Capítulo 23

-Samantha! – exclamou Klaus e Stefan entregou-me a ele. Agarrei-me ao pescoço de Klaus com força, com medo de cair. – Quem te fez isso?

-Ray – respondeu Stefan por mim, e eu já não conseguia ver nada. As vozes eram cada vez mais distantes, o frio era intenso e parecia que tinha gelo e fogo dentro de mim porque a dor era lancinante. Se por um lado me queimava, por outro congelava-me.

-Não – disse ele e deitou-me em algum lado. – Bebe isto.

Era o pulso dele e eu mordi sem qualquer medo. Eu só queria viver para ver mais um dia nascer e ficar perto dele. Aos poucos fui-me sentindo mais forte e larguei o seu pulso. Deitei a cabeça no chão e ofeguei. Abri os olhos e Klaus era tudo o eu via. O seu olhar era triste e perdido. Como naquela memória.

-Obrigada – murmurei.

-Ray também me magoou – falou Stefan e eu voltei a fechar os olhos.

O sangue de Klaus já tinha curado a minha ferida e a minha sanidade mental estava a voltar. Já não tinha frio e sentia-me minimamente bem, mas sabia que precisava de sangue humano para me revigorar mais depressa. Levantei-me e inspecionei o local. Estavam todos mortos, deitados no chão com sangue pelo local.

-Klaus… o que aconteceu? – perguntei-lhe colocando uma mão no seu ombro e olhando-o de cima a baixo vendo se ele tinha sido magoado.

-Endoideceram. Alguns eu matei e os outros… sangraram até morrer – ele murmurou, visivelmente afetado.

-Como? Porquê?

Stefan gemeu de dor, agarrado ao braço. Ele também tinha sido mordido. Raios, aquele Ray merecia mesmo ter morrido! Ainda bem que os Salvatore o mataram.

-No final… todos morreram – Klaus continuou o seu discurso e de repente a raiva veio ao de cima.

Pegou numa garrafa de cerveja e atirou-a contra uma árvore gritando e eu afastei-me surpresa pelo comportamento dele.

-Eu fiz tudo o que me disseram! – ele gritou para mim e Stefan. – Eu deveria ser capaz de os transformar, eu quebrei a maldição: matei o lobisomem, matei o vampiro, matei a doppelganger.

A doppelganger era Elena. Oh não, Elena tinha sobrevivido. Arregalei os olhos e não me atrevi a olhar para Stefan porque sabia no que ele estava a pensar: Klaus não conseguia transformar os seus híbridos porque Elena não tinha morrido.

Klaus olhou para nós, e eu só desejei que nenhum de nós desse a entender que sabíamos a causa do falhanço dele.

-Estás com um aspeto terrível – comentou ele para Stefan.

-Da última vez que verifiquei, estou a morrer – disse Stefan e eu voltei a olhar para o seu braço. A mordida estava com um aspeto nojento, para dizer o mínimo. – E tu não me queres curar.

Klaus ficou em silêncio, mas depois indagou:

-O que aconteceu ao Ray?

-Tive que matá-lo. Ele ia atacar Samantha quando o vi. Falhei para contigo, mas salvei-a. Desculpa se na altura só consegui pensar nela.

Fiz olhinhos de cachorro abandonado a Klaus e depois apontei com a cabeça para Stefan.

-Ele está a morrer e se ele não tivesse matado Ray, eu estaria morta. Preferias isso?

-Devia ter funcionado – disse ele e pegou numa garrafa de cerveja. Mordeu a mão dele e deixou correr o sangue lá para dentro. Depois entregou a Stefan. – Bebe tudo.

Stefan pegou na garrafa.

-Estamos de partida – ele começou a andar, mas depois parou e virou-se para nós. – Parece que são os únicos companheiros que me restaram. Estarei no carro.

Acenei com a cabeça e comecei a limpar o rasto de termos estado ali. Comecei a pegar fogo às tendas e depois aos corpos. Stefan bebeu tudo e ficámos os dois a ver o fogo a consumir tudo.

-Ele não pode saber sobre ela.

Anuí.

-E não vamos deixar. Ela é uma vítima no meio disto tudo, e eu jamais a entregarei a Klaus para a matar. Ela tem que seguir com a vida dela.

-Precisamente.

-E tu também.

Ele olhou-me, não percebendo onde eu queria chegar.

-As coisas não voltar a ser como antes. Lembra-te disso.

-Eu sei.

-E Damon vai protegê-la.

-Sim. E é isso que me custa mais: eu posso estar aqui longe e tentar protegê-la de Klaus, mas e quanto às outras coisas que acontecem á volta dela? Jenna morreu e ela não me tem para desabafar.

-Ela tem Caroline e Bonnie, Stef – disse, tranquilizando-o. – Ela não está sozinha, Stef, tem amigos que a vão ajudar.

Stefan acenou com a cabeça e pegou na minha mão que estava no ombro.

-Obrigada, Sam – ele chamou-me pelo diminutivo. – És uma grande ajuda.

-Sempre às ordens, Stef.

©AnaTheresaC