Milhões de coisa vagaram em minha mente, se já não bastava à situação que eu vivia, um professor ainda teria que me flagrar acordada de madrugada no salão comunal? Eu podia perder meu cargo como monitor

Meu coração se acelerou de medo, e eu tive que olhar para outro lugar, para não olhá-lo nos olhos.

-Desculpe Sr Celta, já vou subir pro meu quarto

Levantei-me para logo sair dali

-Tudo bem. Mas antes, o que você tocava?

Suspirei e virei para o professor, que agora estava sentado em um sofá

-Não sei – eu fui sincera – só estava tocando uma melodia qualquer... É estranho isso, como uma lembrança reprimida...

Ele não disse nada, só ficou me olhando

-Não vai me brigar? – pergunto desconcertada

-Por quê?

-Por estar acordada há essa hora

Ele suspirou

-Não, eu consigo ver que não esta bem, seu dia deve ter sido ruim.

-É tão notável?

-Sim. Pelo menos pra mim é – ele sorriu olhando vagamente pro nada– eu também não tive um bom dia, nem minha mulher

Ficamos em silêncio. Não sabia o que ele queria ouvir de mim

-Amanhã seus pais vão estar aqui

-estarão? – digo surpresa

Acho que ele percebeu o susto na minha voz, por que riu disso

-Não se preocupe você não fez nada de errado.

-E por que eles vão vir aqui então?

-Acho que você finalmente vai saber o que esta acontecendo

Mais um minuto de silêncio, até ele dizer

-Sei que música você estava tocando – ele disse enquanto saia da sala

(...)

A manhã do outro dia foi monótona, e eu agradeci a Merlin que ninguém havia tocado no assunto “Malfoy”, mas isso não quer dizer que ninguém havia comentado sobre isso, Hogwarts inteira estava falando e a maioria não era boa coisa

Do meu lado, Rony parou um minuto de comer e ficou me olhando, o que eu achei estranho, por que ele sempre devorava a comida no prato rapidinho

-Hermione... Posso falar um minuto com você? – ele perguntou

-é claro – eu sorri

O segui para fora do salão.

Ele parecia nervoso, com o rosto tão vermelho quanto o cabelo e com as mãos nos bolsos

-Lembra que eu ti disse ontem que agente precisava conversar?

-Lembro sim

-Bom, com tudo que aconteceu. Não tive a chance de dizer, mas... Eu quero terminar com você

Não consegui dizer nada.

Terminar com o Rony... Não, isso não podia acontecer logo agora, em que eu preciso esquecer Draco Malfoy

Mas não posso obrigá-lo a permanecer comigo

-Tudo bem – minha voz saiu a um fio – eu entendo

Ouvi os passos altos de ágüem saindo apressado do salão, e logo depois avistei Thainá. O que me incomodou foi o fato de sua pele estar empalidecida e usava óculos de sol trouxa, ou humano como ela gosta de dizer

Thainá parecia irritada, andando rápido, fazendo seu salto bater com força no chão, logo atrás dela veio Malfoy

-Droga, Draco! Já falei pra parar de tocar nesse assunto...

Malfoy olhou para nós ali, e Thainá acompanhou o olhar

-Conversamos depois – ele diz a ela – sem falta

Ela saiu irritada, sem dizer nada.

-É... Parece que a Thainá é a nova vitima do Malfoy – Rony diz vendo Thainá desaparecer pelo corredor – eu disse que ele não era confiável

-É, você tinha razão... – respondi baixinho

Da porta do salão, foi à vez de Harry sair correndo com Gina, e um jornal nas mãos

-O que foi? – eu pergunto

-Leia isso!

 Abri o profeta diário, e achei de cara uma notícia que eu não esperava, com uma foto grande do filho de Bellatrix, Michael Lestrange

“Temos o desprazer de dizer que nessa madrugada, Michael Lestrange fugiu de Azkaban. Deve se perguntar quem ele é, pois ele é o filho único da famosa comensal morta Bellatrix Lestrange. O meio de como ele fugiu é desconhecido por enquanto, a notícia assustou toda a população bruxa, que teme pelo bruxo adolescente e também pelo fato de ele ter conseguido escapar misteriosamente. Além desse bruxo, escaparam também Lúcio e Narcisa Malfoy. Estaremos informando mais notícias”

-Michael Lestrange? – Rony diz tirando o jornal da minha mão– ele é filho da Bellatrix e fugiu?

-Vocês não parecem surpresos – Gina comentou desconfiada

-Isso esta ficando perigoso – Harry diz pra mim

-Sim – eu concordo – eu contei que meus pais vêem aqui hoje?

-Seus pais? – Rony diz surpreso – o que você fez?

-nada, só disseram que pode ser hoje que eu vou descobrir... Tudo.

Hoje havia um inervá-lo entre duas aulas, em vez de ir para biblioteca como eu sempre ia, resolvi tomar um caminho deferente, e sem que eu percebesse meus pés me levaram para o Lago negro

Sentei-me diferente para ele, e abri meu livro para ler

Pouco depois, ouvi uma voz conhecida rompendo o silêncio

-Hermione...

Olhei para o lado e encarei Thainá, mas me assustei ao ver sua expressão, ela ainda parecia pior do que essa manhã

Levantei-me em um salto, e por costume peguei minha varinha

Ela deu um sorriso sádico, que a deixou sombria. Além de pálida, ela ainda estava com os óculos escuros, usando roupas trouxas, sacando sua varinha

-Ola Lady! – ela riu como se isso fosse engraçado – feliz em me ver? Creio que não

-Thainá? É você? – digo assustada

Ela riu do meu comentário

-Hum... Mais ou menos – ela respondeu zombeteira

Ela tirou os óculos escuros, revelando os olhos antes castanhos, agora vermelhos escarlates, tão vivos e penetrantes, que pareciam poder ler a alma de alguém

-Meu Merlin! – digo assustada

-Merlin? Então você já sabe! – ela diz surpresa – Avada...

-Crucio!

Thainá caiu gemendo no chão e somente parou até que quem menos pensei que faria isso, se pôs na minha frente, em minha defesa

-Draco! – ela diz indignada – o que esta fazendo traidor?

Ele caiu de joelhos ao lado de Thainá, tirou a varinha dela e começou a sacudir, dizendo coisas como:

-Thainá, por favor! Eu preciso de você!

Ela abriu os olhos, revelando o lindo par de olhos castanhos

Sem saber o que se passava, levantei minha varinha a minha defesa, esperando um ataque

A morena no chão começou a chorar, e o loiro a ajudou a levantar, e os dois se abraçaram forte, como se não quisessem mais soltar.

Até essa altura eu já não entendia nada

Thainá olhou pra mim, e temeu quando viu minha varinha em punho

Draco olhou para minha varinha e sussurrou algo no ouvido de Thainá

Ela assentiu e saiu correndo em direção a floresta

-Aonde ela vai? – eu pergunto sem saber o que fazer – o que esta acontecendo?

Ouvi vozes ao longe, chamando por mim, mas não respondi

-Não da pra conversar agora – ele respondeu

-Ela tentou me matar... Você me salvou – disse pensando alto, e baixei a varinha – por quê?

-Preciso ir embora – ele disse quando as vozes que chamavam, ficaram mais altas

-Aonde você vai?

-Não sabemos ainda, provavelmente pra um lugar onde ela se sinta melhor – ele pareceu sincero – mas nós não podemos mais ficar aqui, principalmente agora que Michael Lestrange e  meus pais fugiram e Azkaban

Não consegui responder nada, só fiquei olhando enquanto ele se virava

-Espera! – eu pedi – disse que me daria um beijo se eu pedisse...

Ele ficou parado um pouco, depois se virou vindo ao me encontro

Seus lábios colaram aos meus com rapidez, e demos um beijo quase que desesperado, famintos um pelo outro. Nada pareceu importar naquele momento único, de reencontro. Eu não pensei em nada, nem liguei para minha mente que apontava a loucura que eu fazia naquele momento

Mas nos separamos assim que as vozes ficaram mais altas

Draco fugiu, e eu fiquei assistindo a cena, sem mexer um músculo, até aqueles que me chamavam chegar

-Você esta bem? – um deles perguntava

Virei-me para ver quem estava ali, e meus olhos pararam em quem me perguntava, e em vez de responder, eu perguntei

-Quem é você?

-Wilhames Campbell, eu te mandei a carta