As coisas passaram muito rápido desde que eu acordei.

Eu tive aquele sonho com a Samantha, acordo com ela na minha frente, e agora estavamos indo pra casa grande procurar Quíron, que provavelmente vai nos envolver em uma missão super perigosa para “salvar o acampamento”.

Tudo bem que foi pra isso que eu sempre treinei, tudo bem que eu sempre quis sair do Acampamento. Mas é tão... assustador!

Mas eu não podia demonstrar medo, não agora. Sam estava apavorada, eu não podia desabar também. Alguém tinha que ser forte nessa missão.

Quando saímos do quarto, Taylor e James estavam na porta, nos esperando. Aparentemente, James tinha acabado de chegar. Sam deu um rápido resumo da situação, e depois nos arrastou até a casa grande.

James, Taylor e Sam foram na frente. Eu acho que James não gosta de mim por eu já ter namorado com a Tay. Ele ficava me encarando de vez em quando.

– Ele só está com ciúmes – Sam deu alguns passos pra trás, ficando do meu lado – Não se preocupe. Ele só está apaixonado pela Tay.

– Tudo bem... Eu entendo. Os dois são lindos juntos.

– Não são? – Ela sorriu calorosamente.

Nunca havia notado o quanto Samantha era bonita. Seus cabelos negros até a cintura iam ficando mais claros até as pontas. Seu rosto pequeno era coberto por madeixas que caiam sobre a testa, por causa do vento. Mal dava para ver seus olhos diferentes, um verde e o outro preto. Seu sorriso torto e desigual estava longe de ser perfeito, mas não deixava de ser maravilhoso

– O que está olhando? – Ela interrompeu meus pensamentos.

– Seus olhos – Afastei o cabelo dela dos olhos com meus dedos. – São de cores diferentes.

– Ah... Isso – Ela corou – É só uma lembrancinha. Eu sei que é estranho, eu já tentei colocar lente, mas não adianta, ela simplesmente fica verde.

– Não é estranho, Sam – disse – Seus olhos são lindos.

Ela corou e abaixou a cabeça.

– Desculpe Sam... Eu não queria te deixar sem graça.

– Tudo bem – Ela sorriu, e apontou para a varanda da casa grande – Ali está Quíron. Vamos falar com ele.

*** CASA GRANDE ***

Depois de contar tudo para Quíron e Rachel, que estava lá também. Os dois simplesmente se olharam a assentiram

– Eu te falei – A garota ruiva disse para Quíron

– Uma missão? Logo agora? Os campistas acabaram de se recompor. Pela primeira vez temos o mesmo número de campistas de antes da guerra contra Cronos.

– Quíron! A mais coisas em risco aqui. Se não fizerem isso... Você sabe o que vai acontecer

– Não creio que tenha alguma relação com isso...

– Como não Quíron? É o fluído da vida! Pode trazer qualquer um de volta a vida, até mesmo do tártaro! Só que por um tempo reduzido...

– Rachel!

– “Recuperar o fluído de quem não pode carregar”! Só pode ser referente a ela !

– Parem! – Gritou Samantha, interrompendo a discursão – Rachel, de quem você está falando ?

– Não é a hora agora, Samanta. Mas todos vocês saberão em breve...

– É Gaia não é? – Perguntei, curioso, contra minha vontade - Se ela encontrar o fluído da vida ela vai conseguir sair do tártaro

– Não é tão simples, Jerry. Isso só iria adiantar o processo.

– Então por que estamos tão preocupados?- perguntei

– Estamos preocupados – começou Sam – Por que não é só Gaia. Esse Fluído podia levantar todos os gigantes, talvez até um Titã. Ou até um Deus, certo?

– Certo. – Disse Quíron – E se os aliados de Gaia colocarem a mão nele, ela nem precisará de esforços pra se reerguer. Mesmo que já esteja o fazendo.

– Então só precisamos de encontrar o fluído. – Ela concluiu – Aonde quer que ele esteja. Antes que o peguem.

– Exato.

– E onde ele está ? – Perguntei

– Não sabemos – Disse Rachel – Mas temos uma pista

– Qual?

– A última vez que ele foi visto...Não é longe. Montauk.

– Montauk? Eu morei em Montauk. – exclamou Sam

– É pra lá que vocês vão. – disse a garota ruiva sorrindo.

A sala ficou em silêncio por um instante. Um silêncio cheio de insegurança.

– E quando devemos ir? – perguntei

– Quando amanhecer. Deve ser uma missão extremamente sigilosa. Vocês quatro devem ir, pois já sabem a siruação.

– Acho que temos que escolher mais alguém. – Taylor falou pela primeira vez – A profecia fala que vamos em número ímpar.

– Hm... E quem sugere, Taylor? – Perguntou Quíron

– Eu não sei... Josh poderia ir, certo?

– Josh... É uma boa escolha. Vá chamá-lo

Taylor saiu correndo pela colina. Em alguns minutos Josh estava ali, e Quíron havia explicado os detalhes da missão:

– Boa sorte, crianças. Que os Deuses os acompanhem. Estejam preparados, um pouco antes do amanhecer Argos já estará esperando para levá-los á estação central de Nova York.

– Não se atrasem. Não queremos que nenhum campista saiba da missão. – Completou Rachel

– Você acha que simplesmente não vão notar que desaparecemos.

Quíron pensou nisso por um instante.

– Certo, você tem razão. Podemos dizer que vocês foram recrutar um campista. Não se preocupem com o que vai acontecer aqui em quanto vocês estiverem fora, e sim em se manterem vivos.

Todos assentiram. Saímos da casa grande, para arrumar as coisas para a missão. James e Taylor foram a enfermaria providenciar néctar e ambrosia. Josh foi para o chalé 7 arrumar as suas coisas. Eu e Sam fomos ao depósito de armas.

– Você precisa de uma adaga. Não pode se virar somente com um arco e flechas. Não acredito que nunca veio aqui.

Sam estava maravilhada com aquilo tudo.

– Que tal essa ? – Sam tentou pegar uma espada de prata celestial, mas mal conseguiu carregá-la. – Uh, melhor não.

– Tente uma coisa menor. Afinal, você não está querendo abandonar o arco.

Sam pareceu muito interessada ao ver uma adaga brilhante, que estava em cima de uma almofada, em uma estante prateada. Parecia realmente preciosa.

Então ela fez uma coisa inesperada. Tirou a almofada e arredou a estante.

– O que está fazendo? – Perguntei

– Olha o que eu achei – Disse, exibindo uma caixinha dourada que achara em baixo da estante.

– Como você...

– Eu senti.

Ela abriu a caixinha dourada. Dentro a adaga mais brilhante que eu já havia visto em toda a minha vida. Ela era de ouro celestial. Mais o mais brilhante que pudesse ser.

– Uau.

– Um bilhetinho. – Ela desenrolou um papel da lâmina – Um poema.

Cria do Sol, dotada de beleza

Que recebeu a benção da natureza,

Carregue esta lembrança, aonde você for

E a encare como uma prova de amor.

Em você reúno esperanças, e confio,

Que poderá vencer todos os desafios.

Seu pai.

– Apolo – eu disse – Como...

– Meu pai... Parece que ele aprova a missão – Ela sorriu para o bilhete.

– E você ganhou um presentinho

Ela levantou a adaga dourada. Era linda, em seu cabo havia o desenho de uma árvore. Com minúsculas pedrinhas verdes como folhas. Ouro celestial e esmeraldas.

– É maravilhosa – Sam disse. – Acho que meu pai gosta de mim

– Está brincando? Ele te ama Sam.

– Não parece. Nunca foi presente na minha vida inteira.

– Talvez seja um pedido de desculpas. De qualquer modo, acho que nós temos a ajuda do Deus do Sol em nossa missão.

– É... parece que sim.

“E da sua filha mais linda” pensei.

E depois. “Cara, o que está dando em mim?”