Annabeth

Certo eu devo admitir que fui pega de surpresa do ínicio ao fim.

Não digo isso pela forma como dei a luz a meus lindos filhos ou pelo fato de ter me tornado imortal, mas pelo conjunto da obra desde de que descobri que estava grávida.

Claro, nõ deveria ser novidade, mas não muda o fato que nada saiu como o planejado.

Os minutos seguintes ao meu retorno a sala dos tronos foram cheios de perguntas de todos os tipos, principalmente por parte e Tea e Rig, e precisei deixar certas coisas bem claras.

A primeira é que não iria falar com ninguém além do Percy sobre o parto. A segunda foi que não saberia descrever minha mudança de mortal para imortal. Principalmente por que eu mesma ainda não entendi bem o que aconteceu no final.

Quando Percy finalmente acordou, contei a ele sobre minha mais nova aquisição e conseguimos depois de muito tempo alivio de verdade.

Mas pessoalmente estava mais entretida com nossos filhos. Duas crianças tão lindas que não conseguia conter minha felicidade ao vê-los de verdade pela primeira vez, por que Teresa me proibiu de fazer isso antes do Percy acordar.

Quando os vi quase chorei de felicidade.

—São lindos. -Foi a única coisa que saiu da minha boca, por que minha mente estava muito fascinada nesse momento.

—Realmente. -Ao meu lado Percy parecia igualmente encantado.

Chegamos mais perto dos cestos e pegamos nossos filhos nos braços, foi nessa hora que agradeci as aulas sobre maternidade e paternidade que Teresa nos deu durante os últimos meses.

Nosso filho tinha cabelo castanho escuro como o Percy. Ele estava todo encolhido nos meus braços como se assim se sentise melhor.

Já nossa filha tinha cabelos loiros como os meus, mas eram desgrenhados como os do pai. Ela era agitada e mesmo com os olhos semicerrados se mexia sem parar nos braços de Percy.

Atena se aproximou de mim para ver o menino nos meus braços, ela olhou um pouco e depois passou a mão levemente pela testa dele.

Enquanto isso vi Poseidon fazer o mesmo com a menina nos braços de Percy.

Em seguida os dois inverteram os papéis.

Nessa hora me lembrei do que Teresa havia me dito quando me contou sobre minha grávidez. Eles queriam confirmar qual das crianças era a nova “Coroa”.

Quando minha mãe e Poseidon tocaram as testas de ambas as crianças, as duas abriram os olhos. Os olhos do meu filho eram como os meus, talvez até mais claros quase azuis. Já os da minha filha quando me aproximei mais eram quase uma tempestade completa e absoluta.

Era como os olhos da Galatea, só que mais intenso e poderoso. A cor de seus olhos fugia de azul para verde sempre em tons de cinza violentos e incontrolaveis.

Ela se mexeu ainda mais agitada nos braços de Percy.

—Acho que vamos ter uma tempestade. -A voz de Teresa me soou divertida.

Olhei pra ela e a vi sorrindo ao lado de seus filhos e Apolo.

—Acertou. É ela a “Coroa”. -Disse em tom de falso espanto

—Eu falei, não falei? Quem dúvidou foi por que quis. -Teresa provocou parecendo uma criança de cinco anos.

Todos nós rimos, menos os grandes Olimpianos que pareciam interesados em outros assuntos.

Pedi para Percy me deixar pegar nossa filha e assim ele ficar um pouco com nosso filho. Foi nessa hora que me ocorreu que estava faltando uma coisa.

—Percy, você me disse que já sabia que nomes dar aos nossos filhos mas não me disse. Será que pode fazer isso agora?

Nesse momento senti todos os olhares sobre nós.

Percy começou a rir quase descontroladamente e Teresa parecia se divertir com as possibilidades que via a sua frente junto com seus filhos, Tea e Rig.

—Percy!

Ele parou de rir, mas continuava com cara de quem estava prestes a aprontar alguma.

—Zöe e Luke. Achei que você iria gostar e concordar.

Continuei a encara-lo por vários minutos enquanto todos os deuses pareciam chocados ou surpresos.

—Eu... acho que são nomes lindos, mas... -Me virei e olhei para Ártemis e Hermes. -Não sei se...

—Por favor, podem dar o nome dela para a menina. Tenho certeza que Zöe não se incomodaria de que a filha do único garoto por quem ela pode sentir confiança e amizade depois de tanto tempo tivesse seu nome. -Um sorriso discreto e sincero surgiu no canto dos lábios de Ártemis.

Depois olhei para Hermes um pouco preocupada, na verdade nesse exato momento tinha mais medo dele que de todos os outros deuses juntos.

—Eu ficaria feliz que dessem nome do meu filho para a criança, mas tem certeza que querem isso.

Eu queria responder que sim, mas desde a luta contra Cronos nunca consigo pronúnciar o nome de Luke perto do pai dele.

Então Percy falou.

—Absoluta. Apesar de tudo Luke não lutou por egoísmo, ele foi um heroi e um amigo de muitas formas para muitos. Então mesmo que tenha errado não é como se nós devesemos culpa-lo, ele apenas fez o que achou certo.

Olhei para ele agradecida e feliz.

—Então façam isso. -Hermes deu um sorriso maroto.

Enquanto todos pareciam felizes com os nomes Teresa conjurou um sofá aonde eu e Percy sentamos com Zöe e Luke nos braços.

Ficamos assim por uns dez minutos até uma mensagens de Íris chegar.

Era Ares e pela cara as noticias eram boas.

—Clarisse está bem, viva e saudavel. As crianças também estão perfeitamente bem e Chris acabou de me dizer os nomes que eles escolheram: Charlie e Silena.

Heféstos e Afrodite tomaram a frente do grupo.

—Isso é sério ou está apenas brincando irmão? -Certo, pensei que Heféstos iria tentar matar Ares através da mensagem

—Claro que é sério, Clarisse disse que não poderia dar o nome da amiga sem lembrar do seu filho. Eu achei exagero, mas ela disse que é perfeito então não discordei.

—Silena... Não posso nem mesmo pensar em dizer algo que expresse tão bem o que sinto. Mas diga a sua filha que agradeço muito a consideração e o carinho que ela e Chris tem pela memória de Silena.

Fosse impressão minha ou não, Afrodite parecia prestes a chorar e isso foi um tanto estranho de ver.

Estranho e lindo.

Não consegui mais me conter e comecei a chorar.

Chorei tanto que todos os deuses pensaram que algo catástrofico havia acontecido.

Quando finalmente as lágrimas pararam tive problemas para explicar por que de tanto drama. Alguns deuses acharam graça e outros ficaram sem entender.

Os deuses decidiram liberar Hermes para saber qual dos filhos de Clarisse e Chris era a “Coroa” e de que tipo a criança era: Hermes ou Ares.

Quando vi Miria e Ísis vindo até onde estava pensei que um milagre havia acontecido. Mas não era milagre algum.

—Bom, viemos nos despedir. Temos que voltar para nossos lugares e também nos recuperarmos de hoje. -Ísis parecia um pouco ansiosa por partir.

—Vão pra onde?

—Para o Mar e para o Hades, se quisermos nos divertir vamos para o Lotús. Só estamos aqui como reforço na mão de obra, agora que o problema foi resolvido temos que ir. -Dessa vez Miria era quem parecia em pânico para partir.

—É uma pena, vocês são pessoas incriveis e seria no minimo interessante manter mais contato com ambas. Espero vê-las novamente. -Disse já me despedindo.

—Não esqueçam de mandar noticias para Tea e Rig. Eles vão adorar uma ou duas cartas as vezes. -Percy parecia um pouco chateado com a partida delas.

—Faremos isso, mas acho que eles estarão conosco com certa frequência agora. -Ísis sorriu para o filho.

—Concerteza estaremos em contato com eles. -Miria foi até Galatea enquanto Ísis foi até Rigardo.

As duas abraçaram os filhos e se despediram.

Pouco depois Anfitrite apareceu e levou Miria consigo, enquanto Ísis recebeu uma “carona” com Perséfone.

Hades e Poseidon estavam um ao lado do outro conversando com Galatea e Rigardo, que pareciam mais que animados ao contarem para os pais sobre coisas que aprenderam e viram durante a missão.

Eles sabiam que os dois deuses haviam visto tudo, mas sempre que recebiam um aviso, advertência ou elogio pareciam ter uma dose extra de animo para continuar.

Naquele dia Zeus nos convidou para um banquete entre os deuses, algo bem simples de certa forma. Por que segundo ele a verdadeira festa se daria dentro de algumas semanas quando as duas novas “Coroas” estivessem presentes e acostumadas com pessoas.

Não entendi a última parte mas também não precisei.

Pouco mais de um mês depois uma festa de grandes proporções aconteceu no Olimpo com a presença de todos os campistas e dos romanos, que apesar de chateados por não poderem gerar as “Grandes Coroas” estavam felizes por tudo terminar bem.

Rachel parecia em casa em meio a tantos deuses.

Galatea e Rigardo só lamentaram que suas mães não estivessem lá, mas passaram toda a festa junto dos pais e madrastas como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Minha mãe parecia estar se dando melhor com Percy nos últimos tempos, mas não poderia dizer que ela não estava se esforçando como nunca.

Clarisse e Chirs pareciam mais felizes que nunca, embora admitissem que passariam muito bem sem outra “Coroa” em suas vidas, mas que fariam tudo novamente para que Charlie, a “Coroa” da Guerra, e Silena fossem exatamente como são.

Tive que dizer que entendia, por que também faria o mesmo por Zöe e Luke.

No fim tudo terminou bem.

Tea e Rig mantem contato com Ísis e Miria a seu modo, continuam vivendo com Sally e Paul, mas agora também são muito próximos de Teresa e estão cada vez mais cheios de segredos.

Percy abandonou o emprego humano que tinha ensinando grego no cursinho de vestibular junto comigo. Agora ele é instrutor de atividades e monitor do acampamento em tempo integral, aonde mora com nossos filhos na nossa cabana.

Clarisse e Chris estão como sempre, mas agora tem seus filhos.

Thalia e Nico meio que sumiram. Ela saiu com Ártemis e Teresa depois da grande festa e não apareceu mais. Já ele aparece as vezes no acampamento para comer e dormir. Eu não sei o que vai acontecer com eles, mas acho que uma hora vou descobrir.

Teresa ainda está com Apolo, mas já consegue manter um dialogo inteligivel com Heféstos. Em uma conversa recente ela me disse que se surpreendeu com o fato que não se sentiu nem um pouco atraida pelo deus das forjas.

Disse a ela que talvez só precisasse de mais tempo ao lado dele, mas Teresa disse que o único deus com quem tinha interesse de passar mais tempo era Apolo e que provavelmente o tempo realmente a fez amar o deus do sol mais o que ela poderia um dia ter sonhado amar Heféstos.

Perguntei a ela se não se arrependia ou tinha medo, mas tudo que tive como resposta foi:

—Já tive. Agora, depois de quase dois séculos não me arrependo de nada. Tudo o que sempre sonhei em ter com o cabeça de bigorna Apolo me deu e me dá, ainda que sejamos um casal estranho.

Não falei nada, mas espero que eles se entendam por completo.

Quanto a mim, algumas coisas mudaram.

Não moro mais no acampamento ou convivo com os campistas com frequência.

Passo muito tempo na cabana da praia com meus filhos enquanto Percy cuida de seu serviço no acampamento. As vezes, uma ou duas vezes por semana durmo junto com minha família, mas normalmente passo as noites no Olimpo ou no Hades.

Eu e Percy não podemos mais casar como haviamos planejado, mas ele jurou que vai conseguir virar imortal para passarmos a eternidade juntos e acredito nele.

Desde que virei imortal tenho passado muito tempo com o Sr. D no acampamento. Ele agora diz que eu tive sorte de parar de envelhecer e coisas do tipo.

Sempre que posso ajudo em alguma atividade no acampamento.

Pode parecer estranho quando digo tudo isso, mas Teresa me disse que estou mais perto das leis das “Coroas” que dos Olimpianos e por isso tenho mais liberdade de ação.

Ela me disse que o poder que me tornou imortal veio principalmente dela e da minha filha Zöe, me tornando um tipo de “Coroa Menor”. Foi estranho ouvir isso, mas ao mesmo tempo reconfortante.

E embora eu ache que ela está me escondendo algo como sempre, já me acostumei com isso.

Apesar de tudo agora posso dizer sem nenhum arrependimento que gosto de todos os aspectos da minha vida.

Independente das batalhas e amigos perdidos acho que não tenho tributo maior a eles que estar feliz com a minha vida, Percy, Zöe e Luke.

Continua...