O Diário escrita por Ingrid Fonseca


Capítulo 3
Helena, discurso e diário


Notas iniciais do capítulo

oi leitores c: Esse capitulo ficou meio grandinho.
eu queria falar pra vocês como os personagens se parecem para seilá ficar mais realista a leitura, então:
Ian e Brenda é o casal da capa (que é do filme 500 Dias Com Ela, eu amo esse filme) que são a linda Zooey Deschanel e o perfeito Joseph Gordon-Levitt. O Hugo seria o Bradley Cooper. Os pais de Brenda seria Harrison Ford e Jodie Foster. Ah, e tem uma personagem nova Helena que seria a Thaís Araujo



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Depois daquela conversa tosca que tive com o ex de minha amada, fui me sentar e terminar de tomar o meu uísque quente, não tinha mais nada para acontecer nesse dia desprezível.

Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e o engraçado é que nada de bom acontece comigo, nada. E enquanto eu estava sentado olhando para os meus sapatos o meu pensamento ia longe. Na verdade não tão longe, o meu pensamento estava no parque, o meu pensamento estava com Brenda, no ultimo piquenique que fizemos. É a lembrança mais recente de um dia feliz com o amor da minha vida que agora se foi, e as únicas coisas que me restaram foram lembranças felizes de uma meia vida ao seu lado. E no meio de um turbilhão de pensamentos decidi ir para o antigo quarto de Brenda. O quarto ainda estava com a mobília antiga, mas havia vários equipamentos de academia. Quando Brenda foi morar comigo, em forma de protesto o pai dela usou o quarto como academia dizendo que ela nunca mais voltaria a morar com ele.

                Sentei-me na cama dela e tomei mais um gole de uísque quente.

                Tudo já rodava.

                A bebida já estava afetando meu corpo e minha visão.

                Na porta estava uma mulher negra que parecia que havia saído dos catálogos da Victoria’s Secret. Helena – logo reconheci.

                - Como estás? – Perguntou caminhando em minha direção.

                - Tirando o fato de minha esposa está morta e a culpa for minha... Não estou muito bem – Ironizei.

                - A culpa não foi sua... Aconteceria de qualquer maneira...

                - Você sabia? – Perguntei ofendido.

                Ela se sentou ao meu lado e olhou nos meus olhos.

                - Você sabe como era a Brenda... Sempre com um plano – Disse rindo como se tivesse lembrando-se de Brenda.

                - Ela sempre foi boa em planejar coisas – Lembrei – Mas ela não deveria ter escondido aquilo de mim e muito menos feito um plano sobre isso – Disse meio revoltado.

                Ficamos em silencio por algum tempo, pensando. Então, eu lembrei de um fato sobre Helena.

                - Você não deveria está no São Paulo Fashion não sei o que?

                - São Paulo Fashion Week – Corrigiu – É, eu fui escalada para desfilar... Sabe, eu nunca gostei de enterros, sempre evitava ir a um. Odeio ver pessoas que amo morrer, prefiro evitar lida com as coisas do jeito que são... Então ao invés de me despedir no enterro, eu simplesmente não ia... Sofria por não ir, mas era melhor assim. Brenda sabia muito bem disso, e me fez promete que eu iria ao seu enterro... Para ter dar uma força, já que o Jorge não é tão fácil de lidar e ela sabia que seria difícil para mim e muito mais para você.

                - É bom ver um rosto amigo – Murmurei sorrindo para ela.

                Ficamos mais alguns minutos conversando. Expliquei para ela como descobrir que Brenda tinha câncer e ela me contou como Brenda a contou sobre o câncer: “Ela simplesmente foi a minha casa, me fez prometer e abriu o jogo” Explicou Helena.

                Em poucos minutos minha sogra nós invocou até a sala. O padre que os meus sogros tanto queria que fizesse a cerimônia havia chegado. Brenda nunca foi muito religião, apenas acreditava em Deus, era tudo que ela precisava – ela dizia. No entanto, meus sogros sempre foram crentes, principalmente Jorge.

                Eu sentei na primeira fileira ao lado de Helena tentando controlar o meu corpo – a bebida estava me afetando mais ainda. Helena logo percebeu que eu estava bêbado e tentou me ajudar a sentar e ficar quieto.

                A sala estava completamente lotada. Havia várias pessoas sentadas nas fileiras de cadeiras, e várias outras em pé. Uma enorme mesa com várias fotos de Brenda, desde o nascimento até as mais recentes – uma semana antes do acidente. E um recipiente – que era uma enorme “vaso” rosa bebê com alguns detalhes feito a mão de anjos e flores e a tampa era da mesma cor – que estavam a cinzas de minha esposa. 

                Foi uma completar luta explicar aos meus sogros que Brenda queria ser cremada. Eles não concordaram muito com isso, mas na trigésima vez que tentei explicar que Brenda queria isso, eles hesitaram e finalmente concordarão. Eu sei que eu tinha essa decisão, mas eu não queria fazer nada sem a permissão deles.

                Logo o padre entrou. Era um velho branquelo, gordo e cavo que usava óculos de grau. Ele saldou todos os presentes e logo começou com os rituais de católicos. Como era o velório de Brenda, respeitei e fiz tudo que todos faziam. Rezei e questionei um pouco a Deus – ao mesmo tempo – e implorei que cuidasse de minha Brenda.

                Quando os rituais acabaram, ele pediu para que os pais de Brenda e eu falássemos um pouco. É claro que Jorge quis ser o primeiro:

                - Primeiramente, eu queria agradecer a todos aqui presente. Brenda com certeza está em um lugar melhor com o nosso Senhor – Ele disse olhando para o teto – Enfim, Brenda sempre fora uma garota destemida. A primeira vez que deus seus primeiros passos, ela não andou e sim, correu – Ele riu. Fazendo algumas pessoas rirem com essa memória – Sempre fora aquela amiga, companheira, ajudante... Sempre ajudou quem precisava, nunca se recusou a ajudar ninguém.  Era isso que eu mais amava nela, ajudar mesmo quem não merecesse... Era honesta e justa. Ela era completamente perfeita – Disse com lágrimas nos olhos – Era minha pequenina... Ah – Suspirou – Sentirei falta dela. De qualquer modo ela sempre estará conosco, em nossos corações... – Disse e se sentou.

                - Senhora Dias? – Perguntou o padre e logo minha sogra levantou-se e ficou frente a frente com todos.

                - Quando Brenda era pequena... – As lágrimas começaram a escorrer. Ela respirou fundo e voltou a falar -... Ela sempre quis ser médica. Terminou o Ensino Médio e foi fazer Medicina... Não aguentou nem um ano – Ela riu – No dia que desistiu de fazer medicina, ela correu para os meus braços como uma criança quando acaba de ser machucar e chorou, dizendo que era uma pessoa horrível. Dizendo que não aguentaria contar às mães que o filho morreu, não aguentaria perder um paciente, não aguentaria não poder fazer nada... Ela choramingou dizendo que era uma pessoa terrível e egoísta por desisti de ajudar as pessoas... – Snr. Dias sorriu tristonha – Brenda sempre foi assim, preocupada com as pessoas... Sempre com um plano... – Eu abri um sorriso lembrando-se dos planos dela –... Sempre com uma boa intenção. Brenda sempre teve um bom coração... E era isso que eu amava tanto nela... – Choramingou – Eu sinto sua falta – Disse olhando para o vaso – Espero que esteja bem querida... Eu te amo.

                E se sentou tentando controlar as lágrimas.

                - Sr. Brito? - Chamou o padre.

                - Não, Sr. Padre... Ian não está muito bem... – Disse Helena.

                - Não – Protestei – Eu quero falar... Eu estou bem – Disse olhando para Helena, meio que dizendo “eu preciso fazer isso”.

                Ela soltou o meu braço e eu me levantei ficando frente a frente com os rostos estranhos. Eram tantos rostos! Todos me olhando como se eu fosse algum tipo de monstro. Minha garganta secou e minhas mãos começaram a suar. Nunca tive medo de falar em publico, mas algo me incomodava, aquelas pessoas me incomodavam, o fato de Brenda está morta me incomodava.

                Tentei procurar um foco de atenção, algo que me acalma-se. Então encontrei uma foto de Brenda ao lado na multidão de estranhos e isso me acalmou. Visualizei Brenda sentada no meu lugar sorrindo e esperando que eu disse-se algo, eu a fitei, maravilhado por sua beleza e abri a boca:

                - Quando eu a conheci... Ela estava radiante, como sempre esteve, não houve um dia que não estivesse – Disse sorrindo tristonho – Brenda adorava um caso perdido, e eu era esse caso perdido, Brenda me salvou – Suspirei – E sem ela aqui, eu... Eu estou perdido, sou novamente um caso perdido. Porém, ela me mostrou um lado colorido da vida, um lado que eu não conhecia... Mesmo voltando a ser um caso perdido, eu não serei como antes, Brenda me mudou para sempre... Talvez, eu fosse um dos seus planos... – Pensei alto -... Eu... Eu a amo tanto... Eu a amo demais – Murmurei -... Não sei como será minha vida sem ela – Choraminguei – Eu... Eu preciso dela... Sem ela... Eu não sou nada... Eu preciso dela... – Chorei – Por favor... – Helena levantou e veio em minha direção. Eu olhei para Brenda sentada em meu lugar e disse: - Eu te amo, para todo o sempre.

                - Vamos, Ian – Helena disse pegando o meu braço e me puxando amigavelmente para o quarto de Brenda.

                Sentou-me na cama e sentou ao meu lado, suspirando. Minutos depois Jorge veio até o quarto.

                - Está bêbado? – Perguntou raivoso – Meu ex- genro é um bêbado!

                - Sr. Jorge veja pelo lado de Ian, ele perdeu a esposa...

                - E eu a filha – Gritou furioso – E ainda sim estou sóbrio. 

                - O que está fazendo aqui? – Hugo perguntou entrando no quarto.

                Minha cabeça começou a virar e virar. Tudo ficou virando por um tempo, então eu apaguei. Desmaie. 

                Despertei.

                Minha cabeça doía como ser um enorme caminhão tivesse passado em cima dela. Pelo menos umas oitenta vezes.

                Levantei e percebi que estava em meu quarto, com as mesmas roupas de ontem apenas sem o sapato. Caminhei até a cozinha e encontrei um café quentinho em cima de mesa e em baixo uma carta:

Fui ao hotel pegar algumas roupas e passarei na padaria

Volto antes de acordar, se caso estive lendo isso me atrasei.

Xoxo, Helena

                Ri com a carta e bebi um pouco do café que ainda estava quente.

                Fui ao banheiro tomar um banho – eu estava fedendo a álcool. Após me higienizar totalmente, troquei-me e fui para a cozinha preparar mais café.

                Eu não havia ido para casa pelo menos por uns três dias e era completamente estranho ficar nela, sabendo que é apenas meu lar agora.

                Quando terminei de fazer o meu café a campainha tocou, previ que era Helena então fui abrir.

                - O que faz aqui? – Perguntei confuso – E como descobriu onde moro?

                - É assim que trata as visitas? – Brincou Hugo – Quando você desmaiou ontem, eu o trouxe pra cá junto com a Helena – Disse entrando no apartamento, observação: sem ser convidado – Afinal, você vomitou no sapato de Jorge.

                Abri um sorriso travesso, mas logo o tirei do rosto.

                - Você não respondeu a minha pergunta: O que faz aqui?

                - Calma, não ficarei o enchendo... Só vim lhe perdi algo.

                - Então desembuche... – Disse fechando a porta e sentando no sofá.

                - Quando eu namorava com Brenda, eu dei a ela um exemplar do livro O Morro dos Ventos Uivantes e fiz uma dedicatória a ela, e ela me respondeu no livro mesmo... Eu sei que ela guardava o livro como lembrança e... Eu o queria – Murmurou.

                Por mais que não gostasse desse cara, eu entendia perfeitamente os motivos para ele querer o livro. Ele a amava, assim como eu a amo. E no meu lugar, com certeza ele entenderia.

                - Espero um minuto – Disse e fui até a estante de Brenda onde havia centenas de livros.

                Procurei o titulo do livro. Demorei uns oito minutos, mas o encontrei. Quando o puxei, derrubei pelo menos meia dúzia de livro. Hugo agachou para me ajudar, porém eu falei que cataria depois. Entreguei o livro a ele sem delongas, ele o abriu e sorriu, agradeceu sem muito enrolamento, eu disse o simples de nada e ele foi embora.

                Tranquei a porta assim que ele saiu e fui arrumar os livros. Peguei um por um. Até que um chamou-me atenção. Um caderno, agenda... Diário! Abri e logo vi na primeira página: Diário de Brenda, na página seguinte havia escrito:

                Se caso estiver lendo isso é que o meu dia chegou – ou você fuçou minhas coisas e encontrou o diário, se o caso for esse LAGUE ISSO POR QUE É FALTA DE PRIVACIDADE!... Mas caso ao contrário, prossiga a leitura... Provavelmente fui sem me despedir. Então, queria lhe perdi desculpas. Desculpas querido, eu o amo tanto que tive medo de lhe contar sobre aquilo. Desculpe-me. Desculpe-me. Desculpe-me. Desculpe-me. Desculpe-me. Desculpe-me. Desculpe-me. Espero que um dia me perdoe.

                Não sei se isso é demais para ti, mas se for acalme-se e espero! Prossiga apenas para as páginas seguintes quando estive preparado.

                Fechei o diário e respirei fundo.

                Era demais para mim. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Merece comentários? No, ok UAHUSHAUH