falei, rindo, meio embaraçada.

—- Sério, Duda, desde que te conheci que eu quero apertar sua bunda.

Você deve estar pensando: quase um mês de namoro e a garota nunca ousou apertar sua bunda?

Eu explico: claro que umas mãos já tinham sobrado para uns lados ou outros, tanto as minhas quanto as dela, e sim, ela já tinha apertado minha bunda, mas não daquela forma. Foi diferente, completamente diferente. Eu vi o desejo em seus olhos azuis de uma forma tão explícita, tão urgente que me deixou nervosa com aquilo.

—- Já apertou, está satisfeita agora?

—- Ainda não, me deixa ter certeza – e apertou novamente – Agora sim, 100% de certeza – completou, rindo da minha cara de constrangimento. Aquela risada safada de quem tem não só segundas como terceiras e quartas intenções.

Afinal, era quase um mês de namoro. Nós estávamos chegando ao limite da sanidade. A cada vez as carícias se mostravam mais e mais ousadas, deixando claro o desejo mútuo e a vontade de nos unir de forma plena.

—- Er... o que você queria me mostrar mesmo? – mudei de assunto, me afastando um pouco dela antes que voltasse a beijar sua boca rosada

—- Ah, sim! Espera só um minuto que eu vou pegar – falou, indo até sua prateleira de livros, onde pegou um com uma capa bem desgastada - Aqui!

Me entregou o livro, e fiquei surpresa ao me deparar com uma edição de "O Morro dos Ventos Uivantes" antiquíssima. Abri-o e vi que era do ano de 1950.

—- Onde você conseguiu isso? – perguntei, folheando o livro com extremo cuidado

—- Foi da minha avó e estava no meio das coisas que o meu pai ia jogar fora. Vi isso numa caixa cheia de coisas velhas, e ele disse que eu podia ficar, porque ele colocaria no lixo

—- Não acredito! Que desperdício!

—- Lembrei de você na hora, sei que adora esse livro. É seu

—- Não brinca, Manu! Sério mesmo?

—- É claro! Estou te dando

—- Não sei nem como agradecer, amor

—- Lembra daquela aposta?

—- Lembro, por quê?

—- Então... será que ela tá paga?

—- Quase, só mais uma coisinha e sua dívida estará quitada

—- O quê? – perguntou, desconfiada

—- Não desconfia do que seja? - falei, ironicamente

—- Hum... talvez algo assim – se aproximou, beijando meu pescoço, que também era meu ponto fraco – Ou assim... – me fez abaixar para alcançar minha boca com a sua, e iniciamos outro beijo, dessa vez mais demorado que o outro

—- Dá pra deixar a minha bunda em paz? – me separei, rindo com outra “apalpada” dela

—- Claro, dívida paga?

—- Fechado – falei e beijei-a novamente antes de me despedir e ir para casa com um sorriso de orelha a orelha.

Minha namorada era mesmo muito linda, não era todo dia que se ganhava uma edição de "O Morro dos Ventos Uivantes" de 1950


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Notas finais do capítulo

Meninaas,
desculpem mais uma vez pela demora!
essa semana foi realmente muito corrida, além da escola que tem cobrado muito de mim, recebi uma proposta de emprego e passei a semana toda por conta de documentos e mais documentos para a contratação.
Poisé, a partir de amanhã, não sou mais tão atoa assim kk' meu tempo para a estória será reduzido a quase nada, por isso, além de desculpas peço a paciência de vocês
Mas farei de tudo para não atrasar muito os capítulos!
Agora, me falem, o que acharam do capítulo, o que esse encontro com o Diogo reserva hein? E na casa da Márcia ainda... será que a professora de Biologia vai ter algo?



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