Victória acordou já pronta para se beliscar. Que maldito sonho foi aquele? Odiava seus sonhos, odiava ter que pensar em Zack perto dela novamente. Em seu sonho sua filha estava tão feliz, ela estava feliz. Parecia tudo tão... Bom novamente, e mais fácil de si viver. Ela olhou o quarto ao seu redor e estava sozinha, o que ela queria? Que Zack estivesse ali?! Coçou os olhos e levantou já indo para o banheiro fazer sua higiene matinal.

Prendia o cabelo em um coque frouxo enquanto ia para a sozinha, passou no quarto de sua filha e misteriosamente a cama estava arrumada e ela não estava lá dentro. Goularth achou estranho, mesmo que Emily desarrumasse o quarto às vezes somente para poder arrumar de novo, a menina nunca arrumava a própria cama, só quando Victória pedia, e isso era muito raro.

Victória quase colocou o coração para fora pela boca quando se deparou com uma estranha imagem no balcão da cozinha. Então nem tudo foi um sonho? Ela tossiu tentando recuperar o fôlego enquanto sua filha corria em sua direção, esperava a noite com Zack tivesse sido um sonho, não realidade.

– Bom dia mamãe. – Emily abraçou suas pernas, e Goularth a pegou no colo beijando sua bochecha. – Papai fez Waffles e ele me ajudou a arrumar minha cama.

– Ah! – Goularth passou os olhos por Zack que sorria alegremente, e ele estava tranquilo, com uma expressão um tanto quanto aliviada.

– Bom dia, Victória. – ele falou somente tomando seu café, Victória não tornou a responder. Ouviram o telefone tocar e assim que Emily foi para o chão correu até o mesmo.

– Eu atendo. – ela dizia, feliz o bastante para quase tropeçar no próprio pé. Goularth deu uma ultima olhada em Zack e entrou definitivamente na cozinha indo até um dos armários tirando uma xícara de lá de dentro, se servindo de café que aquecia na cafeteira. Ela bebericou um pouco e depois foi até o balcão pegando um dos waffles preparados por Zack fazendo o garoto sorrir, mas nenhuma palavra foi trocada a não ser pelos olhares alheios. – Mamãe, é o tio Logan.

– Bom dia, Logan. – Victória atendeu ao telefone deixando a cozinha segundos depois. – Hoje? Mas hoje eu vou sair com a minha filha, e... Bem um imprevisto aconteceu. Não podemos nos falar mais tarde?

– Tudo bem Vick. Só estou ligando para avisar que já cheguei à cidade. – Logan suspirou através do telefone e Goularth percebeu que o garoto estava tensa. Não que fosse namorada ou algo do tipo dele, mas os dois tinham sem nem ao menos querer uma relação amorosa, não que Victória sentisse algo altamente forte por ele, mas Logan era um bom amigo, mas como nada é perfeito, passou a ser mais que isso no decorrer dos meses. – Talvez eu te ligue mais tarde.

– Eu ligarei para você. – Ela confirmou, claro que estava fugindo do garoto, mas ele não precisava saber disso. – Até mais Logan.

Quando Goularth foi até a sala, viu uma das cenas que ela descreveria como a mais bela de sua vida. Zack e Emily estavam no tapete da sala de estar, e ela apresentava sua coleção de bonecos para ele. O mesmo pegava os bonecos sorria e os deixava sentados ao lado dela, nem ao menos um pouco entediado com aquilo. Vick sorriu com a cena, mas isso seria ruim depois quando ele fosse embora e Emily não tivesse o pai por perto.

– Emily que tal mudarmos nossos planos? – Goularth falou se sentando no sofá longe deles. – porque você não vai com seu pai ao shopping fazer o que iríamos fazer? Assim vocês ficam mais tempo juntos e a mamãe pode... Ir almoçar com o tio Logan. – Vick sabia o quanto Emily gostava de Logan, e sabia que ela torcia no fundo por eles serem namorados um dia, mesmo preferindo seu pai. Não sabia se ela iria aceitar, mas precisava manter distancia de Zack por enquanto. Donovan a olhava intrigado, quase incrédulo e o sorriso que estava em seus lábios agora desaparecera.

– Tudo bem mamãe, eu vou ir me arrumar papai. Já volto, não saia daí. – a pequena Lily beijou a bochecha do pai como se ele fosse capaz de ir embora sem se despedir da mesma e correu para o corredor dos quartos. Donovan continuava fitando Goularth que se levantou e sorriu breve na intenção de seguir o mesmo caminho da filha.

– Você disse para ele tal Logan que falaria com ele mais tarde. Porque mentiu para Emily? – ele perguntou, Victória estava odiando essa alto confiança que ele criara sozinho, não tinha o direito de todo esse interrogatório. Ele não era basicamente nada dela, e ela tinha de se convencer com isso.

– Você precisa de um tempo sozinho com Lily.

– Tenho certeza de que ela iria preferir sair em família, ao invés de só comigo. – ele replicou.

– Não somos uma família feliz Zack! Eu nem ao menos sei o que você veio fazer aqui, então, por favor... Não torne as coisas mais difíceis, e não me faça te colocar para fora da minha casa!

Victória saiu da sala deixando Zack sozinho, depois de aprontar Emily os dois saíram no carro da mesma para o shopping mais perto dali. Quando eles finalmente saíram, Goularth se sentou no sofá fitando o teto. Não tinha nada para fazer a não ser terminar sua matéria, mas nem de longe tinha vontade daquilo. Mesmo que agora a única coisa boa era se afundar no trabalho, Victória não era uma pessoa masoquista que se torturava mentalmente. Ela gostava de viver, mas esses últimos anos foram tão difíceis para ela, que era literalmente impossível acreditar que agora estava tudo bem. Não iria deixar Zack entrar em sua vida de novo, por mais que não pudesse fazer nada para impedir isso. Ele já estava na vida de Emily, e ela não tinha direito nenhum de tirá-lo dali. Ele era o pai da menina, querendo ou não ele tinha de fazer parte de sua vida. Victória desejou sumir, desejou voltar a ser aquela menina que foi traída de 18 anos e nunca ter ido parar naquela balada no lado norte de NY, queria poder voltar e refazer seu passado. Mas tudo isso aconteceu por algo, algo extremamente ruim ela deduzia, não se surpreenderia se der repente recebesse uma mensagem de que fora uma assassina em série na vida passada, afinal esse era o pagamento para uma repleta de ilusão e confusão.

– Emily? – Zack ouvira uma voz feminina chamar pela sua filha e buscou quem pegava a menina no colo. – O que faz aqui? Onde está Victória?

– Eu vim com o meu papai Letícia. – Então aquela era a famosa tia Let? Zack a fitou e percebeu que a menina não tinha absolutamente nada a ver com sua Goularth, ela era alta e magra de uma medida quase boa, tinha os cabelos meios ruivos e meios castanhos, e era bastante bonita. Se julgar por David já a ter visto em algum canto, não duvidaria porque ele ficava rindo feito um idiota quando falava com Letícia no telefone. – Papai, essa aqui é a tia Letícia.

– Oi. – Zack a cumprimentou de longe e eles trocaram um breve aperto de mãos, a garota estava um tanto quanto assustada olhando para o mesmo, mas parecia de longe um pouco feliz também. – Até que enfim te conheci.

– Digo o mesmo de você, Zack Donovan. – ela deu um pequeno riso e Emily puxou Zack para a praça de alimentação.

– Não quer se juntar a nós? – Donovan perguntou olhando Letícia que já era carregada por Emily, ela olhou para a mão que estava entrelaçada da pequena como se dissesse “Eu tenho escolha?”.

Os três almoçaram e Emily estava extremamente feliz de um jeito que nem Dantas tinha visto em toda sua vida. Ela saltitava ao lado do pai e enquanto comia seu hambúrguer não conseguia ficar um segundo se quer quieta, Letícia percebeu o quanto ela estava feliz e se perguntou porque Goularth não estava ali para ver aquela cena. Pensou imediatamente que ela e Zack poderiam ter tido um mal entendido, e então percebeu estar no lugar errado.

– O que você veio fazer aqui, Zack? Realmente por favor, porque isso de “Vim ver Emily” não colou muito comigo. – Dantas perguntou enquanto ela e Zack observavam Emily ir ao carrossel no pequeno playground no shopping.

– Bom, na verdade eu vim ver mesmo Emily. Mas... – ele suspirou se virando para Letícia que o encarava. – Eu vim tentar fazer uma coisa, mas percebi que foi em vão.

– Não foi não! – ela falou subitamente, como se soubesse de todos os planos de Donovan. – Olhe se veio para fazer o que eu estou pensando. Por favor, não desista. Ela sente a sua falta, Emily chora com a sua falta também. – ela fitou a criança. – Victória não é a mesma, se tornou mais fria e mais rigorosa. Mas quando ela está com Emily... Eu não sei, nunca vi antes, mas é como se eu sentisse que ela é com Emily o que era quando estava com você. Ela só é feliz quando Emily está presente, eu nunca vi nada do tipo antes. Então, por tudo que é mais sagrado, não desista. – o inglês de Letícia era meio engraçado por conta do forte sotaque brasileiro que ela tinha em cima, e Donovan teve de se forçar a entender. Mas Letícia não era brasileira, e ele sabia disso de alguma forma. Ele somente assentiu e depois Emily voltou correndo para os braços do pai.

Victória estava trabalhando em sua mesa de jantar-escritorio quando Emily, Zack e Letícia entraram no apartamento. Ela olhou confusa para Dantas que falou sem som um “nós conversamos depois”, pelo menos ela torceu para ser isto. Os três fizeram uma grande bagunça na cozinha, sem nem ao menos notarem na presença de Goularth ali que ficou um pouco irritada, ela foi até a cozinha e tomou um segundo susto aquele dia.

– O que vocês... – os três vestiam aventais de cozinheiros e Emily usava uma espécie de chapéu pra cozinheiro chefe, eles tinham as roupas todas sujas de farinha e toda a cozinha estava completamente imunda, Victória viu a luz do forno acesso e cruzou os braços, não sabendo ao certo para qual criança olhar. – Eu só espero que vocês arrumem isso, pelo amor.

– Foi tudo ideia da Letícia. – Zack deu ombro tentando disfarçar um riso com a cara indignada que a garota fez, ela lhe jogou um pouco de farinha no ombro.

– Mentiroso! – ela praguejou, e todos se encheram com a risada gostava de Emily. – Isso tudo foi culpa da Emily. – Dantas falou e foi acertada com um pouco de farinha no rosto por Lily que ria ainda mais, depois uma pequena guerra de farinha parecia ter recomeçado ali quando Goularth foi acidentalmente acertada, eles pararam a ficaram olhando p ara a blusa preta dela que agora era branca.

– Salvos pelo gongo. – Victória falou com os olhos semicerrados enquanto ia para a porta onde a campainha tinha soado, ela abriu, mas queria fechar de novo. – Logan! – disse em um falso entusiasmo. Ele selou os lábios dos dois já entrando no apartamento.

– Você não me ligou eu fiquei preocupado e... O que é isso aqui? – ele perguntou olhando imediatamente para cozinha, mas especificamente para Zack, achando ser algum novo namorado de Letícia. – Vocês foram atacados com granadas de farinha de trigo ou o que?

– Tio Logan! – Emily acenou para o grande homem em frente ao balcão, a pequena estava toda coberta de farinha o que fez Logan rir e olhar para Victória em busca de informações.

– Logan, esse é Zack o pai de Emily. – ela falou somente olhando fixa para Logan depois de se aproximar dele. O mesmo passou um braço pela cintura de Victória e fitou o rapaz de novo, já nutrindo pouca irritação por ele estar ali.

– Zack, hein? Você não mora em Londres? – agora ele falou em um perfeito inglês Londrino, e Zack se perguntou se ele não sabia a língua avatar também. Já odiava aquele cara, ainda mais ele com aquela mão boba apertando a cintura de sua futura garota.

– Vim passar uns dias com a minha filha. – ele falou somente pegando Emily no colo, como se tentasse medir pesos com o cara do outro lado. Ouviram Letícia pigarrear e Victória a agradeceu por isso mentalmente.

– E então... Quem quer bolo? – ela perguntou numa falsa felicidade repentina.