The Fourth Quarter Quell escrita por Izzy Figueiredo


Capítulo 31
Confiante


Notas iniciais do capítulo

Está acabando... vou tentar postar o resto dos caps o mais rápido pra vocês!



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Acho que consegui dar um cinco passos sem chorar. Depois desabei.


Ele estava morto. Dessa vez eu estava ciente disso. Dessa vez eu sabia... mas não me conformava. É claro que não.


Meus ferimentos doíam, mas isso nem importava. O canhão soava alto em minha mente, como uma tortura. "Tudo vai ficar bem", a voz de Billiam ressoava várias vezes...

Acho que era meio ou final de tarde, não se dava para ver o sol com o teto, mas eu queria dormir. Por um bom tempo. Não queria ver as mortes de hoje, ou ouvir o hino, ou matar alguém. Só queria esquecer tudo.

"Você não pode!", disse uma voz aguda e estranha, dentro de minha mente. "Vingue a morte dele."

"Deixe ela dormir!", uma voz grossa, de menina também, argumentou. "Se ela quer esquecer tudo, quem vai bobear e morrer é ela."

"Eu estou tentando ajudá-la! Pare de confundir a garota!", a boazinha (vamos nomeá-la assim, seja lá quem "ela" seja) retrucou.

"Não estou confundindo ninguém. Só estou comanda..."

_Chega! - gritei, e minha voz ecoou por todo o salão. Isso não era bom.

Estava começando a ouvir vozes... estava enlouquecendo!

Sacudi minha cabeça, ainda chorando, e me levantei.

Andei por mais um bom tempo, mancando e me debulhando em lágrimas, quando achei outra porta.

Era uma porta normal, só que era preta e tinha uma chave. Eu ia, ou não?

"Vai, você não tem nada a perder. Afinal...", a voz malvada tentou continuar, mas foi interrompida pela boazinha.

"Shiu! Pare com isso!!! Deixe ela decidir!"

Eu não tenho nada a perder mesmo. Bill se fora. Bárbare também... não pensei em mais nada, peguei a chave e guardei-a, então girei a maçaneta.

Parecia uma sala comum, era um grande como as outras, mas esta era negra, como a porta. Fiquei com medo de continuar, mas continuei. Como disse, não havia nada a perder.

Dei alguns passos, então ouvi uma voz. Um sussurro, longínquo... era uma voz feminina, e eu sabia de quem era.

Comecei a andar mais rápido (na medida do possível) e o sussuro se tornou muito mais audível. Era a voz de Bárbare, e comecei a escutar a de Billiam também. Estava realmente enlouquecendo?

_Socorro, Cat! Me ajude! - gritava Bárbs, cada vez mais longe, desesperada.

_Venha, Catlyn! Estou em perigo, venha me ajudar! - Billiam também gritava, e eu estava desesperadíssima.

Onde eles estavam? Aquilo era um sonho? Eles não podiam ter voltado, quer dizer... se eles voltaram eu precisava achá-los!

Agora minha perna não importava tanto. Eu só precisava achá-los. Eles gritavam mais, porém outra voz me fez "acordar".

_Pare, Lyn! - era uma voz grossa e forte, uma voz que havia semanas e semanas que eu estava morrendo para ouvir. Era a voz de uma pessoa que me fez lembrar que eu tenho sim, algo a perder se morrer agora. Faltando tão pouco. Era a voz de Flinn. - Pare com isso, pare!

Mas eu não parei. Não sei por que, mas acho que a voz dele me fez perceber que aquilo não parecia real. Eles não podiam ter voltado. Eles se foram... então ouvi a voz de meus irmãos, Corty e Lock, então eu fiquei tonta.

Os gritos continuaram, cada vez mais altos e torturantes, e depois não me lembro bem do que aconteceu. Só que vi alguns pássaros, depois minha visão ficou turva...

* * *

Eu estava de volta em casa. Em minha cama, em meu quarto, com minhas roupas e sem nenhum ferimento. Tudo parecia normal...

Me levantei, estranhando tudo (quando eu voltei? O que estava acontecendo?) e desci os três degraus para a cozinha. Não havia ninguém lá, e tudo estava quieto demais.

Sai de casa, esperando encontrar a rua de terra, a calçada e as poucas árvores, quando entrei de novo na sala negra da Arena. E os gritos voltaram, e agora eu estava praticamente surda com os gritos de minha família, meu melhor amigo/namorado, e meus amigos...

* * *

_PAREM! - gritei, sem ar. Olhei ao redor, assustada. Ainda estava na Arena, no castelo, na sala negra. Mas não haviam mais gritos, nem vozes ou sussurros.

Me levantei e caí novamente. Não sei se era porque estava fraca ou por causa do ferimento no pé que agora queimava levemente.

Desnorteada, peguei o unguento e passei na mordida e na estocada da espada. Tentei me lembrar bem do que acontecera...

É claro que ninguém que eu ouvira estava lá. Uns estavam mortos, outros estavam longe... então eu sabia o que foi que acontecera: Gaios Tagarelas. Eles já apareceram em outras edições, e causaram muito estrago, pois as pessoas procuravam pelas vozes de amigos e familiares, até enlouquecerem.

Mesmo assim, eu ainda estava abalada. Mas... foi bom por um lado. Você deve pensar que sou maluca por achar que essa tortura que só me fez sentir mais falta de todos foi boa, mas ouvir a voz de Flinn... e de minha família... eu precisava sair dali. Haviam poucos tributos, acho que dois ou três, e eu precisa lutar. Não podia ficar ali, sentindo a falta de Bill, ou Bárbare. Precisa vingar a morte deles, isso sim. E voltar para casa.

Peguei a garrafa de água e tomei vários goles. Só havia mais um pedaço de biscoito (não sei como ele durara tanto) e um pedaço do veado, só que não havia como fazer uma fogueira...

Me levantei e continuei seguindo, muito mais corajosa.

_Eu vou vingar sua morte, Bill. - sussurei na escuridão. - Pode acreditar que vou.

* * *

Depois de andar mais um quilômetro consegui sair da sala dos Gaios, e saí em outra, toda colorida. Parecia um arco-íris, cores alegres espalhadas pelas paredes. Era uma sala pequena, com 20 metros, talvez (era pequena, depois de todas as salas por onde passei), e nessa haviam móveis, coloridos também: sofás e cadeiras estofados, mesas e cadeiras, uma escrivaninha, um abajur, uma estante com copos e pratos... ocupando quase a sala inteira.

Fiquei observando, era um lugar agradável, me dava um pouco de felicidade, sei lá, ver todas aquelas cores... ou os móveis. E agora eu estava ali, deitada (diga-se espatifada) no sofá; era muito confortável; saboreando minha água.

Fiquei atenta, com os ouvidos apurados caso alguém entrasse ou algum barulho surgisse; mas também estava longe, pensando na minha casa.

"Quando chegar," pensei, pois eu tinha que ficar com esse pensamento na cabeça, eu ia voltar. "Irei falar com os pais de Bill, irei me aproximar de minha mãe, não brigar tanto com meu pai, parar de irritar meus irmãos, estudar mais, arrumar meu quarto, parar de irritar meus irmãos, sair mais com Eny e Lyzzie, amar o Flinn..."

Eram muitas promessas, eu não era perfeita, mas depois do que eu estou passando aqui, acho que até as coisas ruins na minha vida não irão ser tão ruins assim. Porque eu sempre vou me lembrar de tudo isso. O Flinn, quando voltou da Arena, depois de me contar tudo o que aconteceu, me falou: "A pior coisa é que nunca vou esquecer dessa droga."

Não sei por quanto tempo fiquei pensando nas coisas, em como ia ser voltar para casa, em como ia vingar a morte de meus amigos, em como estava com fome, ou com saudade de minha vida "escassa" no Distrito 4, só sei que fui subitamente acordada pelo Hino. Acho que quando desmaiei, fiquei desacordada por um bom tempinho... queria ter ficado mais.

Não queria ver as mortes de hoje. Não queria ver a morte de Bill. Ainda me sentia mal por ter brigado com ele minutos antes de ele morrer...

O primeiro a mostrar foi ele, Billiam Fostez, Distrito 4; com seu rosto de sardas, seu cabelo escuro e seu semblante sério. O holograma sumiu, e então eu sorri. Pelo menos eu vi ele mais uma vez. E me senti muito confiante. Depois, veio Gunt, e meu corpo borbulhou de raiva. E por último, uma garota do Distrito 8.

Me acomodei no sofá e estava prestes a dormir de novo (admito que queria sonhar com ele, mas me lembrei do conselho do próprio, e só quis dormir.

Fechei os olhos e não pensei em nada, quando escutei um barulho. Imediatamente abri os olhos e vi a porta por onde entrei se mexendo. Não pensei duas vezes: o sofá era grande, atrás dele havia outro sofá, de couro (colorido também), e entre eles havia um pequeno vão, onde eu podia me esconder.

Peguei minha mochila e corri, dando a volta pelo sofá e me espremendo no pequeno buraco. Me deitei e observei pelo vão entre o sofá e o solo. Um segundo depois, a porta se escancarou. Me encolhi mais.

Não consegui ver quem era, mas eram dois. Um deles tinha uma bota igual a minha, deduzi que era uma menina; e o outro era uma bota preta, menor.

_Estou vendo a porta! - a menina disse, sem sussurar, e eu soube quem era. Divih, a Carreirista.

_Eu também, né! Está ali na frente! - Jerry, o outro Carreirista, brigou.

_Olha, só faltam eu, você e aquela malditinha Catlyn que matou nosso Gunt. Quando massacrarmos ela, irão ser só eu e você, querido. E aí você vai ver.

Consegui ouvir Jerry rir de desdenho, antes de retrucar:

_Aí você vai ver, colega... Agora vamos logo!

Divih bateu o pé de raiva e continuou andando, seguida pelo Carreirista. Só voltei a respirar quando ouvi a batida da porta.

Olhei para trás, observei para ver se eles ainda estavam ali, mas não tinha ninguém. Vagarosamente, saí de trás do vão, decidida.

"É agora." Pensei, passando mais uma vez duas camadas de unguento nos ferimentos, pegando minhas três facas, uma espada, duas flechas e um machado (tentando por as facas e as flechas na cintura); e a mochila, e fui atrás dos dois últimos tributos.

_É agora que isso acaba. - disse, decidida, tentando parecer e ficar confiante.





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