Lily Evans.

Aquele momento chocante em que Amos Diggory esta na sua sala esperando que você encontre uma roupa que preste para irem logo pra escola.

Isso resume um pouco de como a minha manhã começou.

Se eu fosse uma pessoa pontual e responsável já teria me arrumado á uns dez minutos, mas como obviamente não sou aqui estou eu. E aqui está meu guarda-roupa completamente no chão.

Sim, por que quando você está totalmente desesperada não liga pra completa bagunça que está fazendo. A única coisa que realmente importa é achar alguma roupa descente pra se usar em um primeiro encontro.

Se bem que, isso não é um primeiro encontro e sim uma ida a escola.

Mas, como diz Lene, nada é perfeito!

Antes de Petúnia sair pedi a opinião dela sobre qual roupa deveria vestir, ela disse que alguma coisa bem curta ou bem colada, por que os garotos do time de futebol adoravam isso.

Meio que um show de exibição das garotas com que estavam saindo, e bem... Segundo Petúnia, eu não deveria envergonhar Amos com minhas roupas antiquadas.

Tudo bem, Petúnia pode ter cara de cavalo, uma voz meio irritante e praticamente idolatrar a cor rosa, mas quando se trata de roupa ou dos meninos do time de futebol, ela é meio que profissional.

Pra todo o caso, peguei minha única calça que é totalmente colada á ponto de incomodar enquanto se anda com ela, como se ela fosse uma camada de pele dura que não deixa que você se mexa livremente. Uma blusa que deixa uns dois centímetros de barriga de fora e um casaquinho aberto e simples, mas que bate até o fecho da calça, oque é bom, já que os dois centímetros que estavam realmente me incomodado não vão mais aparecer dos lados e atrás, somente na frente.

E mesmo assim me sinto completamente desconfortável, mas isso não é importante.

Peguei uma sapatilha, arrumei meu cabelo, passei um perfume qualquer e estava pronta. Pelo menos por fora, mas minha mão suava tanto que parecia querer realizar seu sonho de se tornar uma fonte de água salgada.

Desconsiderando totalmente o fato que uma fonte de água salgada é totalmente inútil.

Acho que essa foi à vez que mais me arrumei e me imporei com minha aparência simplesmente para ir pra escola. Na verdade, eu nunca fui de me importar com a minha aparência, afinal, eu nasci sem dente, pelada e careca, e tudo oque veio de lucro já está bom até demais.

Quando estava fechando a porta do quarto, olhei triste para aquele monte de roupas jogadas no chão, e só de pensar que vou ter que arrumar tudo aquilo quando chegar já é tão deprimente que senti uma vontade de sentar e chorar.

Mas isso sem dúvidas borraria a maquiagem que demorei um século para fazer, claro que não está como a de Lana ou como a de Petúnia, mas até que dá pro gasto. Oque já é uma conquista.

Encontrei Amos lá embaixo e como sempre ele foi um fofo.

– Hey, Amos.

– Nossa, valeu mesmo a pena esperar.

Ele disse me olhando de cima a baixo com aquele sorrisinho lindo dele.

Não preciso nem dizer que fiquei mais vermelha que a raiz do meu cabelo.

Sabe aquele momento que você simplesmente perde a capacidade de respirar, mas ao mesmo tempo nunca mais quer que ela volte?

É assim mesmo que eu fiquei quando Amos colou seu corpo no meu, passou as costas da mão na minha bochecha e com aquela expressão encantadora falou:

– Você fica tão linda quando está coradinha.

Oque obviamente ele só falou para me agradar.

Eu realmente fico feia – isso para não dizer, horrível – quando estou corada.

Mas com esse comentário lindo, com esse sorriso lindo e com essa voz linda, ele só poderia me fazer corar ainda mais e sorrir de volta.

Nem tive tempo de processar as informações quando ele desceu a mão pelo meu braço e pegou minha mão, me conduzindo instantaneamente para a porta.

Sim, eu sei, é emoção demais para um único dia.

Geralmente eu não gosto quando chego na escola, mas desta vez dei graças a Deus, sério. Acho que nunca consegui passar tanto tempo sem falar.

Quando Amos desceu do carro, contornou o mesmo correndo e abriu a porta pra mim.

Mas, como nada nunca dá certo pra mim, tropecei bem na hora em que estava saindo do carro.

Eu quase esperei a dor lancinante que sentiria de batesse com a cara no asfalto.

Não que isso nunca tivesse acontecido comigo. Mas qual é, eu sentiria a dor física e a vergonha na cara. Literalmente vergonha na cara, se é que vocês me entendem.

Mas a dor nunca veio, por que além de lindo, Amos também é o exemplo perfeito de cavalheirismo e me segurou pelos braços, oque automaticamente me imprensou entre ele e o carro.

Naquela altura eu já estava totalmente embriagada com seu perfume e totalmente fora de mim com a proximidade dele.

E estava muito próximo mesmo, quando certo imprestável, inútil, insuportável, idiota, babaca, otário, energúmeno, acéfalo, retardado, lesado e muitas outras palavras realmente feias que não posso falar aqui, chega e atrapalha tudo.

Adivinha quem era? Dou um doce pra quem acertar.

Isso mesmo, Potter!

– Hey, Amos, o treinador está te chamando urgentemente. E ele não parece muito feliz.

Amos ganhou mais cinco pontos comigo quando simplesmente desprezou Potter e abanou com a mão como se não ligasse e que era pro mesmo sair dali.

Mas como Potter mais parece um parasita do que uma pessoa simplesmente ignorou o fato de que ninguém o queria ali e se encostou no carro de Amos, meio que esperando que ele saísse logo.

– Vai lá Amos, não quero que o treinador brigue com você.

Ele sorriu daquela forma encantadora enquanto pronunciava as palavras mais perfeitas do mundo:

– Lily, eu estava pensando se você não gostaria de sair comigo. Sabe, eu já venho querendo te perguntar a algum tempo...

Ok. Respira Lily. Continue viva. Não morra. Não grite. Não saia cantando. Não dance. Siga a dica de Lene, não pareça ansiosa demais.

Reuni toda a voz que ainda sobrava dentro de mim e respondi:

– Claro Amos. Eu iria adorar.

– Tudo bem, então depois combinamos o dia e o horário, mas já está na minha hora. Sabe como é né, vida de jogador não é fácil...

E essa foi à despedida, depois disso ele saiu correndo em direção à entrada.

Olhei pra Potter com a cara mais mortífera que consegui, mas ele simplesmente deu de ombros.

– Hey, por que você aceita sair com ele e não comigo?

Preciso falar que achei essa perguntai totalmente idiota? Acho que não.

– Porque, você me irrita Potter.

Falei e saí, seja lá qual for à doença que esse garoto tenha no cérebro não quero que pegue em mim.

Depois de encontrar Dorcas e Lene rindo loucamente de uma piada que Molly Prewett e seu namorado Arthur Weasley contaram, fomos todos para a sala.

O casal era bem engraçado e carismático.

Sinceramente? Não sei nem quais foram às matérias que tivemos hoje, eu desenhei, dormi, ouvi música, conversei, enfim, fiz de tudo menos prestar atenção.

Se minha mãe estivesse aqui, provavelmente diria que é por isso que meu boletim está que nem batom de prostituta... Todo vermelho!

Mas, como todo sofrimento tem um fim, como sempre há uma luz no fim do túnel, o recreio chegou.

Dorcas foi pra biblioteca e Lene foi cumprir detenção. Mais uma.

Eu ia pra cantina pelo caminho normal, mas eu conheço um atalho e como a calça estava realmente me incomodado resolvi pegar ele.

Triste escolha.

Não que não goste da voz de Black. Eu até que gosto.

Mentira, eu a detesto. Assim como o detesto. Entenda se puder.

Mas eu realmente passei a odiar sua voz, odiar sua cara, enfim, odiar cada centímetro daquele corpo escultural e metido dele, pelo oque estava falando. E pelo oque estava fazendo.

Ok, eu posso não ser a miss bondade 2012, mas eu tenho senso de ridículo.

E oque ele, ou melhor, eles estavam fazendo chegava a ser ainda mais do que isso. Estava quase no patamar de atrocidade.

Pelo menos dentro de uma escola aquilo poderia ser considerado uma atrocidade.

– Hahá, seboso, e agora quem é o Grifinório irritante?

Black perguntou, como se para humilhar.

– Você, irritante e imprestável.

Honestamente, tenho que admirar a coragem de Severo.

Porquê, pra quem está sendo preso por um Black totalmente raivoso enquanto um Potter totalmente arrogante segura uma espécie de vara com alguns espetos na ponta pronto para o furar, de alguma forma pode se considerar coragem.

– Acho que ele ainda não aprendeu a lição, James. De mais alguns cutucões com essa sua vara, nele.

Eu ainda estava meio longe do grupo, mas como o corredor é bem estreito e vazio eu podia ouvir claramente.

Eu queria muito poder ir correndo, mas aquela calça não me permitia nem mesmo acelerar o passo.

– Quem sabe agora você aprende a não mecher com os Marotos.

Agora eu já estava mais perto, mas mesmo assim faltava uma curva para eles entrarem em meu campo de visão.

– Marotos? Mas que desgraça é maro... Óh céus, oque foi que fizeram com você, Severo? Você está bem?

Eu tive que lutar contra todos os meus instintos internos de pular nas costas de Black e de Potter até ficarem com sérios problemas na coluna pelo oque fizeram com Severo!

Ele estava todo marcado e em alguns pontos chegavam a sangrar.

A Sangrar!

– Lily...

Ignorei totalmente quando Potter falou comigo e fui em direção a Severo, mas quando minha mão estava prestes a tocar em seu rosto, ele com um tapa a empurrou pra longe, me deixando totalmente sem palavras. Oque fez Black o apertar ainda mais.

– Eu não preciso da ajuda de uma Grifinória traíra como você, pensa que eu não vi você de conversinha com seus novos amigos pelos cantos? Eu nunca esperei isso de você Lily.

Que? Quando? Como? Onde?

Novos amigos? Severo só pode estar morto de bêbado pra sequer imaginar que algum dia minha relação com aqueles garotos passaria de ódio.

– Severo?! Oque eu te fiz pra você falar assim comigo?

Ele nem se deu ao trabalho de responder, simplesmente me olhou de cima a baixo e cuspiu no chão.

E isso doeu. Doeu mais que se ele tivesse me esbofeteado ou coisa parecida.

– Lily...

Eu realmente queria ter conseguido ignorar o Potter, mas simplesmente não deu, sabe quando você quer gritar? Quando você sente uma necessidade de mostrar o quanto tudo aquilo te faz mal?

– OQUE VOCÊ QUER POTTER? JÁ NÃO ESTRAGOU COISAS DEMAIS POR UM DIA?

Gritei com oque restava de minhas forças e vi tudo escurecendo.