Moudres escrita por Raul Alves


Capítulo 1
Prólogo




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Jordan acordou com o barulho do motor da moto e a porta da frente abrindo. Virou-se na cama para ver o relógio, eram três da manhã. Poucos segundos depois uma discussão começou. Era possível ouvir os gritos de uma mulher e de um homem adultos. A cada minuto que passava os gritos ficavam mais altos.

            Do outro lado do quarto, sua irmã mais nova, Jane, o olhava. Estava deitada na outra cama. Não era a primeira vez que ouviam essas discussões, mas essa parecia estar mais intensa.

            Então, os dois saltaram de suas camas quando ouviram um barulho alto de vidro quebrando, e então silêncio.

            Jordan fez sinal com as mãos para que Jane o seguisse em silêncio. Foram para o corredor e para a escada. Ele ouviu que os dois ainda discutiam na cozinha, só diminuíram o volume. Ia deva­gar, tentando não fazer nenhum som com seus passos, Jane em seu encalço.

            Quando estavam quase na porta da cozinha, Jordan sentiu um forte cheiro de álcool no ar. A primeira coisa que viu lá dentro foi a caixa para emergência em caso de incêndio quebrada, os cacos de vidro espalhados por todo o chão. Em seguida viu a mulher, sua mãe, encolhida contra a parede, ao lado do botijão de gás ligado ao fogão. Jordan só entrou em pânico quando viu o homem, de costas para ele, segurando um machado, olhando diretamente para a moça.

            Olhou para trás, Jane perguntava baixinho o que estava acontecendo. Ele não a permitiu que visse. Então viu a porta da frente aberta e mandou-a sair da casa, se esconder no meio de algumas árvores e esperá-lo lá. Ela tinha apenas seis anos e costumava sempre teimar quando ele a mandava fazer algo, porém obedeceu e saiu. Ela sabia que a situação estava crítica.

            Ficou vendo-a sair, esperando para ter certeza de que ela estaria segura. No momento em que ela estava fora de vista, Jordan ouviu o barulho de metal batendo na pedra. Quando olhou den­tro da cozinha, o homem já tinha tentado atacar, mas como estava bêbado, errou a mulher e acertou a mangueira do botijão. O cheiro e o barulho o gás vazando encheram o ar.

            A mulher aproveitou a chance e tentou sair correndo da cozinha. Porém o homem foi mais rápido, se virou e acertou-a nas costas. O sangue começou a escorrer por sua camisa. Jordan entrou correndo e gritando no cômodo e deu um soco na barriga do homem. O golpe não surtiu muito efeito, já que o homem era mais forte que ele. Agora, frente a frente, ele conseguiu identificar o sujeito, era seu pai.

            O homem então começou a falar coisas que Jordan não entendia como ele ser a fonte de to­dos os seus problemas e a razão de tudo isso estar acontecendo. A única coisa que entendeu foi quando ele disse em acabar com seus problemas de uma vez. Virou-se e viu que sua mãe ainda estava viva, e que tinha se arrastado até um móvel. Quando se virou novamente, o homem já levan­tara o machado para atacar. Ele tentou desviar, mas foi muito lento e o machado atingiu seu braço, abrindo um enorme corte, do ombro até o pulso.

            Sua visão começou a ficar embaçada. Olhou para a mulher e viu que ela pegara um is­queiro. Ela gritou, mandando-o correr. Quando o homem tentou atacar novamente, Jordan correu para fora da casa e se encontrou com Jane atrás de algumas árvores. Então, de repente, a casa explo­diu.

            Eles andaram até a frente de onde era a casa, numa pequena estradinha de terra isolada de todo o resto. Jane caiu de joelhos e largou a cabeça em suas mãos, lágrimas corriam pelo rosto e en­charcaram sua roupa.

            Jordan não aguentou mais de dor, estava perdendo muito sangue. Caiu deitado no chão de terra, não enxergava quase nada. A última coisa que conseguiu ver antes de ficar totalmente inconsci­ente foram luzes azuis e vermelhas piscando e se aproximando.


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