POV EMILY

Eu me sentia melhor, eu não estava tão fraca, e a febre havia passado e agora eu só estava um pouco zonza, e meus pulsos ainda estavam cortados.

Eu evitava a presença dos dois, mas eu sabia que em alguma hora Cam me levaria para meu destino, ou meu destino viria até mim.

Mas ele parecia tão relutante ao falar isso, queria dizer que o conhecia bem... Mas não conheço e nunca conheci.

-Hey Nelfilim – Disse Molly entrando no quarto – Não está com fome.

-Estou, mas não quero comer.

Ela se sentou no canto do quarto e me encarou sarcástica:

-Se não comer você vai morrer.

-Com sorte, Morgana.

-Esse eu nunca tinha ouvido.

-Limpe os ouvidos então

Ela riu sarcástica.

-É mais ousada que sua mãe, puxou isso do seu pai.

-Conhece ele também?

-Quem não o conhece?

-Mortais.

-Eles não veem nada além do próprio umbigo.

-Vocês, demônios, estão pior que eles... Se é que é possível.

-É possível menina.

- Então parabéns por conseguirem.

-Obrigada.

Eu ri sarcástica.

-Reunião de Garotas? – Disse Cam entrando.

Molly olhou para mim esperando que eu responda algo sarcástico, mas eu simplesmente ignorei aquela presença.

-Vá para seu clube do Bolinha, Cam – Disse Molly.

Boa, eu teria pensado nisso, mas como estou sem falar, não falaria.

-Amanhã... Amanhã eles virão, Molly – Falou Cam.

Virei para Molly.

-Eles quem, Molly? – Enfatizei o Molly.

-Os Párias, precisamos entregar você para eles.

-Ah! Ótimo, eles são bonitos ao mínimo?

-Não.

-Droga.

Molly riu.

-Tem o senso de humor de seu pai.

-O piadista da família – Cam rolou os olhos.

Arquei uma sobrancelha. Família? Dei de ombros.

-Devo fazer as malas para ir com eles? – Perguntei sarcástica.

-Não precisará de malas para onde vai

-Melhor ainda! Quer que eu me vista como?

Molly rolou os olhos

-Não importa criança.

-Melhor ainda!

Continuei atirada no chão olhando pela janela, estendi minha mãe para que os raios de sol brincassem em minha pele e contornassem os cortes.

Molly se levantou e sem dizer nada saiu do quarto, não olhei para ela.

Cam se sentou a uma distância favorável de mim.

-Isso não te incomoda? – ele perguntou de repente.

Eu o ignorei, e continuei olhando para a janela e para o feixe de luz que iluminava meu pulso.

-Emily?

-Não. Não me incomoda.

-Achei que não queria ser fraca.

-Um corte não é sinal de fraqueza, ou vários. Eu superei quedas sozinhas Cam, isso é uma queda que eu superei. Eu tenho orgulho.

Ele assentiu. Acho que eu calei a boca dele.

Depois de um tempo em silêncio ele achou desconfortável  e o quebrou:

-Não quer comer nada mesmo?

-Não.

-Vai piorar de novo.

Dei de ombros.

-Tão teimosa quanto a mãe.

Dava para eles pararem de falar de meus pais?!

Eu me joguei na cama velha e enterrei meu rosto no travesseiro, esperando que Cam saísse dali, ele saiu.

Abracei o travesseiro e uma lágrima escorreu.

Eu adormeci um pouco após.

Parecia que meu sono foi mínimo, como se eu recém tivesse pregado o olho eu acordei com um grito de Molly.

-Cam! O que eles fazem aqui?

-Como nos acharam?

-Os Párias? – Perguntei desorientada.

-Não. – Eles responderam em unísso. –Algo pior, para nós.

POV DANIEL.

Havíamos localizado Cam, hoje atacaríamos, havíamos unido forças, não era certo que ganharíamos, mas tentaríamos.

Eu estava no aeroporto, com Luce e Taylor, elas iriam visitar os pais de Luce, para poder ficar longe quando acontecesse, para ficarem seguras.

-Luce – Falei um pouco antes de irmos, ela tinha os olhos marejados e preocupados, beijei o topo de sua cabeça – Voltaremos bem, e com Emily. Eu te amo.

Ela beijou meus lábios.

-Eu também te amo, muito. Por favor, tome cuidado, não suportarei ficar sem vocês.

-Eu também, se cuidem, os três.

Ela assentiu.

-Tau-tau papai! – Disse Tay e me abraçou

-Tchau princesa. Te amo.

-Te amo papai!

Beijei novamente Luce e beijei sua barriga onde estava nosso novo filho, percebi algumas lágrimas rolarem pelo rosto dela e ela limpar rapidamente, fiquei ali até ela e Taylor entrarem no avião e depois sai direto para nosso ponto de reuniões onde todos estavam prontos.

-Revisando mais uma vez – Disse Francesca – Anjos com o Sr. Cole, Nelfins comigo, chegaremos pelo leste, vocês pelo o oeste, vamos encurrala-los. Henry, Lucas, Lilith, Luiza, quero que prestem atenção. Roland e Ariane vão se separar, dois de vocês vão com Roland e dois com Ariane, Lucas e Lilith, com Ariane pelo norte e Henry e Luiza pelo sul com Roland. Prontos?

Houve vários sim, e tudo mais.

Todos prontos a se arriscarem pela minha filha se eu saísse vivo, e teria que sair, eu agradeceria a todos até não poder mais.

Todos fomos para fora e os que tinham asas as abriram.

-Francesca- Chamei – Não pode botar Luiza e Henry juntos, os dois tem asas e Lucas e Lilith não.

-Tem razão. Lilith você e Luiza ficaram no mesmo time, Henry e Lucas no mesmo.

Henry e Luiza se entreolharam.

POV HENRY

-Hey, Luli.

-O que foi agora Henry?

-Obrigada... Está fazendo isso pela minha irmã.

-Amigas servem para isso. Agora eu terei que ir até a rainha da beleza.

Sorri.

-Boa sorte.

-Eu posso lidar com isso, boa sorte nessa luta, afinal, se perdeu para mim...

-Foi uma vez!

-Uma bela vez!

Ela saiu de lá com um sorriso maroto e deu a mão para Lilith, as duas partiram, peguei a mão de Lucas e segui Tia Ariane.

-Lucas espero sinceramente que sobrevivamos.

-Somos dois.

Tia Ariane falou:

-Tudo dará certo, afinal eu estou aqui.

Rimos, mesmo preocupados, de sua piada.

-Foco rapazes, estamos brincando aqui, mas lá a coisa é séria.

-Vamos recuperar Emily –Falei.

Chegamos lá e já jaziam todos cercando a casa, meu pai deu um passo a frente.

-Cameron Briel traga minha filha até aqui.

Dois demônios de asas douradas saíram da casa, percebi uma sobra do lado esquerdo da casa.

-Ah! Visitas? – Disse Cam com um sorriso sarcástico. – Sejam bem vindos.