Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 46
Capítulo 45 – Considerações


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, tudo bem?
Estou postando hoje no período da tarde excepcionalmente. O capítulo estava prontinho para ser postado ontem a noite, mas fiquei sem internet em casa e não deu para postar. Peço desculpas pela demora.
Espero que gostem e continuem acompanhado até o fim. Agora falta pouco *-*



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Ponto de Vista de Percy

– Espera que eu acredite em você depois de tudo o que fez? – eu perguntava com tom indignado enquanto olhava para um Connor totalmente devastado pela culpa e pela vergonha.

– Eu sei que não sou digno da sua confiança – ele gesticulava enquanto falava e eu podia ver o quanto ele tremia de nervoso com a situação – Mas você tem que entender que estamos tratando de um assunto muito mais sério do que o que aconteceu conosco...

– E você acha que o que você fez a mim e a Annabeth não foi sério? – por mais que ele tentasse me convencer eu não conseguia acreditar em uma só palavra que saia de sua boca. Ainda não tinha digerido toda aquela história de ele ter me desafiado para um duelo, muito menos de ele estar interessado em minha namorada. O simples fato de pensar nisso já me deixava com vontade de quebrar a cara daquele imbecil.

– Claro que foi, e eu estou muito arrependido do que fiz, acredite – sua voz começou a fraquejar nesse momento e eu senti que ele fazia um esforço tremendo para não começar a chorar – Mas a gravidade do que eu estou te dizendo é bem maior. Se eu não tivesse certeza disso não teria vindo lhe contar nada.

– Ok – disse eu interrompendo-o e tentando manter a calma – digamos que eu acredite em você... De que adianta eu saber disso? O que eu posso fazer para me defender de algo que segundo você foi descrito como iminente?

– Não sei, Percy. Eu iria querer ficar sabendo se houvesse uma ameaça desse tipo em relação a mim. Talvez não haja nada que você possa fazer para evitar, mas ao menos pode tentar tomar mais cuidado, sei lá, se preparar.

– Me preparar? – eu só consegui rir com o que ele dissera – Como é que se prepara para algo que nem ao menos sabemos o que é? Na Guerra dos Titãs nós sabíamos mais ou menos o que iria acontecer, mas isso também não ajudou e nada... Simplesmente não há como estar pronto para esse tipo de coisa!

Eu não pude deixar de me exaltar. Era incrível que tudo de mais terrível e trágico sempre insistia em acontecer comigo. Será que eu nunca teria uma vida normal de verdade? As palavras de Connor haviam sido exatamente essas: “Algo muito grave está acontecendo no mundo inferior. Forbs me disse que a terra está a ponto de despertar e se voltar contra os deuses. Essa ameaça é iminente e afetará todos nós. Um plano está sendo bolado para impedir isso e você, Percy, é parte dele”. Eu não entendera patavinas do que aquilo queria dizer. O que eu deveria pensar? Claro, semideuses sempre têm que ir lá resolver os problemas dos deuses, isso não é novidade nenhuma. Mas ele falava como se eu fosse uma peça num jogo de alguém muito mais importante e poderoso. Como eu havia previsto, nenhum boa notícia vindo dele.

Fui até o sofá e me sentei pela primeira vez desde que havia entrado naquela sala de estar. Apoiei os braços nas pernas e segurei minha cabeça com as mãos. Tentava processar aquelas informações, mas nada fazia sentido. Nada estava claro o suficiente para que eu entendesse. Normalmente era Annabeth que me ajudava com aquilo. Era ela a especialista em desvendar esse tipo de charadas. Mas havia um bom motivo para que Quíron a tivesse deixado de fora dessa conversa. E eu concordava completamente com ele. Não tinha por que preocupa-la com aquela história de Connor. Ela já tinha suficientes problemas para atormentá-la, como a sua profecia, por exemplo. Logo que pensei nisso minha mente deu um estalo. Poderia essa profecia ter alguma coisa a ver com essa tal informação dada por Stoll? Então antes que alguém voltasse a falar alguma coisa eu perguntei:

– Esse tal espírito não te disse mais nada sobre o assunto? – ele se espantou com o meu repentino interesse. Há dois segundos eu estava quase dizendo para ele calar a boca e para te me encher com suas ladainhas.

– Não, Percy. Isso é tudo o que eu sei. Na verdade acredito que ele esperava que eu não fosse me lembrar de nada disso. Com certeza eu conservei essa lembrança por um descuido dele – respondeu ele agora bem mais calmo e controlado.

– Bom, então acho que não temos mais nada que conversar – me levantei e já fui me dirigindo a porta.

– Na verdade Percy, tem mais uma coisa que eu precisava falar com você e com a Annabeth – disse Quíron e eu me lembrei que acabáramos de chegar de uma escapada e que dessa vez não íamos sair impunes – Connor, pode chamar a senhorita Chase quando sair, por favor?

– Só uma coisa – disse eu antes que Connor saísse - Poderíamos não comentar nada do que conversamos aqui com ela? Não quero preocupa-la à toa.

Ambos concordaram com a cabeça. A cara de Connor ao perceber que havia sido dispensado não foi das melhores. Mas ele não hesitou e nem reclamou ao andar em direção a porta e deixar a sala. Pude ouvir quando ele dizia para Annabeth entrar e logo descia as escadas para sumir dali. Annabeth entrou na Casa Grande logo em seguida. Sua expressão era curiosa, porém cautelosa. Ela posicionou-se no centro da sala e ficou esperando com os braços cruzados alternando o olhar entre eu e Quíron. Acho que ela percebeu que nenhum dos dois iria abrir a boca para dizer nada então perguntou:

– Será que eu posso saber qual era o assunto tão sigiloso que vocês não podiam tratar na minha presença? – ela falava num tom frustrado. Ficar de fora de assuntos importantes não era uma coisa que agradava muito minha namorada. Então resolvi que teria que inventar alguma coisa e rápido.

– Não era nada de mais, amor – falei tentando parecer despreocupado – Connor só queria me pedir desculpas pelo que aconteceu, bom você sabe quando. Acho que ele ficaria ainda mais sem jeito se você estivesse presente, então Quíron chamou apenas a mim – completei a resposta pedindo aos deuses que a convencesse.

– Entendo – disse ela parecendo ter engolido a história – E o que é que quer falar com nós dois agora, Quíron? – perguntou ela naturalmente. Não sabia se ela havia esquecido que estávamos prestes a levar um sermão, ou se estava fazendo isso de propósito para parecer que não havia feito nada de errado.

– Suponho que os dois saibam muito bem sobre o que eu quero falar com vocês – disse o centauro calmamente. Annabeth e eu trocamos um breve olhar e depois voltamos a fitar Quíron. Em nosso semblante podia-se ler claramente a palavra: culpados! – Sendo assim vamos pular a parte que eu digo por que vocês estão encrencados e passar direto para a encrenca em si. Sabem aquele castigo “de mentirinha” que eu lhes havia dado? Pois bem, agora ele não será mais falso. Vocês irão fazer esse trabalho até o final do verão. E não quero mais saber de escapadas desse tipo, entenderam?

– Sim – respondemos os dois a uníssono. Nem ao menos tentamos retrucar ou apelar por um castigo mais leve. Sentíamos que dessa vez merecíamos àquilo.

– Devo dizer que por sorte encontramos isso na floresta – ele mostrou o frasco de onde eu bebera a poção – Esclareceu o fato de vocês terem conseguido sair tão facilmente do acampamento e poupou que Argos fosse responsabilizado por não impedi-los – pelo menos alguém sairia ileso daquela história.

– Que bom – consegui dizer, mas depois percebi que devia ter sido melhor ficar quieto ao ver o olhar de reprovação que Annabeth me lançava – Quer dizer, ele realmente não teve culpa... – acrescentei tentando melhorar, sem muito sucesso.

– Por hora estão dispensados, garotos – disse Quíron poupando-me do risco de soltar mais algum comentário desnecessário – Espero não ter que me preocupar mais com vocês dois pelo menos até o fim dessa temporada.

Concordamos com a cabeça mantendo a expressão de culpa e arrependimento. Em seguida nos despedimos de Quíron de forma mais amigável e deixamos a Casa Grande. Fomos andando de mãos dadas pelo acampamento durante um tempo sem dizer nada. Annabeth parecia mais tranquila por já ter se livrado do sermão. O castigo era algo do qual não teríamos escapatória de qualquer maneira então isso não parecia perturbá-la no momento. Eu também não havia esquentado muito a cabeça por causa disso, mas havia outra coisa que ainda estava fazendo meus miolos ferverem.

Aquela estranha movimentação no mundo inferior a que Connor havia se referido. Porque a terra estaria querendo se voltar contra os deuses? E o que diabos eu poderia fazer para impedir isso? Queria poder compartilhar isso com Annabeth. Ela com certeza entenderia essa história muito melhor. Mas isso estava fora de discussão. Eu não lhe daria mais uma coisa com que se preocupar. Não tinha porque encher mais a cabeça dela com essa história que só dizia respeito a mim. Já nos aproximávamos da área dos chalés. Estava anoitecendo e precisávamos nos recuperar da longa viajem que havíamos feito

– Então teremos que lavar armaduras até o fim do verão – disse enfim quando paramos em frente ao chalé de Atena – Mas que maravilha! – minha ironia a fez rir enquanto se voltava para ficar de frente a mim.

– Parece que sim – concordou ela ainda sorrindo – Sei que a culpa disse tudo é minha. Eu inventei essa viagem doida e te arrastei comigo...

– Ok, pode parando – a interrompi antes que pudesse continuar – Já disse que se eu fui com você foi porque eu quis. Então eu mereço ser castigado tanto quanto você.

– Está certo, não vou discutir – disse ela rendendo-se. Depois colocou os braços em volta de meu pescoço e se aproximou para me beijar.

Alguns outros beijos e abraços depois, nos separamos. Ela entrou em seu chalé e eu fui até o meu. Desfiz a mala e depois me enfiei em baixo de uma ducha morna. Normalmente meus banhos eram rápidos, levando apenas o tempo suficiente para me lavar. Dessa vez, porém demorei um pouco mais para pode relaxar e pensar em tudo que estava ocupando meus pensamentos no momento. Me vesti e sai apressado do chalé de Poseidon. Iria encontrar Annabeth no refeitório para o jantar. Depois de passar mais de um dia inteiro ao lado dela eu não deveria estar tão ansioso para revê-la. Mas é claro que eu estava mais ansioso do que nunca.

***

Ponto de Vista de Annabeth

Agora, mais do que nunca, eu tenho certeza: meu namorado é o melhor do universo! Eu o havia metido em um problemão e ele não reclamou uma vez sequer. Percy embarcou nessa louca e estranha aventura comigo sem hesitar. Atravessou o país ao meu lado sem nem ao menos saber o que eu pretendia fazer. E quando ele descobriu não achou que fosse uma bobagem como evidentemente era. Ele ainda tinha me ajudado a enfrentar aquele meu trauma de uma forma muito melhor. Nem todas as poções mágicas do mundo me fariam ser tão sortuda quanto eu já me sentia por haver encontrado Percy em meu caminho.

Eu estava andando em direção ao refeitório enquanto aqueles pensamentos me assaltavam. Havia aproveitado o tempo em meu chalé para descansar e me arrumar. Ainda estava cedo para a hora do jantar, mas eu não aguentava mais de ansiedade. Queria estar com meu namorado de novo. Ter passado tanto tempo com ele naquela viagem havia me deixado mal acostumada. Normalmente já sentia que faltava um pedaço de mim quando tão estamos juntos. Agora isso havia piorado consideravelmente. Mas eu não considerava isso uma coisa ruim. Afinal faltava pouco para terminar o verão e não teríamos mais escola para nos manter afastados durante o próximo ano. Eu já estava bolando mil planos para quando deixarmos o acampamento novamente.

Cheguei ao salão do refeitório e meu olhar foi diretamente em direção a mesa de Percy. E lá estava ele, me esperando. Imediatamente eu comecei a andar em sua direção. Não pude deixar de notar que, ao passar próximo a mesa de Hermes, Connor e Travis levantaram as cabeças para me fitar. Travis parecia ainda guardar um pouco de ressentimento por eu haver destruído seu namoro. Connor, por outro lado, me olhava com pesar, como se soubesse que algo muito ruim iria acontecer comigo. Tentei não dar muita atenção àquilo e segui em frente até me sentar ao lado do único meio-sangue cuja opinião me importava. Dei-lhe um beijo rápido e o envolvi em meus braços sutilmente.

– Achei que não viria se sentar comigo hoje – disse ele enquanto colocava a mão em minha cintura pra retribuir o abraço – Sabe, depois da reprimenda de Quíron, pensei que você fosse querer seguir as normas a risca a partir de agora.

– Pois pensou errado – respondi com um sorriso – Já que estamos encrencados, como ele mesmo disse, então não temos nada a perder. Não nos resta muito tempo por aqui mesmo. Para que desperdiçar seguindo as regras?

– Annie, é você mesmo? Ou algum monstro a sequestrou e colocou uma cópia no lugar? – perguntou ele com um espanto fingido e exagerado. Eu parei de sorrir e cruzei os braços mostrando que não havia achado graça nenhuma daquela brincadeira. Em resposta ele me estreitou mais em seus braços e me deu um longo beijo no rosto – Ahhh, agora sim é você! Que bom que não te trocaram.

– Bem que você teria gostado, né? – falei ainda de cara fechada, me segurando ao máximo para não rir.

– De jeito nenhum. Quem mais faria essa cara de emburrada tão linda cada vez que eu fizer uma brincadeirinha de mau gosto? – respondeu Percy e eu já não pude controlar o riso.

Nos beijamos novamente. Dessa vez um beijo mais longo e profundo. Eu não estava me importando para quem pudesse estar olhando. Não tinha porque eu querer esconder nossas demonstrações de afeto. Ficamos um momento abraçados, até que decidimos ir buscar algo para comer, estávamos famintos. Enquanto levantava e ia em direção à mesa onde serviam o jantar em grades badejas, percebi algo diferente no cenário. Havia algo diferente na mesa ao fundo do salão. Uma pessoa que eu não esperava encontrar por aqui tão cedo. Rachel comia e conversava animadamente com Quíron. Ela estava longe de parecer àquela garota de coração despedaçado que deixara o acampamento dias atrás. Dessa vez não senti que ela tentava encobrir seu real estado de espírito, como da última vez. Ela realmente parecia bem e feliz. E eu me senti aliviada por não ter mais que carregar aquele peso em meus ombros. Ela não ficaria traumatizada pelo resto da vida afinal.

– Você viu que Rachel está de volta? – Perguntei a Percy enquanto servia meu prato com vários tipos de saladas e carnes.

– Sim, eu a vi quando estava vindo para cá – respondeu ele que já não encontrava mais lugar vazio e seu prato para colocar mais comida – Falei com ela e parece que está melhor.

Tentei não me ater ao fato de que eles haviam conversado em particular quando nós mal havíamos voltado ao acampamento. Eu já havia chegado a conclusão de que meu ciúme de Rachel com Percy era algo permanente. Já havia aceitado que por mais que eu soubesse que não havia nada além de amizade entre os dois eu nunca deixaria de odiar cada palavra e olhar trocado entre eles. Então o que eu tinha que fazer era aprender a conviver com isso. Era um preço justo a pagar. Percy não tinha culpa dessa minha implicância com ela. Se ele queria continuar sendo seu amigo, não havia nada que eu pudesse fazer. Eu sabia que da forma como ele era meu, não seria de mais ninguém.



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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
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