Alice subiu na mesa e começou a caminhar rapidamente, fazendo com que todas as xícaras e bules caíssem no chão e se partissem em vários cacos. Ajoelhou-se em frente à Tarrant, e segurou seu rosto com as duas mãos.

– É você mesmo, Alice? – disse o Chapeleiro, com um leve sorriso nos lábios.

– Sim, sou eu.

E eu me lembro de tudo,

Tudo que eu amava,

Eu o dei como isso não fosse suficiente

Todas as palavras que eu disse e tudo o que você perdoou

Como eu poderia te machucar novamente?

– Eu senti a sua falta. – Alice sorriu.

Tarrant olhou para baixo, com um ar triste.

– Você não sabe o quanto eu...

Ele fora interrompido por Alice, que agora o beijava. Todos os presentes na mesa olhavam surpresos. A Lebre de Março agora parecia lúcida, e Chessur apenas sorria, enquanto Mirana observava a tudo com sua xícara de chá em mãos.

E se eu deixar você entrar?

E se eu fizer isso direito?

E se eu desistisse?

E se eu quiser tentar?

O que acontece se você tomar uma chance?

E se eu aprender a amar?

E se, e se começarmos de novo?

– Alice... – disse o Chapeleiro, quando ambos já estavam afastados.

– Eu não consegui... Não consegui voltar para o meu mundo, sabendo que eu estaria te deixando.

– Alice... Você lembrou...

– E como eu não lembraria? – Alice sorriu docemente. – Como não lembraria de alguém tão especial?

Todo este tempo

Eu posso fazer isso direito

Com mais uma tentativa

Podemos começar de novo?

Nos meus olhos,

Você pode ver agora,

Podemos começar de novo, podemos começar de novo?

– Eu te amo.

As palavras do Chapeleiro Maluco ecoaram no local. Todos permaneciam quietos, e apenas Alice, com um sorriso gentil e bondoso, respondera ao homem, com outro beijo.

– Eu também... Te amo.

Vazio dentro de mim, pergunto-me se você o vê

É o meu erro e ele está me machucando

Eu sei onde fomos

Como chegamos tão longe?

E se, e se começarmos de novo?

Todos agora sorriam. Ambos sentiam o mesmo, e não fazia nem dias que Alice havia deixado o País Subterrâneo, mas ainda sim, os dois sofriam com a distância que os dois mundos propuseram.

– Alice, você vai voltar para lá? – Perguntou Tarrant, com certo receio.

Estou perdido dentro da dor que sinto, sem você,

Eu não posso parar de esperar, eu preciso de você comigo!

Estou preso dentro da dor

Podemos nunca amar de novo?

Estou perdido sem ti!

– Não. Eu irei ficar. Para sempre. – Alice sorriu, e o beijou novamente. Dessa vez Tarrant retribuía, e o beijo parecia apaixonado e cativante.

Mais uma tentativa,

Podemos começar de novo?

Nos meus olhos, você pode perdoar-me agora?

Podemos começar de novo?

Podemos começar de novo mais uma tentativa?

Podemos começar de novo?

Podemos começar de novo, você pode me perdoar?

Podemos começar de novo?