- Bem, é quase impossível fazê-lo falar...o único jeito é surpreendê-lo enquanto dorme...

  - Bem, temos que tentar..Sabidinha, por acaso você tem um plano?

   Sorri. Um plano já ia se formando em minha mente, poderia funcionar...ou não.

  A ilha ficava cada vez mais próxima, e nós cada vez mais perto de nos encontrarmos com aquele que possuia as respostas que queríamos.

  - Mare – chamei – Você sabe sobre ervas não é?

  - Bem, sim....mas, por que? – a nereida pareceu um pouco surpresa

  - Bem, eu preciso que você me ajude.

 Nico’s POV

  Mare e Annabeth sairam falando sobre ervas e um monte de outras coisas que não pareciam ter nenhum sentido para mim, Percy ou Thalia.

  Eu segui a nereida com os olhos até ela desaparecer de vista.

  Não conseguia explicar o que eu sentia por ela. Eu me achava um tonto. Nossa ela é uma ninfa do mar imortal de 250 anos! Mas isso era tão estranho, pois na maioria das vezes Mare Laudes agia como uma garota normal, só que muito mais inocente que as demais. Era algo inexplicável...

  No entanto, em outras situações ela se mostrava muito sábia, como quando falava do mar.

  É, ela nunca me daria bola. Ela era uma nereida afinal, podia ter quem ela quisesse na hora que quisesse, ou quase isso. Mas algo me dizia que ela não era assim, que não tinha ideia de sua influência em relação aos homens.

  Eu estava tão confuso.

  Percy observava o ponto que era a ilha de Proteu.

  - Ainda vamos demorar para chegar...se quiserem ir descansar podem ir...eu fico aqui, se acontecer algo eu chamo.

  Thalia logo concordou e eu desci atrás dela.

  Fui em direção ao meu quarto, mas quando cheguei lá a porta estava entreaberta.

  Para minha surpresa e total espanto quem se encontrava lá dentro era Mare Laudes, ela estava sentada na cama de Percy.

  Quando eu entrei ela me olhou e sorriu. Percebi que estava com umas cartas e uns bonecos...não, não era possível... isso era...?

  - É, é mitomagia – ela respondeu aos meus pensamentos rindo – às vezes me acho ridícula jogando isso, mas sou viciada

  - Eu... eu costumava jogar quando era menor – eu ri – às vezes ainda jogo...mas não conte para ninguém, ok?

  Mare riu, e eu corei. Não acredito que confessei isso.

  - Eu sei que não deveria estar aqui, mas é que o nosso quarto está fedendo...Annabeth está terminando a poção

  - Poção?

  - Sim, parece que faz parte do “grande plano” dela – ela riu

  - Entendo...- respondi, embora ainda não tivesse ideia do que Annabeth estava fazendo

  - Quer jogar?

  - Claro – respondi tão rápido que corei, mas Mare não pareceu notar. Falando sério, ela é mesmo muito inocente...todos já pereberam que eu gosto dela menos ela mesma.

  Nós jogamos durante um bom tempo, tinha me esquecido de como isso era divertido. Eu e Mare rimos muito, eu ganhei três vezes e ela uma.

  - Tá, tá, tá, você é melhor do que eu, eu admito! – ela jogou as mãos para o ar

  - Estou um pouco enferrujado, mas ainda sou bom – eu ri

  - Eu jogava com Tyson sabe...minhas irmãs sempre acharam isso uma idiotice!

  Pensar em casa fez com que Mare ficasse melancólica.

  - Deve ser legal ser você – eu disse

  - Hum? – a nereida não pareceu entender

  - Quero dizer você já deve ter vivido tanta coisa, não é..

  Na mesma hora me arrependi de tê-lo dito, Mare ficou ainda mais melancólica.

  - Eu? O máximo que fiz foi ir a alguns lugares, lutar contra alguns monstros marinhos e mais nada..olha, você deve ter tido muito mais aventuras que eu...eu nem ao menos tinha coragem para realmente ir aos lugares, só observava. Sabe, Nico, o que eu sempre quis mesmo foi...ah, deixe para lá, não quero falar sobre isso, pois é algo impossível para alguém como eu. Vamos jogar de novo?

  Nós jogamos mais duas vezes, mas era como se Mare não estivesse ali, eu queria que ela tivesse terminado aquela frase, porque assim, talvez, eu pudesse ajudá-la. Mas algo me dizia que não, eu não tinha esse poder, não poderia fazer nada por ela.

  Passaram-se algumas horas e Thalia veio nos chamar, aparentemente estávamos chegando na tal ilha do antigo deus do mar que poderia nos dar as respostas.

  Todos já estavam prontos para o encontro com Proteu, seja ele como fosse...

  A ilha que surgia em nossa frente era maravilhosa, possuia todos os tons de azul e verde possíveis.

  Por mais estranho que isso possa parecer, um exército de golfinhos cercava a ilha.

  - Deixem-nos passar – Percy disse, mas parece que a resposta não foi muito agradável – Como assim só recebem ordens do senhor Proteu? Vão nos barrar?

  Achei muito esquisito sermos barrados por golfinhos, mas havia tantos deles que isso era realmente possível.

  Os animais pareceram olhar para trás (não entendo muito bem os gestos de golfinhos) e depois novamente para Percy.

  - Bem, parece que nos liberaram. Isso é bom ou ruim? – ele perguntou para Mare

  - Por enquanto parece ser bom,mas é impossível prever o que virá agora...

  A medida que nos aproximávamos da ilha ele se tornava mais visível, um velho senhor com barbas que iam até o chão, vestia uma roupa acinzentada e era tão magro que parecia não comer há dias. Ele me lembrava alguém...de algum filme...espera, acho que era um tal de Gandalf. Isso, Gandalf, de “O Senhor dos Anéis”, ou algo parecido.

  - O que você disse aí, menino? – gritou o velho com uma voz profunda que nada combinava com o seu físico. – Ah, filho de Hades – falou ele com repugnância – O que, afinal, está fazendo por aqui?

  Cerrei os punhos, bem, aparentemente ele podia ouvir pensamentos, então decidi me alcalmar, pois precisávamos dele e da sua cooperação.

  Finalmente chegamos à ilha.

  - Sejam bem-vindos – disse Gandalf...opa – ou não.