Alguns segundos depois Thalia abriu a porta, ela parecia surpresa, como se tivesse esperando que outra pessoa batesse a porta.

- Fala, loira.

- Oi morena. – eu respondi entrando no apartamento dela. – Cadê teu pai?

- Já foi. Algum motivo especial para sua visita? – ela perguntou enquanto ligava a TV da sala.

- Hannah tá lá em casa. – eu disse, e isso foi o suficiente para ela entender. Hannah já ficou azucrinando Thalia um dia. Então ela me compreende.

Me joguei no sofá e ficamos assistindo TV até que eu não me segurei e perguntei:

- Tem visto o Luke?

Por um momento ela parou de zapear os canais, depois respondeu tranquilamente.

- Não... Por quê?

- Nada não... eu só vi o Luke descendo as escadas agora... – eu falei, tinha certeza que ele tinha ido pro apartamento dela, afinal, não conhece mais ninguém aqui nesse prédio.

- Ah, viu foi? – ela perguntou me olhando.

- Unhum. E assim, não sei por que, ele tava abotoando os últimos botões da camisa...

- Ah, tava é?

- Unhum... Mas ele não tava aqui né... – disse me fazendo de sonsa.

- Tava, tá legal? – ela disse, rendida.

- Ah... E “algum motivo especial” para a visita dele? – eu disse imitando a voz dela instantes antes quando me fez essa mesma pergunta.

- Ai que droga Annabeth! Curiosidade matou o gato tá?!

Levantei as sobrancelhas ainda pedindo respostas. E sim, eu sei, sou muito curiosa.

- Eu... – ela começou. – Eu e o Luke, a gente... Ah, a gente tá namorando, tá legal?! Satisfeita?

- Sério?! – disse surpresa.

- É.

- Desde de quando?!

- Ai menina, cansou não de fazer interrogatório?!

- Não...

Ela revirou os olhos e depois falou:

- Oficialmente, desde hoje.

- Oficialmente...? – eu disse.

Ela me olhou impaciente.

- A gente... tinha ficado uns dias atrás.

- Então era por isso que vocês tavam meio “estranhos”...

Ela assentiu.

- Tava tão na cara?

- Tava.

- Enfim... Tá com fome? – ela disse se levantando do sofá sem me deixar fazer mais perguntas.

- Não, valeu.

Ela foi para a cozinha a instantes depois voltou com um pacote de batatas fritas, tava passando um filme na TV então cada uma se deitou de um lado do sofá e nós fomos assistir o filme. Mas um pensamento ainda perturbava minha cabeça: É Annie, você agora é a única forever alone.

Quando já era de noite, umas oito horas, voltei para casa. Quando cheguei vi que Percy tinha saído, Sally e meu pai estavam assistindo TV na sala e Hannah tava no meu quarto. Entrei lá, vi que ela mexia no celular. Sem falar nada – não para ela não notar minha presença, o que eu acho que ela até notou, mas para não dar liberdade a ela de fazer perguntas bestas – e liguei o computador. Fiquei lá o resto da noite, estão eu me deitei e Hannah depois de uns instantes o fez também.

No outro dia acordei novamente com o despertador. Da bicama, Hannah bufou irritada com o barulho. Dei um tapa nele, e como faço todas as manhãs fui tomar banho e fazer minha higiene matinal. Depois desci as escadas e vi que todos – Sally, meu pai e Percy - estavam tomando café da manhã. Me sentei junto a eles, depois de ter dado um “Bom dia” muito preguiçoso e comecei a comer.

- Filha, tenho que ir. Vê se arranja uma carona ou então vai a pé. – meu pai disse tomando um último gole da sua xícara.

Assenti e já ia voltando a comer quando Percy disse:

- Pode deixar, eu levo ela hoje. – ele disse olhando pra mim. Revirei os olhos, mas não discordei.

Depois disso, subi para pegar minha mochila e olhei no relógio, já eram 6:40, desci as escadas de novo e fui em direção a sala, onde Percy estava me esperando.

- Pronta? – ele disse se levantando – Vamos que hoje eu dirijo. – ele balançou as chaves do carro e me olhou com uma cara de “Você-não-sabe-o-que-espera”.

Desviei do olhar dele e sai de casa, com ele atrás de mim. Entrei do lado do passageiro e coloquei o cinto, ele fez o mesmo do lado do motorista e deu a partida. Fiquei encarando a janela do carro no começo do caminho e pensando na vida quando percebi que só faltavam cinco minutos para a aula começar e que Percy dirigia muito devagar.

- Se continuar assim, a gente chega bem cedo pro Natal. – eu disse, ainda olhando pra janela.

- E não é bom? Odeio chegar atrasado. Pelo menos pro Natal eu chego cedo. – ele disse ironicamente. Virei meu olhar para ele, fuzilando-o.

- Dá pra ir mais rápido ou tá muito difícil?

- Muito, muito difícil.

- Vai logo Percy!

- Calma, ainda são sete da manhã!

- Por isso mesmo, e caso não saiba, a aula começa sete da manhã.

- Pronto ô apressadinha, chegamos. – ele disse entrando no estacionamento do colégio.

Ele estacionou o carro e eu peguei minha bolsa, pronta para sair do carro, mas vi que ainda estava trancado.

- Abre a porta, Percy.

- Oi? – ele se fez de desentendido.

- Abrir a porta – eu disse como alguém que ensina algo para uma criança de 3 anos – É uma frase muito grande pra você entender?

- Ah... abrir... tá, pera.

Ele abriu e depois fechou no mesmo instante. Ficou brincando com o botão desse jeito mais duas vezes.

- Percy. Abre. A. Porta. – eu disse já perdendo a paciência. Olhei no relógio, sete e dez.

- Não tou a fim...

- Não perguntei se você tá afim, só mandei abrir a porta! Anda, abre logo essa droga!!

- Mas eu tou com tanta preguiça...

AH... TÁ ME IRRITANDO...

- Pode deixar, então. Eu abro. – eu disse me curvando para o lado dele em direção ao botão, que ficava na porta.

- Não abre não. - ele disse me impedindo.

- Me solta Percy!! E ABRE A PORRA DESSA PORTA AGORA!

Eu tentei me desviar dos braços dele e me debrucei no banco, chegando até o botão e dando uma buzinada ao fazer isso – sorte não ter ninguém no estacionamento -. Apertei e as portas se destravaram. Rapidamente peguei minha bolsa e sai do carro. Quando estava passando pela frente do carro para entrar no colégio ele buzina.

Eu olho pro vidro mal humorada, dou uma banana pra ele e saio.