Voltei e já estava escuro. Ninguém do lado de fora, subi as escadas e abri a porta do quarto.

- O que está fazendo? - Perguntei, tirando o casaco e me sentando na cama.

- Tarefa.

- Tarefinha de casa é baby?

- Aham. Devia fazer o mesmo.

- Claro! Depois que você terminar me empresta ele que eu faço – Falei com sarcasmo.

- Você sempre copia do meu! Que saco!

- Você é o sabe tudo.

Ele levantou a cabeça pela primeira vez pra me olhar. Sorri e dei-lhe um beijo.

- Lindo - Falei.

- Da pra parar?

- Não. - Dei-lhe outro beijo. - Não posso.

- Tenho que te mostrar uma... Coisa... Gerard me deixa falar. - Eu interrompia cada palavra.

- Não - Falei, com mais um beijo.

- Recebi uma carta... - Dessa vez aprofundei mais adentrando minha língua pela sua boca, Mikey me empurrou e saiu da cama.

- É sério! Deixa eu falar!

- Está bem, o que é então?

- Recebi uma carta hoje, é do papai. - Ele falou balançando o pequeno papel nas mãos - Olhei nos correios. Ele quer que a gente passe as férias de inverno com ele e vem nós buscar daqui a uma semana.

- E estamos em nov...

- É! Falta só uma semana para ficarmos de férias!

- Caramba...

- Não é legal? - Ele falou dando pulinhos.

- É... - Falei meio aéreo. Saudades papai. Saudades da minha casa, minha cama, meu quarto. - Ah, mal posso esperar! - Falei indo até Mikey e lhe acertando um beijo, ele retribuiu e assim caímos na cama.

 - Estou com tanta saudade da minha caminha... Você está?

- Com saudades do papai? Ah, é claro.

Gargalhamos juntos. Até uma porta ser aberta e um Bob meio louco entrar por ela meio cansado.

- Olá amigos. Que dia animado. - Ele falou sem emoção e tombou na cama.

- Parece que alguém decidiu dormir com nós hoje... - Falei com um Mikey beijando de leve meu pescoço. - Para! Isso dá arrepio! - Ele começou a rir. Sai de sua cama e fui pra minha.

- Deixa eu te dar mais arrepios.

- Mikey! O Bob!

- Teve uma vez que fizemos com ele no quarto lembra e você nem ligou...

- Mikey! Cala a boca! Fala baixo! - Estava a ponto de ficar maluco com o Mikey.

- Tudo bem então boa noite.

- Boa noite.

- Tem certeza que não quer dormir aqui? É mais fofinho. – Ele falou.

- Só se você prometer ficar quieto... Promete?

- Tá, tá. Prometo.

- Então tá. - Fui em direção à cama de Mikey e me deitei, ele se aconchegou mais me agarrando por trás ficando assim nós de conchinha. Esperei a respiração dele bater de encontro ao meu pescoço, então aproveitei o momento pra perguntar uma coisa, falei bem baixinho:

- Mikey... Você...

- Hum, diga. Estou ouvindo.

- Você tem marcas pelo corpo?

- Como assim?

- Marcas! Em mim tem no braço, pescoço... Tudo!

- Ah é, já notei – Ele passou uma perna entre as minhas e suspirou. – Em mim também tem, mas é nas costas...

- Nas costas?

- Sim, suas marcas de unhas... Ficaram vermelhas.

- Ah... – Falei meio sem graça, depois ri baixinho e desliguei o abajur.

Logo adormeci sentindo o perfume de Mikey e um sorriso em meu rosto.