Aquilo era uma droga.

Na verdade, tudo era uma droga.

Gray, já desprovido de suas roupas, andava chutando as pedras da rua.

— Malditos. – praguejava ele.

— Aye! – disse o exceed que o seguia. – Mas se a Mira souber...

Aquilo fez Gray tremer involuntariamente.

— Mas não foi tão grave assim, a Lisanna não se machucou não é?

— Não muito. – disse Happy em um tom sombrio.

— A culpa é toda do idiota do Elfman, se ele não...

— Culpa de que? – perguntou a maga demônia em questão.

Gray e Happy pularam com o susto.

— Mira!

— O que foi Gray? Culpa de quê?  - perguntou Mirajane em um ar inocente.

— é Gray, culpa de quê? – perguntou Happy fazendo uma careta.

— Gato maldito! – Gray praguejou – Culpa de nada Mira, nada, nada mesmo.

— O que você tá fazendo aqui Mira?

— Eu estava comprando umas coisas que o mestre me pediu, e vocês, o que fazem aqui?

— Nós... Bem... – Tentou Gray.

— Estamos procurando o Natsu. – Disse Happy voando até o ombro do Gray.

Gray murmurou um “De que lado você está afinal?” que foi ignorado por Happy.

— Entendo... – disse ela pensativa – Bom... Eu já vou indo, vejo vocês depois.

Assim que a maga de cabelos prateados se afastou, Gray tentou estrangular Happy.

— Seu maldito! Essa foi por pouco... – Gray dizia quando viu alguma coisa se mexer em um arbusto. – O que foi isso?

— Isso o que? – perguntou Happy – Você já está tendo alucinações?

— Ora seu... – o que Gray iria dizer se perdeu quando uma pedra de gelo foi atirada nele, ela veio do arbusto.

— Eu disse que tinha visto alguma coisa!

Ao atravessar os galhos irritantes, que teriam se prendido em suas roupas, se ele as estivesse usando, Gray encontrou quem pensou que não iria mais ver.

— Ur... tear? – perguntou perplexo

— Ohayo Gray-san. – disse ela com um sorriso.

Não parecia nem um pouco com a maluca com que ele havia lutado, estava sorrindo e estava com roupas comuns.

— O-Ohayo... – ele gaguejou. – v-você está tão...

— Diferente? Eu concordo.

— Mas o que faz aqui? – perguntou ele notando finalmente a ausência de um certo gato.

— Vim ver você Gray-san. – ela corou um pouco.

— e-eu?

A mulher deu um passo à frente e balançou o tronco de uma maneira que Gray entendeu como provocativa.

— Sim, G-r-a-y-s-a-n.

— Vo-você enlouqueceu? – ele gritou corado.

Ela negou com um movimento, e mais um passo.

— Queria saber se você estava bem, e só agora aquela maluca com o cabelo azul parou de segui-lo. – Mais um passo.

— Cabelo azul... ? – Gray não parecia saber de quem se tratava.

— Aquela que o chama de “Gray-sama”. – mais um passo, e ela pressionou seu corpo contra o dele.

“Juvia” ele murmurou.

— Você gosta de como ela te chama “Gray-sama”?

Gray não a afastou, mas também não a incentivou.

— Hein, Gray-sama? – ela sussurrou.

— Talvez. – ele respondeu hesitante.

— Isso é interessante...

Gray já não sabia o que fazer, ou talvez soubesse, mas ainda hesitava em fazê-lo.

—Gray-sama? – sussurrou ela mais uma vez.

Todo e qualquer controle ou hesitação que Gray tinha, sumiu imediatamente...

Para magos do gelo, Gray e Urtear eram bem quentes, era tão estranho estar beijando aquela mulher, aquela maluca. Na verdade, até ele mesmo pensou que algum dia cairia nas conversas da Juvia, ela sim era maluca.

E sem perceber, estavam os dois no chão, que situação constrangedora.

— Vo-você está bem? – perguntou Gray coradíssimo.

Ao que indicava, ele havia tropeçado em uma pedra e caído junto com Urtear, os seios fartos da mulher o deixavam cada vez mais nervoso, e o faziam torcer para que estivesse usando ao menos roupas íntimas.

A mulher soltou uma gargalhada divertida antes de responder.

— Sim Gray-sama, estou bem.

Olhando-a de perto, percebia-se o belo sorriso, aquilo fascinava Gray, e o deixava nervoso, mais ainda, se fosse possível.

Sorriu também.  “Foda-se.” Pensou ele e desejou pela primeira vez que o tempo congelasse.