Samantha Laine E A Benção De Pã escrita por Cat


Capítulo 1
Capítulo 1- Não vou falhar com você Pedro, não vou




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O que poderia ter acontecido de mais estranho naquele dia do acampamento meio-sangue?

Talvez alguma coisa além dos sátiros estarem acordados a dias, murmurando sobre um sonho que, por incrível que pareça, foi o mesmo para todos eles. Talvez o fato de que as árvores estavam... se mexendo. Sim, isso mesmo, as ninfas raramente falam, mas parecia que tinham perdido o rubor hoje. Elas estavam nervosas com a chegada de alguém, digamos...
Especial.

Os campistas não estavam muito ansiosos com essa ‘’chegada’’ de seja quem for. Nunca teriam visto Quíron tão nervoso, já que nem o próprio sabia quem estava a caminho, isso sim era muito estranho.


Mas aquela madrugada foi diferente do resto do dia, foi pior. Os sátiros gritavam e agora era evidente que as árvores estavam enlouquecidas de alguma forma. Os campistas acordaram ás 03h00min da madrugada, não por causa do barulho, e sim por curiosidade do que teria causado a ausência dele. Um silêncio, digamos ensurdecedor.


Os campistas deixaram os seus chalés, e demoraram a achar o que tanto procuravam. Se é que era mesmo aquilo que eles estavam procurando. Encontraram uma menina, uma garota. De cabelos pretos e longos sujos de sangue, ela tinha um corte no alto da testa, e apesar da sua pele morena ela estava pálida. Vestia um vestido longo de seda verde, e estava descalça. Ela parecia que ia a alguma festa. Estava com um cartão nas mãos escrito: ‘’Passaporte para a área VIP - nome: Samantha Laine’’


Ela estava caída, no campo de morangos, as folhas pareciam ter se juntado para fazer uma cama, de modo que o corte na testa ficasse o mais inclinado para cima possível, para conter uma possível hemorragia. Além disso, elas pareciam facilitar o acesso dos médicos, filhos de Apolo que pareciam terem chegado primeiro.
Entre eles estava Taylor, a única menina da equipe de médicos. Apesar de terem muitas meninas no chalé de Apolo, ela era a mais talentosa na arte da cura, por ter um carinho considerável por tudo e todos, o que poderia ser um pouco prejudicial em batalhas. Tinha cabelos pretos e grandes olhos. Era linda, em todos os sentidos.


– Afastem-se, ela está acordando.

Samantha abriu os olhos, era perturbador, um olho era preto e o outro era castanho esverdeado, ela sorriu, o sorriso dela deve ter esquentado todos os campistas naquela madrugada, ele transmitia felicidade, confiança e inocência.


– Então é aqui? – era visível que ela não estava muito lúcida, nem confiante como parecia – Ele mencionou os campos de morangos...


– Por favor, menina, fique quietinha - O tom de Josh, o líder da equipe, era tranquilizador- Nos estamos querendo o seu bem aqui.


–Eles, eles me perseguiram – o sorriso desapareceu do seu rosto com a lembrança – Eram dois... eu não sei o que eram, mas eram grandes. Bem grandes
– Tudo bem, nós estamos aqui agora – Josh pegou um cantil com néctar da bolsa – Tome isso, vai passar.
Depois de tomar o néctar Samantha desmaiou. Ela não queria sonhar com os monstros que a perseguiram, nem com a festa cancelada, nem com seu pai. Quer dizer, não com seu pai de verdade, mas ela queria sonhar com seu outro pai, aquele homem que a ensinara tudo que ela sabe. Não precisava de um pai quando se tinha um homem daquele como mentor. Bom, não necessariamente um homem...


Ela se viu a 5 anos atrás, quando tinha 8 anos. O homem, o qual ela chamava de Pedro estava sentado em um tronco de árvore. Ela sempre ia para aquela parte da floresta encontrar com ele. Eles tinham aulas de grego antigo, historia da Grécia e império romano, tiro com arco e flecha (Na qual Samantha tinha grande habilidade) e lutas com espadas.


Em uma das aulas de luta, um dos sapatos frouxos de Pedro saiu. Ele tinha... cascos. Isso mesmo, como um bode. Samantha ficou horrorizada, mas fingiu não ter visto a cena, e as suas visitas a clareira naquela floresta próxima a sua casa passaram a ser menos frequentes.


Talvez Pedro tenha notado o seu desconforto. Naquela tarde, quando Samantha chegou, ele estava sério, sem o sorriso brincalhão de sempre.


– Sam, nós temos que conversar...


– O que você é? – Samantha estava entalada com essa pergunta fazia tempo. Pedro abriu um sorriso quente


– O que eu sou... Boa pergunta criança – Ele parou por um tempo – Alguns me chamam de senhor da natureza, os sátiros me chamam de todo poderoso... Mas eu não sou isso Sam, eu estou morrendo... Sou só um Deus morto.


– Você... você tem cascos! E, como pode estar morto? Eu estou te vendo aqui, na minha frente. Espere, você disse que é um Deus?


– Eu tenho cascos. E chifres também – Para Samantha foi como se os seus chifres imensos estivessem aparecendo do nada


– Como... como eu não percebi isso antes ?


– É a névoa criança, fico surpreso que você nunca tenha notado antes. Você é tão poderosa, esse atrevimento me lembra seu pai, aquele jovem inconsequente. Sim, Sam, eu sou um Deus, e você também é um pouco deusa. Você irá entender isso tudo em breve.


– Você conheceu meu pai? – Apesar de ter sido abandonada muito pequena, ela ainda se recordava de seu pai um pouco, ele a visitava algumas vezes – Por que não me falou antes? E, por que está sumindo?


Pedro estava literalmente sumindo. Já não se viam mais os dedos da sua mão, nem seus cascos.


– Eu estou morrendo criança, mas não chegou a minha hora ainda, terei que fazer uma ultima jornada, preciso ir á um lugar, essa floresta está sendo cada vez mais devastada pelos humanos então não posso mais ficar aqui. – Pedro gemeu - Eu tenho que ir para o último lugar não tocado pelos humanos.


– Espere, pra onde você vai? – Samantha estava chorando, parecia que a grandiosidade da situação a golpeou – Não pode ir assim, você... – Agora Samantha estava com raiva – Você mentiu pra mim! Não me surpreenderia se seu nome verdadeiro não fosse Pedro


– Não, eu tenho que fazer uma coisinha primeiro – Ele colocou as mãos na testa de Samantha e murmurou – Para acabar com a perdição, com a destruição da natureza, eu passo parte do meus poderes para essa criança, que com sua inocência e esperança, vai poder impedir que o pior aconteça. Criança, eu te abençoo.


Samantha soltou um grito abafado, parecia que tinha recebido um choque longo e doloroso, caiu no chão com os olhos negros fechados, quando abriu, um deles era verde. Antes de sumir completamente Pedro disse:


– E a propósito – Ele deu uma piscadela confiante – Meu nome realmente não é Pedro. Mas pelo menos é a mesma inicial.


Samantha acordou na enfermaria, suando frio.



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