Pulei da cama com toda a animação que você tem em uma quinta de manhã depois de ter tido uma noite com pesadelos terríveis. Peguei minhas coisas para tomar banho, - dessa vez Harry já tinha tomado banho então não teve aquela competiçãozinha matinal - entrei no banheiro e liguei o chuveiro.

– AAAAAAAAAH - senti todos os meus ossos doerem quando aquela água fria dos infernos (hã?) bateu no meu corpo. Eu tinha esquecido que Harry tomava banho frio. Toda vez que ele saia do banheiro, ele mudava do frio para o quente. Por isso eu não reparei quando liguei o chuveiro. Ele tinha feito aquilo de propósito. E ia ter troco.

Tentei de todas as maneiras mudar a resistência do chuveiro. Depois de um século, a minha altura (ou a falta dela) ganhou de mim, e eu me enrolei em uma toalha e sai do banheiro xingando quem quer que tivesse inventado o modo frio no chuveiro.

Escancarei a porta do quarto de Harry. E pela primeira vez eu me arrependi de não ter batido antes. A cena era a seguinte: Três amigos fortões de Harry estavam sentados na cama dele, e o panaca estava em pé entregando um CD para um quarto amigo que também estava em pé. A cena se congelou assim, e estavam todos olhando para mim.

– Erm... então obrigada pelo CD, cara. - o garoto que estava em pé tentou puxar o cd das mãos de Harry que continuava que nem um retardado com a boca formando um O e os olhos esbugalhados olhando para o meu corpo enrolado em uma toalha minúscula. Dei graças aos céus por ser pequena. Sem pensar duas vezes, entrei no quarto com os olhos dos cinco garotos que estavam ali dentro me acompanhando, e puxei uma mão de Harry.

– Com licença meninos, mas eu estou precisando do babaca do amigo de vocês. - sai do quarto puxando Harry até o banheiro. No meio do corredor ele pareceu despertar do transe e puxou a mão dele da minha.

– O que você quer? - ele perguntou.

– Seu corpo nu. - eu disse com ironia. - Eu quero que você mude a merda da resistência do chuveiro, e coloque no quente. - Ouvi uma risadinha.

– E por que você não fez isso?

– Porque eu, se eu tenho alguém que pode correr o risco de levar um choque por mim?

– Fala a verdade Taylor. - ele disse parando no corredor e me fazendo parar também para olhar para ele.

– Não. - eu disse de forma emburrada e cruzando os braços.

– Então eu não mudo o chuveiro pro quente.

– Porque eu não alcanço, satisfeito? - eu disse andando para o banheiro.

– Eu queria entender o problema que você tem com ser baixinha.

– Não é da sua conta.

– Mais teimosa que uma mula. - ele disse bem baixinho, mas eu consegui ouvir.

Terminei de tomar meu banho, arrumei a minha mala, que era mais uma bolsa grande que tinha mais doces do que roupas, e fui para o carro da Dora. É, simples assim. Sem nenhuma implicância. Consegui ficar a manhã inteira sem brigar ou implicar com Harry. Mas só a manhã.

Dentro do carro reinava um silêncio anormal. Harry parecia nervoso. Sempre olhando pro relógio e depois para a janela. Achei aquilo estranho mas era melhor não mexer no que estava quieto.

Dora era a única pessoa que falava, ou melhor, guinchava. Estava tocando um CD horrível de algum cantor que com certeza nunca conheceu nenhuma mulher na vida. E ela estava tentando cantar junto com o velho. Eu não sabia o que era mais irritante, a impaciência de Harry ou a voz de peixe-boi de Dora. Coloquei meus fones de ouvido e coloquei o meu IPod na playlist do 30 Seconds to Mars. Fechei meus olhos me concentrando nos gritos do Jared Leto. Finalmente chegamos a casa dos Fosters.

Os Fosters eram uma família rica. Muito, muito rica. Eu costumava vir brincar com a filha deles enquanto meus pais jantavam falando sobre negócios. Sophie Foster era uma garota metida e nojenta desde criança. Sempre falando de garotos e Barbie's. Enquanto eu queria brincar de vídeo games ela queria maquiar as bonecas ou brincar de chá. Ela sempre me chamava de "Gaylor", falando que eu parecia um menino e agia como um. Mas eu me vinguei.

Ela tinha uma coleção exclusiva de aparelho de chá de porcelana que ficava no quarto dela. A vida dela era aquele aparelho de chá. Ela sempre se gabava por ter aquela merda, que ela era a única no mundo que o tinha. Um dia, quando eu fui na casa dela, eu a amarrei na cadeira e quebrei peça por peça daquela porcaria diante dos olhos dela. Depois a soltei, e falei pra ela que se ela contasse pra algum dos nossos pais eu apareceria de noite pra puxar o pé dela.

É, eu nunca mais a vi, mas alguns meses mais tarde meus pais me deixaram de castigo porque ela tinha contado pros pais dela o que tinha acontecido e eles contaram para os meus pais. Eu nunca pude ir puxar os pés dela de noite. Uma pena.

Depois de me desenrolar com o meu fone sai do carro e me deparei com Harry abraçando alguma pessoa que eu não consegui identificar.

– Taylor! - ouvi uma voz me chamando atras de Harry e do ser que ele estava abraçando. Olhei para trás deles e vi Matt de braços abertos.

– Matt! - Impensadamente larguei a minha bolsa no chão e sai correndo dando um pulo nos braços dele.

Ele me levantou do chão e me rodou me abraçando forte. Ok, quem olhasse diria que nós éramos um casal super apaixonado que não se via a meses. Mas primeiramente, fazia muito tempo que eu não via Matt, e eu estava com saudades de conversar sobre coisas doidas e muita das vezes safadas com ele, e dividir os M&M's que eu roubava de Harry, falar mal da escola, das bandas que nós não gostávamos, zoar as garotas que ele já ficou... e em segundo lugar, ele era galinha demais pra ter algum compromisso sério com alguém. Eu era tipo um dos 'caras', só que com mais peito e bunda, menos músculos e muito menor.

– Você fumou antes de vir pra cá, Tay? - ele perguntou me colocando no chão.

– Não que eu me lembre - respondi sorrindo. Ver Matt tinha melhorado o meu dia, sem dúvidas. - Por que?

– Uma recepção calorosa assim vinda de você só podem significar duas coisas: drogas ou álcool. Andou visitando o estoque de bebidas de Harry? - ele perguntou levantando a sobrancelha, mas depois riu. Dei um tapa fraco nele.

– Idiota. Eu estava com saudades. - eu disse sincera.

– Eu também estava - ele disse bagunçando o meu cabelo fazendo com que eu desse um tapa mais forte nele. Quando terminamos a brincadeira, uma pergunta surgiu na minha mente.

– O que você está fazendo aqui? - eu perguntei para Matt.

– Ah... eu moro aqui. - ele disse como se fosse uma coisa óbvia.

– Espera... você é irmão da Sophie Foster? Como eu nunca te vi por aqui?

– Eu estudava em um colégio interno, lembra? - e era verdade. Os pais da Sophie sempre falavam que o filho mais velho deles estudava m um colégio interno na França. Mas eu nunca tinha prestado muita atenção. Então uma outra pergunta veio a minha mente.

– O Harry não tem uma namorada? Quer dizer, ele tem uma namorada chamada Sophie e fica se agarrando com outra Sophie? Isso é doentio. Ele tem alguma obsessão por Sophies? Além de safado é doente - Matt riu.

– Tay, é a mesma Sophie. - ele disse e eu tive que fazer muita força pra não entrar em choque. Eu não conseguia acreditar que Harry namorava Sophie Foster. E ela tinha ido na minha casa várias vezes e eu nunca tinha percebido que era ela. - Tay, você ta legal? - ouvi Matt perguntar. Virei de costas para ele e olhei pra Harry e o ser que agora eu descobri que era Sophie e que era a namorada de Harry. Eles estavam olhando pra nós.